31 de outubro de 2014

2014 ELEGE GOVERNADORES SEM EXPRESSÃO POLÍTICA! QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

1. O Brasil é uma Federação. E, além disso, é um presidencialismo vertical.  Estas duas condições dão aos governadores uma força mais que proporcional. Especialmente num Congresso pulverizado com 28 partidos.

2. Em função disso, a função aglutinadora e coordenadora dos governadores em relação a suas bancadas de deputados e senadores amplia, em muito, a importância política deles.

3. E será isso que os fortalecerá junto a Presidente da República que, num parlamento pulverizado idealmente, precisaria se articular com os governadores para evitar o varejo do voto, pai e mãe dos mensalões.

4. Mas se avaliarmos os governadores eleitos, apenas dois terão -de partida- expressão política e capacidade de liderar suas bancadas de deputados federais e senadores: Alckmin de S.Paulo e Pimentel de Minas Gerais. Aliás, ambos presidenciáveis para 2018.

5. Num quadro destes, a tendência desses últimos anos de desfederalização de fato se acentuará, seja desfederalização econômico-fiscal, seja político-parlamentar.

6. Com isso, crescerá a verticalidade presidencial, será ampliado o varejo parlamentar e a importância do ministro de articulação política, tenha o ministério o nome que tiver. O tempo dirá se a Alckmin e Pimentel se somarão outros nomes que venham a ganhar destaque no exercício do governo.

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CRESCE PRESTÍGIO DE EVO MORALES!

(Natálio Botana, sociólogo-historiador – La Nacion, 21) 1. Evo Morales injetou na maioria dos bolivianos sentimentos de pertencimento: um homem como tantos outros que emergiu como o primeiro presidente vindo dos povos indígenas, que não hesitou em mudar a Constituição e incorporar a seu texto e prática a multinacionalidade; que nacionalizou empresas de energia; que controla com mão de ferro os meios de comunicação; que esteve prestes a abrir um sério conflito com Santa Cruz de La Sierra; que, amante da polarização, condena o neoliberalismo e o imperialismo e até se atreve a romper laços com os Estados Unidos, e suspender relações diplomáticas.

2. Evo é, portanto, um populista de ações e símbolos, defensor da reeleição, onipresente, que quer virar a página de uma Bolívia de direita, definitivamente superada pelo seu projeto de esquerda. Ele começou de baixo e continua a crescendo junto com meio milhão de bolivianos que saíram da pobreza em um país onde esse atributo foi (ainda é) um dado persistente ao longo de dois séculos de sofrimentos e injustiças. A imigração boliviana na Argentina atesta esta fratura que contribuiu para expulsar populações em busca de um destino melhor.

3. Ascensão parece ser a ordem do dia na república fundada por Bolívar. Mas não há ascensão possível se você não tem os pés plantados no chão e Evo parece tê-los. Desde 2006, a Bolívia tem um crescimento anual acumulado de 5%, a inflação é baixa (4%) e o apoio fiscal, alto. Desde 2005, as exportações aumentaram nove vezes: Bolívia tem em seu Tesouro as maiores reservas do mundo em proporção ao seu tamanho populacional, permitindo-lhe captar recursos a taxas razoáveis.

30 de outubro de 2014

PARA ONDE VÃO MARINA E A “REDE”? PARA BAIXO, PROVAVELMENTE!

1. Marina saiu da eleição presidencial de 2010 fortalecida e em ascensão. Tornou-se um destaque nacional e internacional, sinalizando que, em 2014, seria uma alternativa de poder.  Em função da “plasticidade” do PV, Marina rompeu com o partido e se declarou independente.

2. Agrupou em torno dela um grupo com ideias afins, sendo que muito poucos com mandato, talvez uns 3 deputados federais. Em função da afirmação de princípios e redação de documentos, atrasou a criação de seu partido ao qual denominaram Rede – rede de sustentabilidade.

3. Por esse atraso, no limite do prazo para criação de partidos, as assinaturas de apoio apresentadas não foram suficientes. Havia a expectativa de uma adesão significativa de parlamentares. Desnorteados, reúnem-se nessa mesma noite/madrugada e após um telefonema de Marina ao governador Eduardo Campos, decide ingressar no PSB, apontando a hipótese de vir a ser vice de Campos, coisa que acabou ocorrendo.

4. Logo em seguida, o Congresso aprova uma lei terminando com o direito de que novos partidos criados tenham direito ao fundo partidário e ao tempo de TV proporcional aos deputados federais que atraíssem. A lei termina assim com a portabilidade dos deputados federais que, ao trocarem de partido nas condições permitidas pela lei, levariam consigo o tempo de TV e a parte do Fundo Partidário proporcionais a eles.

5. Campos e Marina realizam reuniões públicas e afirmam uma parceria. Marina lembra que é provisória até criar a sua Rede. As pesquisas indicam para Campos intenções de voto quase a metade do que indicavam para Marina.

6. Com a morte de Eduardo Campos, Marina assume a candidatura a presidente e imediatamente as pesquisas a projetam para uma posição de liderança, derrubando Aécio Neves para um terceiro lugar afastado. Marina passa a ser alvo de seus adversários e vacila. No final do primeiro turno já estava em empate técnico com Aécio e em processo de desgaste.

7. Já na entrada ao PSB não houve consenso na Rede. Alguns preferiam que entrasse para o PPS e imediatamente assumisse a candidatura presidencial.

8. Com sua imagem afetada, segue para o segundo turno e, com o reforço da família de Eduardo Campos, adere a Aécio Neves em três momentos: declaração à imprensa; depois o encontro dos dois com Marina sem coque e de rabo de cavalo (Freud explica); e, finalmente, na TV com um bom pronunciamento de apoio a Aécio.

9. Outra vez a Rede racha. Boa parte, talvez a maioria, preferia a neutralidade. O apoio de Marina a Aécio não altera a disputa no segundo turno. A eleição termina quase empatada e Marina como uma outsider nesse processo.

10. Hoje, o quadro é totalmente diferente do momento da tentativa de criação da Rede no TSE. Marina enfraquecida, seu grupo dividido e fragilizado, nenhuma expectativa de atrair parlamentares quando a Rede for legalizada.

11. O mais provável é que Marina não recupere mais o brilho de antes e que seu partido, uma vez criado, se torne inviável ou mais um micropartido pela quase nenhuma adesão de parlamentares, o que mesmo ocorrendo marginalmente, não trará mais os recursos e o tempo de TV que trazia antes.

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ENTREVISTA DANIEL COHN-BENDIT!

1. Daniel Cohn-Bendit (69 anos), um dos líderes da Revolução estudantil de 1968 na França. Mudou-se para Frankfurt, onde vive até hoje. Ex-Deputado do Parlamento Europeu, primeiro pelos verdes alemães e, depois, pelos franceses, quando pôde regressar ao país natal. Respostas a Sirkis – Folha de SP (19).

2. Vivemos um movimento de ruptura e de reorientação histórica. A soberania nacional está sendo varrida pela globalização. A globalização e as crises dela resultantes angustiam no âmbito econômico, financeiro e ecológico. Nessa situação, ou bem vamos rumo a soluções que transcendam o quadro nacional ou a nossa angústia nos fará retroceder para tentar nos proteger no espaço nacional contra a globalização. Estou convencido de que esse recuo seria um erro.

3. Há uma dificuldade na construção do espaço democrático europeu, mas não nos esqueçamos de que a construção da democracia, no âmbito nacional, foi um processo muito longo. Entre a Revolução Francesa e a consolidação da democracia na França, com o direito de voto das mulheres, foram longos 150 anos. Hoje, com altos e baixos, estamos no período de uma construção democrática no espaço europeu.

4. O projeto de Putin de decepar a Ucrânia parece estar tendo sucesso. É a mesma estratégia que ele utilizou na Geórgia: criar um território “tampão” sob influência russa. A curto prazo, não vejo muita coisa que a União Europeia e a Otan possam fazer. Mesmo que as sanções econômicas atinjam a Rússia, aparentemente isso não tem efeito sobre Putin, que parece disposto a sacrificar a população em nome dos interesses da “Grande Rússia”. A Rússia de Putin virou um pesadelo. Curioso: quando estive no Brasil, durante a Copa, encontrei gente reclamando da repressão no Brasil, mas torcendo para Putin. Valeria a pena irem a Moscou para o ver grau de repressão por lá, contra a oposição, as ONGs, os homossexuais.

5. Parte da esquerda latino-americana acredita que todos os que sejam contra os EUA são amigos. Se Putin é contra os americanos, então ele tem de ser bom. É patético. Naturalmente é preciso um debate muito duro com os americanos –toda essa história da NSA, de espionar o governo da Alemanha, do Brasil. Sua grandiloquência de donos do mundo é muito perigosa. Mas a sociedade norte-americana é livre. Quando confrontamos a democracia nos EUA com o regime na Rússia, não há comparação possível. Os EUA são uma sociedade muito contraditória, mas que tem uma sustança democrática.

6. A crítica que faço à extrema esquerda na Europa vale também para o Brasil. A violência black bloc evidentemente esvaziou aquele movimento. As pessoas deixam de comparecer. Na Europa também a violência isola movimentos sociais. O movimento no Brasil, no ano passado, tinha uma aura positiva, mas, a partir do momento em que uma minoria passou a agir com capacetes, máscaras, porretes, algo quase paramilitar, o restante refluiu. É preciso, porém, tomar muito cuidado e não se esquecer de que as reivindicações que suscitaram a mobilização são totalmente justas. Quando se vê a situação de mobilidade das cidades, todas engarrafadas, a impressão é de que o Brasil vai sufocar debaixo dos carros.

7. Deixei o Parlamento Europeu.  Faço todas as manhãs um programa na radio Europe 1 com um 1,3 milhão de ouvintes.

8. É preciso fazer a guerra ao califado, que é a barbárie dos dias de hoje por excelência. Chegamos a uma nova situação em que temos os Estados Unidos, o Líbano, a Turquia, Israel e o Irã com um objetivo comum: enfrentá-lo. Vai ter que ser uma coalizão, soldados iranianos, norte-americanos, turcos, jordanianos. Nesse momento, de fato não vejo tropas terrestres dos países da Otan. Mas veremos. É uma crise muito dinâmica.

29 de outubro de 2014

DILMA VENCEU COM UMA CAMPANHA…, DEFENSIVA!

1. É pura ilusão de ótica imaginar e afirmar que Dilma fez uma campanha agressiva.  Não é verdade.  Vamos usar uma linguagem de guerra. Um país em guerra com outro define seus bastiões fundamentais e, em torno deles, concentra suas forças físicas e equipamentos para defendê-las.

2. Uma campanha agressiva se dá quando um país tenta avançar sobre os espaços ocupados por seu adversário.  Isso em nenhum momento ocorreu nesta campanha eleitoral.

3. Desde bem antes da campanha que todas as pesquisas mostravam com todas as letras e números que Dilma dependia de dois espaços fundamentais.  Perder parte deles -por menor que fosse- seria a morte eleitoral, seria a derrota.

4. Pode-se buscar as pesquisas de um ano antes da eleição, de seis meses antes, de três meses antes e qualquer pesquisa durante a campanha e se tem o mesmo resultado.  Dilma tinha sempre dois bastiões: os mais pobres e o Nordeste. E em boa medida há um significativo cruzamento entre os dois.

5. Para manter esses dois fortes guarnecidos, valia tudo. Para isso -em primeiro lugar- concentrou sua presença no Nordeste e centrou sua comunicação num suposto anti-nordestinismo do Sul maravilha. A polarização aí é claramente defensiva. Não quer ganhar nada, mas manter o que tem.

