EXTRA (06/07) ENTREVISTA CESAR MAIA CANDIDATO A SENADOR!

1. Extra: O senhor deixou de ser candidato a governador para ser candidato a senador no chamado “Aezão”, que, no Rio, apoia o senador Aécio Neves (PSDB) em sua campanha a presidente e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) à reeleição. Isso é um passo atrás na sua carreira? CM: Não foi uma decisão minha. Foi uma decisão colegiada que tomou como prioridade a eleição presidencial, num momento em que os dois candidatos a presidente se uniram na chapa majoritária do Rio, o que obrigou todos os que estão com Aécio a se unir também. (Cesar se refere à aliança que o senador Lindbergh Farias, do PT, fez com o deputado federal Romário, do PSB. Os dois partidos têm candidatos à Presidência).

2. Extra: Agora, o senhor passa a pertencer ao grupo do prefeito Eduardo Paes (PMDB), com quem rompeu politicamente… CM: Não existe grupo de nenhum de nós. O que existem são partidos e lideranças políticas. Acho que o gesto do PMDB, de abrir mão de sua principal liderança no Rio de Janeiro para que o DEM, o PSDB e o PPS possam entrar na chapa majoritária é o gesto mais importante. / Extra: O senhor acha que tem mais chances de ser eleito senador do que Cabral teria? CM: Eu não posso dizer isso. O Cabral vinha liderando as pesquisas para o Senado. O PMDB tem a direção do governo do estado há oito anos. Esse risco é um risco mais grave do que ganhar ou perder a eleição para o Senado. Então, isso é o que prevalece. Essa decisão foi tomada com base no interesse da eleição do Aécio (presidente) e no interesse da eleição do Pezão (governador). O movimento que Aécio Neves fez no Rio junto com os partidos que lhe dão apoio nacional — DEM e PSDB — é um movimento que fortalece a candidatura de Pezão e fortalece a candidatura dele (de Aécio).

3. Extra: O que mudou nos seus planos de quando o senhor era candidato a governador para agora, que é candidato a senador?  CM: As ideias não mudaram. Estou fazendo uma lista de 25 pontos que o senador vai defender e grande parte desses pontos é o que eu ia defender como candidato a governador. Por exemplo, o fortalecimento e dignificação do servidor público; a garantia de continuidade dos recursos que estão sendo aplicados no Rio, com Aécio Neves; os recursos garantidos para Saúde, Saneamento e Educação… Enfim, você muda o verbo. Você sai do “executarei” para o “garantirei, apoiarei” as mesmíssimas coisas.

4. Extra: A popularidade de Romário (candidato ao Senado pelo PSB) é um problema se contraposta ao seu histórico político na disputa pela vaga de senador do Rio? CM: Não é problema. Ele é um candidato forte, popular. Mas caminha numa faixa que não é exatamente a faixa em que eu caminho. Isso, para ele, é cômodo, e para mim também. O eleitor vai decidir entre personagens distintos. Pode ser uma campanha em que as posições são colocadas e que o eleitor possa perceber de um lado “Fla”; do outro lado, “Flu”; e decidir o que é melhor para o Senado. Acho que é uma eleição naturalmente de nível alto pelo perfil dos candidatos. Não sei como vai ser a de governador. Acho que essa vai ser mais estressante.

5. Extra: O senhor sempre fez discurso contra o PMDB. O eleitor vai entender que, agora, o senhor é aliado do partido? CM: O Eduardo (Paes) tem ajudado. Na medida em que ele se diferencia da minha candidatura, todas as críticas que eu fazia a nível municipal se explicam. São líquidos que não se misturam. Ele está me ajudando. Ele está dizendo uma coisa que me ajuda sem que eu precise dizer. Não preciso falar nada.  / Extra: A sua presença na coligação isola o prefeito no PMDB? CM: Ele tem todo o direito de não fazer minha campanha. Ele tem todo o direito de pegar os candidatos mais próximos a ele e dar a orientação que ele quiser. Será que isso afeta? Eu acho que não. Se ele fosse candidato majoritário, provavelmente, sim. Mas não é.

6. Extra: Eduardo Paes pode atrapalhar a campanha do senhor?  CM: Ao contrário, pode ajudar porque ele se diferencia de mim. Em nível da prefeitura, os servidores, que são multiplicadores, dizem “não, realmente o Cesar está com uma posição distinta da dele”. Ele é que está dizendo. Não sou eu. Agora, na hora em que o Pezão faz lei que reforça, fortalece o servidor, é positivo. (Em junho, o governador enviou à Alerj 45 propostas de reajustes para servidores, incorporações de gratificações e plano de cargos). / Extra: Vocês combinaram isso?  CM: De jeito nenhum. / Extra: Você pode dizer “Deus ajudou”? CM: Ajudou. Eu soube pelo (deputado estadual) Luiz Paulo e fiquei entusiasmado. Por que o Pezão toma essa decisão? Porque essa imagem de que o PMDB não tinha o servidor como prioridade tinha entrado. A medida é tomada para essa imagem não se cristalizar. A prefeitura não. Tem um monte de categorias que, de vez em quando, faz uma greve de 24 horas. Estão pressionando para ver se ele (Eduardo Paes) faz 45 projetos de lei…

03 de julho de 2014

ALIANÇAS INORGÂNICAS SÓ REFORÇAM A NECESSIDADE DA REFORMA POLÍTICA!

