30 de outubro de 2015

A PIRÂMIDE SOCIAL INVERTIDA DA CRISE BRASILEIRA!

1. As crises econômicas tradicionais começavam sempre atingindo os setores mais vulneráveis, os de menor renda, os que não contavam com redes de proteção social, etc. E ia subindo progressivamente, ultrapassando o tempo do seguro desemprego, afetando os trabalhadores, antes com carteira assinada.

2. Depois subia para os setores médios de classe média baixa e média, dada margem de segurança pela poupança que tinham acumulado. E assim progressivamente, até atingir a classe média alta, as empresas e empresários pela extensão e aprofundamento da crise.

3. Na atual crise brasileira, essa pirâmide está quase invertida. Atingiu a classe média antes da classe trabalhadora. E atingiu de três maneiras. A classe média foi atingida pelo desemprego e foi além da poupança que acumulou, voltou ao mercado de trabalho, agora muito mais restrito. As inadimplências, bancária e imobiliária, avançaram com velocidade.

4. Quando conseguiu espaço novo no mercado, teve que aceitar remuneração menor que a anterior, afetando a qualidade de vida de sua família. Essa rotatividade descendente -em que o novo emprego é de menor remuneração que o anterior- ainda vem agravada pela redução absoluta dos empregos com carteira assinada. E, como seria de se esperar, a informalidade cresceu e está atingindo o patamar dos 50%.

5. Dois fatos são novos nas crises brasileiras. O primeiro é o fato da crise só estar atingindo os segmentos de menor renda após os demais. Isso se explica pela rede de proteção social construída nos últimos anos, com destaque para os programas de renda mínima e transferências de renda e as “flexibilidades” adotadas em relação ao seguro desemprego e aposentadoria.

6. O segundo é a crise ter começado -e de forma intensa- pelo andar de cima. No centro desse processo dois vetores principais: a) a crise que atingiu a Petrobras fulminou seu entorno de grandes empresas da área de infraestrutura. b) a irresponsabilidade fiscal nas eleições de 2014 não foi exclusividade do governo federal. A crise fiscal -e de endividamento- é de amplo alcance entre Estados e Municípios – com as situações dramáticas do Rio Grande do Sul e do Estado do Rio de Janeiro.

7. No caso do Estado do Rio de Janeiro, a queda vertical dos preços do barril do petróleo -de mais de 50%- atingiu duramente os municípios dependentes dos royalties do petróleo – especialmente do Norte e da Região dos Lagos e, claro, o próprio Estado do Rio.

8. Esse é o fato novo: a crise afetar primeiro e de forma mais que proporcional o andar de cima e as finanças públicas; e como nunca. Fato novo e com ampla repercussão política pela capacidade de vocalização desses segmentos.

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ONDA AZUL TAMBÉM NO CHILE: REJEIÇÃO A BACHELET CHEGA A 57%!

(Estado de SP, 29) O descontentamento dos chilenos com a gestão da presidente Michele Bachelet atingiu 57%, enquanto a aprovação se manteve em 36% em outubro, de acordo com uma pesquisa divulgada ontem. A oposição conservadora ganhou espaço. Para a consultoria responsável, os números expressam uma crise política. Entretanto, a porcentagem dos que acham que o país progrediu subiu cinco pontos, passando para 23%. A pesquisa teve a participação de 1,2 mil pessoas e tem uma margem de erro de 3%.

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AUDIÊNCIA DAS TVs: 28/10 À NOITE!

(Kogut – G1, 29) 1. Na quarta-feira, 28, “Além do tempo”, “I love Paraisópolis” e “A regra do jogo” obtiveram a mesma média no Rio: 25 pontos. Em São Paulo, as novelas das 18h e das 21h marcaram 23. A história das 19h alcançou 25. A partida Santos x São Paulo repetiu recorde de audiência da Copa do Brasil com 24 pontos em São Paulo. No Rio, Palmeiras x Fluminense cravou 23. Na Record, “Os Dez Mandamentos”, no ar das 20h34m às 21h41m, liderou com 24 pontos. Na faixa, a Globo teve 23. Em São Paulo, a novela registrou 21 contra 23 da Globo.

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8,8 MILHÕES DE DESOCUPADOS!

(G1, 29) 1. Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua, que substituirá a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A população desocupada cresceu 7,9% em relação ao trimestre de março a maio e chegou a 8,8 milhões de pessoas. Já em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o aumento foi ainda maior, de 29,6%. O número de empregados com carteira assinada caiu 1,2% sobre o período de março a maior e 3% diante do período de junho a agosto de 2014.

2. “Podem ser pessoas mais velhas ou podem ser estudantes. O mercado teve queda de mais de um milhão de empregos com carteira assinada em um ano, isso é perda de estabilidade. Acaba gerando busca por estabilidade, o que faz com que pessoas sigam para mercado de trabalho que não está contratando, pelo contrário”, completou.

3. Estão ocorrendo mudanças na estrutura do mercado. A carteira de trabalho reduz fortemente. Quando uma pessoa perde emprego com carteira, isso leva com que no domicílio a pessoa [que antes não estava procurando emprego] procure compor a estabilidade perdida. Como o mercado não está contratando, há uma pressão forte, e essa pressão faz com que esse crescimento expressivo, de ter um aumento nunca antes visto na série histórica da pesquisa.   

Projeto de Cesar Maia concede o título de cidadão benemérito a Fernando Ferreira Botelho

CONCEDE O TÍTULO DE CIDADÃO BENEMÉRITO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO A FERNANDO FERREIRA BOTELHO (FERNANDINHO)

Autor(es): VEREADOR CESAR MAIA

A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

D E C R E T A :

Art. 1º Fica concedido o Título de Cidadão Benemérito do Município do Rio de Janeiro a FERNANDO FERREIRA BOTELHO, ex-futebolista.
Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.

Plenário Teotônio Villela, 29 de outubro de 2015.

Vereador CESAR MAIA
Líder do Democratas

JUSTIFICATIVA

No próximo dia 31 de outubro, se completarão 100 anos que o Clube de Regatas do Flamengo disputou seu primeiro jogo no estádio da Rua Paissandu, sede dos esportes terrestres do clube (principalmente futebol, basquete e atletismo) entre 1915 e 1932.

No dia de estreia nesse estádio, o Flamengo conquistou o título do Campeonato Carioca de 1915, goleando o Bangu por 5×1. Na realidade, o título de 1915 representou o bicampeonato, pois também foi conquistado pelo Clube o título de 1914.

Também foi o primeiro título invicto da história do Flamengo. No estádio da Rua Paissandu, o Flamengo conquistou 5 dos 33 títulos do Campeonato Carioca que possui.

Há toda uma história ocorrida naquela localidade da Rua Paissandu, praticamente desconhecida.

O último goleiro que atuou pelo Flamengo nesse estádio foi Fernandinho (Fernando Ferreira Botelho), primeiro goleiro profisisonal do Clube, que até hoje se encontra lúcido, aos 102 anos.

A história de Fernandinho no Rubro-Negro é longa e nunca teve fim. O ídolo acompanha o Flamengo desde criança, jogou nas categorias de base e é conselheiro vitalício do clube. O arqueiro defendeu a equipe entre 1930 e 1934.

Antes disso, o esportista amador jogava de graça pelo clube. Fernandinho era o goleiro do Flamengo no que foi a primeira excursão do clube para fora do Brasil, para o Uruguai. Com problemas no joelho, sua carreira teve final prematuro, quando o atleta tinha apenas 21 anos de idade, mas ostenta a melhor média de gols sofridos em Fla-Flus, na história do clássico, confronto em que se manteve invicto por toda sua carreira.

Pela relevância de Fernandinho para a história do Flamengo, pelo centenário da primeira partida do Flamengo na Rua Paissandu e pelo importância do Clube de Regatas do Flamengo para a Cidade do Rio de Janeiro, peço a esta Casa de Leis que analise e aprove o Título de Cidadão Benemérito em questão

29 de outubro de 2015

QUAIS AS RAZÕES DA ASCENSÃO MUNDIAL DA DIREITA?

1. O processo de globalização não é privativo da economia. Da mesma forma, a cultura. E, claro, da mesma forma, a política. O mercado de marketing político comprova isso. As experiências adquiridas por publicitários em campanhas eleitorais num país são contratadas por candidatos de outros países. Na América Latina isso é geral. Na Europa, essa mobilidade também é ampla, mas com as naturais restrições de língua.

2. Nos últimos dias, candidatos de direita e centro-direita venceram as eleições em Portugal, Polônia, Guatemala e em Bogotá. Na Argentina, a votação de Macri surpreendeu até mesmo a sua campanha e parte para o segundo turno como favorito. A extensão desses fatos e a diversidade das situações e tantos outros casos nos últimos anos permite pensar que se trata de uma ascensão globalizada da direita nas expectativas do eleitorado.

3. Um fator comum a todos esses casos foi a corrupção política. O vencedor do segundo turno na Guatemala –um comunicador de TV- com seus 70% de votos, contra a candidata da esquerda, usou o slogan: “Nem ladrão, Nem Corrupto”. E “a política pode ser feita sem corrupção.”  Em Portugal e Guatemala os anteriores chefes de governo foram presos por corrupção. Em Bogotá, o ex-prefeito de esquerda foi afastado por irregularidades. Na Polônia, os dois primeiros lugares foram dos partidos de direita e centro-direita.

4. Na Argentina, os escândalos que envolveram o governo de Cristina Kirchner foram o tema eleitoral. A economia em crise profunda, com inflação de 30%, PIB estagnado, Banco Central sem reservas, dólar paralelo quase 80% maior que o oficial, inacreditavelmente, não foi tema de campanha. Taxistas em Buenos Aires repetiam: não queremos um governo como esse de Dilma, aqui. O foco era a corrupção.

