17 de fevereiro de 2014

TRÁFEGO: TEMPO DOS VEÍCULOS E TEMPO DAS PESSOAS!

1. A prefeitura do Rio executa neste momento uma mudança radical em sua principal avenida. Por isso, em sua inauguração se chamava Avenida Central, depois Rio Branco. Ela foi e continua sendo, a principal artéria de distribuição das pessoas que vêm de outros bairros para exercer suas atividades, sejam elas de trabalho, de contato, de entretenimento, de serviços, etc., no Centro do Rio.

2. É essa função de distribuição das pessoas que explica o nome Centro, já que essa região está longe de ser o Centro geográfico da cidade. As ruas não são feitas para distribuir veículos, mas pessoas. Para isso, as pessoas usam veículos para a sua mobilidade sempre que a atividade está afastada do local de residência?

3. Os veículos que as pessoas usam para seu deslocamento até o centro e de lá até seus bairros é produto da própria vida da cidade e de seu entorno metropolitano e não metropolitano, da renda das pessoas, das intervenções públicas na área e dos avanços na área de transportes.

4. Como os veículos são os mais visíveis, às vezes, os governos se esquecem de que são apenas portadores de pessoas, com suas necessidades. E se fixam no fluxo deles, anotando velocidades em fluxo, etc. É o caso da atual prefeitura do Rio.

5. A radical mudança da Avenida Rio Branco, que se realiza, com dupla mão, exclusiva a ônibus e taxis, afeta não os veículos que podem e não podem circular. Afetam a vida de milhões de pessoas que terão que mudar seus hábitos. Esses hábitos foram desenvolvidos através do tempo e, por racionalidade econômica, definiram o que e como as pessoas tomaram as suas decisões, dentro das suas possibilidades e da oferta -pública e privada- de veículos.

6. Essa mudança de reversão da Avenida Rio Branco é, na verdade, a reversão de hábitos que as pessoas desenvolveram para maximizar suas funções. Ou seja, essa reversão afetará a racionalidade econômica das pessoas, hábitos e, portanto, o tempo das pessoas.

7. Ou seja, obrigatoriamente, milhões de pessoas serão afetadas e reagirão rejeitando os responsáveis por esta medida, na medida em que sua vida e o tempo que programavam para seus deslocamentos estarão afetados e necessariamente agravados.

8. O prefeito cinicamente diz: Usem transporte público! Quais? A maioria das pessoas não vive na porta dos grandes eixos. O Transporte Público está sobrecarregado. O que farão as pessoas? A população descobriu agora que quem governa a cidade é Maria Antonieta: Não tem pão? Comam brioches. Deu no que deu, lá. E dará…, aqui.

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DATAFOLHA: 40% DOS CARIOCAS CONTRA AS MANIFESTAÇÕES; 56% A FAVOR!

(Folha de SP, 16) 1. Os protestos de rua têm o aval de 56% dos moradores do Rio. Outros 40% são contrários. A maioria dos cariocas quer passeatas ordeiras e sem a prática de violência, seja por manifestantes ou pela polícia.

2. Quase todos os entrevistados (95%) se dizem contrários à prática de vandalismo. A pergunta incluiu a ação dos “black blocs”. 90% reprovam manifestantes que usam máscaras. Só 1% defende que ativistas sejam autorizados a portar fogos de artifício ou porretes nas ruas.

3. Os cariocas que veem a participação de partidos nos protestos são de 84%. A maioria não sabe indicar quais siglas. As mais citadas foram PSOL (7%), PT (7%) e PSTU (5%).

4. Apenas 8% dizem considerar a PM “muito eficiente”. Outros 49% a consideram “pouco eficiente”, e 40%, “nada eficiente”. 68% defendem que a PM não use balas de borracha (68%), bombas de efeito moral (59%) ou gás lacrimogêneo (66%). A maioria (71%) aprova o uso de jatos d’água.

5. 10% participaram de algum ato em 2013 e 21% na faixa dos 16 a 24 anos.

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PREVISÃO DO PIB 2014 CAI PARA 1,4%! QUASE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO!

(Estado de SP, 15) O Itaú Unibanco decidiu reduzir a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 1,9% para 1,4%. Entre os fatores citados na pesquisa macroeconômica da instituição, assinada pelo economista-chefe Ilan Goldfajn, estão os preços de energia elétrica e o cenário na Argentina. “A falta de chuvas e a alta dos preços de energia elétrica são um risco. O impacto nas expectativas de crescimento dependerá da evolução das condições climáticas ao longo do ano. O cenário na Argentina é outra fonte de desaceleração do crescimento da economia brasileira”, aponta o relatório.

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ESTADO COM MAIOR ROMBO ORÇAMENTÁRIO EM 2013 FOI RIO DE JANEIRO DE CABRAL!

(Folha de SP, 17). 1. Dados recém-apurados mostram que, em metade dos Estados e no Distrito Federal, as receitas de 2013 foram insuficientes para cobrir os gastos com pessoal, custeio administrativo e investimentos.  A incidência de contas no vermelho cresce de forma inédita desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi aprovada, em 2000, com o objetivo principal de disciplinar as finanças estaduais.

2. A rápida deterioração resulta de uma estratégia adotada nos últimos dois anos pelo governo Dilma Rousseff para elevar os investimentos em infraestrutura. A União autorizou os Estados a ampliar seu endividamento para financiar obras em transporte, saneamento, urbanismo e habitação –e o BNDES, banco federal de fomento, elevou o crédito para os governos regionais.

3. Há casos mais e menos intensos de déficit primário nos Estados. Em valores absolutos, o maior rombo orçamentário foi contabilizado no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral (PMDB) arca com investimentos voltados para a Copa deste ano e a Olimpíada de 2016. O presidenciável Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, manteve as contas no vermelho nos três anos de seu segundo mandato. O governo pernambucano argumenta que seu endividamento é baixo e os resultados foram pactuados com o Ministério da Fazenda.

14 de fevereiro de 2014

CESAR MAIA DIZ QUE NÃO HÁ AUTORIDADE, NÃO  HÁ GOVERNO, NÃO HÁ GOVERNADOR NO RIO!

Entrevista quinta-feira, dia 13/02/2014. SBT entrevista pré-candidatos a governador. 10 minutos. Assista.

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O USO (E ABUSO) DA MÁQUINA PÚBLICA DISTORCE A REPRESENTATIVIDADE NO PLURIPARTIDARISMO BRASILEIRO E O TORNA APARENTE!

1. Nenhum partido político brasileiro atinge 20% dos votos ou dos deputados federais. Na eleição de 2010, o PT elegeu um pouco menos de 17% dos deputados federais, o PMDB 15%, o PSDB 10%, o DEM (eleitos) 8%, e o PP 8%, etc. A partir daí, os 21 partidos existentes que elegeram deputados federais vão descendo os degraus da representatividade.

2. Quando a Constituinte de 1988 decidiu realizar as eleições presidenciais e de deputados federais ao mesmo tempo, a ideia era garantir ao presidente vencedor uma base forte pela vinculação espontânea do voto.

3. Mas isto não ocorre ex-ante. Pela força e amplitude do Estado brasileiro, isso ocorre quase naturalmente após as eleições. O Parlamento se estrutura em torno ao presidente vencedor. A partir daí, apesar do partido do presidente ter menos que 20% dos deputados federais eleitos, o controle da máquina pública o transforma em um grande partido.

4. A distribuição de cargos, benesses e ações que vincula a parlamentares, garante ao partido do presidente uma maioria suficiente para governar. Digamos que o partido do presidente irá, com facilidade, sem muito esforço e com concessões apenas pontuais, “dobrar” a sua bancada.

5. Dessa forma, o pluripartidarismo brasileiro é apenas formal, com a pulverização ex-ante da Câmara de Deputados. Mas uma vez empossado o presidente, seu partido passa a ser um “partido” grande, equivalente a, pelo menos, 35% da Câmara. Um grande partido por ter incorporado a máquina estatal.

6. Com isso, o tamanho do partido do presidente é igual aos deputados eleitos + uso da máquina pública, o que, sem fazer força, significa ter um partido dobrado -sem voto- que corresponda a essa representação. Pelo efeito da eleição presidencial e parlamentar coincidirem, o partido do presidente eleito tende a estar entre os de maior representação, claro, abaixo dos 20% pelo pluripartidarismo ex-ante.

7. Sua associação com o Estado desequilibra essa equação, ou seja, desmonta a equação pluripartidária.

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“LIBÉRATION” EM SITUAÇÃO FALIMENTAR!

1. O matutino “Libération”, referência da “esquerda urbana” francesa, enfrenta problemas financeiros. Em 2013, as vendas caíram 15% e as dívidas acumuladas são 6 milhões de euros. As perdas para 2014 são avaliadas em mais de um milhão de euros. Os 290 funcionários vivem dias de angústia.

2. O diário, fundado pelo filósofo Jean-Paul Sartre, em 1973, como um matutino esquerdista de tendência maoísta, foi evoluindo ao longo dos anos para “social libertário” e, depois, para a área do socialismo. Hoje, é propriedade dos empresários Bruno Ledoux e Edouard de Rottschild e pelo grupo italiano Ersel.

3. Para fazer face à crise financeira, os proprietários avançaram com propostas de poupanças e mudanças profundas que não foram aceitas pela maioria do pessoal. Propõem baixas de salários, mudança de sede e também, segundo os assalariados, “a transformação do Libération numa rede social, criadora de conteúdos, ‘monetizável’ através de uma larga plataforma de suportes multimídias”.

4. Quanto à sede histórica, na Rue Béranger, em Paris, querem transformá-la num espaço cultural, moderno e de debates, com estúdios de TV e de rádio, bem como um restaurante e um bar.

5. Reunidos em Assembleia-Geral, os assalariados denunciam “um atentado” contra a identidade do jornal e votaram por larga maioria a demissão em bloco da direção editorial. Entraram em greve e enviaram para as bancas um jornal com especial destaque para a crise interna.

13 de fevereiro de 2014

DUPLO PALANQUE PRESIDENCIAL NÃO É TÃO SIMPLES!

1. Aécio Neves e Eduardo Campos –segundo o noticiário- vêm conversando sobre os diversos estados onde um pode recuar em favor do outro e até terem um mesmo candidato, como em Minas Gerais. Mas a teoria, na prática pode ser outra. Claro que é racional a ideia, na medida em que o crescimento de ambos é a razão do segundo turno.