6. Em segundo lugar, reintroduziu o velho e surrado discurso dos pobres contra os ricos.  E repetia à exaustão os riscos que os pobres correriam se ela perdesse: o bolsa-família, o emprego, minha casa-minha vida, pro-uni…, foram as baterias antiaéreas que usou.  E sua tática defensiva funcionou.

7. Os excessos verbais e publicitários tinham só esses objetivos, evidentemente defensivos.  A defesa de seu forte nordestino funcionou bem. Manteve a proporção de votos de 2010 em 2014.

8. E o binário pobres x ricos funcionou, mas parcialmente. Afinal, se é verdade que houve uma ascensão social de milhões de pessoas, a receptividade daquele binário tinha que ser menor.  Mas funcionou parcialmente.

9. O exército de Aécio entrou pelo norte, pelo centro-oeste, pelo sul, por S.Paulo, pelo Rio. Só não entrou pelo bastião mais importante de Aécio: Minas. Aí caberia colocar suas baterias defensivas (agressivas): cuidado, porque querem acabar com Minas. Não fez e entrou no jogo de que fez um bom governo ou não.

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NOS VOTOS, PARANÁ = MARANHÃO E S.PAULO = BAHIA+PERNAMBUCO+CEARÁ!

(Monica Bergamo – Folha de SP, 28) 1. Na contabilidade regional, a frente de quase 7 milhões de votos obtida por Aécio Neves no Estado de São Paulo foi compensada pela vantagem de Dilma Rousseff nos três maiores Estados do Nordeste: Bahia (2,9 milhões), Pernambuco (1,9 milhão) e Ceará (2,4 milhões), que somaram 7,3 milhões a mais para a petista.

2. Já a vitória do tucano no Paraná, com uma dianteira de 1,3 milhão de votos, foi neutralizada por uma votação esmagadora da petista no Maranhão, onde proporcionalmente Dilma teve sua maior votação (78,76%), uma vantagem de 1,8 milhão.

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NÃO ERA HORA DE O BELTRAME LARGAR A SECRETARIA DE SEGURANÇA!

1. A imprensa anuncia que o secretário de segurança do Rio, Mariano Beltrame, está de saída da secretaria de segurança. Informação dada logo após a vitória eleitoral do governador Pezão, que durante toda a campanha fez aberta e enfaticamente a defesa das UPPs, carro-chefe de Beltrame que deram a ele destaque e criaram expectativa.  Deveria fazer com calma uma transição discreta, com o novo titular primeiro atuando –discretamente- em uma função de assessoria entre o governador eleito e o secretário que sai.

2. Não seria a melhor hora para ele se retirar. Primeiro porque o governador Pezão precisa de um tempo de carência para entrar no tema com profundidade. Logo após a eleição –cria uma instabilidade nas polícias- até que se tenha a designação do novo titular e seus primeiros movimentos, coisa que dura até uns 3 meses após a designação.

3. Em segundo lugar, porque a conjuntura relativa à violência e aos delitos é a pior dos últimos 3 anos, pelo menos. Isso se pode avaliar pela estatística oficial do ISP sobre ROUBOS. Lembre-se: “Se um ladrão toma algo que pertence à outra pessoa sem estabelecer contato com ela, comete furto. Se houver contato com a vítima, violência ou ameaça, é roubo”. São os roubos que mais criam sensação de insegurança e de pânico nas pessoas.

4. Os últimos dados oficiais do ISP, acumulados até agosto de 2014, comparados com os acumulados até agosto de 2013, mostram um quadro preocupante:   2013 até agosto: 39.495 roubos. 2014 até agosto: 52.523 roubos. Crescimento de 33%. Lembre-se que são roubos registrados nas delegacias, já que a maioria não se registra (roubos nas ruas de algo de valor menor ou que não tem vinculação com seguro ou origem…).

5. É hora de se fazer uma transição tranquila, calma e discreta.

28 de outubro de 2014

AÉCIO FEZ TUDO CERTO NO BRASIL TODO: MENOS EM MINAS GERAIS!

1. A dinâmica das campanhas eleitorais dificulta a análise correta dos especialistas. Avaliam e julgam as campanhas pelos resultados, como se as campanhas se confundissem com os resultados. Não é assim.

2. É básico analisar o resultado de 26 de outubro tendo como referência a expectativa que se tinha antes do início da campanha. Olhar de lá para cá, passando por um quadro cômodo de três candidatos com Eduardo Campos, que levaria Aécio ao segundo turno, depois pela entrada de Marina, que se transforma em favorita, até o dia de hoje, com os resultados pelo Brasil todo, há de se convir que Aécio fez uma extraordinária campanha e obteve um resultado brilhante.

3. Venceu no Sul, venceu no Sudeste, venceu no Centro-Oeste, reduziu muito a vantagem que Dilma havia obtido no Norte em 2010, e repetiu a mesma performance de Serra no Nordeste, região onde todo o esforço administrativo, político, econômico, social e eleitoral de Dilma estava concentrado.

4. Os 40 pontos de vantagem de Dilma no Nordeste -que representavam 10 pontos de vantagem nacionalmente- seriam superados com as vitórias no Sudeste e no Sul, e com um empate na soma das regiões Centro-Oeste e Norte. E assim foi, rigorosamente.

5. Sobre os votos totais, Aécio obteve 45%, crescendo uns 5 pontos além dos 40% que, no calor do final da campanha, diziam que não votariam nele de jeito nenhum. Dilma obteve 48%, crescendo 8 pontos sobre os que diziam não votar nela de jeito nenhum.

6. A diferença de 3 pontos é, na verdade, a metade, ou 1,5, numa eleição de 2 candidatos. Minas Gerais representa quase 10% do eleitorado nacional. Dilma venceu em Minas por 5 pontos. Portanto, se Aécio tivesse vencido em Minas por 10 pontos apenas, teria empatado a eleição.

7. Os mais pessimistas projetavam uma vitória em Minas por 20 pontos, o que daria uma vitória nacional clara. Mas o que ocorreu em Minas? Depois dos resultados, qualquer análise é de engenheiro de obra feita. Mas vamos lá opinar com o óbvio.

8. Foram 5 os fatores. Descuido com “nordeste”, que entra por Minas: o Norte de Minas. A escolha de um vice para Anastasia que, com a saída dele para o senado, não garantiria uma liderança política sólida para lhe dar base na campanha. Um atraso na entrada em Minas, supondo que os votos viriam por inércia, como com JK em 1955. A preparação de um candidato de perfil vencedor para ser candidato a governador. E, finalmente, a coragem para  fazer refluir o candidato a governador  quando a bola do que chamaram de mensalão mineiro foi levantada.

9. Aécio fez uma campanha brilhante. Tudo certo. E errou onde qualquer um erraria; para quem foi um governador excepcional, um senador eleito e elegendo o governador, por larga margem: imaginar que os votos viriam viria por inércia. Talvez tenha faltado lembrar que nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, os candidatos do PSDB perderam em Minas, o que sinalizaria uma preocupação, como a que teve em todas as demais regiões.

10. Em tempo: pífio o resultado da família Campos em Pernambuco apoiando Aécio e ficando na média do Nordeste.

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CURIOSIDADES SOBRE O SEGUNDO TURNO NO RIO-CAPITAL!

1. Quantidade de votos nominais de Dilma, Aécio, Pezão e Crivella. Dilma 1.625.722  + Aécio 1.575.333 = 3.201.055 / Pezão 1.757.632 + Crivella 1.281.515 = 3.039.148.  Dilma + Aécio: + 161.907 votos.

2. Abstenção na Capital 1.109.267 / Brancos + nulos Presidente 522.524 / Brancos + nulos Governador 684.432. / Brancos+Nulos de Governador: + 31%.

3. Votos nominais no Rio-Capital + Niterói.  Dilma 1.747.797 ou 50,3% – Aécio 1.724.015 ou 49,7%.

4. Pezão venceu na Capital e no Interior. Crivella venceu na Baixada e São Gonçalo.

27 de outubro de 2014

VOTAÇÃO SOBRE O TOTAL DO ELEITORADO NO BRASIL! NO RIO DE JANEIRO, NÃO-VOTO FOI RECORDE!

1. RJ: abstenção 22,36%. Comparecimento 77,64%. Brancos+Nulos 17,36%. Votaram 64,17%. Não votaram 35,83%. Do total de eleitores: Pezão 35,79%. Crivella 28,37%.

2. BR: abstenção 21,10%%. Comparecimento 78,9%. Brancos+Nulos 6,34%. Votaram 73,9%. Não votaram 26,1%. Do total de eleitores: Dilma 38,1% Aécio 35,7%.

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NOTAIS FINAIS SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2014!

1. Dia 24, a nota que abriu este Ex-Blog destacava:  “Impossível que os últimos números do Ibope e do Datafolha se confirmem nas Urnas: saiba por quê!”.

2. Usando um raciocínio político, ao comparar 2010 com 2014, foi se mostrando região a região e apontando que a diferença em 2014 teria que ser menor que 2010, ou eliminada. E, por isso, as pesquisas divulgadas naquele momento, com diferenças de 8 pontos e 6 pontos, não se realizariam nas urnas.

3. As condições econômicas e políticas se deterioraram e o resultado final seria bem mais estreito que em 2010. Este Ex-Blog usou para detalhamento as pesquisas que o GPP vinha fazendo em 2014, em todo o Brasil e com elas projetou estimativas por região.

4. Afinando os resultados, se chegava a uma situação de empate entre as duas candidaturas, que seria resolvida por ajustes mínimos e pelo não-voto (abstenção, brancos+nulos). Assim foi. Aécio abriu no Sudeste apoiado em SP, abriu no Sul apoiado no Paraná, reduziu fortemente a diferença no Norte. Dilma manteve a diferença de 2010 no Nordeste, o que lhe garantiu a vitória. A projeção do Ex-Blog para Dilma no Nordeste era de 67,5% dos votos e Dilma passou levemente de 70%. O resultado menor do que o esperado em Minas Gerais foi coberto pelo resultado maior em SP, mantendo a estimativa para a região Sudeste.

5. A diferença conquistada por Dilma de 3 pontos é, na verdade, a metade disso, por se tratar de uma eleição em segundo turno entre dois candidatos: o que aumenta em um, diminuiu em outro. Exemplos: uma diferença, no Sudeste, de 34 pontos e não de 30 pontos levaria a eleição ao empate. Uma diferença a menos no Nordeste de 5 pontos, ou seja, de 39 pontos e não 44 pontos, levaria a eleição ao empate.

6. A derrota para Dilma em Minas Gerais, por 5 pontos, foi uma surpresa. Mas também foi surpreendente a derrota para Dilma por 40 pontos no Pernambuco de Eduardo Campos, com todo o apoio de sua família. Mas em nível das regiões, não houve qualquer surpresa.

7. Portanto, as diferenças nas pesquisas do Ibope e do Datafolha, na semana da eleição, analisadas por uma ótica política e não só por pesquisas frias não se justificavam.

8. As agressões verbais de militantes do PT em SP e no ato de Dilma em Brasília, contra O Globo, mostram que a questão do controle dos meios de comunicação voltará ao debate.

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A BAIXARIA NA CAMPANHA DE 2014 FOI MENOR QUE NA DE 1945!

1. Em 1945, a vitória do candidato Eduardo Gomes –com  todo apoio da imprensa- era dada como certa. Quinze dias antes, o PTB e o PSD registraram as candidaturas de Getulio a Senador (em dois Estados) e a deputado constituinte (em dez Estados). E, uma semana antes, Getulio declarou apoio a Dutra e inverteu o resultado.