5. Um corte nos temas que levaram os eleitores a optar pela direita e não pela esquerda foi a corrupção política. Mas nesses anos todos para trás, os escândalos afetaram os políticos de direita e os governos de direita. Então por que a direita política surge como uma alternativa? A resposta pode ser encontrada em conversas coloquiais com as pessoas nas ruas, nas praças e em reuniões.

6. A percepção é que a corrupção na direita é de responsabilidade individual de políticos. Talvez pela inorganicidade dos partidos brasileiros mais à direita, o foco se dirige às pessoas dos políticos. No caso da esquerda nos governos, é como se fosse uma corrupção orgânica das direções partidárias e não apenas de um ou outro político ou dirigente. E os fatos ajudam a reforçar esta percepção. O Brasil é um exemplo, destacado entre outros.

7. Os destaques na imprensa reforçam isso: o PT faz parte das manchetes continuamente. Os demais partidos surgem nas manchetes, mas o foco é individual nos políticos e não no coletivo. As redes sociais comprovam e reforçam esta percepção. Vídeos e memes não só destacam políticos do PT, assim como o próprio PT, como o personagem principal.

8. Quando Dilma, no precipício da crise econômica e moral, chama um economista de direita, ajuda a reforçar esta percepção. O PT –e sua estrela- em todas as mobilizações e campanhas eleitorais sempre destacou a sua marca. Esse foi um multiplicador positivo na oposição. Agora, no governo, com os escândalos envolvendo ex-presidentes e tesoureiros, ministros, líderes do PT, a percepção da corrupção partidária passou a ser um multiplicador negativo.

9. E, pelo menos em 2016, não haverá tempo para reversão dessa percepção. E não é da natureza do PT esconder a sigla atrás do número. Até pode ser feito numa cidade menor. Mas nas maiores, especialmente com cobertura da TV, é impossível, pois o foco maior do PT e Lula é 2018. No Rio querem coligar com o PMDB. Assim escondem o partido e deixam o campo livre para seus candidatos a Vereador. Isso ocorrerá em outras cidades maiores.

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“BRASIL CAI CINCO POSIÇÕES EM RANKING DE AMBIENTE DE NEGÓCIOS”!

(Folha de SP, 28) O Brasil manteve uma colocação ruim no ranking anual do Banco Mundial sobre ambiente de negócios, divulgado nesta terça (27), ficando em 116º lugar. O levantamento engloba 189 países. Na pesquisa do ano anterior o Brasil passou para o 111º lugar.

28 de outubro de 2015

CRISE DE QUATRO LADOS MOSTRA QUE POÇO AINDA NÃO TEM FUNDO!

1. A cada dia a crise brasileira se aprofunda e se torna mais complexa. Uma crise de 4 lados – Política, Econômica, Social e Moral. A crise política se traduz hoje em impasse no Congresso, com a denúncia em relação ao presidente da Câmara. E deve ser agravar muito mais com a introdução de novos nomes de parlamentares em função de delações premiadas adicionais, cruzadas e apoiadas no alcance externo das investigações.

2. Se não bastasse, a investigação sobre o filho de Lula, com busca e apreensão em suas empresas, azedou definitivamente as relações Lula-Dilma que, supostamente, têm dado sustentação ao ministro da justiça, teoricamente responsável pelas ações da Polícia Federal.

3. A crise econômica, além da queda do PIB em 2015 de 2% ou mais, já projeta queda do PIB em 2016 em algo como 1,5%. O crescimento da dívida pública, acelerado pelo aumento do dólar, antecipa a relação Dívida/PIB para o nível de 70%, marcando uma tendência ascendente. A indústria enfrenta a crise mais grave desde sempre. O ajuste fiscal, hoje, na prática e dentro de 2016, se resume a manter os vetos presidenciais em matérias que aumentam despesas e ao repatriamento de recursos.

4. A crise social avança através do desemprego crescente. Dos 5% de 2015, já passa dos 8%, e a curva do desemprego aponta para 10% ou mais no início de 2016. O IBGE, semana passada, divulgou o corte do desemprego entre os jovens entre 18 e 24 anos. Dos 12% com que abriu 2015, hoje se encontra em mais de 18%. E há uma precarização adicional do mercado de trabalho com a queda dos empregos com carteira assina e ampliação da informalidade.

5. A questão moral vem sendo aprofundada através da operação Lava-Jato, com novas delações premiadas. A operação Zelotes abriu um novo leque de delações e denúncias. Quem tinha dúvidas que não havia limitação nas investigações do judiciário, do ministério público e da polícia federal, agora não tem mais. Vale para todos os andares do edifício social.

6. A convergência das 4 crises, com aprofundamento simultâneo delas, está tendo um efeito geométrico na intensidade da crise geral.  A cada dia fica mais claro que há uma necessidade extrema de um acordo político nacional. Imaginar que possa ocorrer com Dilma é ilusão apenas.

7. Se o presidente da Câmara aceitar o pedido de impeachment em função de fatos novos, como pedaladas em 2015, o tema que Dilma imaginava superado retorna com toda a força em função da necessária tramitação através de etapas até chegar ao plenário. Dessa forma, conviver-se-ia com um encalhamento político.

8. Diz a tradição política que, no limite, a crise política se resolve por ela mesma, de uma ou outra forma, com ou sem Dilma. Aguardemos.

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LULA X DILMA: TERCEIRO ROUND!

(Painel – Folha de SP, 28) 1. No encontro com lideranças do MST, no sábado, em São Paulo, o ex-presidente Lula disse que cobraria de sua sucessora que cumpra o compromisso assumido de assentar 120 mil famílias até o final de seu mandato.  Lula disse que o movimento precisa “lutar e pressionar” para que o governo avance e ultrapasse a tímida marca de 12 mil famílias assentadas até agora.

2. Siga o mestre. Nesta terça, portanto três dias depois do encontro, cerca de 1.000 militantes do MST ocuparam a sede do Incra, em Brasília, para cobrar a promessa da presidente Dilma Rousseff.

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PIB DE 2013 SÓ SERÁ ALCANÇADO EM 2019!

(Folha de SP, 28) Recessão prevista para 2015 e 2016 vai reduzir o tamanho da economia brasileira. A recessão brasileira vai ser tão intensa nos próximos anos que o tamanho do PIB do País só vai voltar ao patamar de 2013 em setembro de 2019. O cálculo é do economista da NeoValue Investimentos Alexandre Cabral. De acordo com ele, o tamanho da economia brasileira em 2013 era de R$ 5,513 trilhões, valor que só será alcançado em setembro de 2019. Cabral usa como base as projeções do relatório Focus, do Banco Central, para fazer a sua projeção. Segundo o boletim, os analistas esperam uma recessão de 3,02% para este ano, e de 1,43% em 2016.

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NA ÁREA PORTUÁRIA E NO SAMBÓDROMO, PRÉDIOS LANÇADOS COM GRANDE DESTAQUE “ESTÃO ÀS MOSCAS”!

(Folha de SP, 25) 1. Com obras concluídas há seis meses na região central do Rio, ao lado do Sambódromo, o edifício EcoSapucaí chama atenção pela arquitetura de Oscar Niemeyer, uma fachada de 22 mil metros quadrados de vidros, e pela a absoluta falta de inquilinos. A cinco quilômetros dali, o Port Corporate Tower, primeiro da revitalização da região portuária, foi inaugurado há quase um ano, mas só tem um ocupante: a Tishman Speyer, a proprietária do empreendimento. O edifício custou cerca de R$ 280 milhões. Os projetos fazem parte de uma leva de prédios corporativos -ramo chamado de lajes, em que empresas alugam até andares inteiros- lançados no início desta década, no embalo da revitalização das regiões para a Olimpíada. Os prédios estão às moscas.

2. A zona portuária tem 22,05% de espaços em vacância (vazios), perto da média dos últimos trimestres da área, que antes estava abandonada.  O EcoSapucaí, por exemplo, tem heliponto, sala de reunião, lojas, restaurantes e uma das maiores lajes do mercado (quase 5.000 m²). O aluguel de metro quadrado custa R$ 110 por mês. O preço varia conforme a negociação. Com a dificuldade de atrair inquilinos, o prejuízo, neste caso, fica para o fundo soberano de Cingapura, que comprou o prédio da gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI) no início deste ano.

3. Com o mau momento do mercado, metade dos empreendimentos com previsão de entrega até 2018 na zona portuária deve ser postergada ou cancelada, segundo Thierry Botto, diretor da Cushman & Wakefield no Rio de Janeiro. São cerca de 20 prédios programados. O conjunto de cinco torres do magnata norte-americano Donald Trump seria um candidato a isso. Com valor de venda de até R$ 6 bilhões, as Trump Towers ainda estão em avaliação na prefeitura e podem ou não começar a ser construídas em 2016.

27 de outubro de 2015

ALGUNS APRENDIZADOS DAS ELEIÇÕES ARGENTINAS! LIDERANÇAS! REDES SOCIAIS!

1. No dia da eleição, em almoço na universidade do trabalho, o ex-presidente da CGT, Rodolfo Daer, após fazer um retrospecto da história do sindicalismo e relações com partidos, citou Peron que, em visita a CGT em 1951, afirmou: “Os sindicatos não são fortes pela quantidade de seus militantes, mas pela qualidade de seus dirigentes”. Se vale para os sindicatos, vale muito mais para os partidos políticos brasileiros, onde lhes falta dirigentes de qualidade.

2. A Argentina desistiu dos partidos na disputa de poder nas eleições. Oficializou as coligações e as legitimou como o instrumento mais apto para democratizar o processo eleitoral. Paradoxalmente, no Brasil, os analistas entendem as coligações como um atraso e querem que sejam proibidas por lei.