2. Mas vai tudo bem até a campanha, quando o crescimento de um produza riscos para o outro. Riscos quanto à passagem para o segundo turno.

3. Mesmo quando é o PT que está na balança, a dinâmica não é simples. Por isso, o PSDB já decidiu centralizar as coligações estaduais evitando constrangimentos. Para o PSB não é tão simples. Vide o caso do Espírito Santo, em que o governador fará a campanha de Eduardo Campos e da Dilma. Os constrangimentos já se fazem sentir.

4. O PSB ainda enfrenta um triplo problema: os acordos informais e formais com o PSDB, as limitações impostas pela REDE e a proximidade do PT, num governo em que estavam até pouco tempo atrás, estabelecendo relações pessoais, políticas e regionais. Em países com sistema partidário binário ou ternário, como em geral são os países desenvolvidos, isso é uma impossibilidade. Em função disso, não há casos para os analistas e os estudiosos mergulharem. Não há onde ler.

5. Aqui no Brasil há as costumeiras “traições” regionais explícitas ou de fato. E são muitas. Mas não há o constrangimento formal. As presenças e as propagandas são separadas, até por força da lei.

6. Não são muitos os casos a serem estudados. Mas há um recente que merece a atenção dos analistas: O Estado do Rio de Janeiro na eleição de 2010. Gabeira, candidato a governador apoiando –e sendo apoiado- por Marina e Serra. Serra, nas vésperas da convenção no Rio, até previu, mas não dava mais tempo. Foram múltiplos os problemas. Como produzir material de propaganda. O que entra na TV. Mudanças de cenário porque um candidato vem num dia ou numa hora e outro no outro dia, ou noutra hora.

7. A troca de militância que cerca o candidato a governador apoiado por dois presidenciais nos eventos. Os questionamentos da imprensa e as “calças justas”. Pontos de vista opostos. Vide hoje o caso do agronegócio. Na falta de casos, talvez as equipes de Aécio e Eduardo Campos pudessem conversar com aqueles do PV e do PSDB que fizeram a campanha do Gabeira em torno dele e o próprio Gabeira. E levantar os problemas e constrangimentos.

8. Prudência, prevenção e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

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BRASIL: SEGUNDO MAIS VULNERÁVEL ENTRE 15 PAÍSES EMERGENTES!

(Editorial Folha de SP, 13) 1. O Fed, banco central dos EUA, engrossou o coro dos analistas e investidores que enxergam sérias fragilidades na economia brasileira. Num relatório divulgado anteontem, o órgão classificou o Brasil como o segundo mais vulnerável a choques externos, numa lista com 15 países emergentes –somente melhor do que a Turquia. Não é por acaso que o real foi uma das moedas que mais se desvalorizou desde abril do ano passado.

2. O documento do Fed aglutina seis indicadores em um único índice e visa a antecipar problemas financeiros. Um aumento muito rápido do volume de empréstimos, por exemplo, sugere critérios pouco cuidadosos de concessão de crédito por parte dos bancos e, portanto, maior risco de inadimplência. O déficit externo elevado (3,7% do PIB no caso brasileiro), por sua vez, pode favorecer desvalorizações abruptas da moeda, gerando pressões inflacionárias.

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…E MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES MAL CONSEGUE DESPACHAR COM DILMA!

(BBC, 12) 1. A ausência do Brasil em debates internacionais estratégicos está se acentuando no governo Dilma e pode prejudicar a posição do país na comunidade internacional, de acordo especialistas ouvidos pela BBC Brasil. Desde a substituição do ministro Antônio Patriota pelo atual chanceler, Luiz Alberto Figueiredo, o Brasil declinou um convite para participar da conferência de Genebra 2, que discute a crise na Síria, e também da Conferência de Segurança de Munique, fórum que reúne representantes das principais potências mundiais para debates sobre política de segurança, entre os dias 31 de janeiro e 2 de fevereiro.

2. Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas, é um dos principais críticos da política externa do governo Dilma e afirma que a diminuição da participação brasileira nos grandes debates internacionais ameaça “eliminar os ganhos importantes dos anos Lula”.  “Não ir a Genebra 2 e a Munique, na qual o Brasil esteve presente no ano passado com o Patriota, tem consequências diretas. A primeira é que o Brasil não sabe o que está acontecendo, deixa de acompanhar de perto as questões internacionais”, disse à BBC Brasil.

3. “A gente vê uma posição passiva brasileira em todas as áreas. Não vemos o chanceler no debate público porque existe um processo de centralização do poder no Planalto e Dilma não dá a ele muita liberdade para se pronunciar sobre questões como a Síria, por exemplo. O chanceler não se engaja muito com a sociedade civil e isso não é só culpa do Itamaraty”, afirma o especialista.

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PESQUISA, ELEIÇÃO PARA PREFEITO (A) DE PARIS!

CSA para Le Figaro (12), Orange e BFMTV.

Carine Petit -PS- Centro-Esquerda está em primeiro lugar, com 40%, diante de NKM, com 35 % -UMP- Centro-direita.  O Partido da Esquerda de Jean-Luc Mélenchon, com Leïla Chaibi, fica na terceira posição, com 7,5%, diante da ecologista Célia Blauel (6,5 %) e da candidata da FN, Tiphaine Leost (6 %).

12 de fevereiro de 2014

EM 2014 LULA NÃO VAI MAIS TRANSFERIR VOTOS COMO EM 2010! QUAL A EQUAÇÃO DE 2014?

1. Quem olha para 2010 pensando que 2014 será igual se equivoca redondamente. Lula, sentado na cadeira presidencial, tinha a mobilidade que queria. Com a economia crescendo 7,5%, tirava o tema do discurso da oposição. Seu carisma retirante tirou o Nordeste dos sonhos da oposição. Contava com Eduardo Campos absoluto em Pernambuco e a oposição não tinha a Bahia. No Rio Grande do Sul vencia com Tarso. Tinha Cabral, um candidato praticamente nomeado a governador do Rio com o PT a tiracolo.

2. Dilma era como se fosse ele: continuidade garantida. E ainda se deu ao luxo de fazer campanha pessoal contra os candidatos a senador da oposição. Tirou do jogo Artur Virgílio, Heráclito Fortes, Tasso Jereissati, Marco Maciel, Efraim Filho, Cesar Maia, etc.

3. O quadro hoje é muito diferente para ele. No Rio é um imbróglio que ele vai transformar em inserções na TV com o mínimo de presença física. No Rio Grande do Sul a senadora do PP é favorita. Terá que dar tempo integral a seu governador de SP, carregando a impopularidade do prefeito da Capital. Eduardo Campos é candidato da oposição. A economia cresce 2%, nível do crescimento da população. Juros voltaram a subir. Inflação –que em 2010 estava em 4,5%- agora se acomoda em 6,5% para 2014, sangrando os bolsos das pessoas. Juros lá em cima.

4. As ruas não são mais da CUT e do movimento social associado. As manifestações incluíram Dilma e o PT entre seus alvos. Mensalão concluiu com a cúpula próxima a Lula na cadeia. No Nordeste, Eduardo Campos veio para a oposição. Na Bahia, o DEM volta a ter hegemonia. Cabral desintegrou. Lula vai ter que entrar disfarçado para assistir jogos da Copa do Mundo ou ver em casa, o que é mais provável.

5. Com quanto Lula contribuiu para a eleição de Dilma e dos deputados do PT e aliados? 10% do total? Ou mais? Fiquemos com estes 10%. Dilma teve 43%, e viria para 39%. A base aliada perderia uns 30 deputados federais e uns 4 senadores.

6. Dilma teve, no primeiro turno, 47,6 milhões de votos. Os demais candidatos tiveram 53,8 milhões de votos (incluindo os 19,6 milhões de Marina e 33,1 milhões de Serra). Aplicando o redutor de 10%, Dilma deverá ter 43 milhões de votos. Dessa forma, a equação eleitoral de 2014 será o quanto desta perda de Dilma irá para abstenção, brancos e nulos e quanto irá para a oposição.

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GOVERNO FEDERAL ENTRE A CRUZ E A ESPADA: CRESCIMENTO E INFLAÇÃO!

(AC Pastores e Associados, 10/02 – trechos) 1. O baixo crescimento do PIB e a tendência à desaceleração coloca um importante desafio para o Banco Central. Apesar da forte desaceleração do IPCA em janeiro, o núcleo e a difusão permanecem elevados. Ou seja, não se pode interpretar a desaceleração observada no IPCA “cheio” de janeiro como um movimento da inflação convergindo para um patamar significativamente mais baixo. Apesar do dado de janeiro ser aparentemente mais favorável, o Banco Central ainda tem que perseguir o objetivo de continuar reduzindo as pressões inflacionárias.

2. Qual será a reação a esse quadro? O governo certamente não deseja desacelerações adicionais no crescimento do PIB. Mas também não quer correr o risco de uma inflação superando o teto do intervalo contendo a meta. Provavelmente será tolerante com inflações altas, desde que se situem abaixo de 6,5% ao ano, mas por mais que deseje preservar um mínimo de crescimento encontra-se diante de decisões difíceis. A dúvida provocada pela existência  deste conflito é uma das razões – embora não a única – para a extrema volatilidade na posição e na inclinação da curva de juros nas últimas semanas, o que é uma indicação clara do grau de incerteza sobre as reações da autoridade monetária aos olhos do mercado financeiro.

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GRUPO ABRIL VENDE “ABRIL EDUCAÇÃO”!

(Folha de SP, 12) 1. O Grupo Abril confirmou ontem que estuda propostas de investidores interessados pela sua divisão de educação e poderá repassar o controle do segmento. Segundo a empresa, os bancos Itaú BBA e BTG Pactual foram contratados para auxiliar nas negociações. O comunicado divulgado pela companhia ontem confirma informação do jornal “O Estado de S. Paulo”. Com o anúncio, as ações do grupo subiram 6,8% na Bolsa de São Paulo. A Abril Educação tem origem nas editoras de livros e material didáticos Ática e Scipione, compradas pela companhia no fim dos anos 1990.