2. Para não detalhar todas as baixarias de um lado e outro, destaque-se uma manchete de jornais no final da campanha: “Getulio será julgado em Nuremberg” (onde os chefes nazistas seriam julgados). Dias depois –já em cima da eleição- se conseguiu que o governo dos EUA desmentisse. Dutra venceu com 55% dos votos com apoio de Getulio, que foi eleito deputado em dez Estados e senador em dois.

3. O candidato a presidente do partido comunista -Iedo Fiuza, diretor do DNER- foi acusado de corrupção por Lacerda, que o chamava de Rato Fiuza, e o bombardeou com acusações sistemáticas de comissões nas obras. Fiuza alcançou 10% dos votos, o PCB elegeu poucos deputados a menos que o PTB de Getúlio e Prestes foi eleito senador pelo Distrito Federal (cidade do Rio de Janeiro), capital do país.

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ELEIÇÕES NO URUGUAI VÃO PARA O SEGUNDO TURNO! REDUÇÃO DE IDADE PENAL NÃO PASSA!

1. Depois de muitas eleições a Frente Ampla –com seu candidato a presidente Tabaré Vasquez, ex-presidente- irá para o segundo turno e pode deixar de ter maioria absoluta no parlamento.  O segundo turno será dia 30 de novembro e o jovem candidato opositor da tradicional família Lavalle surpreende e empata com Tabaré nas pesquisas para o segundo turno.

2. O plebiscito sobre redução da idade penal para 16 anos foi derrotado.

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UCRÂNIA!

As eleições parlamentares na Ucrânia deram ampla maioria ao governo e aos que defendem a integração com a União Europeia.

25 de outubro de 2014 – Edição Especial

EX-BLOG ESPECIAL; NA VÉSPERA DA ELEIÇÃO!

I- O DEBATE NA TV GLOBO! AÉCIO PODE TER GANHADO ATÉ 3,3 PONTOS!

1. Os debates não mudam o voto dos decididos. Mas podem mudar os dos indecisos –6%- somados aos que marcam sua intenção de voto nas pesquisas, mas admitem que podem mudar –10%. A tendência dos indecisos se pode mensurar pelas perguntas feitas pelos indecisos escolhidos pelo Ibope para fazerem perguntas. Todas as perguntas foram de críticas ao governo. Ou seja: precisavam de razões para votar na oposição.

2. O debate mostra a falta que faz a prática parlamentar. Dilma não tem eloquência, gagueja, perde a continuidade da frase e se interrompe. Aécio não apenas levou vantagem por isso, mas com tiradas que geram lembrança como “para acabar com a corrupção no Brasil: tirar o PT do poder”. Dilma tem erros de concordância e de português (para mim responder, etc.). E ainda sugeriu à economista indecisa fazer o pronatec (arghh).

3. A ambos falta suavizar as expressões, o que a TV gosta. Dilma nunca, Aécio às vezes.

4. A audiência do debate foi de 30 pontos na média e 38 pontos no pico. A cada 100 televisores ligados, 47 sintonizavam o debate.

5. Numa pesquisa telefônica (600 ligações Rio, SP, BH), buscando aqueles que não estavam convencidos antes do debate, citando Aécio, Dilma e nenhum dos dois por enquanto, e usando como referência aqueles 16% de indecisos, 39% responderam que o debate não foi suficiente. 41%, responderam Aécio e 20% Dilma. Ou seja, liquidamente, Aécio cresceria 3,3 pontos em relação à Dilma pelo debate, extrapolando-se para todo o Brasil.

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II- OS ÚLTIMOS PROGRAMAS DE AÉCIO E DILMA!

AÉCIO.

DILMA.
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III- Pesquisa realizada no Rio de Janeiro em 24/10: Vantagem para Pezão de 11 pontos e para Dilma de 10 pontos.

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IV- PROPORÇÃO DE VOTOS NAS REGIÕES E INTERFERENCIA DA ABSTENÇÃO E DOS VOTOS BRANCOS E NULOS!

1. Admitindo a confiabilidade das pesquisas realizadas pelos Institutos reconhecidos nacionalmente, o resultado das mesmas se refere ao total do eleitorado inscrito. Mas parte dos eleitores não comparece às urnas: é a taxa de abstenção. E parte dos que comparecem anulam seu voto ou votam em branco.

2. O cálculo da porcentagem de eleitores em cada região é feito sobre os eleitores inscritos em cada uma delas. São dados oficiais do TSE. Mas chamemos de voto líquido, já que parte dos eleitores se abstém ou não escolhem nenhum dos candidatos. Portanto, o que vale no final são os votos líquidos, ou seja, os que marcam o número dos candidatos.

3. Mas a abstenção e votos brancos+nulos não constituem as mesmas proporções em cada região. Com isso, as pesquisas só cobrem essas diferentes proporções quando a diferença de intenção de voto entre os candidatos é acentuada. Não é o caso desta eleição presidencial. Vejamos.

4. Em 2010, a abstenção no primeiro turno foi de 20,34% na região Norte; foi de 20,43% na região Nordeste; foi de 17,15% na região Sudeste, foi de 15,27% na região Sul, e de 18,16% na região Centro-Oeste. Vamos comparar apenas as regiões Nordeste e Sudeste que representam respectivamente 27% e 44% do eleitorado. Com isso, a região Sudeste representa 62% a mais que o eleitorado do Nordeste. Mas levando em conta esta abstenção, passa a representar 70% a mais que o Nordeste. Isso afeta o resultado –mesmo supondo que as pesquisas acertaram na hipótese que se referiam ao total do eleitorado.

5. Em 2010 a abstenção no segundo turno foi de 26,19% na região Norte, crescendo 29%. Foi de 23,79% na região Nordeste, crescendo 16%. Foi de 20,05% no Sudeste, crescendo 17%. Foi de 21,54% no Sul, crescendo 41%. E foi de 22,82% no Centro-Oeste crescendo 25%. Por exemplo, o maior crescimento no Sul prejudicou o candidato José Serra no segundo turno.

6. Em 2010, os votos brancos+nulos no primeiro turno foram 11,2% no Nordeste. No segundo turno caíram para 6,8%, favorecendo a candidata Dilma. No Norte passaram de 5,7% no primeiro turno para 4,5%. No Sudeste caíram de 8,4% para 7,7%. No Sul caíram de 6,9% para 4,8%. E no Centro-Oeste passaram de 7% para 6,1%.

7. Dessa forma, são dois os movimentos. Primeiro a mudança das ponderações do eleitorado por região em função da abstenção e dos votos brancos+nulos. Segundo, o aumento ou diminuição dessas proporções do primeiro para o segundo turno.

8. Sendo assim, além da margem de erro que os Institutos informam (nas últimas pesquisas falam em + ou – 2 pontos), ainda deve ser levando em conta o voto líquido –em função da abstenção e brancos+nulos, o que altera a ponderação entre as regiões.

9. Portanto, há que se ter cautela –muita cautela. Uma diferença em pesquisas entre candidatos para o segundo turno no entorno dos 5% não garante nada. Há que esperar os movimentos de abstenção, brancos e nulos.

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V- MUITO CUIDADO COM AS MESAS ELEITORAIS DEPOIS DAS 16H! COMO FLAGRAR!

1. Os “profissionais” das mesas eleitorais costumam usar uma fraude depois das 16h em várias mesas. Na medida em que as pessoas, em geral, não se interessam em participar das mesas, grupos “interessados” compõem as mesas. A partir das 16h o afluxo é mínimo. Um “amigo” se aproxima da mesa e o “mesário” aponta um nome para ele assinar. E em seguida vai votar.

2. Se por acaso chega o verdadeiro dono do nome, o “mesário” diz que houve um descuido, mas ele pode assinar em outro lugar, sem problema, porque na ata isso se ajusta. E assim vai.

3. Em mesas que se repetem em muitas eleições isso é feito com facilidade porque parte da abstenção compulsória (moram fora, etc.) é conhecida. Por isso, o risco é mínimo, assim como a chegada no final do verdadeiro dono do nome.

4. Mas o TSE tem como pegar esta fraude. Basta cruzar a lista dos que justificaram a ausência com a lista dos que votaram. Isso se faz eletronicamente. Aqueles nomes que “votaram” e que justificaram ausência correspondem a uma fraude. Aquela urna deveria ser anulada retroativamente e procedida nova eleição.

24 de outubro de 2014

IMPOSSÍVEL QUE OS ÚLTIMOS NÚMEROS DO IBOPE E DATAFOLHA SE CONFIRMEM NAS URNAS! SAIBA POR QUÊ!

1. Em 2010 a economia crescia 7,5%, a inflação estava abaixo de 5%, a popularidade de Lula atingia o auge e o bolsa família projetava ampliação. Nessa situação, Dilma atingiu 70% no Nordeste. Apesar da vitória de Serra em S.Paulo, Dilma venceu no Sudeste com 52% dos votos. No Sul, Serra venceu com pequena vantagem de 8 pontos. No Norte/Centro-Oeste, Dilma venceu com vantagem de 6 pontos tendo obtido votações recordes no Norte com quase 90% no Amazonas…

2. O quadro agora em 2014 é muito diferente. Aécio tem vantagem no Sudeste que deve chegar a 15 pontos. No Nordeste, com a nova situação na Bahia e em Pernambuco, os 70% de Dilma vão cair pelo menos 3 pontos. No Sul Aécio abriu assim como no Centro-Oeste.

3. Em 2010, no total Dilma venceu com 53,2% a 46,8% –elas por elas- 6 pontos de diferença. É quase impossível que em 2014 a diferença seja maior que essa, com a economia parada, a inflação em uns 7%, a popularidade de Lula decrescente, o bolsa família consolidado e a série de escândalos atingindo diretamente o governo Dilma.

4. Dois presidentes do PT e o presidente da Câmara de Deputados do PT presos, a bancada do PT na Câmara passando de 17% para 13,5% e a Petrobrás atingida por atos de corrupção explícitos.

5. É impossível que em 2014 a vantagem de Dilma seja maior. Mas quanto menor seria? Este Ex-Blog, usando dados de ontem do GPP –portanto após o campo das pesquisas do Ibope e Datafolha- tabulou os resultados por região e os comparou com 2010. Com isso, a diferença de 6 pontos pró-Dilma em 2010 desparece e surge –criteriosamente- um empate entre os dois.

6. A decisão ocorrerá nas urnas e dependerá da localização e setorização da abstenção dos votos brancos e dos votos nulos.

7. Conheça a tabela comparativa 2014 – 2010. A conclusão é óbvia. As pesquisas do Ibope e do Datafolha divulgadas ontem no Jornal Nacional e hoje nos jornais retratam uma mobilização das ruas, nos últimos dias, favorável a Dilma. Hoje tem o debate, sábado e domingo pela manhã é um período de “silêncio”. E as urnas vão retratar o clima existente antes desses últimos dias.

8. Tabelas comparativas.

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ELEIÇÃO 2014: “DUAS OU TRÊS COISAS QUE EU SEI DELA”!

1. Datafolha dá 40 pontos de vantagem para Dilma no Nordeste. Pesquisa interna de Aécio dá 30 pontos de vantagem para Dilma no Nordeste. Esses 10 pontos de diferença significam 2,7 pontos a menos para Dilma em nível nacional. Datafolha dá 10 pontos de vantagem para Aécio no Sudeste. Pesquisa interna de Aécio dá 15 pontos de vantagem para Aécio no Sudeste. Esses 5 pontos de diferença significam 2,1 pontos em nível nacional. Ou seja, 2,7 + 2,1 = 4,8. Datafolha dá vantagem nacional a Dilma de 4 pontos. Pesquisa interna de Aécio lhe dá vantagem nacional de 1 ponto (0,8).