1. As manifestações de junho de 2013 colocaram em cima da mesa a necessidade da reforma política. Seguindo a tradição política brasileira, de que o tempo gera esquecimento, foram criadas comissões e apresentadas propostas que, no mínimo, exigiriam meses para tramitar. O plebiscito proposto cinicamente pelo ”Planalto” era uma delas.

2. A legislação de cláusula de barreira aprovada pelo Congresso no sentido de impedir a pulverização partidária foi bloqueada na justiça mais de 10 anos depois de aprovada, em nome da liberdade de organização. Uma decisão que parecia consensual e que teve passagem pelo Senado de impedir coligação nas eleições proporcionais ficou arquivada no corredor de acesso à Câmara.

3. A lógica de que o voto para eleger deputados pertence ao partido que os elegeu e com isso o acesso ao fundo partidário e tempo de TV, foi alterada no judiciário criando o conceito de portabilidade. Ou seja, cada deputado representa 1/513 da Câmara independente de ter tido uma votação pífia e ter sido arrastado pela legenda. As “bancadas” dos novos partidos legalizados são todas do “baixo clero”. O Congresso teve que legislar a respeito, corrigindo, mas a eficácia virá só após a atual eleição.

4. O debilitamento partidário e a individualização da representação parlamentar impulsionam os deputados a buscarem no processo eleitoral a melhor fórmula política para se reeleger independente de qual seja. Os partidos, para fortalecerem suas campanhas majoritárias (presidente, governadores), atraindo tempo de propaganda eleitoral, devem se submeter à lógica da reeleição dos deputados, seja por necessidade, seja por concordar.

5. O que aparece como oportunismo e inorganicidade político-eleitoral são, na verdade, efeitos de uma legislação eleitoral que estimula tais comportamentos ao gerar riscos eleitorais desproporcionais. Alguns reduzem esse risco com campanhas caríssimas. Outros com máquinas governamentais que, para isso, exigem a adesão prévia, pura e simples.

6. As críticas que surgem de todos os lados, a começar por aqueles que foram eleitos dois anos atrás por essa mesma lógica (e que se assustam quando avaliam quem serão seus adversários dois anos mais tarde), e sendo ornamentadas por analistas políticos, politólogos e jornalistas políticos com argumentos racionais abstratos, deveriam levar todos a uma reflexão.

7.  E só uma: é hora da Reforma Política. É hora de compromissos abertos dos candidatos a presidente, aos governos estaduais e dos líderes partidários, de colocar como primeiro momento da nova legislatura em fevereiro de 2015, a Reforma Político-Eleitoral.

02 de julho de 2014

EX-BLOG ENTREVISTA PSICÓLOGA SOBRE PAIXÃO, O EMPODERAMENTO DA TORCIDA BRASILEIRA E A POLÍTICA!

1. Ex-Blog: O assunto desses dias com amplo destaque no noticiário, é sobre um certo descontrole emocional dos jogadores da seleção brasileira. É assim?  Psicóloga-AM: Esse é apenas um primeiro impacto. Aquela excitação, com prantos ao cantarem o Hino Nacional, tira a capacidade de competir dos jogadores por uns 15 minutos, até que seu sistema nervoso se reequilibre. Ou seja, uma terça parte do primeiro tempo. Mas essa não é a questão mais importante.

2. Ex-Blog: E qual é? AM: Quando a imprensa diz que a Torcida carrega o time, é um fator positivo. A torcida grita, chora, faz caras e bocas…, tudo bem. É assim mesmo. Mas quando os jogadores gritam, choram e fazem caras e bocas, na verdade eles estão transferindo para eles o papel de torcedor. Eles passam a ser torcedores também. Uma transferência que os fragiliza e é percebida pela torcida.

3. Ex-Blog: E quais as consequências? AM: Eles deixam de ser líderes e passam a ser totens para os torcedores. O torcedor quer um craque vibrante, mas altivo e de cabeça em pé, como um general vencedor em batalhas dos séculos 18 e 19. / Ex-Blog: Isso pode afetar os resultados? AM: Eu não diria isso, a menos que a seleção sofra um gol naqueles 15 minutos iniciais e se desestabilize de vez. É um risco, mas por aquele tempo. Mas há desdobramentos imprevisíveis que podem ser políticos.