2. O segmento se tornou independente em 2010, ano em que o grupo adquiriu o Anglo. Além das editoras e da rede de ensino, a divisão conta hoje com as escolas de idioma Red Baloon e Wise-UP e cursos preparatórios. A empresa terminou o terceiro trimestre do ano passado com 570 mil alunos, receita líquida de R$ 178,4 milhões e um lucro de R$ 7,3 milhões. Os negócios de educação passaram a ser uma fonte de receita complementar para o grupo em meio às dificuldades com os produtos tradicionais de mídia da companhia.

3. Os negócios de mídia, distribuição e gráfica ficam concentrados na Abril S.A.

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ALIANÇA DO PACÍFICO AVANÇA, ENQUANTO MERCOSUL DESINTEGRA!

(BBC, 11) 1. A integração e o livre comércio avançam rapidamente na Aliança do Pacífico (bloco formado pelo México, Colômbia, Peru e Chile). Nesta segunda (10), reuniram-se em Cartagena pela sétima vez em 3 anos. O fundamental do encontro, que reuniu os presidentes dos 4 países, foi a assinatura de um acordo para eliminar os arancéis de importação para 92% dos bens e serviços que comerciam entre eles.

2. Na reunião também se aprovou uma “papel de rota”, que deverá permitir a entrada da Costa Rica ao bloco, num processo em que também se encontra o Panamá.

11 de fevereiro de 2014

INTERNET: DIFERENÇAS ENTRE POLÍTICA E ENTRETENIMENTO NO USO DAS REDES SOCIAIS!

1. Este Ex-Blog foi honrado, neste início de 2014, com a visita de assessores de dois governadores candidatos à reeleição que queriam conversar sobre o uso da internet e das redes sociais em campanhas eleitorais e política. Preliminarmente foi sublinhado que os usos das redes não são homogêneos. Para facilitar, foram agrupados em um só conjunto todos os usos, excluindo a política. A esse conjunto –por facilidade- se chamou de “entretenimento”.

2. O uso das redes em “entretenimento” tem características muito diferentes da política. Promove e relaciona pessoas, multiplica personalidades (famosos), faz humor com piadas, charges e vídeos, informa sobre experiências pessoais, divulga fatos traumáticos, lança músicas e cantores, divulga agendas…, e por aí vai. O potencial multiplicador das redes sociais em “entretenimento” é enorme, o que não quer dizer que todas as postagens tenham sucesso semelhante. E inclui a multiplicação pessoal dos personagens de todos os tipos.

3. Na política e campanhas eleitorais é muito diferente. Os políticos que imaginam que ganharão muitos votos pessoais pelo uso das redes sociais, se equivocam. As redes sociais partem de uma visão consensual sobre os desvios dos políticos, desvios de todos os tipos e não só a corrupção. Nesse sentido, o político que se personaliza imaginando que estará semeando votos, se equivoca. Claro, se trata da ilusão de conquistar muitos votos que possam ajudar sua eleição.

4. As redes sociais na política são basicamente multiplicadores de ideias e, mais facilmente, as negativas e as denúncias. E naturalmente –também- multiplicadores de ideias positivas. Assim, um político defende uma ideia e tem uma marca em função dela, ideia de todos os tipos, sejam valores, sejam ideológicas, sejam temáticas… Assim, sem personalizar, usa as redes para difundir suas ideias de forma repetitiva, mas diversificada, observando a multiplicidade dos canais. Essa ideia é multiplicada nas redes. Então, a defesa que o politico faz dessas ideias tende a provocar sinergia junto ao eleitor, identificando espontaneamente a ideia com o político, neste sentido.

5. O problema é que quase todos os políticos estão acostumados com a tradição de seus gabinetes de malas-diretas. Reproduzem em malas diretas eletrônicas ou newsletter pessoais, com seus nomes e fotos, bem diagramadas. Bem, tem o mesmo efeito das malas diretas, falando a seu próprio eleitor e são de baixíssimo multiplicador. Só que, claro, muitíssimo mais baratas, pois o envio é grátis sem custo de correios.

6. Este Ex-Blog tem acompanhado a contratação de agências ou criação de equipes para fazer as campanhas eleitorais dos candidatos. É jogar dinheiro fora, especialmente em campanhas majoritárias. Primeiro que as redes sociais respondem pela frequência e permanência. Um “turista eletrônico” que surge de repente numa campanha eleitoral não consegue sequer atrair atenção. As redes são tribos e não audiências.

7. Quem quer entrar agora, vai perder tempo. De qualquer forma, os candidatos podem ir atrás de seus simpatizantes que já estão nas redes sociais e trabalhar com eles ideias-chave de suas campanhas e –tendo concordância- pedir que multipliquem sem pasteurizar as mensagens, cada um deles com a sua criatividade. Uma vez afirmada essa linha, quando essas mesmas ideias vão a TV, se produz um multiplicador estimado em 4 vezes mais que um comercial de TV. É o que chamam nos EUA de marketing de grande semeadura.

8. São caminhos a explorar para não se gastar dinheiro inutilmente com agências especializadas em fazer lindos power point e encantar os candidatos que as vão contratar.

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NOTAS ECONÔMICAS: BRASIL!

1. (Estado de SP, 09) Pedro Passos, sócio da Natura e presidente do IEDI. “Falta direção” na economia e há insegurança no meio empresarial. “O clima de confiança do empresariado não existe, acabou”. “Falta direção. Não está claro para onde estamos indo.”

2. (Belluzo – Folha de SP, 08) Em 2006, o saldo da indústria ainda era positivo: US$ 29,8 bilhões. Já em 2013, o resultado alcançaria valor negativo de US$ 59,7 bilhões.

3. (Estado de SP, 08) Dados do ONS indicam que Sudeste e Sul deveriam racionar 5% da energia. Pelo modelo estabelecido pela Aneel, Custo Marginal da Operação do sistema elétrico superou esta semana o limite a partir do qual se recomenda o racionamento.

4. (Estado de SP, 08) Agroindústria recua pelo terceiro ano consecutivo. O setor registrou retração de 0,2% em 2013, o terceiro resultado negativo consecutivo, segundo o IBGE.

5. (Estado de SP, 08) De 2005 a 2013, Tesouro Nacional deu aval à contratação de quase R$ 70 bilhões e em 2013 chegaram a R$ 96 bilhões (R$ 42,3 bilhões em operações externas e demais para Estados e Municípios).

6. (Estado de SP, 09) Principais fornecedores de Petróleo e Derivados para o Brasil em 2013 (de 1 bilhão de dólares): Nigéria 9,6/ EUA 5,6/ Bolívia 3,8/ Índia 3,3/ Argélia 3,0/ Arábia Saudita 3,0/ Trinidad Tobago 1,2/ Argentina 1,0.

7. (Amir Khair – Estado de SP, 09) Brasil: Déficit Fiscal Nominal (incluindo os Juros) em 2013: 3,3% do PIB. (Obs.: É o déficit nominal que é comparável aos déficits fiscais dos EUA e países da União Europeia).

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OPINIÃO DOS CATÓLICOS!

Ontem a imprensa internacional e hoje (10) a imprensa brasileira publicam dados de uma pesquisa aplicada a 12 mil e 38 católicos (auto-reportados), em 9 idiomas, em 12 países distribuídos nos 5 continentes. Para eleger os países, se considerou a distribuição global da população e sua concentração regional. Os 12 países selecionados para aplicar a pesquisa representam 61% da população católica mundial. Conheça os resultados completos da pesquisa.

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PARLAMENTO EUROPEU! 751 DEPUTADOS! ELEIÇÕES 25/05/2014!

1. Atual Composição –2009-2014. PPE (centro/centro-direita): 265 deputados / Socialdemocratas/Socialistas: 184 / Liberais 84 / Verdes+Regionalistas 55/  Eurocéticos conservadores e moderados 51 / Esquerda e Verdes Nórdicos 35 / Eurocéticos 32 / Outros incluindo demais eurocéticos 27.

2. Projeções para as eleições de 25 de maio em base as pesquisas divulgadas. PPE 211 /Socialdemocratas 211 / Liberais 62 / Verdes e Regionalistas 38 / Eurocéticos Conservadores e Moderados 61 / Esquerda e Verdes Nórdicos 47 / Eurocéticos 32 / Outros incluindo demais eurocéticos 89.

10 de fevereiro de 2014

EX-BLOG ENTREVISTA AUDITOR PÚBLICO SOBRE EMPERRAMENTO DA MÁQUINA PÚBLICA!

1. Este Ex-Blog contatou um auditor concursado com larga experiência em controle financeiro do setor publico para conversar sobre as reiteradas justificativas dos governos federal, estaduais e capitais, em relação aos atrasos em obras, especialmente em grandes obras. O auditor, que chamaremos de AA, aceitou responder desde que seu nome fosse preservado.

2. Ex-Blog: As reclamações sobre atrasos em obras públicas levaram desde a se responsabilizar a burocracia, até a mudar a legislação para os a Copa e JJOO de forma a garantir os prazos. O que acha?  Auditor AA: O atraso alegado da burocracia nada tem a ver com coisas do tipo lentidão, displicência, etc. E a adaptação da lei de licitações era tão desnecessária que estamos a 3 meses da Copa e 5 estádios ainda não estão prontos. Isso sem esquecer que outro dia a autoridade olímpica informou que mais da metade dos equipamentos esportivos para os JJOO sequer têm projetos executivo prontos. Que, lembre-se, são terceirizados.

3. Ex-Blog: Então quais as razões?  Auditor AA: Vou tentar ser o mais claro possível. Usemos dois casos polares. Primeiro os desvios de conduta tão verdadeiros e decantados pela imprensa. E aqui tanto podem ser por servidores concursados como por funcionários extraquadro, comissionados.  A lógica nesse caso é aquela do ditado popular: criar dificuldades para vender facilidades. Dessa forma, os atrasos são provocados para criar um campo de “negociação”. Isso se aplica tanto ao processo licitatório, quanto ao próprio processo de execução das obras.

4. Ex-Blog: E no caso dos servidores concursados, estáveis e competentes? Por que os atrasos?  Auditor AA: O clamor popular em relação à corrupção levou a imprensa, ao ministério público, aos órgãos de controle interno e externo…, a abordar os processos licitatórios e a execução das obras partindo da preliminar que “alguma coisa deve haver de desvio nessa obra.”. Ou seja: a desconfiança como método de fiscalização. A reação do servidor concursado, profissional competente é se preservar. E o faz engrossando o processo, numa infindável fila de “ouça-se”.