2. Quem inaugurou a campanha da baixaria foi Collor em 1989 –primeira eleição para presidente pós-regime militar. Apresentou ex-mulher de Lula dizendo que ele havia proposto aborto a ela e ela não aceitou e mostrou a filhinha. Campanha de Collor fez terrorismo econômico com os riscos de uma vitória de Lula. Antes do debate, enviou emissário militar a Lula dizendo que Collor tinha mandado fotografar com teleobjetiva ele no apartamento de uma suposta amante. Levou uma pasta para o debate onde estariam as fotos. E no debate citou um aparelho Três em Um que havia na sala daquele apartamento.

3. Em 1998 voltaram os temas sobre risco econômico em relação a Lula; e desde a campanha de Lula panfletos espalhados sobre filho de FHC com uma jornalista e compra de votos no Congresso.  Tanto em 1989 como em 1998 não existiam as redes sociais na campanha eleitoral. Se existisse a reverberação da baixaria seria muito, muito maior.

4. Eleição majoritária desde John Kennedy em 1960 –portanto há 54 anos- é campanha de IMAGEM dos candidatos. Cada um exaltando a sua e desmerecendo a do adversário. No Brasil, em todas as eleições desde 1989 que as imagens são antípodas. As imagens mais próximas –guardadas as diferenças de gênero- foram as de 2010. Com isso, o tema que cruzou a eleição de 2010 foi aborto, que elevou Marina e exigiu declarações enfáticas de Dilma e legitimação de líderes evangélicos.

5. Datafolha mostrou que otimismo com futuro da economia cresceu. Nada estranho, pois os candidatos produzem otimismo em relação ao futuro se ganharem. Em julho, o otimismo com o futuro da economia estava num patamar de 25%, depois num patamar de 30% e agora –na última pesquisa- 44%.  Aliás, pesquisa IPSOS (Estado de SP, 23) diz que 57% dos brasileiros estão otimistas com o futuro da economia.  Os humores do mercado e da bolsa não são os mesmos.

6. Governo virtual. Em junho, Datafolha dizia que Dilma tinha 33% de ótimo+bom e 28% de ruim+péssimo. Hoje tem 42% de ótimo+bom e 20% de ruim+péssimo. Como tem acontecido com o amplo tempo de TV: reconstrução virtual do governo.

7. Quanto o caso Petrobrás afetou a decisão de voto?  Cada dia fica mais claro que pelo tempo e espaço que ocupou foi um tema eleitoralmente irrelevante. Uns analistas dizem que as acusações recíprocas explicam este empate em relação ao tema. Outros que a corrupção na política está na massa do sangue do eleitor.

8. Há duas questões inquestionáveis. a) A imagem do PT deteriorou e sua bancada de deputados federais caindo de 17% para 13,5% da Câmara mostra isso. O PMDB,  ganhe quem ganhar, não ganhou a eleição. E seus cardeais e bispos sabem disso. Em fevereiro terão constituído um bloco com outros partidos da “base”, elevando seus 12% de deputados para o dobro. Se ganhar Dilma, a pretensão ministerial chega a importantes ministérios. Se ganhar Aécio, chega a um ou outro ministério significativo.  Mas, nos dois casos, o candidato desse bloco, a presidente da Câmara –e favorito- será do PMDB, o deputado Eduardo Cunha.

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POPULISMO ELETRÔNICO!  TRECHOS DO EX-BLOG EM 02 DE JUNHO DE 2014!

1. Mas quando um governo tem uma avaliação entre ruim e regular, um generoso tempo de TV na campanha eleitoral pode construir virtualmente –por ficção televisiva- um bom governo, elevando sua avaliação ruim a regular para boa e até ótima.

2. A possibilidade de construir virtualmente um governo em campanha eleitoral é resultado de uma opinião pública que não dá muita atenção aos governos. O que entrou –para a maioria das pessoas- se parece com o que saiu, nos defeitos e nas virtudes. Só quando a performance de um governo afeta muito as pessoas, para o bem ou para o mal, é que a opinião delas é sólida e não muda com a campanha, apesar da ficção eleitoral na TV.

23 de outubro de 2014

AS DIFERENÇAS, PELAS REGIÕES BRASILEIRAS, NA DISPUTA PRESIDENCIAL! TRÊS PONTOS A MAIS PARA AÉCIO NO SUDESTE EMPATAM A ELEIÇÃO PELO DATAFOLHA!

1. Pelo Datafolha, a diferença a favor de Aécio no SUDESTE lhe dá, nacionalmente (ponderando pela participação de 44% dessa região), 5,28 pontos à frente.  A diferença a favor de Aécio no SUL lhe dá, nacionalmente (pela participação de 15% dessa região), 3,3 pontos. A diferença a favor de Aécio no CENTRO-OESTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 7% dessa região), 0,84 pontos.  No total, Aécio soma uma vantagem, nessas regiões, de 9,42 pontos de vantagem em nível nacional.

2. Pelo Datafolha, a diferença a favor de Dilma no NORDESTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 27% dessa região), 10,8 pontos. A diferença a favor de Dilma no NORTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 8% dessa região), 1,28 pontos. No Total, Dilma soma uma vantagem, nessas regiões, de 12,08 pontos.

3. A diferença nacional ponderada pelas regiões era a favor de Dilma de 2,66 pontos. Se Aécio ampliar a diferença em apenas 5 pontos no Sudeste e no Sul a eleição estará empatada.

4. Se no Sudeste Aécio crescer apenas 3 pontos trocando com Dilma, que desceria 3 pontos, pelos números do Datafolha a eleição estará rigorosamente empatada.

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TENDÊNCIA REGIONALIZADA DO VOTO NO ESTADO DO RIO!

1. PEZÃO x CRIVELLA. Capital: Pezão 11 pontos na frente. Na Baixada, Crivella 3 pontos na frente. Em Niterói/São Gonçalo/Itaboraí Pezão 11 pontos na frente. No Interior 1 (Serrana e Sul), Pezão 35 pontos na frente.  Seu município Piraí, fica no Sul.  No Interior 2 (Noroeste-Norte-Lagos), Pezão 12 pontos na frente. É região onde Garotinho é forte.

2. Sub-Regiões da Capital. Nos bairros que vão do Centro à Barra da Tijuca, passando pela Tijuca e Vila Isabel, Pezão tem 28 pontos na frente. Na região de Ramos/Olaria/Bonsucesso, Maré/Ilha do Governador, onde é maior a concentração de favelas, Pezão vence por 17 pontos.  Na região de Meier/Madureira/Marechal Crivella está 3 pontos na frente. Jacarepaguá: Pezão 16 pontos na frente. Grande Bangu Pezão 10 pontos na frente. Grande Campo Grande/Santa Cruz Crivella 4 pontos na frente.

3. DILMA X AÉCIO. Capital: Dilma 8 pontos de vantagem. Baixada: Dilma 24 pontos de vantagem. Niterói/São Gonçalo/Itaboraí: Dilma 30 pontos na frente. Interior 1 (Serrana+Sul): Aécio 4 pontos na frente. Interior 2 (Noroeste, Norte e Lagos): Aécio 10 pontos na frente.

4. Sub-regiões da Capital. Nos bairros que vão do Centro à Barra, Aécio tem 25 pontos à frente. Em toda a zona norte agregada, bairros da Central e Leopoldina, Dilma tem 13 pontos à frente. Grande Bangu, Dilma 14 pontos na frente. Grande Campo Grande e Santa Cruz, Dilma 30 pontos na frente.

5. No geral, Pezão vinha com 11 pontos à frente e Dilma com 10.

22 de outubro de 2014

O QUE OCORRERÁ COM ABSTENÇÃO, BRANCOS E NULOS NO DIA 26/10/2014? COMO INFLUENCIAM O RESULTADO?

1. As pesquisas são feitas em base às informações do TSE, que incluem gênero, idade e local de votação. Os demais recortes são feitos em base censitária pelos Institutos de Pesquisa.  Dessa forma, a base das pesquisas é o total do eleitorado, incluindo, portanto, o que na urna se saberá em relação a brancos, nulos e abstenção.

2. Quando as tendências do eleitorado são estáveis, a abstenção não altera os resultados das pesquisas de opinião. Mas quando a intenção de voto dos eleitores é volátil, a abstenção pode mudar tudo. E se a volatilidade é grande, até mesmo os brancos e nulos podem mudar no dia da eleição. Mudar em dois sentidos: decidir votar, ou os que decidiam votar, nas pesquisas, na hora do voto, anular ou votar em branco. Segundo o Datafolha, 15% dos eleitores decidiram em que presidente votar, no primeiro turno-2014, na véspera e no dia da eleição. Esse número tende a ser menor agora com apenas 2 candidatos. Mas quão menor?

3. Vamos aos números. As pesquisas de intenção de voto no segundo turno vêm dando uns 10% de brancos e nulos, mais de três vezes a diferença entre Dilma e Aécio. E fazem abstração –como é natural- da abstenção, mesmo sabendo que estará próxima a 20%, supondo, como tradicionalmente ocorre, que não influenciam o resultado da eleição. Será?

4. O que ocorreu nas últimas 3 eleições?  Em 2006, no primeiro turno os votos brancos/nulos foram 8,4% e a abstenção 16,75%. No segundo turno, os brancos e nulos caíram para 6% mas a abstenção cresceu para 19%. Em 2010, no primeiro turno, os brancos/nulos foram 6,7% e a abstenção 18,1%. No segundo turno, os brancos/nulos cresceram para 8,6% e a abstenção subiu para 21,50. Em 2014, no primeiro turno, os brancos/nulos atingiram 9,6% e a abstenção 19,4%.

5. Com uma campanha em 2014 -no segundo turno- muito mais disputada e polemizada, é provável que a abstenção seja próxima de 2010, quando a eleição ainda não estava completamente definida uns 10 dias antes da eleição. Ou seja, 21,50%. Mas a tendência dos votos brancos/nulos não se pode prever em função das agressões recíprocas.  Suponhamos que os 9,6% do primeiro turno se repitam.

6. Fazendo os ajustes, 25% dos eleitores não influenciarão os votos válidos. Supondo que metade da abstenção é compulsória (doentes, muito idosos, estão ou moram fora de seu registro eleitoral, presos…), esses 25% baixam para uns 18%. Supondo que os brancos/nulos sejam os mesmos eleitores das pesquisas de intenções de voto, aqueles 18% baixam para 9%.

7. Usando como referência uma série de eleições, os números de um ou outro candidato só podem sinalizar favoritismo e vitória se as pesquisas finais indicarem uma vantagem de 5 pontos sobre os votos totais. Nas pesquisas já publicadas do Datafolha e Ibope, esta vantagem ainda está em torno da metade desses 5%.

8. Ficando nessa metade, só a urna nos dirá quem venceu.

21 de outubro de 2014

AGRESSÕES ENTRE CANDIDATOS JÁ NÃO RENDEM MAIS! AGORA VALE A CAPILARIDADE E O BOCA A BOCA!

1. As agressões já deram o que tinham que dar. Mais do que atingirem a imagem de um e de outro, distribuíram aos eleitores os argumentos para que defendam seu candidato ou ataquem o adversário. Com isso, o processo de convencimento e desconvencimento pelo boca a boca entre as pessoas acelerou muito. E tornou-se decisivo.

2. E, com isso, a volatilidade do voto que já era grande, aumentou mais. No final da segunda semana de outubro –11/12- ocorreu uma aceleração das intenções de voto pró-Aécio.  Nos três dias seguintes ocorreu uma acomodação e o retorno aos patamares anteriores com 2 pontos de diferença.