3. As redes sociais tiveram destaque nas campanhas. A campanha de Scioli contou com uma assessoria de alta qualificação para as redes sociais, com técnicos profissionais e maior gasto financeiro. Mas organizou esse processo só para a campanha eleitoral. O PRO, de Macri, tem esse trabalho continuo há mais de 2 anos, profissional e financiado. A política através das redes sociais não pode ser confundida com o momentum eleitoral, como o fazem os pré-candidatos no Brasil.

4. A apresentação de Gimenez, responsável pela comunicação através das redes sociais, da campanha de Scioli foi uma aula, mas não produziu os resultados possíveis por ter sido contratado para a campanha. Ele lembrou que, em geral, os políticos e em especial os candidatos não acreditam nas redes sociais para atrair os eleitores. Deveriam entender que na eleição se tenta vender um produto que o eleitor não gosta: 70% dos argentinos não têm interesse.

5. As empresas usam crescentemente o marketing digital. Os partidos não. Esse é um trabalho que deve ser personalizado, até porque há que desenvolver permanentemente tecnologias para tanto.  Gimenez lembrou que Redes Sociais são “específicas”: uso da internet para chegar a grupos específicos: segmentar, recortar, desde o básico (fator geográfico…), até preferências específicas com mensagens específicas. Isso exige pesquisa nas redes para direcionamento. Há que fazer trabalho permanente e orgânico nas redes.

6. Cada pessoa no Facebook, disse, tem entre 200 e 300 amigos. Aqui se identifica temas e preferências. A equipe de Redes deve estar dentro da direção da campanha eleitoral, ao par com a assessoria de comunicação – mídia e publicidade. Internet é a possibilidade de interagir. TV e Rádio são unidirecionais. Internet é como um focus grupo gigante. Por isso, inserções que fazemos várias vezes temos que retirar. Hoje se fica mais tempo na internet que na TV. Deve-se criar alternativas para quem está conectado através de Links. Vídeos têm que atrair nos primeiros 5 segundos ou no máximo 15 segundos.

7. Nenhum dos três coordenadores de campanha dos três principais candidatos (Scioli, Macri e Massa) sequer referiram às redes sociais.

8. Assessor do UNA de Massa sublinhou que campanha pelas redes precisa de financiamento e organização. Tem que atuar e reproduzir o que existe (fatos, ideias, processos) e não sobre o nada, inventado. Não pode ser ficção.  Abaixo de 20 anos não usa TV: só internet e netflix. Só o PRO de Macri tem este trabalho orgânico e permanente.

9. Sobre isso, o presidente da Juventude do PRO, em reunião um tempo atrás em Buenos Aires, disse que fazia parte da equipe de redes sociais de Macri, que a equipe é constante e tem mais de 20 membros só para internet e que muitos são recrutados advindos da Juventude do PRO.

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IBOPE E OS PRESIDENCIÁVEIS! PESQUISA ENTRE 11 e 21 DE OUTUBRO!

1. Os que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula pularam de 33% em maio de 2014 para 55% agora. É a maior rejeição entre todos os nomes testados. Cresceu menos, mas também cresceu a taxa dos que não votariam de jeito nenhum em Aécio (de 42% para 47% em um ano), em Marina (de 31% para surpreendentes 50% em um ano), e em Serra (de 47% para 54% em dois anos). Não há comparativo, mas a rejeição a Alckmin e a Ciro é igualmente alta: 52% para ambos.

2. O crescimento generalizado da rejeição mostra que o desgaste de Lula, embora maior do que o dos demais, não está sendo capitalizado por ninguém. Ao contrário, uma fatia crescente do eleitorado demonstra desprezo por todos os políticos, inclusive por aqueles que, como Marina, pretendem simbolizar renovação. Isso aumenta a incerteza e abre espaço para surpresas em 2018.

3. Apesar de decadente, a taxa de eleitores que dizem que votariam com certeza em Lula ainda é maior do que a de todos os seus rivais: 23% (era 33% em maio de 2014). Em segundo lugar aparece Aécio com 15%, seguido de perto por Marina, com 11%. Serra tem 8%, Alckmin tem 7% e Ciro, 4%.

4. Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%) empatam tecnicamente em potencial de voto – a soma de eleitores que votariam neles com certeza ou poderiam votar.  Serra e Alckmin têm potencial equivalente: 32% e 30%, respectivamente. Ciro tem 20%.

26 de outubro de 2015

O FUNERAL DO KIRCHERISMO PELA VONTADE DO ELEITOR!

A) TODOS OS INSTITUTOS DE PESQUISA ERRARAM REDONDAMENTE! OS DOIS COMANDOS/CHEFES DAS CAMPANHAS DOS CANDIDATOS (SCIOLI E MACRI) ERRARAM REDONDAMENTE!

Os Institutos davam 38% para Scioli e 30% para Macri. No sábado, a campanha de Scioli dava em torno de 40% a ele e quase 30% para Macri. A campanha de Macri dava 38% para Scioli e 32% para Macri. Na Província de Buenos Aires, 40% do eleitorado, feudo do peronismo, venceu a candidata de Macri, que era sua secretaria social na Capital. No final, a eleição presidencial terminou com quase empate: Scioli 36,7% e Macri 34,4%. Leia abaixo a análise dos candidatos na véspera.

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B) ARGENTINA: REUNIÕES COM OS CHEFES DE CAMPANHA NA VÉSPERA (24) DA ELEIÇÃO! O QUE PENSAVAM!

Reuniões foram fechadas com observadores internacionais selecionados pela Fundação de Estudos Políticos e Sociais.

I. DESTAQUES DA REUNIÃO COM TELERMAN, CHEFE DE CAMPANHA DE SCIOLI!

Mostrou-se tranquilo, risonho, irônico e otimista.

1. (Scioli, ontem à noite, na TV, voltou a mostrar intimidade com DILMA): Mostra que é um líder com vínculos regionais. Mostrar proximidade agrega. Problemas do Brasil não interferem em
nada nas eleições.

2. Eleição histórica: haverá mudança política importante. Mudam os protagonistas.

3. Ser candidato oficialista facilita e traz inconvenientes depois de 12 anos. Scioli é o líder que propõe substituir e avançar.

4. Uma vez escolhido candidato houve unidade do peronismo.

5. Tracking de hoje deu 11 pontos sobre Macri e 1 ponto dos 40%. Se a diferença for de até 1 ponto a apuração continuará por pelo menos 2 dias.

6. Scioli tem uma enorme disciplina. Não pode cometer erro e não cometeu.

7. Há uma mistificação dos debates. Não são tão importantes assim. É mais simbólico.

8. Há um desinteresse crescente pela eleição pela percepção que governos não vão resolver os problemas.

9. Scioli é independente de Cristina. Esse foi o nosso principal problema de comunicação. Mostrar que Scioli não será mandado por Cristina. Por isso, apresentou seus ministros que não são cristianistas.

10. Scioli tem capacidade de diálogo, harmoniza com as demandas da época e é gradualista.

11. Há uma expectativa relativamente otimista com o futuro da economia. É o candidato, é bom de campanha.

12. Política externa regional e China são prioridades.

13. Maldição: nunca um governador da Província de Buenos Aires foi presidente eleito. Scioli vai interromper está maldição. Governador de Buenos Aires sempre teve atrito com presidente. São 40% dos eleitorado.

14. Estratégia Chave da Campanha: CONSTRUIR SOBRE O CONSTRUÍDO.

II. DESTAQUES DA REUNIÃO COM DEPUTADA PATRÍCIA BULRICH, DO COMANDO DA CAMPANHA DE MACRI!

Mostrou-se tranquila e politicamente densa.

1. Sistema político argentino desarticula e fragmenta. Até 1983 o sistema era lógico: UCR e PJ. Ditadura fragmentou. Política de coalizões. Tem que se aderir às coligações para se ter chance. E não em partidos. Aparto do governo tem proeminência. Essa eleição 2015 é uma exceção. Todas as tentativas de terceira força fracassaram e se submeteram as coligações. Terceira via é um cemitério de partidos.

2. Panorama da América Latina é negativo. Macri vai romper com isso. Quebrar a tendência de permanência de quem governa. Argentina aderiu à linha chavista. Kirchner tem um teto eleitoral. Scioli não é representante claro do kircherismo. Nós, do Cambiemos, temos uma gestão exitosas no DF. Argentina: lógica da confrontação amigos x inimigos, continuidade x mudança. UCR, partido de maior tradição na Argentina e que faz parte de Cambiemos, nunca terminou um governo que começou em função da oposição ferrenha, inclusive do peronismo após anos 40. Scioli governaria com PJ na frente. Isso pesa. Elisa Carrió se somou a Cambiemos, mas como independente. Cambiemos é uma coalizão Não-Peronista. Massa é candidatura dissidente do PJ.

3. Cambiemos é uma força para disputar eleição presidencial. Consideramos que Scioli não chegue a 40% nem Massa troca com Macri. Há uma diferença de 7 pontos entre Scioli e Macri. Teremos segundo turno pela primeira vez. Problemas maiores na campanha: resistência do eleitor a um empresário presidente. Força dos subsídios sociais do PJ/Kirchner. Superamos estes pontos: 1) Unir os argentinos; 2) Programa pobreza zero; 3) Combate ao narcotráfico. Peso eleitoral da Província de Buenos Aires: 40%. Nossa candidata Maria Eugenia pode vencer aí. Nos chamam de suaves. Para Cristina não se sabe o que queremos.

4. Eleitorado se divide em 3 partes: 20% de kircheristas, 20% de anti-kircheristas e 40% oscilante entre os 2. Margens são estreitas. Em que proporção eleitor quer mudança? Para política argentina democracia precisa de inimigos para avançar. Dialética tem sido Kircheristas x Não-Kircheristas, Populistas x Republicanos. Confusão político-ideológica na Argentina. Contradição principal: ter base mais aberta, republicana. Assim, não são tantas as diferenças internas no Cambiemos. Fundação Pensar mantém mais de mil profissionais trabalhando no programa de governo. As ideias fluem com dificuldade porque o aparato comunicacional do governo obstrui.