4. Ex-Blog: Políticos? AM: Disse…, podem ser. Vejamos. Lembremo-nos das manifestações a partir de junho de 2013. O sucesso das mesmas produziu um EMPODERAMENTO das pessoas que gerou uma dinâmica própria com expansão e multiplicação pelo sucesso. Quando o EMPODERAMENTO é construído por lideranças politicas, carismáticas ou não, há nesse líder um elemento de controle. Quando o EMPODERAMENTO é de gestação espontânea, a situação é muito diferente.

5. Ex-Blog: E é o que acontece hoje na Copa? AM: Claro, certamente. Não há líderes, há torcedores apaixonados jogando. Isso é grave nas duas hipóteses polares: 1) O Brasil perde e a torcida empoderada vai atacar os responsáveis, o que nas circunstâncias atuais sobra para os governos e para os políticos. 2) O Brasil vence e a torcida empoderada sem líderes se auto atribui –de forma exclusiva- a vitória e, em seguida, num ano eleitoral, volta às ruas para dizer aos jogadores/candidatos, o que eles devem fazer e até negar o processo eleitoral com um movimento de “não voto”.

6. Ex-Blog: O que é melhor? AM: O melhor é eu estar errada. Um conselho. Terminada a Copa com vitória, minimizem a presença dos craques no Brasil. E com derrota, eliminem essa presença. Os nossos craques serão os totens da reação das pessoas, seja qual for.

* * *

JEAN-CLAUDE JUNCKER, O NOVO PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA!

1. Por primeira vez por votação, e não por consenso, os 28 líderes dos membros da União Europeia decidiram propor Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia.  É extensa a lista de acusações contra Jean-Claude Juncker nos jornais britânicos: o homem fala muito durante as reuniões; está sempre bebendo álcool; é antidemocrático; tem origens familiares nazistas; quer criar um exército europeu; vai remover as poucas defesas que ainda restam contra o crime organizado vindo da Romênia e da Bulgária; toma decisões secretas sobre o futuro dos bancos; nunca teve um “emprego verdadeiro”; é desonesto.  O “Economist” escreve mesmo que ninguém o quer e chama-lhe “presidente acidental”.

2. Entre os argumentos contra Juncker há considerações falsas, contraditórias, ou apenas parcialmente verdadeiras. A acusação de que o pai era nazista baseia-se em que Joseph Juncker, operário luxemburguês de profissão, combatera no exército alemão durante a II Guerra Mundial. Mas, tendo o Reich ocupado o seu país, quantos jovens considerados alemães podiam recusar o alistamento? Igualmente sem sentido parece a acusação de alcoolismo. Juncker pode ser fã do seu conhaque, mas isso dificilmente o torna uma raridade entre os políticos europeus. Quanto aos relatos sobre uma ou outra cena de fúria – um tabloide conseguiu descobrir que uma vez gritou com um alto funcionário durante cinco minutos – também não bastam para distingui-lo.

3. Jean-Claude Juncker tem atualmente 59 anos. Nasceu e cresceu no Luxemburgo, estudou lá e na Bélgica, fez o curso de Direito em Estrasburgo. Registrou-se como advogado em 1980, mas nunca exerceu a profissão. Nessa altura já era membro do Partido Cristão Social Popular há seis anos e tinha iniciado a sua carreira política. Foi Secretário parlamentar, deputado e ministro do Trabalho. Em 1989, Juncker recebeu a pasta das Finanças. Em 1995 passaria a acumulá-la com a chefia do governo. Enquanto membro do executivo começara cedo a presidir a reuniões na União Europeia, a vários títulos. Teve certa proeminência no processo de formação do euro. Ao mesmo tempo, era governador no Banco Mundial e depois no FMI. E ocupou sempre mais que uma cadeira no governo, quer antes de ser primeiro-ministro quer depois.

4. Juncker só ficou gravemente embaraçado quando se descobriu que os serviços secretos do seu país andavam fazendo escutas ilegais. O escândalo também envolvia corrupção e abusos de dinheiros públicos. Junker tentou minimizar (não é surpresa que no mundo dos serviços secretos haja segredos, disse), mas acabou por se demitir.

5. Não deixa de ser irônico que a sua candidatura agora vencedora tenha sido contestada pelo Reino Unido com o argumento de que não deve ser o Parlamento Europeu, e sim os chefes de governo dos Estados, que devam escolher o presidente da Comissão Europeia. Afinal quem é que quer tomar as decisões com as portas fechadas?

6. Se Cameron realmente pretendia evitar a nomeação de Juncker e não apenas obter dividendos internos, terá cometido o erro de tornar a sua oposição demasiado pública, encostando Merkel e outros líderes à parede. Juncker aproveitou. Garantiu que não se ia ajoelhar perante os britânicos. Lembrou que era importante resistir a esse tipo de pressões. 26 dos 28 chefes de governo da UE concordaram com sua defesa.

* * *

A DÍVIDA ARGENTINA E SUAS GRAVES REPERCUSSÕES INTERNACIONAIS!

(Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central – Folha de SP, 02) 1. Foram incluídas Cláusulas de Ação Coletiva nas novas dívidas. Estas permitem que credores que representem uma maioria qualificada (por exemplo, 75% do valor da dívida) possam alterar alguns termos do contrato, obrigando os demais a segui-los. Isto não resolve todos os problemas, mas atenua o incentivo a se tornar um credor recalcitrante.

2. A decisão das cortes americanas atua no sentido oposto. Mérito jurídico à parte, essa jurisprudência cria incentivos para que credores se recusem a participar da renegociação, pois passam a contemplar a possibilidade de receberem a totalidade da dívida, em vez de uma fração dela.  Em particular, no caso de um título com emissão modesta, podem, inclusive, comprar (com desconto expressivo) uma parcela suficientemente alta dele para impedirem a formação da maioria qualificada e assim bloquearem alterações nos termos do contrato.

3. Isso aumenta o risco da repetição do problema agora observado e torna o mercado internacional de capitais mais instável.  É esta a raiz do descontentamento dos EUA e do FMI. A nova jurisprudência pode tornar muito mais difícil o processo de renegociação de dívida, agravando a instabilidade financeira. É fundamental perceber que a decisão das cortes traz implicações que vão muito além do vizinho. Tornou-se ainda mais urgente achar formas de lidar com reestruturação de dívidas soberanas.

A DÍVIDA ARGENTINA E SUAS GRAVES REPERCUSSÕES INTERNACIONAIS!

(Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central – Folha de SP, 02) 1. Foram incluídas Cláusulas de Ação Coletiva nas novas dívidas. Estas permitem que credores que representem uma maioria qualificada (por exemplo, 75% do valor da dívida) possam alterar alguns termos do contrato, obrigando os demais a segui-los. Isto não resolve todos os problemas, mas atenua o incentivo a se tornar um credor recalcitrante.

2. A decisão das cortes americanas atua no sentido oposto. Mérito jurídico à parte, essa jurisprudência cria incentivos para que credores se recusem a participar da renegociação, pois passam a contemplar a possibilidade de receberem a totalidade da dívida, em vez de uma fração dela.  Em particular, no caso de um título com emissão modesta, podem, inclusive, comprar (com desconto expressivo) uma parcela suficientemente alta dele para impedirem a formação da maioria qualificada e assim bloquearem alterações nos termos do contrato.

3. Isso aumenta o risco da repetição do problema agora observado e torna o mercado internacional de capitais mais instável.  É esta a raiz do descontentamento dos EUA e do FMI. A nova jurisprudência pode tornar muito mais difícil o processo de renegociação de dívida, agravando a instabilidade financeira. É fundamental perceber que a decisão das cortes traz implicações que vão muito além do vizinho. Tornou-se ainda mais urgente achar formas de lidar com reestruturação de dívidas soberanas.

JEAN-CLAUDE JUNCKER, O NOVO PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA!

1. Por primeira vez por votação, e não por consenso, os 28 líderes dos membros da União Europeia decidiram propor Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia.  É extensa a lista de acusações contra Jean-Claude Juncker nos jornais britânicos: o homem fala muito durante as reuniões; está sempre bebendo álcool; é antidemocrático; tem origens familiares nazistas; quer criar um exército europeu; vai remover as poucas defesas que ainda restam contra o crime organizado vindo da Romênia e da Bulgária; toma decisões secretas sobre o futuro dos bancos; nunca teve um “emprego verdadeiro”; é desonesto.  O “Economist” escreve mesmo que ninguém o quer e chama-lhe “presidente acidental”.

2. Entre os argumentos contra Juncker há considerações falsas, contraditórias, ou apenas parcialmente verdadeiras. A acusação de que o pai era nazista baseia-se em que Joseph Juncker, operário luxemburguês de profissão, combatera no exército alemão durante a II Guerra Mundial. Mas, tendo o Reich ocupado o seu país, quantos jovens considerados alemães podiam recusar o alistamento? Igualmente sem sentido parece a acusação de alcoolismo. Juncker pode ser fã do seu conhaque, mas isso dificilmente o torna uma raridade entre os políticos europeus. Quanto aos relatos sobre uma ou outra cena de fúria – um tabloide conseguiu descobrir que uma vez gritou com um alto funcionário durante cinco minutos – também não bastam para distingui-lo.

3. Jean-Claude Juncker tem atualmente 59 anos. Nasceu e cresceu no Luxemburgo, estudou lá e na Bélgica, fez o curso de Direito em Estrasburgo. Registrou-se como advogado em 1980, mas nunca exerceu a profissão. Nessa altura já era membro do Partido Cristão Social Popular há seis anos e tinha iniciado a sua carreira política. Foi Secretário parlamentar, deputado e ministro do Trabalho. Em 1989, Juncker recebeu a pasta das Finanças. Em 1995 passaria a acumulá-la com a chefia do governo. Enquanto membro do executivo começara cedo a presidir a reuniões na União Europeia, a vários títulos. Teve certa proeminência no processo de formação do euro. Ao mesmo tempo, era governador no Banco Mundial e depois no FMI. E ocupou sempre mais que uma cadeira no governo, quer antes de ser primeiro-ministro quer depois.