3. Mas esta acomodação deve ser dissecada por dentro, através dos cruzamentos clássicos, dos cruzamentos regionais, por religião… Além disso, aquelas informações/agressões que têm potencial para produzir fluxos e argumentos devem ser testadas por pesquisas qualitativas focalizadas nos temas.

4. Para isso, há que se trabalhar com hipóteses. A primeira é sobre a região mais sensível a esse boca a boca e decisiva eleitoralmente nas atuais circunstâncias. Naturalmente é a região Sudeste, não só pelo peso eleitoral de 43%, mas pelo fato que é onde esse boca a boca tem produzido mais oscilações e o uso das redes sociais é mais intenso. a) No Rio –onde estão as estatais- analisar esses fluxos.

5. b) Nas três periferias metropolitanas –SP, BH e Rio- analisar os fluxos relativos à insegurança que possa sensibilizar os menos integrados socialmente. c) Em S.Paulo checar o impacto sobre os incluídos que trabalham com carteira assinada, recortando os de classe média baixa. d) E, finalmente, o boca a boca entre os jovens nas maiores cidades.

6. Alguns podem dizer que faltam poucos dias e não dá mais tempo. Dá sim. Como as pesquisas qualitativas são feitas sistematicamente pelas candidaturas, é questão apenas de direcionamento imediato. E, claro, reler as pesquisas qualitativas feitas desde o início do segundo turno, recortando estes três fatores citados.

7. Ninguém melhor que as equipes dos candidatos para valorizar essa necessidade. Afinal, as pesquisas diárias –tracking- os têm deixado desorientados.  É urgente, portanto.

8. Este Ex-Blog tem usado todas as pesquisas que tem acesso –divulgadas ou não- e não se espanta com diferenças aparentemente absurdas como a do Sensus e do Ibope/Datafolha, GPP e Vox Populi. Isso exige afinar a amostragem, além de ampliá-las no Sudeste e no Nordeste e dar suporte qualitativo para orientar as últimas declarações pela TV, os últimos programas e comerciais e os últimos debates.

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PRIMEIRA PESQUISA PARA PREFEITO DO RIO-2016 –GPP –18-19/10- 1.200 ENTREVISTAS!

Conheça.

20 de outubro de 2014

DIVULGAR OS VOTOS VÁLIDOS NO SEGUNDO TURNO É UMA ENORME BOBAGEM! SÓ CONFUNDE!

1. O TSE contabiliza os votos válidos no primeiro turno por duas razões. Primeiro porque a maioria absoluta ou não dos votos válidos conseguida pelos candidatos a presidente e a governadores é que determina se haverá segundo turno ou não. Segundo porque nas eleições para deputados –federais e estaduais- é a divisão dos votos válidos pelo número de vagas que determina o cociente eleitoral e quantos deputados serão eleitos pelos partidos e pelas coligações.

2. Mas, no segundo turno, divulgar votos válidos é uma dupla besteira. A primeira porque é inócuo, já que vence a eleição de presidente e governadores quem tiver mais votos, independente da porcentagem de votos que tenha. Mas a segunda razão é de extrema gravidade para orientação dos eleitores, da campanha, dos analistas e da própria imprensa, pois confunde e ilude.

3. É fácil entender.  Sempre que a proporção dos que marcaram brancos, nulos, não sabem e não responderam é significativamente maior que a diferença das intenções de voto entre os dois candidatos, a eleição está completamente indefinida. Exemplo. No Ibope e Datafolha Aécio tem 45% e Dilma 43% dos votos totais. Uma diferença de 2 pontos.

4. Mas há 12% dos eleitores que não marcaram nenhum nome. Isso representa 6 vezes a diferença entre eles. Mais ainda: essa diferença de 12 pontos cresceu 2 pontos desde as pesquisas da semana passada. Ou seja, uma eleição completamente indefinida. Na intenção de voto espontânea há um empate de 42% a 42%, ratificando a indefinição.

5. Sempre que a porcentagem daqueles que não marcaram nenhum candidato se aproxima ou ultrapassa o dobro da diferença entre eles, a eleição pode se considerar indefinida.  Sendo assim, o fundamental no segundo turno é esquecer os votos válidos e informar apenas os votos totais e os que não escolheriam nenhum deles. Com isso, os eleitores, os analistas e a imprensa poderão avaliar a taxa de indefinição da eleição.

6. Outro exemplo: Rio Grande do Sul, Datafolha. Sartori tem 52% e Tarso Genro 35%. Marcaram brancos, nulos, não sabem, não responderam: 13%. A diferença entre os dois, de 17%, é 30% maior que a porcentagem dos que não marcaram nenhum dos dois. Essa é uma eleição definida mesmo faltando 11 dias, desde a pesquisa, para a eleição.

7. A divulgação das pesquisas deveria ser sobre votos totais: X tem XX%, Y tem YY%, Nenhum deles ZZ%. Diferença entre eles é RR% e é tantas vezes maior ou menor que os que marcaram brancos, nulos, não sabem não responderam. Assim, a informação permitiria uma análise adequada das probabilidades até a eleição.

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LIBÉRIA FUNDADA POR LIBERTOS DOS EUA CLAMA A OBAMA!

A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, esta fazendo um dramático apelo internacional de ajuda para combater o ebola. De fato, o apelo se volta, sobretudo, para os EUA, pois foram escravos norte-americanos libertos que fundaram aquele país.

17 de outubro de 2014

PELO IBOPE A DIFERENÇA PRÓ AÉCIO DEVERIA SER DE 3 PONTOS E NÃO 2!

1. Um problema dos arredondamentos. Se jogarmos os valores do Ibope, por região, na planilha, o resultado é Aécio 51,4 x 48,6 Dilma. Diferença de 2,8%! Olhando por aqui, o correto seria arredondar para 3% a diferença!

2. Como se pega o 51,4% e arredonda para 51,0, a diferença de 2,8% acaba-se arredondando para 2,0%! Será correto?

3. Em tempo. Na última pesquisa do Ibope, 37% responderam que tinham pouco ou nenhum interesse pela eleição. Na anterior foram 48%. Aquecendo.

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DEBATE TIPO LUTA DE BOXE E INGENUIDADE DOS CANDIDATOS!

1. A imprensa reclama da agressão mútua dos candidatos a presidente nos debates pela TV. Mas o desenho do posicionamento dos candidatos estimula esse tipo de dinâmica. Um de frente para o outro, não poderá dar outro resultado. E os candidatos morderam a isca e caíram na armadilha.

2. Isso produz caras e bocas fechadas e até raivosas, um apontando para o outro. O tempo que os candidatos gastaram em mídia training foi esquecido em função da formatação. Numa luta de boxe, os telespectadores vibram com os ataques entre os lutadores. Os lutadores têm um só foco: os adversários. Só se concentram neles. E é isso que os telespectadores querem.

3. Mas, no debate eleitoral pela TV, o foco dos candidatos deve ser os eleitores. Mesmo que estejam cara a cara, devem lembrar que, na TV, os gestos e a voz devem ser suaves, escandidos. Na Band –aquecidos pelo confronto- esqueceram as aulas que tiveram de mídia training. Deveriam lembrar que as câmeras são posicionadas frontalmente a eles e que estão falando –saibam ou não- para os telespectadores. E, para estes, a suavidade das imagens e da voz é fundamental.

4. Devem ter se esquecido das lições dos professores-pesquisadores de debates nos Estados Unidos. Quem tem a última palavra leva vantagem na TV. Dessa forma, quem pergunta deve fazê-lo para si mesmo. E usar pergunta do outro para a crítica, numa escada, onde a tréplica deve ser a conclusão. Usar as perguntas para que o outro se explique é perder a pergunta, pois a conclusão será do outro.

5. Deveriam esquecer, durante o debate, a formatação de luta de boxe e falarem para os telespectadores.  E as caras e bocas poderiam ser aprendidas com dois mestres recentes: Clinton e Blair. O YouTube está aí mesmo.

6. Obs.: A TV Band adotou o modelo francês, em que os candidatos fazem perguntas ou expõe temas livremente. Um avanço.

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PESQUISAS IBOPE E DATAFOLHA POR REGIÃO: TENDÊNCIA DIZ QUE SUDESTE VAI DECIDIR!

Dilma x Aécio, Ibope e Datafolha, por esta ordem.

1. SUDESTE: 46% x 54% e 41% x 59%. Diferença 9 pontos e 18 pontos.

2. NORDESTE: 61% X 30% e 68% x 32%. Diferença 31 pontos e 36 pontos.

3. SUL: 38% x 62% e 39% x 61%.  Diferença mínima.

4. NORTE+CENTRO-OESTE: 45% X 55% e 46% x 54%. Diferença mínima.

a) Sudeste tem 43% dos eleitores. Nordeste tem 27% dos eleitores. Façamos a média para o Nordeste: diferença de 33,5 pontos. Aplicando os 27% de eleitores, seria uma diferença nacional de 9 pontos.  Para o Sudeste como a diferença é grande não há como fazer a média. No caso de 9 pontos Aécio livra 3,9 pontos nacionais no Sudeste. No caso de 18 pontos, Aécio livra 7,7 pontos no Sudeste.

b) Para facilitar e como os pesos do Sul e do Norte-Centro Oeste são semelhantes, apliquemos a média dos dois sobre 30% do eleitorado.  Seriam 42% para Dilma e 58% para Aécio. Essa diferença de 16 pontos corresponderia a 4,8 pontos em nível nacional pró Aécio.

c) Dessa forma, com a vantagem de Aécio no Sudeste de 9 pontos, teríamos a eleição empatada: 3,9 + 4,9 = 8,8 pontos. Se a vitória no Sudeste for de 18 pontos, somando Sul-NO/CO-Sudeste, teríamos 4,9 + 7,7 = 12,6 pontos para Aécio, mais que os 9 pontos no Nordeste de vantagem para Dilma.

d) Supondo que a situação no Nordeste esteja estabilizada e que no Sul e NO-CO as tendências se estabilizem, o campo decisivo para o resultado eleitoral em 26 de outubro será o Sudeste, onde Aécio vence em SP e MG e Dilma no RJ. Dilma reduz a diferença? Aécio mantém a diferença dada pelo Datafolha? Ou o que valerá será a diferença do Ibope?

Análise de Cesar Maia sobre o porquê de as pesquisas oscilarem

Tento explicar, do ponto de vista teórico ou técnico, por quais razões as pesquisas oscilam. Chamo a atenção para dois autores importantíssimos em matéria de formação de opinião pública e de teste e pesquisa de opinião. Um deles é o americano Paul Lazarsfeld, da Universidade de Columbia, que no final dos anos 20, início dos anos 30, realizou uma série de trabalhos de investigação mostrando que se podia projetar a opinião política do conjunto do país através de uma amostra, no que foi muito criticado porque diziam, à época, que uma pessoa não teria nenhum tipo de entusiasmo em achar que seu voto poderia influenciar 50, 60 milhões de eleitores. Paul Lazarsfeld mostrou que essa possibilidade existia.

Um pouco antes, no final do século XIX, o sociólogo francês Gabriel Tarde, pai da micro-sociologia e da micro-política, desenvolveu uma teoria de formação de opinião pública que foi registrada num clássico da sociologia, Leis da Imitação – “Les lois de l’Imitation”, que, infelizmente, não tem tradução para o português.

Basicamente, o que diz Lazarsfeld é que as informações espalhadas, em geral pelos meios de comunicação, são selecionadas pelas pessoas, pelos cidadãos que, ao fazê-lo, procuram ter convicção daquela informação e, para isso, consultam, falam, conversam com pessoas cujas opiniões respeitem. Uma vez que haja uma convergência de opinião, ele passa a colocar para frente a opinião que tinha, agora ratificada por alguém que ele respeita muito – a professora, o dono da farmácia, um amigo.