5. Massa optou por propostas tipo mão dura para público específicos: exército contra narcotráfico e controle da imigração de bolivianos e paraguaios. Governo esgotou seu repertório. Aí estão inflação, estagnação, crise de divisas, comércio externo. Propaganda do governo foi chamar de neoliberais as alternativas. Optamos por propor políticas de médio e longo prazo, saindo desse nó político: economia, segurança…  Campanhas têm menos importância do que imaginamos. Anos 90 ainda são demonizados. Massa tem cruzamento de 90% com peronistas. Teve defecções que voltaram ao peronismo como deputado Narvaez. Massa tem voto mais próximo de mudança que continuidade.

6. Macri presidente, Massa pode disputar liderança do peronismo. Estamos atraindo candidatos de menor votação. Houve perplexidade quando Macri inaugurou estátua de Peron. Mas passou rápido. Não perdemos nosso voto duro. De La Sota é importante e está integrado a nós. Com Macri presidente, Massa poderá dar ao sistema mais racionalidade. Hoje, parlamento argentino tem 43 blocos. Saindo Kircherismo, a tendência é haver alinhamento de governadores com seus deputados. Hoje eles são dependentes do governo federal. Mesmo vitória de Scioli quebra continuidade e força do Kircherismo. Cambiemos terá 90 deputados com esta eleição intermediária de 50%. Precisamos atrair mais 40. Vamos costurar coalizão parlamentar.

7. Nossos ministeriáveis são segredo, ao contrário de Scioli e Massa. Argentina é dividida socialmente no voto: de cima para baixo anti-peronismo e de baixo para cima! peronismo. Sempre foi assim. Essa será a primeira vez que peronismo terá menos que 40%. Kircherismo entrou nos setores culturais, que parte vota desgarrado em Scioli. Eleitor rejeita a política mas, no final, votam 85%. Essa eleição será assim pela disjuntiva oferecida. Pós-eleição, ambiente será de menos confrontação. No parlamento não haverá maiorias. Scioli dialoga e é moderado. Como será sua relação com parte de sua base que quer confronto?

8. Há que construir o sistema de mídia sem intervenção. Scioli poderia fazê-lo se a intervenção é kircherista? Economia não foi o tema central das campanhas. Mas sinalizamos que é preciso acabar com os “cepos” do dólar e de produtos de exportação, que derrubaram as reservas e as exportações, e inflação a 30%, falta de financiamento em função dos fundos abutres. O único ponto favorável hoje é o baixo endividamento. Crise energética. Hoje importamos US$ 14 bilhões de gás quando antes exportávamos.

9. Nossas medidas serão graduais: terminar os “cepos”, ter uma só moeda, ir cortando as retenções, Política Externa. Única restrição será ao bolivarianismo. Dilma mostra o que pode nos passar com Scioli. Nossa pesquisa de ontem: Scioli 38,3%, Macri 32,8%, Massa 17,1%. Segundo turno Macri 52% Scioli 48%.

23 de outubro de 2015

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DE S. PAULO ATÉ AGOSTO!

Para comparação, os valores de 2014 são inflacionados pelo IPCA.

1. Receitas Tributárias. R$ 14,819 bilhões. + 1,4% sobre 2014.
2. IPTU. R$ 4,970 bilhões. + 1,9% sobre 2014.
3. ISS. R$ 7,485 bilhões. (-1,2%) sobre 2014.
4. ITBI. R$ 1,148 bilhão. + 16,2% sobre 2014. Obs.: A partir de março a alíquota do ITBI foi aumentada em 50%.
5. FPM. R$ 133,4 milhões. + 1%.
6. ICMS. R$ 3,545 bilhões. (-5,8%) sobre 2014.           
7. Receitas com DÍVIDA ATIVA. R$ 126,2 milhões.  (-56,9%) sobre 2014.
8. OPERAÇÕES DE CRÉDITO. R$ 14,5 milhões. + 145% sobre 2014.  Valores irrisórios.

1. PESSOAL E ENCARGOS.  R$ 11,132 bilhões.  + 5% sobre 2014;
2. INVESTIMENTOS. R$ 1,721 bilhão. (-12,8%) sobre 2014.
3. SERVIÇO DA DÍVIDA.  R$ 2,293 bilhões. (-23%) sobre 2014.

                                                    * * *                 

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO GOVERNO DO ESTADO DE S. PAULO ATÉ AGOSTO!

Para comparação, os valores de 2014 são inflacionados pelo IPCA.

1. RECEITAS TRIBUTÁRIAS. R$ 95,649 bilhões. (-2%) sobre 2014.
2. ICMS. R$ 79,048 bilhões. (-3%) sobre 2014.
3. IPVA. R$ 11,921 bilhões. Estabilidade.
4. FPE. R$ 527,7 milhões. (-0,5%) sobre 2014.
5. Receitas com DÍVIDA ATIVA. R$ 965,9 milhões. + 11,3% sobre 2014.
6. OPERAÇÕES DE CRÉDITO. R$ 3,172 bilhões. (-34%) sobre 2014.

1. PESSOAL E ENCARGOS. R$ 65,479 bilhões. + 5,3% sobre 2014.
2. INVESTIMENTOS. R$ 4,150 bilhões. (-36%) sobre 2014.
3. SERVIÇO DA DÍVIDA. R$ 11,018 bilhões. + 2,5% sobre 2014.

* * *

“MASSACRE NO MERCADO DE TRABALHO”!

(Vinicius Torres Freire – Folha de SP, 23) 1. Há um massacre silencioso dos empregos nas grandes metrópoles do país. Desde que os dados permitem comparações, faz uma dúzia de anos, não se via coisa assim. Em um ano, o número de desempregados cresceu 56% —antes, o pior número fora de 22%, em 2003. São mais 670 mil pessoas que não conseguem emprego, segundo se soube ontem pelos dados do IBGE relativos a setembro.

2. Ante setembro de 2014, o pessoal empregado caiu 1,8%, jamais registrado na série de dados nova do IBGE. O total dos rendimentos caiu mais de 6%. O rendimento familiar per capita, 4,8%. A degradação vem sendo acelerada desde junho.

3. A taxa de desemprego está em 7,6%. Na média de 2015, deve ficar perto de 7%. Para o ano que vem, as previsões ficam entre 9% e 10%. O desemprego médio do ano passado ficou perto de 5%.

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O LAVA-JATO VENEZUELANO: ESCÂNDALO NA PDVSA!

(Wall Street Journal/La Nacion, 22)  NUEVA YORK – Los directores de una de las empresas constructoras más importantes de España estaban encantados de haber conseguido una cita con Rafael Ramírez, presidente de Petróleos de Venezuela (PDVSA), para hablar de sus planes para presentarse a la licitación de un proyecto de energía eléctrica de US$ 1.500 millones de la petrolera estatal venezolana.

Pero cuando llegaron a la suite presidencial del JW Marriott Hotel en Caracas, quien los recibió no fue Ramírez sino su primo, Diego Salazar, dijeron dos personas que participaron en esa reunión de 2006. Salazar, dicen estas fuentes, fue directo al grano: si querían entrar en carrera, los españoles tenían que pagar por lo menos US$150 millones en sobornos. “Si no, deben regresar al aeropuerto”, les dijo Salazar, según una persona.

Los ejecutivos no aceptaron, pero muchos otros proveedores estaban dispuestos a seguir el juego en varios proyectos de PDVSA, dicen personas que trabajaron con la empresa antes de la salida de Ramírez, el año pasado.

22 de outubro de 2015

DOMINGO (25): TRÊS IMPORTANTES ELEIÇÕES NA AMÉRICA LATINA!

1. Domingo (25) ocorrerão três importantes eleições latino-americanas. Eleição para presidente da Argentina, primeiro turno. Eleição para presidente da Guatemala, segundo turno. Eleição para prefeito de Bogotá.

2. A eleição para presidente da Argentina tem como única dúvida se haverá ou não segundo turno. Pela legislação eleitoral, para não haver segundo turno, o vencedor no primeiro deve alcançar 40% dos votos e ter uma vantagem de pelo menos 10% sobre o segundo. A eleição argentina ocorre num ciclo de recuperação da popularidade da presidente Cristina Kirchner, apesar da enorme crise econômica, que além da recessão e de alta inflação ainda tem suas reservas em divisas no “volume morto”, com o câmbio paralelo quase o dobro do oficial.

3. Scioli, candidato apoiado pela presidenta, ex-vice-presidente de Nestor Kirchner e governador do Estado de Buenos Aires (que representa para a Argentina mais do que representa S. Paulo para o Brasil), lidera oscilando entre 37% e 38%, à apenas uns 2 a 3 pontos da fronteira para vencer no primeiro turno. Macri, ex-prefeito da cidade de Buenos Aires (DF), com perfil de centro-direita, vem em segundo com quase 30%. Em seguida vem Massa, com uns 22%, ex-prefeito do município metropolitano de Tigre e hoje deputado nacional com a maior votação do país dois anos atrás. As pesquisas de vários institutos têm mantido esses patamares. Como o número de indecisos é ainda alto e a convicção do voto é maior em Scioli, analistas entendem que a vitória de Scioli no primeiro turno é possível.

4. Cesar Maia representará o Democratas como observador eleitoral a partir desta semana, na Argentina.

5. Bogotá tem eleição num turno só. O Congresso colombiano está prestes a votar a eleição em 2 turnos para municípios com grande população. Esse debate cresceu em função do último prefeito, Petro, ex-guerrilheiro do M-19, que chegou a ser destituído (mas recuperou o mandato) e enfrentou fortes questionamentos por sua gestão, enfrentando alta rejeição. Petro se elegeu com uns 30% e isso reforçou a tramitação da emenda constitucional introduzindo a eleição em 2 turnos.