4. Juncker só ficou gravemente embaraçado quando se descobriu que os serviços secretos do seu país andavam fazendo escutas ilegais. O escândalo também envolvia corrupção e abusos de dinheiros públicos. Junker tentou minimizar (não é surpresa que no mundo dos serviços secretos haja segredos, disse), mas acabou por se demitir.

5. Não deixa de ser irônico que a sua candidatura agora vencedora tenha sido contestada pelo Reino Unido com o argumento de que não deve ser o Parlamento Europeu, e sim os chefes de governo dos Estados, que devam escolher o presidente da Comissão Europeia. Afinal quem é que quer tomar as decisões com as portas fechadas?

6. Se Cameron realmente pretendia evitar a nomeação de Juncker e não apenas obter dividendos internos, terá cometido o erro de tornar a sua oposição demasiado pública, encostando Merkel e outros líderes à parede. Juncker aproveitou. Garantiu que não se ia ajoelhar perante os britânicos. Lembrou que era importante resistir a esse tipo de pressões. 26 dos 28 chefes de governo da UE concordaram com sua defesa.

EX-BLOG ENTREVISTA PSICÓLOGA SOBRE PAIXÃO, O EMPODERAMENTO DA TORCIDA BRASILEIRA E A POLÍTICA!

1. Ex-Blog: O assunto desses dias com amplo destaque no noticiário, é sobre um certo descontrole emocional dos jogadores da seleção brasileira. É assim?  Psicóloga-AM: Esse é apenas um primeiro impacto. Aquela excitação, com prantos ao cantarem o Hino Nacional, tira a capacidade de competir dos jogadores por uns 15 minutos, até que seu sistema nervoso se reequilibre. Ou seja, uma terça parte do primeiro tempo. Mas essa não é a questão mais importante.

2. Ex-Blog: E qual é? AM: Quando a imprensa diz que a Torcida carrega o time, é um fator positivo. A torcida grita, chora, faz caras e bocas…, tudo bem. É assim mesmo. Mas quando os jogadores gritam, choram e fazem caras e bocas, na verdade eles estão transferindo para eles o papel de torcedor. Eles passam a ser torcedores também. Uma transferência que os fragiliza e é percebida pela torcida.

3. Ex-Blog: E quais as consequências? AM: Eles deixam de ser líderes e passam a ser totens para os torcedores. O torcedor quer um craque vibrante, mas altivo e de cabeça em pé, como um general vencedor em batalhas dos séculos 18 e 19. / Ex-Blog: Isso pode afetar os resultados? AM: Eu não diria isso, a menos que a seleção sofra um gol naqueles 15 minutos iniciais e se desestabilize de vez. É um risco, mas por aquele tempo. Mas há desdobramentos imprevisíveis que podem ser políticos.

4. Ex-Blog: Políticos? AM: Disse…, podem ser. Vejamos. Lembremo-nos das manifestações a partir de junho de 2013. O sucesso das mesmas produziu um EMPODERAMENTO das pessoas que gerou uma dinâmica própria com expansão e multiplicação pelo sucesso. Quando o EMPODERAMENTO é construído por lideranças politicas, carismáticas ou não, há nesse líder um elemento de controle. Quando o EMPODERAMENTO é de gestação espontânea, a situação é muito diferente.

5. Ex-Blog: E é o que acontece hoje na Copa? AM: Claro, certamente. Não há líderes, há torcedores apaixonados jogando. Isso é grave nas duas hipóteses polares: 1) O Brasil perde e a torcida empoderada vai atacar os responsáveis, o que nas circunstâncias atuais sobra para os governos e para os políticos. 2) O Brasil vence e a torcida empoderada sem líderes se auto atribui –de forma exclusiva- a vitória e, em seguida, num ano eleitoral, volta às ruas para dizer aos jogadores/candidatos, o que eles devem fazer e até negar o processo eleitoral com um movimento de “não voto”.

6. Ex-Blog: O que é melhor? AM: O melhor é eu estar errada. Um conselho. Terminada a Copa com vitória, minimizem a presença dos craques no Brasil. E com derrota, eliminem essa presença. Os nossos craques serão os totens da reação das pessoas, seja qual for.

01 de julho de 2014

O VOTO E “OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE”!

1. Nelson Rodrigues cunhou a expressão “idiotas da objetividade” para aqueles que acreditam que a racionalidade prevalece sempre. Uma frase sua expressava essa afirmativa: “Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.” Ou parafraseando: Em política, o pior cego é o que se vê as obras, os fatos.