Diz Gabriel Tarde que esse movimento, esses fluxos de opinamento vão contaminando a sociedade até que se forma uma opinião pública, existindo três tipos de atores nesse processo. Um que ele adjetiva como louco, que representa aqueles que iniciam o fluxo de opinamento; outro que ele chama de sonâmbulo, que representa aqueles que repassam a informação que a eles chega; e, ainda, outro que ele chama de idiota, que representa aqueles que simplesmente não estão nem aí, ou seja, não dão bola para as informações que chegam. Lazarsfeld explicava, através de uma figura que na estatística passou a ser conhecida como jogo de coordenação, que uma pessoa, ao interagir com as pessoas do seu entorno, vai vendo que existem opiniões que são convergentes, outras que são divergentes, e sente que sua opinião pode ter peso e, por isso, ela participa.

Nós vivemos no Brasil agora, ano 2014, uma eleição atípica, uma eleição fria. Podem ir à rua que vocês quiserem, da cidade que vocês quiserem, no Rio de Janeiro ou no exterior, que duvido que exista vibração nas ruas! Só há mobilização, vibração, quando o candidato vai à rua! Aí, seus militantes se aglomeram e acompanham o candidato. Ora, rua fria significa que os sonâmbulos, usando a linguagem de Gabriel Tarde, passaram a ser uma proporção muito pequena, e os idiotas, ainda na mesma expressão, passaram a ser uma proporção muito grande e, assim, não repassam a informação porque não estão nem aí para essas eleições! Na última pesquisa do Ibope, que foi divulgada, publicada na semana passada, ele fala em quase 60% das pessoas que não estão dando a mínima para essas eleições. Então, a pesquisa, quando está num quadro que o jogo de coordenação, segundo a teoria de Lazarsfeld, é um jogo ralo e que os fluxos de “opinamento” não avançam, que as pessoas que recebem informação não repassam, uma pesquisa de opinião que é feita hoje, pode dar um resultado, e, se for feita daqui a quatro dias, pode dar outro resultado. Portanto, os institutos de pesquisa devem ter um cuidado enorme e os meios de comunicação também.

16 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014 CONTRARIAM PROJEÇÕES DE PROTESTOS 2013! APONTAM UMA POLÍTICA MAIS CONSERVADORA!

1. Os protestos, passeatas, manifestações, quebra-quebra, black blocs…, ocorridos em 2013, desde junho, projetaram cenários convergentes nas eleições de 2014. As projeções indicavam que as ruas estariam aquecidas com protestos, que a proporção de abstenção, votos brancos e nulos cresceria.

2. Imaginava-se que as portas do Congresso seriam abertas para os candidatos com o perfil dos protestos e que seriam alavancados pelas redes sociais. E que as redes sociais estariam mais ativas do que nunca, agitando temas e perfis da antipolítica engajada, como o MV5, na Itália.

3. Mas nada disso aconteceu. As ruas estavam frias e continuam ainda mais frias neste segundo turno sem candidatos a deputados.  E as eleições exaltaram, com grande quantidade de votos, parlamentares conservadores ou de antipolítica recreativa.

4. As 3 “capitais” brasileiras, Rio, SP e Brasília, foram exemplos. Eleitos, liderando as votações, Bolsonaro e Romário no Rio, Russomano e Tiririca em SP, e o coronel (r) Fraga em Brasília.  No caderno ALIÁS, do Estado de SP (12), o DIAP afirma que esse é o Congresso mais conservador desde 1964. Nessa mesma matéria, o sociólogo Wagner Romão, da Unicamp, diz que “podemos esperar para os próximos quatro anos um legislativo mais refratário a mudanças na ampliação dos direitos humanos, na questão da homofobia ou do aborto, a favor de modificações quanto à maioridade penal”.

5. Romão afirma que esta é uma tendência que já havia ocorrido no Congresso, resultante das eleições de 2010 e acentuado agora em 2014.

6. Paradoxalmente, na eleição presidencial de 2010 venceu o PT. Paradoxalmente? Ou os “estímulos” mensaleiros e petroleiros para “pacificar” parlamentares produziram candidatos financeiramente mais competitivos? Os excessos publicitários e de mídia em relação à opção sexual e comissão da verdade construíram o polo conservador oposto? Provavelmente ambos.

7. E a crise econômica? Quem sabe os ares e sabores europeus ajudem a explicar que a resposta à crise econômica atual no imaginário popular não passa pela esquerda?

8. Esses aparentes paradoxos –executivo/legislativo- precisam ser analisados com calma pelos pesquisadores. Incluindo o segundo turno e as eleições para governadores Brasil afora, poderemos  apontar outro subproduto do ciclo lulo-dilma-petista: o caminho político conservador, em direção à direita.

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15% DECIDIRAM VOTO PARA PRESIDENTE NO DIA E NA VÉSPERA! IMAGINEM PARA DEPUTADOS!

(Folha de SP, 16) A atual rodada da pesquisa Datafolha mostra que 15% do eleitorado decidiu o voto para presidente da República na última hora. 9% definiram voto no dia do 1º turno. Outros 6% dizem que escolheram em quem votar para presidente na véspera da eleição. A uma semana da eleição foi a resposta de 8%. Outros 11% dizem que a decisão foi firmada 15 dias antes da eleição. Os eleitores com menos renda são os que mais decidiram no dia da eleição, 11% deles responderam assim. O maior grupo, 67% do total, afirmou ter decidido pelo menos um mês antes da data do primeiro turno.

Obs. 1. No total, 34% decidiram em quem votar para presidente nos últimos 15 dias.

Obs.2. É perda de tempo começar a campanha 90 dias antes da eleição e gastar dinheiro até a entrada da TV, 45 dias antes.

15 de outubro de 2014

AÉCIO x DILMA: POR QUE O QUE MAIS OS DISTINGUE ESTÁ FORA DO DEBATE?

1. Se olharmos para frente, para depois da eleição presidencial e, por hipótese, compararmos o que seriam as políticas públicas de Aécio e de Dilma, e graduarmos cada uma delas em mais ou menos para um e para outro, que política os distinguiria mais?

2. Certamente as diferenças seriam maiores ou menores conforme o tema: economia, inclusão social, educação, saúde, transportes, infraestrutura, política fiscal, política financeira, política ambiental, cambial, gestão, etc.

3. Mas restam poucas dúvidas que um tema oporia um e outro governo de forma radical, em cento e oitenta graus: suas políticas exteriores.

4. De um lado, Dilma e seus parceiros bolivarianos, suas provocações aos Estados Unidos, a questão do Oriente Médio, do Irã, as declarações sobre o terrorista EI na ONU, a Rússia no caso da Ucrânia, etc.

5. Do outro lado, Aécio que, para facilitar, adotaria posturas e políticas diametralmente opostas em todos estes temas e focos. As declarações dos ex-diplomatas e principais assessores em política externa de Aécio não deixam qualquer margem a dúvidas.  E dizem, falam e escrevem sobre isso de forma transparente.

6. E por que a política externa e as relações exteriores estão fora da campanha eleitoral? Há três possibilidades para tentar entender esse aparente mistério.

7. Uma é que ambas as candidaturas imaginam que a questão das relações exteriores está fora das preocupações e do acompanhamento das pessoas. Que não tira nem dá um voto.

8. As outras duas explicações são defensivas.  Dilma não toca nesse assunto por temor ao desgaste, especialmente em setores de classe média. Aécio não toca nesse assunto porque assessores políticos imaginam que isso pode situá-lo na cabeça do eleitor no campo de influência dos Estados Unidos o que sinalizaria para a direita.

9. Aliás, essa também não foi a preocupação de Marina, em seu documento e discurso de apoio a Aécio. O fato é que aquilo que mais antagoniza as duas candidaturas está fora do debate, fora da campanha.  Compreensível pelas razões? Ou estranho?

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COMO VOTAM NO RIO OS LEITORES DOS JORNAIS! PESQUISA GPP 11-12/10!

Intenção de Voto em todo o Estado do Rio: Dilma 43,9% x 42% Aécio. / Pezão 45,7% x 38% Crivella.

1. Pela ordem: Dilma x Aécio.  Não lê jornal:  45,2% x 38,4% / Globo: 31,2% x 55,8% / O Dia: 43,4% x 41% / Extra 44,2% x 40,9% / Meia Hora 56,6% x 37,7%.

2. Pela ordem:  Não lê jornal: 42,6% x 38,6% / Globo: 56,8% x 26,7% / O Dia: 42,7% x 40,5% / Extra: 48,2% x 37,8% / Meia Hora: 36,7% x 53,2%.

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COMO VOTAM NO RIO OS CATÓLICOS E OS EVANGÉLICOS! PESQUISA GPP 11-12/10!

Intenção de Voto em todo o Estado do Rio: Dilma 43,9% x 42% Aécio. / Pezão 45,7% x 38% Crivella.

1. Pela ordem: Dilma x Aécio.  Católicos: 46,7% x 43,8% / Evangélicos: 39,9% x 40,5%.

2. Pela ordem: Pezão x Crivella. Católicos 58,8% x 26,3% /  Evangélicos: 27,2% x 57,7%.

14 de outubro de 2014

2014: POR QUE AS PESQUISAS ERRARAM TANTO? EM DEFESA DO IBOPE E DO DATAFOLHA!

1. Este Ex-Blog, em base a teoria política de pesquisas e opinião pública, vem aqui defender o Ibope e o Datafolha. Vamos usar dois autores. Primeiro, Paul Lazersfeld, o fundador das pesquisas de opinião política na Universidade de Columbia, no final dos anos 20 e início dos anos 30. Os críticos da montagem de um sistema de pesquisas como estava sendo feito, que refletisse a opinião pública, afirmavam que o eleitor, sendo um em milhões, achava que era inútil votar ou opinar. Dessa forma, as amostras usadas nas pesquisas não conseguiriam identificar os vetores de opinião pública.

2. Lazarsfeld trabalhou com o Jogo de Coordenação. Ou seja, as pessoas e seus contatos, em casa, na família, no trabalho, nas ruas, nas escolas, nos clubes, etc., vão trocando opiniões e construindo a ideia que não estão sós, que fazem parte de um grupo de pessoas que pensam como eles e que o alcance de sua intenção de voto é muito maior que sua opinião pessoal. Com isso, a amostragem aparentemente pequena -não apenas pelos fatores censitários gênero, idade, instrução, renda, como de localização…-, impulsionada pelo Jogo de Coordenação, tem um alcance muito maior que os críticos imaginavam. E precisão.

3. Gabriel Tarde, francês, pai da microssociologia, no final do século XIX, em seu clássico “As Leis da Imitação” (não traduzido para o português), dizia que a opinião pública é formada pela troca de opiniões entre as pessoas e outras pessoas cujas opiniões respeitam. A partir daí se formam fluxos de opinamento. Quando as informações difundidas são amplas, como pelos meios de comunicação, aquela troca de opiniões se dá milhares/milhões de vezes. São esses fluxos que formam a opinião pública.

4. Gabriel Tarde fala de três atores nesse processo: os que iniciam processos de opinamento (“loucos”), os que repassam os fluxos de opinamento (“sonâmbulos”) e os que não estão nem aí e não dão importância a esses fluxos e não repassam (“idiotas”). Quanto maior a proporção desses últimos, menor a velocidade na formação de opinião pública e mais difícil identificá-la.

5. Tanto o Jogo de Coordenação quanto as Leis da Imitação explicam que quando certo assunto não desperta interesse nas pessoas, que elas não conversam, não interagem a respeito, e quanto maior a proporção dos que não repassam fluxos de opinamento, maior dificuldade das pesquisas terem precisão na proporção dos vetores de opinião pública.