5. Ex-Blog: Explique com mais detalhe esse caso. Auditor AA: Se o servidor concursado e competente, com toda a base legal, decide assumir pessoalmente na plenitude de suas atribuições, a decisão, ele passa a ser ordenador único de despesa e, portanto, qualquer fiscalização, inspeção ou auditoria, o terá como único alvo. Ele mais do que ninguém sabe disso. E para evitar problemas no futuro faz o processo descer ou subir de nível transferindo o ordenador de despesa. Ou faz o processo andar horizontalmente, ouvindo áreas “técnicas” de seu mesmo nível hierárquico, engordando o processo e criando outros ‘ordenadores de despesa’ para dividir as responsabilidades.

6. Ex-Blog: Isso vale para os dois momentos? Auditor AA: Se por dois momentos você quer dizer o processo licitatório e a execução da obra é isso mesmo. Ex-Blog: Uma questão que não ficou clara no segundo caso. Você quer dizer que o estresse do noticiário, das denuncias, das investigações e fiscalizações de todos os tipos que cercam a gestão pública é que em grande medida explicam esses “atrasos”? Auditor AA: Na medida em que isso signifique um excesso e não um procedimento necessário dos controles e da transparência na administração pública, não tenho nenhuma dúvida que explica a transferência artificial de responsabilidade de forma a que o servidor profissional se preserve. E digo que não tenho dúvida nenhuma porque nós servidores conversamos e quando um auditor informa a um servidor de ponta que poderia ter decidido e não precisaria tantas ‘audiências’ paralelas ou mesmo ‘transferências’, a resposta que recebemos é a mesma: E quem vai para o noticiário da imprensa ou para responder ações judiciais? Eu sozinho? E muitas vezes por conta do desconhecimento e até da irresponsabilidade de quem acusa.

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APESAR DOS GRANDES EVENTOS ECONOMIA DO ESTADO DO RIO NÃO CRESCE!

(G1, 07) 1. A produção da indústria em 2013 cresceu em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo dados divulgados nesta sexta-feira (7). No Espírito Santo, no Pará e em Minas Gerais, no entanto, a indústria “encolheu”: as quedas nesses estados foram de 6,7%, 4,9% e 1,3%, respectivamente. A maior alta, por sua vez, foi registrada no Rio Grande do Sul, onde a indústria cresceu 6,8% no ano passado, na comparação com 2012. Houve alta acima da média nacional (1,2%) também no Paraná (5,6%), Goiás (5,0%), Bahia(3,8%), Ceará (3,3%) e Santa Catarina (1,5%).

2. Foram registrados crescimentos, porém abaixo da média nacional, na Região Nordeste (0,8%), Pernambuco (0,7%),  São Paulo (0,7%), Amazonas (0,7%) e Rio de Janeiro (0,1%).

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SUÍÇA: REFERENDO LIMITA AS IMIGRAÇÕES, INCLUSIVE INTRA-EUROPEIAS!

(Le Figaro, 09) 1. Os suíços se manifestaram por referendo neste domingo (09), por 50,3% em favor de uma limitação da imigração, notadamente europeia, o que terá duras consequências nas relações com a UE. O referendo teve a dupla maioria exigida, ou seja, a maioria dos cantões e a maioria dos eleitores. A proposta “contra a imigração em massa” fora defendida pela União Democrática do Centro (UDC), um partido de direita, mas denunciado pelos meios de negócios e pelas empresas ávidas de atrair uma mão de obra altamente qualificada.

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FISCALIZAÇÃO EM BOATES: NO RIO SÓ 1 DE 7 APROVADA; EM SP SÓ 3 DE 7!

(Mônica Bergamo – Folha de SP, 10) 1. Após encontrar irregularidades na segurança de casas noturnas em SP e no Rio, a Proteste (associação de defesa do consumidor) pediu às prefeituras das duas cidades reforço na fiscalização. Uma blitz da entidade na capital paulista, feita às vésperas do primeiro ano da tragédia de Santa Maria (RS), constatou que três dos sete locais visitados estão inadequados. Na capital fluminense, só uma das sete boates foi aprovada.

2. Sinalização ruim nas saídas de emergência, poucos extintores de incêndio e acessos obstruídos são os principais problemas. A Proteste também acionou o Procon para punir desrespeitos aos direitos do consumidor em estabelecimentos nas duas cidades –como a cobrança de taxas sem autorização e a falta de avisos indicando a lotação máxima.

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BÓSNIA-HERZEGOVINA: PROTESTOS, FERIDOS E 40% DE DESEMPREGO!

(BBC, 08) 1. Protestos violentos na Bósnia-Herzegovina que está passando pela maior onda de revoltas desde o fim da Guerra de 1992-95. As principais causas da crise são as altas taxas de desemprego e a inabilidade dos políticos para contornar a situação. “Duas décadas após o cerco a Sarajevo, a Bósnia saiu do radar internacional e seu povo se sente esquecido não só pelo mundo mas por seu próprio governo”, afirmou o correspondente da BBC nos Balcãs, Guy De Launey . Segundo ele, a administração pública está dividida em grupos étnicos que não conseguem se entender – a não ser na hora de aprovar seus altos salários.

2. Até documentos de identificação deixam de ser emitidos devido à política influenciada pelas questões étnicas, de acordo com Launey.  Centenas de pessoas foram feridas em três dias de protestos. A polícia usou balas de borracha e gás lacrimogênio para tentar controlar a crise na capital Sarajevo e na cidade nortista de Tuzla. Fumaça negra pôde ser vista saindo do edifício presidencial em Sarajevo O jornal da capital Dnevni Avaz afirmou que a polícia usou canhões de água para dispersar os manifestantes que atiravam pedras na sede do governo. Houve também relatos sobre uma suposta tentativa de invasão do edifício.

3. Os bombeiros não conseguiram chegar ao edifício em chamas, segundo o jornal. Ao menos 13 unidades tentaram chegar ao local.   Na quinta-feira, choques entre a polícia e manifestantes em Tuzla deixaram mais de 130 pessoas feridas, a maioria policiais.  “O povo protesta porque está com fome, porque não há emprego. Nós exigimos a renúncia do governo”, disse o trabalhador da construção civil Nihad Karac à agência AFP. Cerca de 40% dos bósnios estão desempregados.

4. O tumulto deflagrou outras manifestações em diversas cidades, incluindo Mostar, Zenica e Bihac, onde grupos de manifestantes agiram em apoio a Tuzla. Centenas de pessoas também se reuniram em apoio na capital Bósnia Sérvia, Banja Luka.

07 de fevereiro de 2014

CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?

1. Comecemos pela capa do jornal EXTRA de ontem, 06/02/2014. Extra é o jornal de maior circulação no Rio e o segundo maior do Brasil. Pertence ao sistema Globo. Veja a capa.

2. As execuções abertas têm retornado ao noticiário no Rio. Duas ganharam maior destaque nestes últimos dias porque foram filmadas, além de fotografadas: a) um delinquente amarrado a um poste e linchado; b) execução de outro delinquente mostrada acima. Mas os casos de execução crescem. Os mais comuns são descritos como dupla de pistoleiros na garupa de motos, executando pessoa ou pessoas em carro ou num certo local. E outras coreografias macabras.

3. Tem ocorrido em vários estados. Não se trata apenas de realizar as necessárias investigações policiais para identificar os responsáveis, prende-los e puni-los na forma da lei.

4. Sociólogos urbanos, analistas das polícias, promotores da área do crime, jornalistas que cobrem esta área…, enfim, profissionais aparelhados para entender situações como essas, devem mergulhar fundo –e já- e levantar hipóteses e buscar razões. Essas é que permitirão interromper essa dinâmica de barbárie, reestabelecendo a civilização.

5. O que surpreendeu nos dois casos citados para o Rio é que as execuções não foram feitas nem por policiais, nem por traficantes, nem por milícias. São reações de “para-delinquentes” que se arvoram a fazer justiça com as próprias mãos ao sentirem que há um vazio de policiamento ostensivo e que os vizinhos se sentem desprotegidos e submetidos à saga da delinquência. E não surpreende que pessoas diversas aplaudam a barbárie como se fosse uma alternativa de proteção.

6. Urge que especialistas se dobrem sobre tais casos e procurem entender quais as razões e as suas dinâmicas, antes que a “justiça com as próprias mãos” entre vizinhos ou transeuntes passe a ser sistemática e ganhe o cotidiano do noticiário com assombrosas declarações de apoio.

7. Falta muita coisa além de policiamento. Falta autoridade, o que estimula a impunidade dos delinquentes e de seus executores.

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ESPIRAL POPULISTA NA AMÉRICA LATINA!

(Andrés Oppenheimer – La Nacion, 22) 1. Uma piada que circula em círculos empresariais latino-americanos diz que o Brasil está cada vez mais se parecendo com a Argentina, a Argentina está se parecendo cada vez mais com a Venezuela e a Venezuela está se parecendo cada vez com o Zimbábue. Mas se justifica uma visão tão pessimista? Ou é um exagero dizer que a região está se encaminhando para o autoritarismo messiânico e para o caos econômico que caracterizou o Zimbábue nos últimos anos?

2. Analisando a piada de trás para frente, começando com a afirmação de que a Venezuela está se tornando o Zimbábue. Neste caso particular, a resposta parece ser sim. A Argentina se parece cada vez mais com a Venezuela? Sim e não. Em relação ao índice de Liberdade Econômica, a Argentina ocupa a 166ª posição mundial. Ou seja, está nove pontos melhor do que a Venezuela, mas dentro do mesmo grupo de “economias de repressão”.  Como Venezuela, a Argentina nacionalizou empresas, há uma enorme corrupção do governo, uma inflação galopante de 25% (embora o Governo diga que é de 10%) e a presidente Cristina Fernandez de Kirchner tentou controlar todas as instituições.

3. Mas, ao contrário do que acontece na Venezuela, o Governo ainda não conseguiu silenciar os meios de comunicação – apesar de continuar tentando – e não pode manipular as eleições tão facilmente. O governo perdeu as eleições legislativas recentes, e há uma expectativa geral de que a Argentina terá um governo mais sério após as eleições presidenciais de 2015. O Brasil está se parecendo cada vez mais com a Argentina? Na realidade não, embora às vezes dê essa impressão. De acordo com o Índice de Liberdade Econômica, o Brasil ocupa a posição 114ª mundial, 40 posições acima da Argentina e 50 acima da Venezuela.