2. Os eleitores decidem seu voto em base à imagem que têm dos candidatos, mais do que o que fizeram ou o que prometem fazer. Nesse sentido, a propaganda política deve partir da imagem que têm os candidatos e saber que essa pode ser melhorada, recuperada, ampliada, suavizada, etc., mas nunca reconstruída. E coerente com o que promete.

3. Jacques Séguéla, publicitário francês que trabalhou com François Mitterand, aconselhou os políticos em “A palavra de Deus” a não tentarem reconstruir as suas imagens. Diz assim: “A cena política é muito parecida com a cena teatral. Mas há uma diferença fundamental. O ator muda de personagem e continua a produzir emoções. O político não!”

4. Dessa forma, há uma armadilha nas propagandas dos governos. Como a lei proíbe divulgar o nome ou a imagem do governante, cabe à publicidade divulgar o que o governo fez, ou diz que fez. Se gasta um dinheirão dos governos para pouco. Quando os governos pensam que a publicidade resultou, na verdade qualquer publicidade resultaria, pois a imagem do governo já estava preliminarmente fixada.

5. Claro, em campanha eleitoral, quando a imagem do candidato é apresentada com total liberdade, as possibilidades são muito maiores. Porém, sempre lembrando Séguéla: sem mudar o personagem.

6. Dilma é escrava do personagem que criou, de blindada e chefona. Seu personagem pode ser suavizado, mas nunca reconstruído. As testemunhas principais são seus interlocutores que contaram fatos que ratificam a imagem de quem ouve pouco e decide verticalmente.

7. A alternativa seria a propaganda provar ao eleitor que o Brasil precisa de um presidente com este perfil. Nesse caso, os fatos e a conjuntura teriam que ajudar, o que não ocorre. Aécio não pode trocar a roupa esporte pela casaca. Por ser um personagem antípoda ao de Dilma, tem conseguido atrair tantos políticos da base de Dilma. Não se trata de programa de governo, realizações ou fatos, mas de imagem naturalmente suave e agregadora.

8. Campos, que veste um personagem distinto de Marina, terá que explicar por que personagens tão diferentes são complementares e não conflitivos. Se o eleitor não se convencer, a transferência de votos de Marina será nula.

9. Há muito tempo se sabe disso. Não se trata de ideias geniais de comunicadores, publicitários ou estudiosos pós-modernos.

10. “Não penses que o castelo do governo consiste de fortalezas, muralhas e trincheiras: ele se encontra no interior das consciências. A grandeza dos Estados não pode ser medida pelas extensões territoriais e latifúndios, mas pela lealdade, benevolência e respeito dos habitantes.” Conde Maurício de Nassau, discurso de despedida do Brasil em 1644.

11. “A tolerância fortalece o Estado, porque um estado só é seguro quando os seus cidadãos sentem-se contentes, e isto somente acontece onde a consciência, a pesquisa e as ideias são livres e desentravadas.” Simon Episcopus -1628.

12. Citados em “Holandeses em Pernambuco” de Leonardo Dantas Silva, página 115.

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BRASIL: O DEBILITAMENTO DA FEDERAÇÃO E A CENTRALIZAÇÃO DO PODER!

(Ilimar Franco – Panorama Político, 28) 1. Os candidatos a presidente fazem discursos genéricos pela reforma tributária. Mas não assumem compromissos reais. Eles (do PT, do PSDB e do PSB), dizem especialistas, não querem de fato reduzir as receitas da União. Sua arrecadação tributária pulou de 66% do PIB, em 1995, para 68,3%, em 2006. A dos Estados caiu de 28,6% para 26%. Os governos FH e Lula jogaram na mesma direção.

2. O histórico da concentração das receitas pela União, desde a Constituição de 1988, consta de estudos acadêmicos do senador Francisco Dornelles (O Sistema Tributário da Constituição de 1988) e do advogado Flávio Tonelli Vaz (O ajuste fiscal efetivado no decorrer do Plano Real e suas repercussões na autonomia federativa). Não há inocentes. Ela foi praticada por Collor, Itamar, FH, Lula (com aval do PSB) e Dilma. Enquanto governadores e prefeitos se omitiram. Em texto do final do governo Lula, Dornelles foi taxativo: “União, Estados e Municípios atuam de forma concorrente em diversas áreas. A presença de órgãos federais e estaduais se chocam e, até, se anulam. A União se mantém habituada à antiga realidade, continua incapaz de absorver a alteração ocorrida (na Constituição de 1988) e voltou a aumentar seu campo de ação”.

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CRESCE O MEDO DE PERDER O EMPREGO!

(agência Estado, 30) 1. O “Índice de Medo do Desemprego” de junho atingiu 76,1 pontos, ante 73,6 pontos em março, representando alta de 3,4%. O dado está presente na mais recente edição da pesquisa trimestral “Termômetros da Sociedade Brasileira”, divulgada na tarde desta segunda-feira, 30, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi a quinta alta consecutiva do indicador.  O sentimento de perder o emprego apresentou a maior alta porcentual (5,76%) entre as pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, atingindo 73,4 pontos em junho, contra 69,4 pontos de março. Entre as pessoas com curso superior, o receio de ficar desempregado ficou em 80,9 pontos em junho, ante 78,0 pontos, em março, ou seja, crescimento de 3,72%.