6. Bogotá, que há poucos anos atrás era uma cidade referência de casos de sucesso, usada como vitrine do BID e do BIRD por administrações exemplares, vive hoje uma crise profunda nos principais serviços urbanos. As pesquisas apontam a vantagem do ex-prefeito Peñalosa, centro/centro-direita, com pouco mais de 30%. É seguido por Pardo, candidato igualmente de centro/centro-direita, com 25% das intenções de voto. Depois vem Clara López, socialdemocrata, com 20%. E, finalmente, Santos, candidato uribista, com quase 10%. Uma série de pesquisas mostra que esses patamares vêm se estabilizando nas últimas 4 semanas. De qualquer forma, pelas diferenças e por Bogotá ter surpreendido algumas vezes na reta final, há que se afirmar o favoritismo de Peñalosa, mas com prudência.

7. Finalmente, as eleições na Guatemala, que sofreram uma radical mudança em plena campanha eleitoral no primeiro turno. Baldizon, franco favorito, candidato apoiado pelo presidente general (r) Perez Molina, viu seu favoritismo despencar quando das prisões da vice-presidente e do presidente. Neste vácuo, cresceu uma candidatura antipolítica de Morales, comediante, com programa de forte audiência na TV. Nas últimas horas do primeiro turno, Sandra Torres, mulher do ex-presidente Alvaro Colom, que tinha uma força desproporcional em seu governo (e que não pode se candidatar à sucessão do marido, por decisão da justiça, pois caracterizaria reeleição), ultrapassou Baldizon e foi para o segundo turno.

8. As pesquisas dão uma vitória acachapante a Morales, dobrando a votação de Torres. Confirmada a vitória de Morales, que não aceitou apoio de nenhum partido nem político no segundo turno, teremos uma experiência de alto risco num país da importância da Guatemala na América Central, sede de órgãos internacionais (e corredor de passagem da exportação de cocaína colombiana e presença dos coiotes – tráfico irregular de migrantes para os EUA). Com a vitória assegurada, segundo as pesquisas, esse será um laboratório que deve ser acompanhado desde o primeiro dia, pelo impacto da Guatemala na geopolítica latino-americana.

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RJ: VOTORANTIM PARALISA ACIARIA!

A Votorantim Siderurgia paralisou as operações da área de aciaria de usina instalada em Barra Mansa, no Rio de Janeiro, diante da fraqueza na demanda por aços longos no país. Com a parada, a empresa suspendeu os contratos de trabalho de 140 funcionários da unidade, informou sindicato ontem. A área de aciaria é responsável pela produção de aço a partir do ferro-gusa. A unidade de Barra Mansa tem capacidade para produzir 800 mil toneladas de aços longos por ano. A siderúrgica foi fundada em 1937 e usa aço reciclado como matéria-prima. A Votorantim confirmou a adoção do regime de “layoff” para os funcionários da aciaria de Barra Mansa e informou que a adoção do esquema valerá a partir de 1o de novembro. “Esta decisão tem como objetivo principal garantir os empregos em um momento em que o setor siderúrgico segue impactado pela conjuntura atual e pelo enfraquecimento do mercado”, afirmou a companhia. A empresa acrescentou que a operação da unidade de Resende (RJ), com capacidade para 1 milhão de toneladas de aços longos por ano, “segue normalmente”. / REUTERS

                                                    * * *

GREVE DOS AUDITORES FISCAIS DERRUBA RECEITA DE MULTAS EM 70%!

(Monica Bergamo  -Folha de SP, 22) 1. A greve dos auditores fiscais fez a arrecadação com multas da Receita Federal despencar em setembro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Em 2014 foram lançados créditos tributários de R$ 10,2 bilhões no período, contra apenas R$ 3,1 bilhões registrados neste ano.

2. Queda Livre. O número de fiscalizações encerradas pelos auditores despencou de 1.983 em setembro de 2014 para 521 no mês setembro passado. As representações fiscais para fins penais baixaram da média de 405 por mês para 168. Os dados são da Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais). A greve já dura mais.

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BRASIL TEM 2 DOS PIORES AEROPORTOS DA AMÉRICA DO SUL: RIO E MANAUS!

(Folha de SP, 22) 1. O Brasil ocupa duas das cinco posições no ranking de piores aeroportos da América do Sul. A lista é feita anualmente pelo site Sleeping in Airports, com base na votação dos internautas, e avalia pontos como limpeza, atendimento ao cliente e conforto. O Galeão, no Rio, foi eleito o terceiro pior, seguido pelo aeroporto de Manaus. O “campeão” foi o de Caracas, na Venezuela. Em compensação, outros dois brasileiros entraram para o ranking dos dez mais bem avaliados do continente: o de Brasília (em 9º lugar) e o de Recife (10º). O vencedor foi o de Guaiaquil, no Equador (veja lista completa ao final).   

2. Os dez melhores aeroportos da América do Sul. 1. Equador: Aeroporto Internacional José Joaquín de Olmedo (Guaiaquil) / 2. Uruguai: Aeroporto Internacional General Cesáreo L. Berisso (Carrasco/Montevidéu) / 3. Colômbia: Aeroporto Internacional El Dorado (Bogotá) / 4. Peru: Aeroporto Internacional Jorge Chávez (Lima) / 5. Equador: Aeroporto Internacional Mariscal Sucre (Quito) / 6. Chile: Aeroporto Internacional Arturo Merino Benítez (Santiago) / 7. Argentina: Aeroporto Internacional Ministro Pistarini (Ezeiza/Buenos Aires) / 8. Argentina: Aeroparque Internacional Jorge Newbery (Buenos Aires) / 9. Brasil: Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek (Brasília) /10. Brasil: Aeroporto Internacional Gilberto Freyre (Recife/Guararapes)

21 de outubro de 2015

CRISE BRASILEIRA: O MELHOR MOMENTO!

1. Há um consenso que se constrói a cada dia entre os analistas econômicos e políticos. Olhando para frente, o momento em que o Brasil se encontra é o melhor momento da crise.

2. A crise política ainda está em seu início. Dilma teve uma recaída esquerdoide e partiu para o confronto com a oposição. Quando muitos entendiam que seria um momento de conciliação, Dilma nomeou um ministério na expectativa de comprar o parlamento. Foi para a CUT radicalizar o confronto e na Suécia decidiu agredir o presidente da Câmara como se fosse apenas pessoa física.

3. Lula, a cada dia, está mais na oposição à Dilma e quer a demissão de Joaquim Levy. Levou o ministro do planejamento Nelson Barbosa para fazer palestra no Instituto Lula, estimulando o confronto entre este e o ministro da fazenda. A CUT e outras organizações ditas de representação social estão abertamente no governo (pelo dinheiro que recebem) e na oposição (pelos ataques sem pejo) à política econômica proposta.

4. O desgaste do presidente da Câmara criou um vácuo quanto ao futuro desta, tanto em relação ao tempo de sua resistência, como às reações que adotará, quanto, no caso de sua saída, que grupo assumiria a direção da casa. A única coisa certa é que não haveria maioria definida e as votações flutuarão ao sabor das pressões das ruas, do momento, do pragmatismo e do oportunismo.

5. O pacote fiscal naufragou de véspera. Ninguém mais acredita que seus vetores vertebrais passarão no Congresso nos próximos meses. O pacote fiscal integral ficou para depois do carnaval, ou da semana santa, ou das festas juninas, ou dos jogos olímpicos, ou das eleições municipais… Ou até mudanças políticas substantivas.

6. Os indicadores econômicos não apenas estão nos piores níveis dos últimos anos, como todos eles, sem exceção, apontam para curvas de tendência negativa. E no centro deles a relação entre Dívida e PIB, referência para as avaliações das agências qualificadoras de risco, como para o BCE, FED, FMI, BIRD, BID…, que aponta para 80% em alguns meses.

7. E a capacidade de gestão da presidenta num regime de presidencialismo vertical esvaiu-se. Se antes os analistas e a opinião pública falavam em perda de autoridade, agora têm a convicção de que o que há é desintegração da capacidade de governar.

8. A lei 1079/1950, que o STF usou para impedir mudança na tramitação dos pedidos de impeachment, reforçou a autoridade do presidente da câmara para decidir a favor do impeachment. E mais, essa mesma lei contempla a possibilidade de impedimento da/do presidente da república quando se demonstre sua incapacidade de governar. Aquilo que Dilma cita como golpismo paraguaio é, na verdade, mandamento legal há 65 anos no Brasil.

9. Mantida a atual dialética entre presidenta, congresso e sociedade civil, em pouco tempo teremos saudades de outubro de 2015.

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MEXICANIZAÇÃO: ALIANÇA INÉDITA DE MILÍCIA COM TRÁFICO DE DROGAS NO RIO!

(Folha de SP, 17) 1. Foi em uma reunião no bar Caminho do Céu, em Paciência, zona oeste do Rio, que o principal grupo de milicianos da cidade definiu os novos rumos da facção Liga da Justiça, formada por policiais, ex-policiais e bombeiros. Naquele encontro, em 12 de agosto do ano passado, firmou-se uma inédita aliança entre milicianos e traficantes e foi decidido que o comando da quadrilha seria de Carlos Alexandre Braga, 30, segundo a investigação policial. Conhecido como Carlinhos Três Pontes, o traficante passou a chefiar a Liga, que domina parte da zona oeste (a mais extensa e mais pobre região do Rio), a cerca de 30 km da Barra da Tijuca, local do Parque Olímpico da Rio-2016.