4. Minha opinião: a piada de que grande parte da América Latina está caindo em uma espiral descendente que poderia terminar em um caso como o Zimbábue é um exagero. A Venezuela está indo direto para a ruína, mas tem menos seguidores na região. As chances são de que a Argentina mude de rumo ao longo dos próximos dois anos, e o Brasil, no pior dos casos, continuará como agora. Temos que levar em conta que o México, a Colômbia, o Peru e o Chile estão funcionando bem, e que, juntamente com o Brasil, esses países representam mais de 75% do produto bruto regional.

5. Mais do que uma espiral descendente, provavelmente estamos vendo a reta final  do ciclo populista, e em breve veremos o início de uma espiral ascendente.

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UMA COMBINAÇÃO MUITO RUIM PARA A ECONOMIA BRASILEIRA!

(Michael Shaoul, presidente da gestora de recursos americana Marketfield – Folha de SP, 01)

1. Uma vez que investidores gostam de algo, vão continuar comprando. As coisas têm de se tornar realmente muito ruins para que parem.  Quando estive no Brasil em fevereiro de 2012, a maior parte dos economistas não se dava conta de que algo ruim estava acontecendo na economia brasileira. Estavam totalmente focados nos problemas na Europa.  Havia apenas um ou dois administradores de fundos que entendiam quais eram os problemas com a economia do país.  Mas isso não quer dizer que os brasileiros sejam estúpidos, quer dizer que os brasileiros são típicos. Isso também aconteceu na Turquia, aconteceu nos Estados Unidos antes da crise de 2008.

2. A crise europeia levou a uma demanda massiva por ativos de crédito dos emergentes. Os investidores ainda queriam juros, mas não queriam juro europeu. Então saíram comprando juro brasileiro, juro turco e tudo mais.  Os bancos centrais dos emergentes não perceberam que, nesse contexto, suas políticas monetárias estavam frouxas. Eles se acostumaram à ideia de que você pode ter dados ruins da conta-corrente e uma moeda forte. Passaram a achar que a conta-corrente não importava mais.

3. O maior perigo é que os bancos centrais desses mercados estão apertando suas políticas monetárias agora ao mesmo tempo em que investidores estão tirando o dinheiro de lá. Portanto, há menos liquidez porque os estrangeiros estão saindo. E o custo da liquidez aumentou muito por causa do que os bancos centrais fizeram. Isso é uma combinação muito ruim para a atividade econômica. E é uma combinação muito ruim para o desempenho do crédito.

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FUNDO DE PENSÃO AERUS ENTRA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL! CORREÇÃO MONETÁRIA DAS DÍVIDAS FICA PARA DEPOIS!

(Estado de SP, 07) 1. O fundo de pensão Aerus, que administrava planos de previdência privada de empresas como Varig e Transbrasil, teve a liquidação extrajudicial decretada. A decisão da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) foi publicada no Diário Oficial da União na terça-feira. Com a medida, todos os 15 mil aposentados e pensionistas têm preferência de recebimento. Anteriormente, caso um trabalhador da ativa entrasse com processo na Justiça e ganhasse, poderia ter o dinheiro depositado para seu pagamento. Agora, entra numa fila de credores.

2. “(A liquidação extrajudicial) não beneficia a todos porque não há dinheiro suficiente”, afirma o liquidante do fundo, José Pereira Filho.  O Aerus está sob intervenção desde 2006, quando a Varig entrou em recuperação judicial.  Após aposentados e pensionistas estão na sequência da ordem de prioridade de recebimento a correção monetária dos benefícios deles e, em seguida, os trabalhadores ativos.

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POPULARIDADE DE HOLLANDE CONTINUA DESABANDO! AGORA 19% DE APOIO!

Pesquisa TNS-Sofres publicada ontem (06) por Le Figaro. Conheça o gráfico desde julho 2012.

06 de fevereiro de 2014

ECONOMIA CONSPIRA CONTRA A REELEIÇÃO DE DILMA!

1. Quando a economia vai muito bem (digamos nota de 8 a 10), quase garante a reeleição dos governos. Quando vai muito mal (digamos nota de 0 a 3), quase inviabiliza a reeleição. Entre 4 e 7 a campanha vai decidir o jogo.

2. Mas há nuances. Uma economia pode ter nota 3 e não afetar a chance de reeleição do governante. Mas para se medir a probabilidade de sucesso nas diversas notas de 3 a 7, há que se analisar duas coisas. A primeira é a curva para se chegar a estas notas. A nota 3 a 7 vem de uma curva ascendente? Por exemplo, veio de 0 para 3? Ou numa curva descendente? Veio de 10 para 7?

3. Quando Carville cunhou a frase “é a economia, estúpido”, naquele ponto, a economia dos EUA estaria numa nota média de 6. Mas o problema é que ela havia chegado a uma nota 10 e vinha mergulhando. A curva era descendente. Curvas descendentes criam incômodos, desconfortos. Ao contrário, as curvas ascendentes criam conforto e expectativas positivas quanto ao futuro.

4. A segunda coisa é quando a economia fica situada horizontalmente, ou seja, flutuando em torno de uma nota. Mesmo que a nota seja 3 ou 7, ela precisa ser analisada dentro dela mesma para se projetar conclusões.

5. Que nota se daria para a situação econômica do Brasil, hoje, sem se fazer qualquer tipo de análise dos fundamentos macroeconômicos, ou coisas no estilo. Uma porcentagem de crescimento econômico, ou de inflação ou outro parâmetro é uma média entre setores ou entre valores. Não é a mesma coisa que todos os setores da economia ou todos os preços estejam crescendo numa mesma taxa ou variando e flutuando muito entre setores e preços. Uma situação cria sensação de previsibilidade. Outra, de imprevisibilidade, de insegurança, de desconforto.

6. Chegando ao Brasil, digamos que a nota dada pela percepção média seja 5. Mas que 5 é esse? Nos últimos 3 anos o crescimento flutuou perto de 2%. Mas veio de 7,5%. A indústria vem caindo e a agricultura e serviços flutuaram. A inflação cresceu em relação a 2010 e os preços relativos flutuaram muito. Isso sem falar nos preços chamados neste verão de SuReal. A balança comercial vem numa curva fortemente decrescente. Os juros –base- oscilaram pela política monetária do governo. Passaram de 11% para 7,5% e voltaram a crescer para o patamar anterior.

7. O câmbio cresceu muito, de 1,70 para 2,40 nos últimos meses, afetando o preço dos bens importados e do turismo da classe média. A baixa taxa de desemprego que o governo alardeia, vista por dentro, mostra uma alta proporção de emprego sem qualificação. Sem o emprego precário, os quase 6% de taxa de desocupação iriam para perto de 20%. Com as taxas maiores entre os jovens. E pior: a taxa de rotatividade é altíssima e a tendência ao se conseguir um novo emprego é que este seja de um nível salarial inferior e com menor exigência de qualificação.

8. Com isso tudo se pode garantir que a situação econômica atual produz desconforto e pessimismo quanto ao futuro, mesmo que aparentemente estabilizada num certo patamar. Garantidamente não será trunfo do governo, podendo ser da oposição, desde que essa saiba fazer a crítica colando-a ao cotidiano das pessoas e não as análises macroeconômicas.

9. E nem se precisa ir muito longe. Pesquisa Ibope-CNI do final de 2013. Taxas de Desaprovação: política contra desemprego 49%; Impostos 71%, Inflação 63%, e juros 65%.

10. Resumindo: a economia conspira contra a reeleição de Dilma.

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PROGRAMA “SAÚDE DA FAMÍLIA” DA PREFEITURA DO RIO É UMA FARSA!

(Globo, 06) 1. Quando a prefeitura afirma que 41% da população tem assistência de saúde, não é dito que esse número corresponde aos cidadãos que foram cadastrados. Mas boa parte deles nunca conseguiu consultas ou exames —  diz vereador Paulo Pinheiro da comissão de saúde da Câmara. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Sidnei Ferreira, a fiscalização da entidade encontrou várias equipes de Clínicas da Família atendendo sem a presença de médicos: O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio (SinMed), Jorge Darze, que denunciou à Polícia Federal que enfermeiros estão atendendo no lugar de médicos, também critica o programa: — O Programa Saúde da Família é a mesma coisa que um transatlântico sem combustível e tripulação. Parado no porto, ele chama a atenção. Mas não tem eficiência.

2. A Clínica da Família tem destaque na propaganda da prefeitura sobre o sistema de atenção básica na saúde. Os números divulgados são bons: a cobertura passou de 3,5% da população, em dezembro de 2008, para 41% (ou 2,6 milhões de cariocas). O município também anuncia que nas clínicas é possível fazer exames laboratoriais, de raios X, ultrassonografia e eletrocardiograma, além de consultas médicas e odontológicas. A realidade de quem depende do serviço, no entanto, é bem diferente. Pacientes das zonas Norte, Sul e Oeste da cidade apontam várias falhas, entre elas a demora (de até seis meses) para conseguir uma consulta com especialistas, a falta de visitas domiciliares, o cancelamento de exames por causa de aparelhos quebrados e o atendimento feito por enfermeiros no lugar de médicos.

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NO RIO FOI O RUMOROSO CASO DE AUTORIZAÇÃO DA PREFEITURA PARA HOTEL HYATT EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, NA BARRA DA TIJUCA!

1. (Estado de SP, 06) Polícia canadense envia agentes a SP para investigar atos de incorporadora. Brookfield é citada nos dois principais escândalos envolvendo a autorização de empreendimentos imobiliários na capital paulista; acordo de assistência mútua prevê até a possibilidade de testemunhas serem ouvidas naquele país. Uma equipe de investigadores da Real Polícia Montada do Canadá está em São Paulo para investigar as supostas atividades criminosas da incorporadora Brookfield, multinacional que tem uma das sedes naquele país. Aqui, a empresa é citada nos dois principais escândalos recentes da cidade: a máfia do Imposto sobre Serviços (ISS) e o chamado “caso Aref”, sobre pagamento de propinas para a liberação de imóveis.

2. Site da Brookfield.

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AS PESQUISAS ELEITORAIS!