2.  O Sul do País foi a região onde o indicador mais cresceu porcentualmente (7,85%) entre março e junho, passando de 71,3 pontos para 76,9 pontos no período. No Norte e no Centro-Oeste, o medo do desemprego atingiu o maior valor entre as regiões, com 82,4 pontos, em junho; frente 77,0 pontos, em março, alta de 7,01%.

* * *

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA EM RECIFE GERA REAÇÃO NAS REDES!

(María Martín – El País, 30) 1. É a primeira vez que um movimento social organizado, e que utiliza como arma as redes sociais, gritou “basta” contra o modelo de crescimento urbano que prevalece na primeira capital cultural do Brasil, admirada por sua riqueza patrimonial. De um lado do conflito, o movimento social Direitos Urbanos, ativo desde 2012 e insatisfeito com a falta de participação dos cidadãos no debate sobre o desenvolvimento da cidade, atraindo um variado grupo de classe média sem hierarquias que pretende discutir, a partir do zero, o projeto, cuja legalidade é discutida desde que o terreno foi comprado em 2008.

2. No outro canto, um poderoso consórcio imobiliário que detém os macro projetos da cidade e que ajudou financeiramente a campanha eleitoral do governo municipal e estadual, nas mãos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde 2013.

3. “O planejamento urbano de Recife tem sido feito a partir de megaprojetos”, lamenta Virgínia Pontual, urbanista e professora da Universidade Federal de Pernambuco. “O Novo Recife está em uma lógica onde a iniciativa privada, com o apoio do poder público, faz intervenções através de grandes empreendimentos imobiliários que nunca pensam a cidade como um todo e, menos ainda, em uma perspectiva social.

4. Isso entristece Frederico Faria, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Pernambuco há 11 anos. “Eu gostaria que as pessoas tomassem consciência do valor do nosso patrimônio, que continua a ser a identidade de cada um de nós. Infelizmente, o Brasil não tem esse apego”, lamenta.

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA EM RECIFE GERA REAÇÃO NAS REDES!

(María Martín – El País, 30) 1. É a primeira vez que um movimento social organizado, e que utiliza como arma as redes sociais, gritou “basta” contra o modelo de crescimento urbano que prevalece na primeira capital cultural do Brasil, admirada por sua riqueza patrimonial. De um lado do conflito, o movimento social Direitos Urbanos, ativo desde 2012 e insatisfeito com a falta de participação dos cidadãos no debate sobre o desenvolvimento da cidade, atraindo um variado grupo de classe média sem hierarquias que pretende discutir, a partir do zero, o projeto, cuja legalidade é discutida desde que o terreno foi comprado em 2008.

2. No outro canto, um poderoso consórcio imobiliário que detém os macro projetos da cidade e que ajudou financeiramente a campanha eleitoral do governo municipal e estadual, nas mãos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde 2013.

3. “O planejamento urbano de Recife tem sido feito a partir de megaprojetos”, lamenta Virgínia Pontual, urbanista e professora da Universidade Federal de Pernambuco. “O Novo Recife está em uma lógica onde a iniciativa privada, com o apoio do poder público, faz intervenções através de grandes empreendimentos imobiliários que nunca pensam a cidade como um todo e, menos ainda, em uma perspectiva social.

4. Isso entristece Frederico Faria, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Pernambuco há 11 anos. “Eu gostaria que as pessoas tomassem consciência do valor do nosso patrimônio, que continua a ser a identidade de cada um de nós. Infelizmente, o Brasil não tem esse apego”, lamenta.

CRESCE O MEDO DE PERDER O EMPREGO!

(agência Estado, 30) 1. O “Índice de Medo do Desemprego” de junho atingiu 76,1 pontos, ante 73,6 pontos em março, representando alta de 3,4%. O dado está presente na mais recente edição da pesquisa trimestral “Termômetros da Sociedade Brasileira”, divulgada na tarde desta segunda-feira, 30, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi a quinta alta consecutiva do indicador.  O sentimento de perder o emprego apresentou a maior alta porcentual (5,76%) entre as pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, atingindo 73,4 pontos em junho, contra 69,4 pontos de março. Entre as pessoas com curso superior, o receio de ficar desempregado ficou em 80,9 pontos em junho, ante 78,0 pontos, em março, ou seja, crescimento de 3,72%.

2.  O Sul do País foi a região onde o indicador mais cresceu porcentualmente (7,85%) entre março e junho, passando de 71,3 pontos para 76,9 pontos no período. No Norte e no Centro-Oeste, o medo do desemprego atingiu o maior valor entre as regiões, com 82,4 pontos, em junho; frente 77,0 pontos, em março, alta de 7,01%.