2. A Polícia Civil estima o lucro do grupo em R$ 1 milhão por mês com a exploração de serviços como segurança e ligações clandestinas de internet e TV a cabo em 12 bairros. A quadrilha também invadiu conjuntos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, controlando quem ocupa os apartamentos. Alvo agora de ordem de prisão por sua ação como miliciano, Carlinhos Três Pontes integrava a facção Comando Vermelho quando comunidades do bairro de Cosmos foram invadidas pela milícia, em 2007. “Ele era do tráfico e teria participado da invasão. Com o tempo, ganhou respeito seguindo as ordens dos milicianos”, diz o promotor Luiz Ayres. Em 2009, já no grupo de milicianos, mas em posição de coadjuvante, foi preso por porte ilegal de armas.

20 de outubro de 2015

O CRITÉRIO A SER USADO NAS DECISÕES SOBRE OS IMPEDIMENTOS DA PRESIDENTE E DOS PARLAMENTARES INTERESSA A TODOS!

Vinicius de Moraes – Do Soneto da Separação: “De repente do riso fez-se o pranto… E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento… De repente, não mais que de repente… Fez-se do amigo próximo o distante / Fez-se da vida uma aventura errante / De repente, não mais que de repente”.

1. De repente, não mais que de repente, as manchetes de um dia desapareceram no dia seguinte. A rejeição das contas de Dilma pelo TCU –no processo das pedaladas fiscais- que tanto entusiasmo gerou na oposição e tanta dor de cabeça no governo, escalando dezenas de interlocutores, é assunto que sequer é tratado no Congresso, está esquecido no Planalto e na Imprensa. Dele apenas a memória da expressão –pedaladas- que passou a ser usada livremente.

2. Por quê? Qual a razão que interessa ao mesmo tempo Dilma e parlamentares já denunciados e a serem denunciados –os que já ocupam os espaços nos jornais tendo a lava-jato- como referência, e os que serão? Qual o argumento que livraria Dilma do impeachment e parlamentares da cassação na comissão de ética e no plenário?

3. Os escritórios e advogados especialistas –dentro e fora do governo e do Congresso- garantem que Dilma não pode ser impedida agora por atos realizados em seu governo anterior. Ora, as Contas rejeitadas pelas pedaladas são relativas a 2014 e se enquadram neste critério. Só valem as pedaladas e outros desvios a partir de 1 de janeiro de 2015.

4. Concordantes com esta tese, todos os pedidos de impeachment da presidente foram sendo arquivados. Restou apenas um e que foi reescrito neste final de semana. Aquele que, aos argumentos anteriores, agrega pedaladas e similares ocorridas em 2015. Este pedido de impeachment tem base jurídica sólida e pode ser recepcionado pelo presidente da Câmara, dizem os especialistas.

5. E mais do que isso, muito mais do que isso. Essa tese permite agregar votos no Congresso, ser usado nas comissões de ética da Câmara e do Senado, eliminando quaisquer pedidos, quaisquer processos de afastamento e cassação dos parlamentares que envolvam questões relativas a seus atos em anos de legislaturas anteriores.

6. Interessa à Dilma. Interessa aos parlamentares. Claro, isso nada tem a ver com as denúncias e ações para investigação e julgamento no judiciário. Mas o tempo que leva até a condenação diretamente pelo STF, se levarmos em conta o mensalão, não será nunca menor que 2 anos, a partir da aceitação da denúncia. No mensalão todos foram agregados e decididos num só julgamento. Levou pouco mais de 4 anos.

7. Se for assim, todos que vierem a ser denunciados –sejam ministros ou parlamentares, ou a presidente- com o desgaste que for, cumprirão os atuais mandatos integralmente.

8. Hoje, esse é o ponto, e é isso que faz convergir gregos, troianos, persas e outras nações. E tendo a tese, realmente, base jurídica forte, pode-se sapatear, fazer a coreografia que for, mas será o lastro forte das decisões do parlamento relativas a mandatos.

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FORTRESS FECHA FUNDO DE HEDGE DEPOIS DE PERDER US$ 100 MILHÕES NO BRASIL!

(The Wall Street Journal, 17 – UOL, 19) 1. Michael Novogratz, um dos mais famosos investidores de Wall Street, recentemente decidiu sair do Fortress Investment Group LP e fechar seu fundo de hedge macro depois de perder cerca de US$ 100 milhões nos últimos dois meses com investimentos no Brasil.

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“MÉTRICA ÚNICA DE AUDIÊNCIA” QUE INCLUI CIRCULAÇÃO IMPRESSA E VIA INTERNET!

(Folha de SP, 19) 1. Apresentada no último dia 7 para anunciantes e o mercado publicitário, pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Métrica Única de Audiência passa a apontar o alcance total de cada jornal no Brasil, não importando a plataforma.

2. A Folha de SP atingiu a média mensal de 20,19 milhões de brasileiros. O carioca “Extra” surge em segundo, com 18,46 milhões.  Depois vêm “O Globo” com 14,33 milhões, “O Estado de S. Paulo” com 10,57 milhões, e o gaúcho “Zero Hora” com 5,74 milhões.

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ARGENTINA: SAEM OS SINDICATOS E ENTRAM OS MOVIMENTOS SOCIAIS EM APOIO AO PERONISMO!

1. (Folha de SP-19) Como o La Cámpora, a Juventude Peronista ou o Kolina, o Movimento Evita surgiu da militância jovem das ruas. Nos últimos anos, porém, os movimentos sociais passaram a ocupar lugares centrais na base de apoio do governo, deslocando os sindicatos de trabalhadores, tradicional suporte das gestões peronistas.

2. (Ex-Blog) Esse é mais um desdobramento da capacidade de articulação das ruas com as redes sociais, da política com as redes sociais.

19 de outubro de 2015

AGORA HÁ POUCA DÚVIDA DE QUE LULA QUER MESMO DERRUBAR DILMA!

1. Este Ex-Blog, dias atrás, divulgava a informação vazada do entorno do Instituto Lula que o mais conveniente para Lula seria Dilma pedir licença por doença. Temer assumiria a presidência e, em seguida, Lula e o PT partiriam para a oposição. Dilma não perderia seus direitos. E haveria tempo suficiente para organizar a campanha de Lula em 2018 como defensor dos pobres contra as medidas neoliberais que estariam sendo introduzidas.

2. Mas Dilma e seu entorno não teriam aderido a ideia, mesmo que para ser aplicada em médio prazo. Dilma se abraçou com seu mandato e se tornou agressiva, cada vez mais, dia a dia.

3. A experiência política ensina que nunca se deve nomear um ministro que não se pode demitir. É o caso de Joaquim Levy. Não que Dilma enfrente qualquer resistência política relevante para tomar essa decisão.

4. O problema é que a demissão, renúncia, ou mesmo a saída de Joaquim Levy por qualquer motivo que seja, como se especulou no final da semana passada, produziria um total descontrole da economia por refluxo dos atores econômicos: as medidas de ajuste fiscal não teriam mais como serem aprovadas, explodiria o dólar, cresceria a inflação, aumentaria o déficit público, os juros teriam que acompanhar, Brasil perderia o grau de investimentos pelas agências que faltam, aumentaria a relação Dívida/PIB, a recessão se tornaria mais rígida ainda, etc.

5. Todos os dias, Lula e seu entorno na CUT e no PT repetem em coro que a política fiscal é antipovo e que Levy é o responsável e que deve sair urgente, etc.

6. Ora, se a saída de Levy desintegra de vez a economia e o governo Dilma, todos os que trabalham para a derrubada de Levy, o que de fato querem é derrubar Dilma.

7. E quem é o maestro da banda do fora Levy? Lula, que não pode ser acusado de ingênuo. Ou seja, toda essa coreografia de Lula a favor de Dilma é evidente construção de álibi para não ser cobrado como traidor depois. Lula trabalha todos os dias para derrubar Levy, ou seja, derrubar DILMA.

8. Elementar, meu caro Watson, diria Sherlock Holmes.

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IPSOS E A OPINIÃO DOS COLOMBIANOS SOBRE ACORDO COM AS FARC!

Otimista com acordo de paz? NÃO 52% / Líder das Farc poderia disputar eleições? NÃO 80% / Crê na vontade das Farc de alcançar a paz? NÃO 72% / Está de acordo com as críticas do ex-presidente Uribe ao acordo com as Farc? SIM 51% / Crê que após acordo haverá paz? NÃO 54% / Governo deve continuar as negociações? NÃO 33% (SIM 67%) / Guerrilheiro que disser a verdade pode ser desculpado e não ir para a cadeia? NÃO 71%.

16 de outubro de 2015

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RIO ENTRE JANEIRO E AGOSTO DE 2015!

Dados do Diário Oficial de 24 de setembro de 2015.

1. RECEITAS. Receitas Tributárias: R$ 19,537 bilhões. ICMS: R$ 12,590 bilhões. IPVA: R$ 851 milhões. FPE: R$ 645 milhões. Receita com a Dívida Ativa: R$ 129,8 milhões. Alienação de bens: R$ 11 milhões (em 2014 até agosto haviam sido R$ 3,4 bilhões).

2. DESPESAS LIQUIDADAS: Pessoal e encargos  R$ 12,823 bilhões (crescimento real de 2%). Serviço da Dívida: R$ 4,666 bilhões. Investimentos R$ 3,569 bilhões.

3. PREVIDÊNCIA; Aposentados/Pensionistas Pessoal Civil R$ 7,434 bilhões (crescimento real de 5,3%). Aposentadoria/Reforma Militares R$ 2,462 bilhões (crescimento real de 4,6%).

4. DÍVIDA CONSOLIDADA: Em 31/12/2014 R$ 89,868 bilhões. Em 30/06/2015 R$ 95,785.  Em 31/08/2015 R$ 101,172 bilhões (crescimento real entre dezembro e agosto de 5%).