(Jaime G.Mora – ABC – Madrid, 02) 1. Uma análise das pesquisas publicadas em jornais de 1986 até2011 revela que eles têm um grau razoável de acerto. “São apenas pesquisas. A verdadeira pesquisa real é o resultado das urnas”, dizem os políticos quando há nuvens no mapa demoscópico. “As pesquisas mostram que as políticas que estão sendo realizadas pelo presidente estão erradas”, dirão os mesmos que antes diminuíam a importância das pesquisas, no caso dos números, dessa vez, serem favoráveis. Mas a realidade é que as pesquisas alcançam um nível de acerto que pode ser considerado razoavelmente bom.

2. Essa é a conclusão dos pesquisadores Adrià Caballé, Pere Grima e Lluís Marco-Almagro após analisar as pesquisas dos maiores jornais de circulação nacional desde as eleições gerais de 1986 até 20 de novembro de 2011. Em alguns casos a coincidência das previsões com os resultados finais é muito grande, como nas eleições de 2008. Naquelas eleições, todos os meios de comunicação tiveram um acerto similar, exatamente o oposto do que aconteceu em 2004. Os ataques de 11 de Março, três dias antes das eleições, viraram de cabeça para baixo as expectativas eleitorais. Também já ocorreu, como em 1996, que alguns acertaram mais que outros.

3. Na análise por jornais, os autores do relatório constataram que a mídia tende a ser otimista nas previsões sobre os partidos com os quais têm uma melhor adequação editorial e pessimista sobre os quais não tem. Os pesquisadores, no entanto, não consideram que esta circunstância seja significativa, após um estudo mais detalhado através da análise da variância. A tendência revela que o  jornal “El Pais” e o “El Periódico”,  superestimam o PSOE e subestimam o PP, enquanto que  o “ABC” e o “El mundo” fazem exatamente o oposto.

4. “Os dados demonstram que as informações técnicas (tamanho da amostra, a margem de erro, nível de confiança…) que acompanham as pesquisas não são úteis para avaliar a qualidade das suas previsões, como pretende a lei que obriga a sua publicação” escrevem Caballé, Grima e Marco-Almagro  na “Revista Espanhola de Investigações Sociológicas”.

Cesar Maia fala sobre a convenção do Partido Popular da Espanha

Pergunta: O que mais lhe impressionou na Convenção?
Cesar Maia: A metodologia usada que, tornando as exposições homogêneas, teve um enorme impacto mobilizador sobre o Partido. Explico. Participaram mais de 2000 militantes, rigorosamente credenciados, entre militantes de base, vereadores, deputados, governadores, ministros, dirigentes e o presidente do governo, Mariano Rajoy. Um plenário de mais de 2000 pessoas para os discursos se alternava com um auditório tipo arena (Ágora) de mais de 1.000 pessoas, onde as funções de governo eram apresentadas pelos ministros das pastas, acompanhados de um governador e um moderador. A dinâmica era sempre a mesma: o que recebemos, o que fizemos e o que faremos. 25 minutos para cada bloco. O vetor condutor era a superação da crise e o inicio de um novo ciclo que já começou.

P: Por que mobilizador?
CM: Eu estive nas 4 plenárias e nas 4 “Ágoras”, do começo ao fim, algo como 16 horas ou mais em 3 dias. Na verdade dois dias porque o primeiro e o terceiro foram parciais. A cada nova reunião mais o entusiasmo aumentava, numa clara demonstração que a comunicação básica tinha sido incorporada. Na Ágora era enorme o entusiasmo com os ministros, tratados como heróis. Todos saíram convencidos que o PP recebeu uma herança trágica e que em 2 anos superou essa crise e que a economia começa a crescer e o desemprego a diminuir.

P: Você também saiu convencido?
CM: Sim, pela qualidade das apresentações dos ministros, lastreadas com dados. Em 2013, a Espanha bateu o recorde em suas exportações (hoje 33% do PIB) e na entrada de turistas (61 milhões/ 11% do PIB). A taxa de risco da Espanha já é menor que a do Brasil, os proventos reais dos aposentados (9 milhões) foram mantidos, assim como os gastos em saúde e educação, impedindo a que o custo da crise chegasse a estes. Imagem da Espanha melhorou do índice de 5,8 para 6,8.

P: O que destacaria como pano de fundo dos discursos?
CM: Dia 25 de maio há eleições para o Parlamento europeu. Uma vitória do PP sublinharia politicamente esta reversão da crise. Uma derrota tiraria brilho da comunicação que faz o governo. Os discursos eram pavimentados em 3 grandes questões enfrentadas pelo governo: a unidade da Espanha (em função do movimento separatista na Catalunha); a unidade do PP [em função de uma dissidência, ainda pequena, que surgiu pela direita do Partido, criando outro Partido (Vox)], além dos claros atritos entre o atual presidente (Rajoy) e o anterior do PP (Aznar); e a luta contra o terrorismo (ETA), que ainda não acabou (um vídeo de forte emoção e o depoimento de filhos de dirigentes do PP que foram assassinados levantaram a plenária). O binário sempre repetido são as reformas (que nunca antes foram feitas) e a redução do desemprego. E claro: sempre exaltando o presidente Rajoy que, aliás, participou de todas as 4 plenárias, só falando no encerramento, coisa rara por aqui.

P: Cite alguns pontos apresentados pelos ministros e que você destacaria.
CM: São muitos. Vou pontuar tentando resumir minhas anotações. Sair da recessão não é necessariamente sair da crise. Há que se ter sustentabilidade. Realizar a reforma fiscal com pacto federativo. Tarefa do governo é injetar esperança nas pessoas. Como o euro é moeda que não controlamos, tivermos que fazer uma desvalorização interna (preços relativos). Inimigos do bem estar social são os maus gestores. Combater o desemprego dos jovens (50%), onde 1 milhão nem estudam nem trabalham. Espanha é hoje líder mundial em transplantes de órgãos. Tão importante quanto à taxa de risco financeiro é a taxa de risco político. No emprego, buscamos flexibilidade e estabilidade ao mesmo tempo. PP é centro, não como média entre esquerda e direita, mas como busca de convergências. Isso é que cria maiorias. Buscar vertebração territorial. Estamos territorializando o orçamento federal para dar transparência a todas as regiões. Capitais voltaram a investir na Espanha. Acabamos com o turismo sanitário com cartão único nacional e teleatendimento/saúde eletrônica. Confiamos em nossos juízes. A lei orgânica do judiciário que apresentaremos vai fortalecê-los ainda mais. Vamos apresentar e lei do estatuto do ministério público. Nova lei penal vai terminar com benesses em crimes graves. Questão da lei do aborto é a defesa dos mais débeis e o nascituro é o elo mais frágil na sociedade. Segurança jurídica como base para a economia. Unidade de mercado (tratamento tributário homogêneo entre os Estados). Estabilidade política é base para investidor. Socialistas, que saíram, esconderam o tamanho do buraco. Reduziremos os impostos com um cronograma para alguns anos, aprovado em lei.

P: E as eleições de 25/05 para o Parlamento Europeu?
CM: Da mesma forma, vou pontuar o que ouvi: PPE tem um grande inimigo que é o populismo e esse cresce nas crises. Espanha saiu da crise. Portugal está saindo e desemprego caiu de 17,7% para 15,4%. Grécia já atingiu equilíbrio orçamentário, etc. Por isso, os partidos que compõe o PPE vão forte para a eleição de maio. Precisamos construir a união bancária e fiscal. Precisamos de uma política energética europeia. Precisamos aprofundar nossa ação nas áreas de segurança e defesa.

P: O que o surpreendeu negativamente?
CM: Destacaria um ponto. Nessas horas todas de debates, exposições e discursos, ninguém, em momento algum, falou em redes sociais. Fiquei com a sensação de certo temor a elas. Para mim isso é um atraso.

05 de fevereiro de 2014

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE A CONVENÇÃO DO PP – ESPANHA!

1. Ex-Blog: O que mais lhe impressionou na Convenção? Cesar Maia: A metodologia usada que, tornando as exposições homogêneas, teve um enorme impacto mobilizador sobre o Partido. Explico. Participaram mais de 2000 militantes, rigorosamente credenciados, entre militantes de base, vereadores, deputados, governadores, ministros, dirigentes e o presidente do governo, Mariano Rajoy. Um plenário de mais de 2000 pessoas para os discursos se alternava com um auditório tipo arena (Ágora) de mais de 1.000 pessoas, onde as funções de governo eram apresentadas pelos ministros das pastas, acompanhados de um governador e um moderador. A dinâmica era sempre a mesma: o que recebemos, o que fizemos e o que faremos. 25 minutos para cada bloco. O vetor condutor era a superação da crise e o inicio de um novo ciclo que já começou.

2. EB: Por que mobilizador? CM: Eu estive nas 4 plenárias e nas 4 “Ágoras”, do começo ao fim, algo como 16 horas ou mais em 3 dias. Na verdade dois dias porque o primeiro e o terceiro foram parciais. A cada nova reunião mais o entusiasmo aumentava, numa clara demonstração que a comunicação básica tinha sido incorporada. Na Ágora era enorme o entusiasmo com os ministros, tratados como heróis. Todos saíram convencidos que o PP recebeu uma herança trágica e que em 2 anos superou essa crise e que a economia começa a crescer e o desemprego a diminuir.

3. EB: Você também saiu convencido? CM: Sim, pela qualidade das apresentações dos ministros, lastreadas com dados. Em 2013, a Espanha bateu o recorde em suas exportações (hoje 33% do PIB) e na entrada de turistas (61 milhões/ 11% do PIB). A taxa de risco da Espanha já é menor que a do Brasil, os proventos reais dos aposentados (9 milhões) foram mantidos, assim como os gastos em saúde e educação, impedindo a que o custo da crise chegasse a estes. Imagem da Espanha melhorou do índice de 5,8 para 6,8.

4. EB: O que destacaria como pano de fundo dos discursos? CM: Dia 25 de maio há eleições para o Parlamento europeu. Uma vitória do PP sublinharia politicamente esta reversão da crise. Uma derrota tiraria brilho da comunicação que faz o governo. Os discursos eram pavimentados em 3 grandes questões enfrentadas pelo governo: a unidade da Espanha (em função do movimento separatista na Catalunha); a unidade do PP [em função de uma dissidência, ainda pequena, que surgiu pela direita do Partido, criando outro Partido (Vox)], além dos claros atritos entre o atual presidente (Rajoy) e o anterior do PP (Aznar); e a luta contra o terrorismo (ETA), que ainda não acabou (um vídeo de forte emoção e o depoimento de filhos de dirigentes do PP que foram assassinados levantaram a plenária). O binário sempre repetido são as reformas (que nunca antes foram feitas) e a redução do desemprego. E claro: sempre exaltando o presidente Rajoy que, aliás, participou de todas as 4 plenárias, só falando no encerramento, coisa rara por aqui.