6. Foi o que ocorreu nesta eleição. As ruas frias, as ruas neutras sem polêmica, a rejeição aos políticos, alta proporção dos que não se interessam pela eleição (vide Ibope também no segundo turno), processo esse intensificado no segundo turno, explicam por que as oscilações das pesquisas tendem a ser, e foram, mais altas. E mais. As pesquisas, durante a campanha, com baixa taxa de interesse, tendem a ter resultados diferentes quando a proximidade da eleição aumenta o interesse, ou mesmo na urna, quando o eleitor está lá e terá que votar.

7. Para os que veem a TV e os programas ou os comerciais eleitorais, ouvem as rádios ou leem os jornais, ou estão nas redes sociais, parece que a campanha eleitoral está quente. Ilusão de ótica, de audição e de leitura. A campanha eleitoral estava, está e estará fria, aumentando consideravelmente os riscos de oscilações. Lembre-se: isso não interfere na margem de erro de uma pesquisa específica divulgada. Mas interfere muito na probabilidade de outra pesquisa na frente dizer coisa muito diferente.

8. Com isso, as séries continuadas de pesquisas que são um elemento corretivo das margens de erro perdem também sua efetividade. Aos que disputam as eleições, nesse sentido, sempre há esperança. Comparando as pesquisas –mesmo as últimas às vésperas das urnas do primeiro turno, com o resultado da eleição presidencial- se poderia exemplificar dizendo que é provável que estados como Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, sejam exemplos maiores da baixa temperatura eleitoral e dos riscos de oscilação das pesquisas e das urnas em 2014.

13 de outubro de 2014

UM CONSELHO DE ASSESSOR DE CLINTON PARA OS COMERCIAIS E PROGRAMAS DE TV DOS CANDIDATOS!

1. Em 1997, veio ao Brasil o publicitário que fazia o controle de qualidade dos comerciais de Clinton na campanha de 1996. Contratado, reuniu-se em S. Paulo e no Rio com equipes de campanhas eleitorais. Pediu que fossem apresentados a ele vários comerciais de trinta segundos dos candidatos, assim como um ou outro programa eleitoral.

2. Pediu que não colocassem nem legenda nem dublassem. Ele queria analisar apenas as imagens, a técnica e a forma de comunicação usada pelos candidatos, pelos políticos.  E queria fazê-lo apenas na hora das reuniões, sem vê-los antes. Ou seja, queria avaliá-los como o faz a pessoa que vê na TV e de repente aparece um comercial de 30 segundos. Ver programa de minutos seria apenas um suporte, pois nos EUA isso não ocorre nas campanhas.

3. No Rio, analisou os comerciais de três políticos, prováveis candidatos. Cada um deles foi produzido por um publicitário diferente, os três bem cotados no mercado. Viu e reviu três vezes. E viu um programa político de cada. Disse que, no Reino Unido, nas campanhas, também se usa programa de alguns minutos. Em seguida comentou.

4. Comerciais e programas eleitorais não são telejornais. Destes 3 políticos que eu vi agora, apenas um entende de propaganda política pela TV. Os outros dois pensam que são locutores de telejornais. E explicou. O estilo telejornal é quando as imagens dos problemas são apresentadas na TV, seja pobreza, saúde, segurança, educação, emprego, etc. E o candidato comenta no estúdio: Isso é um absurdo; se eleito vou fazer isso e aquilo.

5. Pior, disse, é quando quem comenta no estúdio ou fora da cena apresentada é um locutor ou ator. E concluiu afirmando: o candidato tem que estar na cena, no local do problema e falar de lá. Pode até complementar no estúdio ou com ator.

6. Hoje, os comerciais eleitorais no Brasil proíbem tomada de cenas externas. Com isso, se tirou força dos comerciais. Os candidatos, em estúdio, passam a ser apenas expressões faciais, pois são vistos de relance pelo expectador. Não comunicam conteúdo por mais que leiam seu teleprompter.

7. E os programas 2014, no primeiro turno e agora no início do segundo turno, são telejornais, na avaliação projetada do assessor de Clinton à época. Os problemas mostrados nos locais, ou apresentados em claquete e comentados por atores, são telejornais com locutor novo. E sempre os comentários e promessas dos candidatos são feitos em estúdio. Ou seja, tipo telejornais.

8. Os candidatos nunca estão no local dos problemas. Quando aparecem nas ruas ou auditórios é apenas para mostrar popularidade, com eleitores abraçando e aplaudindo. Segundo o assessor, o efeito disso tudo é não mudar opinião de ninguém, apenas afirmar a opinião já existente.

9. Em tempo 1: os comerciais que o assessor aprovou e elogiou eram de Duda Mendonça. Em tempo 2: em 2006, Alckmin (Geraldo) foi à fronteira do Brasil mostrar que não havia patrulhamento e é por ali que a droga entrava…, à vontade. Teve grande impacto.

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PREFEITURA DO RIO: ALGUMAS RESPOSTAS AOS REQUERIMENTOS DE INFORMAÇÃO!

1. Equipamentos de Fiscalização Eletrônica em operação: 2008: 140 / 2009: 429 / 2010: 461 / 2011: 544 / 2012: 645 / 2013: 780.

2. Número de pensionistas homoafetivos Antes de 2008: 23 / 2008: 17 / 2009: 18 / 2010: 21 / 2011: 14 / 2012: 15 / 2013: 8 / TOTAL: 116.

3. O saldo das aplicações do Funprevi em 31 de dezembro de 2012 era de R$ 1.161.042.854,32 (Em 2008 o saldo era R$ 2.001.969.000,00).

4. O empreendimento Porto Vida (Porto Maravilha) possui 1.333 apartamentos. Nenhuma unidade foi vendida. 169 servidores fizeram reserva de unidade. Por não ser mais um equipamento olímpico, a entrega seguirá conforme definição do empreendedor.

5. Porto Maravilha. Até o presente momento o Fundo concluiu negociação de treze operações, que em sua maioria constituir-se-ão em complexos multiuso que devem abrigar torres de uso comercial, residencial e hoteleiro. Das referidas operações realizadas pelo Fundo, OITO se deram através de PERMUTAS ou participação em sociedades de propósito específico e CINCO através de alienação de CEPACs.

6. O contrato estabelece que os serviços de manutenção e operação da balança das Estações de Transferência-ETRs e do CTR Rio em Seropédica, devem ser de responsabilidade da concessionária. Portando, a Comlurb mantém nas unidades operadas pela concessionária apenas fiscais de pesagens. Estes empregados da Comlurb fiscalizam os serviços realizados pelos balanceiros da concessionária às 24 horas do dia, todos os dias da semana inclusive domingos e feriados.

10 de outubro de 2014

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL: 2010 x 2014 E PRIMEIRAS PESQUISAS DATAFOLHA DO SEGUNDO TURNO!

1. Em 2010, Dilma venceu o primeiro turno da eleição presidencial com 43,1%. Em 2014 caiu para 37,7%, ou menos 5,4 pontos.  Serra, em 2010, no primeiro turno, atingiu 30%. Aécio, agora, no primeiro turno, praticamente os mesmos, com 30,3%. Marina, em 2010, chegou a 18% e agora, em 2014, atingiu quase o mesmo, com 19,3%.  Em 2010, os votos brancos e nulos somaram 8,6%. Em 2014 somaram 10,44%. Abstenção em 2010 foi de 18,12% e em 2014 de 19,39%. Portanto, a única mudança foi a votação porcentual de Dilma/PT, que caiu dos tradicionais 43% no primeiro turno para 37,7%.

2. A primeira pesquisa Datafolha em 2010, no segundo turno, em 08/10, deu Dilma 48% e Serra 41% com 11% de brancos+nulos+não sabe. Agora, na mesma data, em 2014, deu Aécio 46% (um crescimento de 5 pontos sobre Serra) e Dilma 44%, uma queda de 4 pontos sobre Dilma-2010.

3. Aécio cresceu 15,7 pontos sobre o primeiro turno. Dilma cresceu 6,3 pontos. Marina + Outros somaram 21,6%. Desses, uns 70% foram para Aécio e uns 30% para Dilma.

4. Em 2010, Lula atingiu o auge da popularidade e a economia cresceu 7,5%.  Agora, em 2014, Lula é apenas um eleitor de referência e a economia está parada.

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TRANSFERÊNCIAS DE VOTO NO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL!

Metade dos eleitores inscritos não votou em nenhum dos dois no primeiro turno.

1. As pesquisas eleitorais sobre a eleição presidencial no Brasil começaram a ser divulgadas. Mas devem ser tomadas com prudência neste início de segundo turno. Quando se acompanha as curvas nas séries de pesquisas e se observa tendências ascendentes ou declinantes, deve-se imaginar um processo em que os eleitores estão formando sua opinião e convencendo outros. Por isso as curvas.

2. Na abertura do segundo turno, aquele candidato que tem curva ascendente, tende a ter uma taxa de agregação, inicial, maior que seu adversário, pois o entusiasmo dos que votaram nele no primeiro turno atinge os que votaram em outros ou não escolheram candidato no primeiro turno. Mas ainda não se pode tomar esta decisão dos “outros” eleitores como cristalizada. A campanha eleitoral na TV e no boca a boca que provoca é que vai ajustando ou sedimentando esta reação inicial.

3. A campanha de Aécio Neves levou/leva uma vantagem técnica sobre a de seus adversários e vai manter esta vantagem técnica no segundo turno.  Explica-se. Usou e usa o instituto de pesquisas GPP, que desenvolveu nos últimos anos uma metodologia de amostragem superior aos demais (este Ex-Blog já comentou sobre a prevalência do fator espacial sobre os demais, etc.). Além disso, diversificando a amostra e usando perguntas sinalizadoras e em seguida cruzando-as com as intenções de voto, consegue-se antecipar tendências eleitorais, subsidiando a comunicação do candidato.

4. Numa política inorgânica como a brasileira, é ingenuidade pensar que o apoio de um ou outro candidato que não passou para o segundo turno, em nível nacional ou regional, transfira automaticamente os votos. Na verdade, o que se pode transferir é o voto potencial no candidato que passou para o segundo turno e que estava contido nos candidatos que não passaram para o segundo turno.

5. Isso se poderia saber ainda no primeiro turno com as perguntas e cruzamentos diversos. Sendo assim, na campanha eleitoral no segundo turno (que começou ontem na TV), com essa informação, a comunicação pode atrair e cristalizar os votos potenciais contidos em outras candidaturas, antes que sejam atraídos pela campanha virtual de seu adversário.

6. Não se trata de perguntar em que proporção a votação de Marina será transferida para os demais usando simplesmente as pesquisas que começam a ser divulgadas e que darão esse destaque. Há que se ir mais longe. A própria pergunta ao eleitor, em quem votou no primeiro turno, mostrará respostas que não são iguais aos votos depositados nas urnas. Mas não se trata de explicar aqui.

7. Há que se saber –desde o fim do primeiro turno- que potencial de re-decisão do eleitor que votou Marina ou não votou, tem para ir para um ou outro lado ou nenhum lado. Portanto, o fundamental é a demanda, ou seja, a lógica do eleitor. As declarações de Marina não serão capazes de fazer trocar de lado as razões do eleitor: não há transferência automática. Da mesma forma em relação aos 35% de eleitores que se abstiveram ou anularam o voto. Pode ter sido uma decisão ativa, ou apenas uma espera para decidir no segundo turno, quando se sentir mais empoderado.

8. Conhecidas as razões potenciais do eleitor –espaciais, valorativas, programáticas, temáticas, emocionais- que combinam com a desse ou daquele candidato/a, a comunicação fala para o eleitor certo e produz imediata sinergia.  Mas se as fotos e declarações bastarem aos candidatos e se deitarem em berço esplêndido, verão com surpresa que o eleitor não foi junto quando o trem passou.