BRASIL: O DEBILITAMENTO DA FEDERAÇÃO E A CENTRALIZAÇÃO DO PODER!

(Ilimar Franco – Panorama Político, 28) 1. Os candidatos a presidente fazem discursos genéricos pela reforma tributária. Mas não assumem compromissos reais. Eles (do PT, do PSDB e do PSB), dizem especialistas, não querem de fato reduzir as receitas da União. Sua arrecadação tributária pulou de 66% do PIB, em 1995, para 68,3%, em 2006. A dos Estados caiu de 28,6% para 26%. Os governos FH e Lula jogaram na mesma direção.

2. O histórico da concentração das receitas pela União, desde a Constituição de 1988, consta de estudos acadêmicos do senador Francisco Dornelles (O Sistema Tributário da Constituição de 1988) e do advogado Flávio Tonelli Vaz (O ajuste fiscal efetivado no decorrer do Plano Real e suas repercussões na autonomia federativa). Não há inocentes. Ela foi praticada por Collor, Itamar, FH, Lula (com aval do PSB) e Dilma. Enquanto governadores e prefeitos se omitiram. Em texto do final do governo Lula, Dornelles foi taxativo: “União, Estados e Municípios atuam de forma concorrente em diversas áreas. A presença de órgãos federais e estaduais se chocam e, até, se anulam. A União se mantém habituada à antiga realidade, continua incapaz de absorver a alteração ocorrida (na Constituição de 1988) e voltou a aumentar seu campo de ação”.

O VOTO E “OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE”!

1. Nelson Rodrigues cunhou a expressão “idiotas da objetividade” para aqueles que acreditam que a racionalidade prevalece sempre. Uma frase sua expressava essa afirmativa: “Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.” Ou parafraseando: Em política, o pior cego é o que se vê as obras, os fatos.

2. Os eleitores decidem seu voto em base à imagem que têm dos candidatos, mais do que o que fizeram ou o que prometem fazer. Nesse sentido, a propaganda política deve partir da imagem que têm os candidatos e saber que essa pode ser melhorada, recuperada, ampliada, suavizada, etc., mas nunca reconstruída. E coerente com o que promete.

3. Jacques Séguéla, publicitário francês que trabalhou com François Mitterand, aconselhou os políticos em “A palavra de Deus” a não tentarem reconstruir as suas imagens. Diz assim: “A cena política é muito parecida com a cena teatral. Mas há uma diferença fundamental. O ator muda de personagem e continua a produzir emoções. O político não!”

4. Dessa forma, há uma armadilha nas propagandas dos governos. Como a lei proíbe divulgar o nome ou a imagem do governante, cabe à publicidade divulgar o que o governo fez, ou diz que fez. Se gasta um dinheirão dos governos para pouco. Quando os governos pensam que a publicidade resultou, na verdade qualquer publicidade resultaria, pois a imagem do governo já estava preliminarmente fixada.

5. Claro, em campanha eleitoral, quando a imagem do candidato é apresentada com total liberdade, as possibilidades são muito maiores. Porém, sempre lembrando Séguéla: sem mudar o personagem.

6. Dilma é escrava do personagem que criou, de blindada e chefona. Seu personagem pode ser suavizado, mas nunca reconstruído. As testemunhas principais são seus interlocutores que contaram fatos que ratificam a imagem de quem ouve pouco e decide verticalmente.

7. A alternativa seria a propaganda provar ao eleitor que o Brasil precisa de um presidente com este perfil. Nesse caso, os fatos e a conjuntura teriam que ajudar, o que não ocorre. Aécio não pode trocar a roupa esporte pela casaca. Por ser um personagem antípoda ao de Dilma, tem conseguido atrair tantos políticos da base de Dilma. Não se trata de programa de governo, realizações ou fatos, mas de imagem naturalmente suave e agregadora.

8. Campos, que veste um personagem distinto de Marina, terá que explicar por que personagens tão diferentes são complementares e não conflitivos. Se o eleitor não se convencer, a transferência de votos de Marina será nula.

9. Há muito tempo se sabe disso. Não se trata de ideias geniais de comunicadores, publicitários ou estudiosos pós-modernos.

10. “Não penses que o castelo do governo consiste de fortalezas, muralhas e trincheiras: ele se encontra no interior das consciências. A grandeza dos Estados não pode ser medida pelas extensões territoriais e latifúndios, mas pela lealdade, benevolência e respeito dos habitantes.” Conde Maurício de Nassau, discurso de despedida do Brasil em 1644.

11. “A tolerância fortalece o Estado, porque um estado só é seguro quando os seus cidadãos sentem-se contentes, e isto somente acontece onde a consciência, a pesquisa e as ideias são livres e desentravadas.” Simon Episcopus -1628.

12. Citados em “Holandeses em Pernambuco” de Leonardo Dantas Silva, página 115.