5. EB: Cite alguns pontos apresentados pelos ministros e que você destacaria. CM: São muitos. Vou pontuar tentando resumir minhas anotações. Sair da recessão não é necessariamente sair da crise. Há que se ter sustentabilidade. Realizar a reforma fiscal com pacto federativo. Tarefa do governo é injetar esperança nas pessoas. Como o euro é moeda que não controlamos, tivermos que fazer uma desvalorização interna (preços relativos). Inimigos do bem estar social são os maus gestores. Combater o desemprego dos jovens (50%), onde 1 milhão nem estudam nem trabalham. Espanha é hoje líder mundial em transplantes de órgãos.

6. Tão importante quanto à taxa de risco financeiro é a taxa de risco político. No emprego, buscamos flexibilidade e estabilidade ao mesmo tempo. PP é centro, não como média entre esquerda e direita, mas como busca de convergências. Isso é que cria maiorias. Buscar vertebração territorial. Estamos territorializando o orçamento federal para dar transparência a todas as regiões. Capitais voltaram a investir na Espanha. Acabamos com o turismo sanitário com cartão único nacional e teleatendimento/saúde eletrônica.

7. Confiamos em nossos juízes. A lei orgânica do judiciário que apresentaremos vai fortalecê-los ainda mais. Vamos apresentar e lei do estatuto do ministério público. Nova lei penal vai terminar com benesses em crimes graves. Questão da lei do aborto é a defesa dos mais débeis e o nascituro é o elo mais frágil na sociedade. Segurança jurídica como base para a economia. Unidade de mercado (tratamento tributário homogêneo entre os Estados). Estabilidade política é base para investidor. Socialistas, que saíram, esconderam o tamanho do buraco. Reduziremos os impostos com um cronograma para alguns anos, aprovado em lei.

8. EB: E as eleições de 25/05 para o Parlamento Europeu? CM: Da mesma forma, vou pontuar o que ouvi: PPE tem um grande inimigo que é o populismo e esse cresce nas crises. Espanha saiu da crise. Portugal está saindo e desemprego caiu de 17,7% para 15,4%. Grécia já atingiu equilíbrio orçamentário, etc. Por isso, os partidos que compõe o PPE vão forte para a eleição de maio. Precisamos construir a união bancária e fiscal. Precisamos de uma política energética europeia. Precisamos aprofundar nossa ação nas áreas de segurança e defesa.

9. EB: O que o surpreendeu negativamente? CM: Destacaria um ponto. Nessas horas todas de debates, exposições e discursos, ninguém, em momento algum, falou em redes sociais. Fiquei com a sensação de certo temor a elas. Para mim isso é um atraso.

10. Duas fotos: uma do Plenário e outra da Ágora.

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PERFIL IDEOLÓGICO DO PP – ESPANHA!

Pesquisa Metroscopia-2014. Eleitor se situa de 0 a 10, da esquerda a direita. De 0 a 3, Esquerda. De 4 a 6, Centro. De 7 a 10, direita.

1. Conjunto da População. Esquerda 19%. Centro 62%. Direita 9%

2. Quem votou no PP em 2011 para presidente. Esquerda 1%. Centro 67%. Direita 28%.

3. Fiéis ao PP. Votaram em 2011 e voltarão a votar nele. Esquerda 0%. Centro 58%. Direita 36%.

4. Votaram no PP em 2011 e agora estão indecisos olhando alternativas também. Esquerda 2%. Centro 69%. Direita 17%.

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QUEM PAGA OS EQUIPAMENTOS OLÍMPICOS É O GOVERNO; NÃO É O SETOR PRIVADO!

(blog Sônia Rabello, 29/01) 1. Nesta terça-feira, dia 28, tivemos pelo Jornal Nacional a entrevista dada pelas autoridades olímpicas do Rio dizendo que dos R$ 5 bilhões orçados para alguns equipamentos olímpicos da Barra da Tijuca, mais de R$ 4 bilhões seriam de recursos privados!  Mostraram, inclusive, um quadro com este percentual “privado” do bolo!

2. Falácias para enganar a população. Distorcem a realidade para fazê-la crer que não estariam gastando recursos públicos para realização destes jogos. A ansiedade pelo engodo é tão grande que já nem mais empregaram, ao noticiar, de que seriam recursos provenientes de contratos chamados de “parceria público-privada”.  Chamam só de “recursos privados”.

3. Mas, basta dar uma olhada elementar no documento oficial – Matriz de Responsabilidade – especialmente às fls 20 a 23, que veremos que os R$ 4 bilhões anunciados como “recursos privados”, a serem aplicados em obras de infraestrutura e equipamentos no Parque Olímpico da Barra, são fruto do contrato feito pelo Município com as empreiteiras do Consórcio formado pela Odebrecht, Carvalho Hosken e Andrade Gutierrez.

4. Por força do referido contrato, ao final das Olimpíadas, este consórcio será dono de cerca de 75 % das terras públicas no local e dos respectivos índices construtivos para construção de dezenas de prédios privados, residenciais e comerciais, com cerca de 22 andares.

5. Este é o pagamento público pelas obras ditas privadas! Portanto, os recursos para pagar as obras olímpicas não são privados, mas públicos. Terras públicas somadas aos índices construtivos públicos que serão privatizados. Uma fortuna!

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PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO TÊM 50% DOS VEÍCULOS E 80% DAS VÍTIMAS!

(El País, 02) 1. Os acidentes rodoviários estão quase se tornando a nova epidemia dos países pobres e em desenvolvimento. Devido a isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) soou o alarme. Se nada for feito para conter essa tendência, as mortes anuais nas estradas nestas regiões do mundo irão subir para dois milhões em 2030, e os acidentes de trânsito serão colocados ao nível das mortes por Aids, que é uma das principais causas de mortalidade no mundo em desenvolvimento. Os acidentes, além disso, implicam em um gasto público equivalente a “2% do PIB dos países desenvolvidos e até 5% dos outros”, de acordo com Steve Lowson, da ONG britânica Programa de Qualificação Internacional das Vias (iRAP em inglês).

2. Com a metade desses veículos, estes países têm 80% das vítimas. A África do Sul é um paradigma negativo de acordo com a OMS: de cada 100.000 habitantes, 32 morrem a cada ano em acidentes de trânsito. A mistura de infraestrutura inadequada, carros antigos, falta de educação do motorista e ausência de legislação adequada é a fonte desses números. Os países em desenvolvimento têm a metade dos veículos existentes no mundo, mas são responsáveis por 80% dos 1,3 milhões de mortes por acidentes de trânsito (mais de um milhão, incluindo pedestres atropelados). A revista especializada Ward’s  estimou que em 2011 o mundo tinha 1 bilhão de carros. De acordo com o Banco Mundial, em 2010 – último ano com dados disponíveis – nos países em desenvolvimento havia 121 carros por cada mil habitantes, em comparação com 620,5 por cada 1.000 habitantes nos países ricos.

3. Pedestres, ciclistas e motociclistas representam metade dos mortos.  Não é à toa que na África, onde os pedestres são 38% dos usuários das vias, tem uma média de 24 mortes em acidentes por cada 100 mil habitantes. Na Europa não passa de 10,3.  Na Venezuela, o país com a maior taxa de acidentes na América, e uma das gasolinas mais baratas do mundo, morrem a cada ano em acidentes de trânsito 37 pessoas por cada 100.000 habitantes. Em 2012, na Espanha, 1.903 pessoas foram mortas em acidentes de trânsito, a cifra mais baixa desde 1993. Menos da metade do que em 2006.

04 de fevereiro de 2014

IRRESPONSABILIDADE NO CENTRO HISTÓRICO DO RIO TERÁ CONSEQUÊNCIAS INCALCULÁVEIS!

1. Podem-se buscar razões na excitação da idade ou mesmo na busca incontrolável de deixar marcas na cidade. E é provável que tudo isso tenha sido agravado pela conjuntura adversa de opinião pública que excita a adoção de medidas para tentar reverter a situação. Mas o silêncio de urbanistas, dos departamentos de urbanismo de faculdades de arquitetura, do IAB, a cumplicidade de grandes empresas que têm assessoria e informação de sobra pela experiência acumulada, são inadmissíveis.

2. É verdade que um vetor -hoje de longe o menos importante- entre urbanistas imaginava que cabia a eles fazerem a cidade e convidarem as pessoas a vir morar. Brasília foi assim. A Barra da Tijuca foi assim. Mas, independente dos equívocos, nos casos, se partia de ocupação de espaços vazios sem história urbana e, mesmo no caso da Barra, com uma mínima integração com os demais bairros.

3. Os mais importantes urbanistas daqui e do mundo todo nos ensinam que as cidades são organismos vivos, que vão crescendo, ocupando espaços na lógica das necessidades e interesses dos moradores, das empresas, etc. Cabe ao poder público intervir para potencializar os vetores positivos dessas dinâmicas e inibir ou mesmo reprimir os negativos. Os bairros são produtos dessa dialética.

4. O que está ocorrendo no Centro Histórico do Rio, por obra e arte do poder público, é uma irresponsabilidade. Histórico com H maiúsculo, porque se trata de espaços fundacionais do Rio que cresceram pela lógica das demandas e das necessidades, construindo as ocupações que conhecemos. Intervir potencializando/reprimindo é necessário e tem sido feito desde a Rua do Ouvidor no século XIX, passando por Pereira Passos, Dodsworth, etc.

5. A Av. Central/ Rio Branco não teria sido uma prioridade sem a necessidade de um novo porto e sua articulação, com o transporte de passageiros (o avião da época) e de carga. E potencializando o vetor urbano da região, que exigia as mudanças para garantir a dinâmica de sua ocupação comercial e residencial.