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BLOG OUTRAS PALAVRAS ENTREVISTA MANUEL CASTELLS! “SAÍRAM DAS RUAS E ESTÃO NAS REDES”!

1. Em termos tecnológicos, econômicos e culturais, começamos faz tempo uma nova era. Agora iniciamos uma nova era em termos políticos e institucionais. O que sabemos é que não será como antes. As instituições atuais não têm legitimidade, e isso, nas sociedades democráticas, não pode durar muito tempo. De fato, não está durando. As instituições serão, por um lado, cada vez mais supranacionais, como a União Europeia (UE), mas, por outro lado, as identidades, em sua maioria, serão cada vez mais locais, específicas, nacionais ou religiosas, ou étnicas. E aqui há uma contradição fundamental: há uma sociedade global, uma economia global conectada em rede, mas ao mesmo tempo as pessoas, diante dessa mudança vertiginosa do que eram as coordenadas da vida, refugiam-se em suas identidades e, em meio a isso, as instituições precisam relacionar-se cada vez mais. Os Estados europeus não podem funcionar por sua conta sem a União Europeia, mas para fazer isso se distanciam de seus cidadãos. Se não se estabelecem mecanismos de participação, controle, representação etc, então a europeização, que é a forma de globalização na Europa, se converterá em uma ameaça para o que as pessoas pensam sobre sua própria vida. Eles veem-se sem controle.

2. Sim, uma contradição e como não pode durar muito tempo, estamos assistindo à formação de novos atores políticos, de novas redes institucionais e de novas crises, porque ninguém diz que tudo acaba com a consolidação de uma União Europeia mais democrática e participativa. Pode-se romper. Pode-se romper por identidades nacionais fracionadas que não aceitam a soberania compartilhada porque essa cossoberania nunca é igual, porque alguns poderes são maiores que outros.  E além disso estão as identidades subnacionais, como ocorre na Catalunha ou na Escócia. Na Escócia o referendo pró-independência não venceu, mas a política escocesa se transformou e há tensões muito fortes com a Inglaterra.

3. Se o referendo fosse hoje, a Europa perderia. Mas se a hegemonia alemã sobre a UE se acentuar, ela não será aceita nem no Reino Unido, nem na França. E Marine Le Pen está empatada em primeiro lugar, na disputa pelas eleições presidenciais. Em seu programa, consta sair da UE ou renegociar tudo, e não aceitar a hegemonia da Alemanha. Além disso, ela faz alianças para criar uma frente anti-europeia dentro da Europa. Estariam nela a França e o Reino Unido, marginalizados ou com muito pouca relação institucional com a UE, onde a Alemanha tem seus súditos. Isso não seria sustentável. Portanto, creio que esse tema da não legitimidade das instituições que foram criadas nas últimas décadas é o que vai marcar a mudança nos próximos anos, mais que a tecnologia, porque o corte tecnológico já se produziu.

4. Uma coisa importante na Europa é que há dois processos de mudança: um deriva dos movimentos sociais e para isso aposta em novos atores, e outro deriva de posições nacionalistas, xenófobas e defensivas contra a globalização, contra o estrangeiro e em defesa da nação. Hoje na Europa essas posições são majoritárias. A Europa do norte é diferente da Europa do sul, a Europa se apartou cultural e politicamente entre o norte e o sul, e a França se encontra no meio por razões de história e cultura política.

5. (Revolução nas urnas e nas ruas?) Sim, mas ao mesmo tempo lembremos que, primeiro, eles saíram das ruas e, segundo, estão nas redes. As urnas são a consequência disso. Saíram às ruas, estão nas redes e constituíram movimentos sociais que criaram pressão sobre a opinião pública. Uma mudança política tornou-se possível como consequência de uma mudança de mentalidade ligada aos movimentos sociais. Essa mudança logo vai se expressar de alguma forma. Como os partidos tradicionais não aparecem, aos olhos de muitos cidadãos, como canais possíveis para essa mudança, buscam-se outras opções. Além disso, também ocorrem mudanças nos próprios partidos tradicionais, porque algo está mudando: primárias, medidas anticorrupção… Note-se bem: a busca de novas opções ocorre, ainda, dentro de marcos que não funcionam legal e constitucionalmente.

6. Sempre defendi a ideia de que as mídias não são expressão do poder, mas o espaço onde se joga o poder, que não é um espaço neutro. O que mudou é que além dos meios de massa surgiram as redes, onde também se joga o poder. O espaço da comunicação é o espaço onde se joga o poder porque é através do qual se constroem e difundem as ideias. As mídias são essenciais, além das redes, porque atualmente, para uma parte substancial da população a partir dos cinquenta anos, os meios importantes são a televisão e o rádio, um pouco menos os jornais diários. O exemplo do Podemos foi chave porque a intervenção de uma pessoa — mas uma pessoa que teve um discurso articulado e a capacidade de comunicá-lo — satisfez uma demanda social que se viu refletida naquilo que pensava.

15 de outubro de 2015

ENTRADA DO DEPUTADO BOLSONARO MEXE COM A ELEIÇÃO PARA PREFEITO DO RIO!

1. Quando parecia que o quadro de candidatos a prefeito do Rio estava se estabilizando com a única dúvida sobre a candidatura ou não do senador Romário, surge o nome do deputado Jair Bolsonaro como candidato do PSC.

2. O campo conservador no Rio sempre teve uma forte expressão, especialmente quando o voto conservador era direcionado a uma candidatura explicitamente conservadora. Foi o caso clássico de Carlos Lacerda.  

3. Em 1994, o general Newton Cruz, candidato do PDS, apesar de uma imagem truculenta relacionada abertamente ao regime militar, obteve 14% dos votos para governador no Estado todo.  Destacando apenas Rio e Niterói, Newton Cruz obteve uns 20% dos votos. O principal vetor da comunicação de Newton Cruz foi a ação policial contra os traficantes.

4. Daí para cá os candidatos de perfil assumidamente conservador no Rio tiveram a sua comunicação lastreada em valores relativos à família e à vida. As questões da segurança pública ativa ficaram fora de suas comunicações, especialmente agora em 2014 e 2012.

5. Bolsonaro foi o candidato a deputado federal mais votado no Rio em 2014. Sua atuação parlamentar conservadora tem uma amplitude muito maior que a dos candidatos com este perfil em relações anteriores.

6. Sua comunicação é explícita em relação aos valores da família, da vida, em relação a uma segurança pública ativa, em fazer memória de pontos que entende positivos do regime militar, em temas polêmicos como a maioridade penal, etc.

7. E, sobretudo, nesta conjuntura, onde as questões da ética se destacam e os escândalos povoam a imprensa e as redes sociais, Bolsonaro depois da sexta legislatura, nunca esteve envolvido em polêmicas sobre honestidade, ética e moral.

8. As redes sociais multiplicam seus pronunciamentos conservadores mais contundentes.

9. É provável que uma vez que seu nome seja confirmado e divulgado como candidato a prefeito, ele venha a estar entre 15% e 20% das intenções de voto, se aproximando dos nomes que se destacam.  E ainda terá a seu favor, no primeiro turno, 2 candidatos antípodas a suas ideias, que dividirão o mesmo voto, e o candidato oficial que tende a flutuar insipidamente entre os demais.

10. Enfim, um quadro novo.

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S&P: CUSTO DOS JUROS + CUSTO SWAPS CHEGAM A 8% DO PIB! DÓLAR DEVERIA FLUTAR E IR A 5 REAIS!

(Folha de SP, 15) 1. A intervenção do Banco Central no câmbio é insustentável e adia a estabilização econômica do país, afirma a agência de classificação de risco Standard & Poor’s. O economista-chefe para a América Latina, Joaquin Cottani, afirmou que “a melhor coisa seria intervir menos, deixar a inflação cair, o que inevitavelmente acontecerá, não pelos juros altos ou pela contração do crédito, mas pelo desemprego”. O desemprego cresceu no país e atingiu 8,6% no trimestre encerrado em julho, segundo o IBGE. O IPCA está a 9,5%, mais que o dobro da meta, de 4,5%.

2. “Achamos que a mensagem [do governo] deveria ser que, uma vez que a inflação tiver baixado, começaremos a fazer o que deveríamos ter feito nos bons tempos, que é baixar a taxa de juros.” O economista afirma que o mecanismo de intervenção do Banco Central para conter a alta do dólar não é sustentável. Essa atuação do BC tem sido, sobretudo, por meio de contratos chamados swap cambial, que na prática funcionam como um seguro contra a alta do dólar e contêm a fuga de recursos do país. Com o swap cambial, o BC compensa o investidor pela variação do dólar no período. Em troca, o comprador paga juros sobre o valor do contrato. O BC acumulou perda de R$ 108 bilhões com o mecanismo até 2 de outubro.

3. “A venda de swaps não é sustentável. Traz perda de dinheiro e a perda não se reflete no déficit primário, mas no déficit total, porque o custo dos juros no pagamento da dívida mais o custo da intervenção atingiram 8% do PIB. É muito alto”, diz Cottani.  O economista afirma que a política monetária do país atingiria um equilíbrio quando o dólar passar a valer R$ 5 –hoje está a R$ 3,85. “Durante a expansão econômica, o Brasil foi muito complacente e deixou o real se valorizar mais do que deveria”, diz.

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COMANDANTE DO EXÉCITO PREOCUPADO QUE A CRISE SOCIAL ATINJA AS FFAA!