9. Quem tiver essas informações, vence a eleição. Se –se- a equipe de Aécio analisou em profundidade as pesquisas do GPP, no primeiro turno, partirá com vantagem até se tornar favorito. Se…

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ELEIÇÕES NA AMÉRICA DO SUL EM OUTUBRO!

1. Neste domingo, 12/10, haverá eleição presidencial na Bolívia. O presidente Evo Morales é franco favorito para vencer no primeiro turno. As pesquisas indicam que terá um pouco menos de 60% dos votos. A oposição pulverizada tem como adversário com maior porcentagem de intenções de voto o empresário Samuel Doria Medina, que está no entorno dos 15%.

2. No domingo, 26/10, haverá eleição presidencial no Uruguai. Dessa vez a probabilidade de haver segundo turno é muito alta. O ex-presidente Tabaré Vázquez, da Frente Ampla –esquerda- que governa o país há 4 governos, lidera as pesquisas com 40%, ou muito pouco mais. Seu principal adversário é Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional e jovem estrela emergente da politica uruguaia, neto de ex-presidente, que tem um pouco mais que 30%. O Partido Colorado segue com uns 15%. Os demais candidatos somam 5%. Não há favorito para o segundo turno.

3. Dia 26/10 também haverá segundo turno no Brasil. Líderes latino-americanos reclamam muito da ausência da política internacional no debate eleitoral brasileiro.

09 de outubro de 2014

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE A ELEIÇÃO PARA O SENADO!

1.  Ex-Blog: O resultado da eleição para o Senado o surpreendeu? Cesar Maia: Sim e não. Explico. Surpreendeu até o final de agosto, já com 15 dias corridos de TV. E não surpreendeu a partir daí, embora eu mantivesse a campanha aquecida até o dia da eleição. / Ex-Blog: Pode explicar melhor? / CM: O corpo a corpo que fiz com milhares de pessoas foram me explicando.  Os 20% com que abri e fechei a campanha eleitoral, eu sentia nas ruas, com o entusiasmo dos que me abraçavam e cumprimentavam. Mas não conseguia ver os eleitores dos adversários nas ruas se manifestando. Achei estranho.

2. Ex-Blog: E quando a ficha caiu?/ CM: Estava numa grande reunião na Região Serrana quando, ao final, a Sra. Procuradora de um dos Municípios se aproximou e disse que com os discursos havia mudado seu voto de Romário para mim. Eu disse a ela que minha condição básica era de professor e pesquisador e gostaria de saber por que ela, com a formação que tinha, estava escolhendo Romário. A resposta veio em cima: Queria protestar contra este Senado de Sarney e Renan.

3. Ex-Blog: Explique mais. / CM: O voto anterior dela era de protesto contra a política e os políticos, aliás, como é o sentimento da maioria dos eleitores impulsionados pelas manifestações de 2013. Portanto, não se tratava de escolher entre um e outro, mas de ir contra a política. E quem expressava melhor isso seria o Romário, por seu perfil e estilo. Nas ruas fui testando isso e comprovando. Meu programa na TV explorava a comparação entre dois futuros senadores e as funções do Senado. Mas a disjuntiva não era essa.

4. Ex-Blog: E qual era? / CM: Eu era entre um candidato orgânico a senador e o outro expressava a antipolítica, tão comum hoje na América Latina. O voto de protesto não descola para outro candidato com argumentos racionais. A opção seria mudar o eixo da campanha e incorporar também um candidato de protesto usando a TV para isso.

5.  Ex-Blog: E por que não fez isso? / CM: A política não termina em uma eleição. Aprendi com Jacques Seguelá –publicitário de Mitterand- que quando um político pensa ser ator e muda de personagem, não provoca mais emoções. Preferi continuar com a mesma imagem. Afinal, os 20% que tive desde o início, desde antes da TV, desde que foi decidida minha eleição ao Senado, falam para uma parte expressiva e orgânica do eleitorado. Afinal, o voto de protesto se dilui com o tempo.

6. Ex-Blog: Nesta eleição, que outros exemplos daria de eleitos pela antipolítica ou pelo voto de protesto? CM: Independente de referências pessoais distintas –os casos de S.Paulo –aqui ao lado- são evidentes: primeiro Enéas e depois Tiririca e agora Tiririca novamente. No caso Enéas, uma importante agência de publicidade, após a eleição, realizou ampla pesquisa quali-quanti e qualitativa para entender a origem do voto de Enéas, já que, na TV, Enéas apontava para um nacionalismo extravagante que a história aponta riscos. Mas não tinha nada a ver com conteúdo. Enéas era um voto de protesto. Com sua morte, aqueles mais de 1 milhão de eleitores iriam depois na direção do mesmo tipo de voto. Tiririca, com imagem muito diferente, expressou as mesmas razões de voto em duas eleições seguidas, com passagem apagada na Câmara.

7. Ex-Blog: E como você sai dessa eleição? / CM: Saio como entrei. Agradeço a Sra. Procuradora ter iluminado as razões do voto que fui comprovando depois. Com isso, mantive a campanha aquecida nas ações e tranquila psicologicamente.  E coerente com minha vida pública.

8. Ex-Blog: Você tentou alternativas? / CM: Certamente. Diria que em três caminhos buscava reduzir a diferença.  Primeiro a colagem com o governador; segundo, as clássicas “colinhas” de fim de campanha; e terceiro a comparação para públicos determinados e organizados, de fatores comportamentais e valores.  Fiz tudo isso intensamente, nos auditórios, nas ruas, na TV e nas residências. E nada aconteceu ou acontecia. O voto contra algo e não a favor de candidato, não descola numa eleição. Só com o tempo.

9. Ex-Blog: Se você terminou como começou e nada abalou esse patamar, o que diria a seus eleitores? Você diria que esses 1,5 milhão de eleitores são seus, já que não se abalaram do início ao fim? / CM: Não teria esta pretensão. Afinal, a política é dinâmica. Mas os três meses de campanha só afirmaram o que sou e o que penso. E para repetir um pensamento dos políticos e olhando para frente: O Tempo é o Senhor da Razão.

10. Ex-Blog: Você checou essa sua conclusão nas pesquisas do GPP que você usa?  / CM: Certamente. Sempre incluía uma pergunta: Quem é o mais preparado para ser senador? Dava: Cesar Maia no entorno de 50% e Romário no entorno de 30%. Mas a pergunta em quem votaria dava o resultado que o Ibope, Datafolha e não só o GPP divulgavam. Foram várias vezes. Ficou provado para mim que o voto era de protesto e não para um Senador.

Cesar Maia fala sobre a eleição para o Senado

Ex-Blog: O resultado da eleição para o Senado o surpreendeu?
Cesar Maia: Sim e não. Explico. Surpreendeu até o final de agosto, já com 15 dias corridos de TV. E não surpreendeu a partir daí, embora eu mantivesse a campanha aquecida até o dia da eleição.

Ex-Blog: Pode explicar melhor?
CM: O corpo a corpo que fiz com milhares de pessoas foram me explicando. Os 20% com que abri e fechei a campanha eleitoral, eu sentia nas ruas, com o entusiasmo dos que me abraçavam e cumprimentavam. Mas não conseguia ver os eleitores dos adversários nas ruas se manifestando. Achei estranho.

Ex-Blog: E quando a ficha caiu?
CM: Estava numa grande reunião na Região Serrana quando, ao final, a Sra. Procuradora de um dos Municípios se aproximou e disse que com os discursos havia mudado seu voto de Romário para mim. Eu disse a ela que minha condição básica era de professor e pesquisador e gostaria de saber por que ela, com a formação que tinha, estava escolhendo Romário. A resposta veio em cima: Queria protestar contra este Senado de Sarney e Renan.

Ex-Blog: Explique mais.
CM: O voto anterior dela era de protesto contra a política e os políticos, aliás, como é o sentimento da maioria dos eleitores impulsionados pelas manifestações de 2013. Portanto, não se tratava de escolher entre um e outro, mas de ir contra a política. E quem expressava melhor isso seria o Romário, por seu perfil e estilo. Nas ruas fui testando isso e comprovando. Meu programa na TV explorava a comparação entre dois futuros senadores e as funções do Senado. Mas a disjuntiva não era essa.

Ex-Blog: E qual era?
CM: Eu era entre um candidato orgânico a senador e o outro expressava a antipolítica, tão comum hoje na América Latina. O voto de protesto não descola para outro candidato com argumentos racionais. A opção seria mudar o eixo da campanha e incorporar também um candidato de protesto usando a TV para isso.

Ex-Blog: E por que não fez isso?
CM: A política não termina em uma eleição. Aprendi com Jacques Seguelá –publicitário de Mitterand- que quando um político pensa ser ator e muda de personagem, não provoca mais emoções. Preferi continuar com a mesma imagem. Afinal, os 20% que tive desde o início, desde antes da TV, desde que foi decidida minha eleição ao Senado, falam para uma parte expressiva e orgânica do eleitorado. Afinal, o voto de protesto se dilui com o tempo.

Ex-Blog: Nesta eleição, que outros exemplos daria de eleitos pela antipolítica ou pelo voto de protesto?
CM: Independente de referências pessoais distintas –os casos de S.Paulo –aqui ao lado- são evidentes: primeiro Enéas e depois Tiririca e agora Tiririca novamente. No caso Enéas, uma importante agência de publicidade, após a eleição, realizou ampla pesquisa quali-quanti e qualitativa para entender a origem do voto de Enéas, já que, na TV, Enéas apontava para um nacionalismo extravagante que a história aponta riscos. Mas não tinha nada a ver com conteúdo. Enéas era um voto de protesto. Com sua morte, aqueles mais de 1 milhão de eleitores iriam depois na direção do mesmo tipo de voto. Tiririca, com imagem muito diferente, expressou as mesmas razões de voto em duas eleições seguidas, com passagem apagada na Câmara.

Ex-Blog: E como você sai dessa eleição?
CM: Saio como entrei. Agradeço a Sra. Procuradora ter iluminado as razões do voto que fui comprovando depois. Com isso, mantive a campanha aquecida nas ações e tranquila psicologicamente. E coerente com minha vida pública.

Ex-Blog: Você tentou alternativas?
CM: Certamente. Diria que em três caminhos buscava reduzir a diferença. Primeiro a colagem com o governador; segundo, as clássicas “colinhas” de fim de campanha; e terceiro a comparação para públicos determinados e organizados, de fatores comportamentais e valores. Fiz tudo isso intensamente, nos auditórios, nas ruas, na TV e nas residências. E nada aconteceu ou acontecia. O voto contra algo e não a favor de candidato, não descola numa eleição. Só com o tempo.

Ex-Blog: Se você terminou como começou e nada abalou esse patamar, o que diria a seus eleitores? Você diria que esses 1,5 milhão de eleitores são seus, já que não se abalaram do início ao fim?
CM: Não teria esta pretensão. Afinal, a política é dinâmica. Mas os três meses de campanha só afirmaram o que sou e o que penso. E para repetir um pensamento dos políticos e olhando para frente: O Tempo é o Senhor da Razão.

Ex-Blog: Você checou essa sua conclusão nas pesquisas do GPP que você usa?
CM: Certamente. Sempre incluía uma pergunta: Quem é o mais preparado para ser senador? Dava: Cesar Maia no entorno de 50% e Romário no entorno de 30%. Mas a pergunta em quem votaria dava o resultado que o Ibope, Datafolha e não só o GPP divulgavam. Foram várias vezes. Ficou provado para mim que o voto era de protesto e não para um Senador.