6. Primeiro articulando com a Zona Sul (Av. Beira Mar) e depois com a Zona Norte (Presidente Vargas e Avenida Brasil de Henrique Dodsworth), na medida em que o trem e o bonde perdiam a exclusividade para o automóvel. E a ocupação do Centro ganhou a dinâmica que conhecemos.

7. A lógica das pessoas foi construindo os prédios comerciais, os equipamentos de cultura e lazer, os espaços residenciais, etc. E como ocorre sempre, veio acompanhado da necessária mobilidade que garantisse essa lógica. O bonde primeiro, o trem depois, as barcas, as avenidas, os aviões, o metrô…

8. A área portuária -esvaziada por muitos anos- com a mudança da matriz de transportes em direção ao Porto, demanda uma intervenção potencializadora do poder público. É consenso e vem sendo desenhada desde 1978 pela Associação Comercial. Não importa que venham as divergências da forma que se faz essa ocupação. A lógica das necessidades vai definir sua dinâmica. Ou se alguém prefere, também a lógica do mercado.

9. Agora, entrar na via central do centro histórico e, por isso, assim se chamava na sua inauguração e de um golpe, para facilitar as obras em direção a um espaço em construção que não se pode prever tempo e adensamento, afetando o vetor da mobilidade local e interativa, é algo tão irresponsável, que em qualquer grande cidade do mundo, com história, produziria uma obstrução na justiça ou mesmo popular.

10. Há tempo para a razão prevalecer. Há tempo para os urbanistas falarem. Há tempo para o MP intervir. Como o governador simplesmente se omite, num espaço que é Intermunicipal, interestadual e internacional, há tempo também para as manifestações dizerem não a esta barbaridade.

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SUCESSO COMERCIAL DA FOX NEWS E FRACASSO DAS IDEIAS REPUBLICANAS QUE ESTIMULAVA E APOIAVA!

(Folha de SP, 01) 1. Quase um ano antes do lançamento, “The Loudest Voice in the Room”, a voz mais alta na sala, biografia não autorizada do criador da Fox News, Roger Ailes, já dividia a política e o jornalismo americanos.  Ao longo de sua trajetória político-jornalística, de marqueteiro de Nixon em 1968 a idealizador e força motriz da Fox News em 1996.

2. O livro retrata um personagem ameaçador e autoritário no trato pessoal, inclusive nos poucos contatos com o autor, mas capaz de quase sozinho transformar o pequeno canal de notícias conservador em líder de audiência. Sua Fox News acabou por ultrapassar o faturamento publicitário somado dos telejornais nacionais das três grandes redes e dos canais noticiosos concorrentes –e tornou-se modelo de jornalismo mundo afora.

3. Por outro lado, Sherman indica na biografia que Ailes, 73, é um tigre de papel. Ou melhor, que a Fox News é a pior notícia para as bandeiras que ele supostamente defende. A radicalização dos republicanos, estimulada por ele através do canal, acabou por tornar a legenda inviável em eleições majoritárias, numa democracia americana de busca do centro.

4. Credita a reeleição de Obama, em parte, ao palco fornecido aos extremistas republicanos e ao esforço de Ailes para se tornar o grande eleitor americano, um fabricante-de-presidentes. “The Loudest Voice in the Room”, nessas duas faces de seu protagonista, ao mesmo tempo motor e fraqueza dos republicanos, acaba por confundir tanto os conservadores como os liberais, o que é uma qualidade.

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PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO NA EUROPA!

(Imprensa Europeia, 04) 1. A Comissão Europeia -UE- realizou uma ampla pesquisa sobre a percepção, em cada país, da corrupção. A pergunta foi: Qual a extensão da corrupção em seu país? Os que responderam “totalmente estendida” mostram uma altíssima porcentagem.

2. Mais de 90%: Grécia, Itália, Lituânia. Espanha, Rep. Checa, Croácia, Romênia, Eslovénia. Portugal e Eslováquia.

3. Entre 80% e 90%: Hungria, Bulgária, Malta, Letônia, Polônia e Irlanda.

4. Entre 70% e 80%: Chipre e média da UE (76%).

5. Entre 60% e 70%: França, Bélgica, Áustria, Estônia, Reino Unido e Holanda.

6. Entre 50% e 60%: Alemanha

7. Entre 40% e 50%: Suécia e Luxemburgo.

8. Finlândia 29% e Dinamarca 20%.

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EL SALVADOR: ABSTENÇÃO ALCANÇOU 53,5%!

(Clarín, 04) 1. Sánchez Cerén – FMLN- estuvo a punto de ganar el domingo la sucesión del presidente Mauricio Funes, primer mandatario izquierdista salvadoreño, al obtener el 48,92%.

2. Quijano -Arena-  quedó diez puntos más abajo en unos comicios con 53,5% de abstencionismo. Ahora, la llave podría estar en manos del ex presidente Antonio Saca (2004-2009), que ex-Arena, se postuló por cuenta propia, y quedó con 11%.

03 de fevereiro de 2014

DILMA MUDA MINISTROS E NINGUÉM ENTENDE! GOVERNAR É PRIORIZAR!

1. A presidente Dilma faz sua reforma ministerial de percurso. Independente de performances, se entende. Afinal, ministros saem para se candidatar. Os técnicos de futebol também fazem mudanças, muitas vezes, no meio do jogo. Mas ninguém entenderia levar o Neymar para o lugar do Júlio Cesar.

2. E, no caso de ministros, a flexibilidade é muito maior que mexer num time de futebol. Afinal, a capacidade política e político-administrativa permite usar os melhores quadros em diversos ministérios. Assim fez o presidente Fernando Henrique levando Serra, o importante economista e senador do PSDB para o Ministério da Saúde, uma prioridade.

3. Entendeu o presidente Fernando Henrique que dada a enorme prioridade na Saúde, precisava fazer convergir experiência política e técnica e que com isso formaria uma excelente equipe naquele Ministério.

4. A presidente Dilma também agiu dessa forma. Pelo menos se pensava assim. Convocou o mais importante economista do PT, com experiência política do exercício de seus mandatos e o levou para aquilo que ela e todos repetem ser a prioridade das prioridades no Brasil: a Educação.

5. A reação foi muito positiva: essa era a prioridade de Dilma, levou seu melhor quadro, como muitos afirmam, para ser o Ministro da Educação.

6. Mas, de repente, e ‘não mais que de repente’, tendo em vista as dificuldades no relacionamento com o Congresso, resolve deslocar Mercadante para seu ministro de articulação política. A Educação não é mais a prioridade?

7. Afinal, os pares do ministro no Congresso respeitam o saber especifico do ministro, mas dizem e repetem que ele não leva jeito -e paciência- para essa nova função. Deputados e Senadores dizem até que sentem certa arrogância dele nessa relação, desprezando a experiência política de seus pares.

8. Ninguém entendeu nada. Dilma tira da Educação seu melhor quadro e o leva para articulação política, tarefa que, dizem seus pares, ele não tem jeito. FHC não levaria Serra para esta função pelas mesmas razões e por isso foi para a Saúde. Dilma trocou Neymar por Júlio Cesar?

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ESSE MODELO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO NÃO SE SUSTENTA!

(Nelson Rojas, cientista político da UFRRJ e pesquisador do Observatório de Metrópoles da UFRJ – Globo Online, 02) “Tenho dúvidas se o atual modelo é sustentável a médio prazo. É um modelo desenvolvimentista da cidade-empresa, na qual as obras são feitas para atender a determinado projeto, beneficiando, sem dúvida, determinado grupo político e chamando a atenção do país para o Rio. Mas esse resgate da política e da importância do Rio, a meu ver, não se sustenta a média prazo se não pensarmos as questões metropolitanas, os grandes problemas que ainda temos e que a população sofre diariamente. Somente um projeto dessa natureza é capaz de iniciar um ciclo virtuoso de recuperação não só econômica, mas também política do Rio, porque a população como um todo passa a fazer parte dela, assim como as próprias instituições aqui instaladas e suas lideranças.”

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PAUL KRUGMAN: “PARECE SER O ESTOURO DE UMA BOLHA DOS PAISES EMERGENTES”!

(Estado de SP, 01) 1. “Estamos vendo o que parece ser o estouro de uma bolha dos países emergentes. E uma crise nestes mercados pode, de forma plausível, transformar o risco de deflação na zona do euro em realidade”, avalia o prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, em sua coluna nesta sexta-feira no jornal New York Times, destacando que a Europa pode passar por situação semelhante a do Japão, que viu sua economia estagnada por anos.

2. Krugman não está muito otimista com o desenrolar da recente turbulência nos países emergentes. Para ele, o problema não é da Turquia, ou Índia, Hungria, África do Sul e qualquer outros mercado emergente que pode se tornar a bola da vez. “O verdadeiro problema é que as nações mais ricas, sobretudo Estados Unidos e a zona do euro, fracassaram em lidar com suas próprias fraquezas”, afirma o economista no artigo.

3. O economista diz que as crises financeiras têm ficado mais próximas umas das outras e com resultados mais severos, em termos de impactos na economia real. Por um longo período após a Segunda Guerra o mundo ficou livre de crises financeiras, provavelmente, avalia Krugman, porque muitos governos restringiram movimentos de capital entre países. Em anos recentes, a situação piorou, com uma crise atrás da outra, na América Latina, Estados Unidos, Ásia e Europa. “Se a forma da crise parece a mesma, os efeitos estão ficando piores.”

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RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA COSTA RICA E EL SALVADOR!

1. Na Costa Rica o candidato do PAC -dissidente do PLN, que governa há vários anos- surpreendeu nos últimos dias, passou o candidato da esquerda, vencendo primeiro turno. Nenhum dos dois alcançou 40% e haverá segundo turno. Solis do PAC 30,8% e Araya do PLN 29,6%. O candidato da esquerda da FA caiu e terminou com 17,14%.

2. Em El Salvador o tribunal eleitoral suspendeu a contagem oficial com 70% das urnas apuradas. Com 91% das urnas levantadas, candidato da FMNL, que governa, ex-comandante guerrilheiro, Sanchez Ceren obteve 49% dos votos e Norman Quijano da Arena -prefeito de San Salvador- ficou com 39%. O FMNL governa com um presidente moderado -Fulnes- caminho que encontrou para vencer as eleições. Agora aposta num candidato chavista. Até terça virá o resultado final. Se Ceren conseguir os 50%, não haverá segundo turno. Os números de Quijano apontam para um segundo turno.