(Folha de SP, 14) O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse ver risco de a atual crise virar uma “crise social” que afetaria a estabilidade do país, o que, segundo ele, diria respeito às Forças Armadas. “Estamos vivendo situação extremamente difícil, crítica, uma crise de natureza política, econômica, ética muito séria e com preocupação que, se ela prosseguir, poderá se transformar numa crise social com efeitos negativos sobre a estabilidade”, afirmou.  O militar prosseguiu: “E aí, nesse contexto, nós nos preocupamos porque passa a nos dizer respeito diretamente”.

14 de outubro de 2015

SEMELHANÇAS OU COINCIDÊNCIAS NAS QUATRO CRISES: COLLOR, FHC, LULA E DILMA?

1. Em 25 anos o Brasil viveu 4 crises importantes econômicas e políticas. Uma média de uma crise importante a cada 6 anos, pouco mais de um mandato presidencial. Em praticamente todas elas há dois elementos que se destacam, seja pelas razões seja pela coincidência.

2. O primeiro deles é uma crise econômica internacional e os reflexos sobre a economia brasileira. Com FHC, as crises –asiática e russa- abalaram sua reeleição e provocaram medidas de populismo –fiscal e cambial- que pavimentaram sua vitória em 1998. Mas desmontaram a economia e sua popularidade, com reflexos até hoje.

3. Com Lula e Dilma, da mesma forma. A grave crise financeira internacional de 2008 iniciou a desintegração econômica a partir das medidas de keynesianismo de consumo produzidas por Lula. O keynesianismo de consumo resistiu por 2 anos. Mas as placas tectônicas já estavam se mexendo e no terceiro ano os tremores se faziam sentir. Dilma agregou ao keynesianismo de consumo um populismo fiscal desabrido com todos os tipos de ‘pedaladas’ possíveis para ampliar o gasto do governo e ocultar o déficit público e o crescimento da relação Dívida/PIB, que sensibiliza as agências de risco.

4. Dessa forma, nos três casos a crise internacional foi agravada pela ansiedade política e eleitoral, com as consequências conhecidas e hoje trágicas.

5. Outro elemento de coincidência ou semelhança foi a desestabilização do presidente da Câmara de Deputados durante a crise política e moral. Com Collor, as investigações foram exponenciadas por uma CPI e –o presidente da Câmara de Deputados- que liderava seu impeachment terminou naufragando e sendo cassado em função de problemas de financiamento eleitoral.

6. Com Lula, as investigações foram exponeciadas pela CPI instalada. O presidente da Câmara de Deputados foi denunciado e depois julgado e condenado. Agora, com Dilma, da mesma forma, enquanto o sismômetro econômico e político acusava a desintegração governamental, a investigação –tipo contraofensiva- deflagrada pelo Planalto e pelo Procurador Geral terminaram atingindo seu alvo. E outra vez o presidente da Câmara de Deputados foi desestabilizado e os desdobramentos estão por vir.

7. Assim e em três governos a crise política atinge o Presidente da Câmara de Deputados. Coincidência? Certamente não. Afinal, mobilizar a –dita- base aliada, com estímulos de vários tipos, num sistema vertical-presidencialista-regimental como o nosso, não há como não passar pela presidência da casa.

8. Esses dois elementos afetam duramente as placas tectônicas da governabilidade no executivo e no legislativo: a crise internacional e a estabilidade do presidente da câmara de deputados. Hoje é mais um momento nesses 25 anos.

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RENDA MÉDIA POR ADULTO: BRASIL EM 75 ATRÁS DO PERU E DA COLÔMBIA!

(Agência Estado, 13) Numa comparação internacional, o Brasil agora aparece apenas com a 75ª maior renda por adulto, superado entre 2014 e 2015 pelo Peru, Colômbia, Turquia e Tunísia. A riqueza é menos da metade da média mundial, de US$ 52 mil, e está abaixo da taxa latino-americana, de US 18 mil. Na China, a riqueza média de um adulto é de US$ 22 mil por ano. No Brasil, a queda na renda média em dólar foi de 24% em doze meses, algo que só foi superado pela Rússia e Ucrânia. A liderança no ranking da riqueza no mundo é da Suíça, com uma média dos adultos de US$ 545 mil por ano, 30 vezes a do Brasil. A segunda posição é da Nova Zelândia, com uma riqueza média por adulto de US$ 400 mil. A terceira posição é da Austrália, seguida pelos EUA.

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INFLAÇÃO É A POLÍTCA FISCAL DO GOVERNO DILMA?

(Alexandre Schwartsman – Folha de SP, 14) 1. Imagine um governo que “hoje” arrecada $ 100, mas gasta $ 110 e, portanto, se endivida em $ 10, prometendo pagar este valor de volta “amanhã”, acrescido de juros de 10%. No caso, isso significa que “amanhã” a diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta tem que somar $ 11; $ 10 para pagar de volta o principal e $ 1 a título de juros. Para simplificar a exposição, vamos supor também que “hoje” já sabemos se “amanhã” o governo conseguirá (ou não) economizar os $ 11 necessários para pagar sua dívida. Caso se saiba que o governo tem essa capacidade, a vida segue.

2. O caso interessante, porém, é o oposto, quando sabemos que isso não será possível –por exemplo, que o governo só conseguirá guardar $ 5,50 (metade do necessário). Isso significa que, dada a taxa de juros de 10%, a dívida, inicialmente de $ 10, só pode valer $ 5, pois apenas com uma dívida deste valor e juros de $ 0,50 (10% de $ 5) o governo seria capaz de servi-la. Isso é, nas condições acima, o valor da dívida teria que cair à metade.

3. Há duas formas de fazê-lo: ou cortamos seu valor de face à metade (calote, em bom português), ou todos os preços desta economia dobram para fazer com que a dívida, que inicialmente poderia ser trocada por uma cesta de produtos no valor de $ 10, agora só possa ser trocada por uma cesta de produtos que vale $ 5. Em outras palavras, sob “dominância fiscal”, a inflação (o calote que não ousa dizer seu nome) fará o serviço que o governo não consegue fazer.

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PORTOS DA VENEZUELA –BOLIPORTOS: TUDO ESTATIZADO, TUDO PARADO! SÓ ESCÂNDALOS PASSAM NA ADUANA!

(BBC, 12) 1. No último ano, os portos se tornaram uma espécie de metáfora para a crise econômica vivida por este país rico em petróleo: a desolação de suas docas contrasta com as filas de navios que anos atrás esperavam para descarregar. Entre 2013 e 2014 o tráfego total de contêineres nos cinco principais portos da Venezuela caiu 34%, de acordo com dados da CEPAL, que divulga um índice anual. Ainda não se tem os dados de 2015, mas de acordo com a Câmara de Comércio da cidade de Puerto Cabello, por exemplo, onde está localizado o maior porto, no primeiro trimestre do ano houve uma queda da atividade portuária de 50% em relação a 2014.

2. E, de acordo com a Câmara de Comércio do Estado de Vargas, onde fica localizado La Guaira, o porto está com 90% de ociosidade. A Venezuela importa mais de metade do que consome e por isso a falta de divisas significa um aumento importante da escassez de bens e, portanto, um duro golpe para a antes próspera atividade portuária. Os pátios com contêineres vazios, os guindastes desligados, o escasso tráfego dentro do complexo: o ambiente, apesar da magnitude das instalações, é desolador no porto de La Guaira.

3. Como parte de um processo de nacionalização em 2009, o então presidente Hugo Chávez ordenou a centralização dos portos venezuelanos sob o controle da Empresa Bolivariana de Portos, mais conhecida como Boliportos. “Vamos criar uma empresa de portos nacionais e uma empresa de aeroportos nacionais e internacionais, sob controle, como sempre deveria ter sido, do Estado”, disse Chávez em março de 2009. Talvez nenhum outro órgão do governo venezuelano, nos últimos anos, tenha sido objeto de tantos escândalos como a Boliportos.

13 de outubro de 2015

QUEM LIDERA A OPOSIÇÃO A UM GOVERNO QUE CAI NÃO É ELEITO DEPOIS!

1. Durante a CPI do mensalão do PT, os deputados do PSDB diziam que receberam orientação de FHC para não se destacarem como líderes da destituição de Lula, pois no caso de ele cair, quem liderou esse processo não ganha o governo depois. O eleitor faria uma conexão entre o presidente que cai e quem é percebido como o tendo derrubado. Algo como nem um nem outro.

2. O exemplo destacado era o da queda de Collor, quando o PT assumiu o comando da banda do impeachment -com o rap Fora Collor- e a sucessão caiu no colo de FHC. Mesmo na desconstrução de Sarney nos anos constituintes, inclusive com a redução de um ano de seu mandato, o maestro da banda de música do fora Sarney foi Ulysses Guimarães que, apesar do enorme tempo de TV e seu prestígio como condutor da transição, terminou a eleição lá atrás, com uns 3% dos votos.

3. Outros exemplos podem ser destacados. Como o suicídio de Getúlio com a oposição da banda de música da UDN. JK do PSD venceu Juarez da UDN. Como a transição espanhola liderada por Adolfo Suarez, que depois viu seu partido se desintegrar e o PS de Felipe Gonzalez ascender.

4. No caso do mensalão, a exclusão do tema impeachment, orientada por FHC, diziam, temendo uma reação das ruas (deixa sangrar…), terminou pavimentando mais 12 anos para o PT. Se o regente da banda de música não assume o poder depois, o fato é que sem banda de música de oposição, fica fácil diluir o impeachment, apesar de todas as graves razões que existam.

5. Num cenário político personalizado como o brasileiro, mais que a marca partidária num processo desses é a marca pessoal que prevalece. Por exemplo, no caso atual do petrolão. A banda de música do impeachment é liderada por setores do PMDB e pelo PSDB que, na lógica da personalização, destaca o senador Aécio Neves.

6. Sem guitarra nem bateria, o governador Alckmin acompanha o desenrolar da dinâmica atual do impeachment, deixando que a fritura de Dilma salpique no cozinheiro, abrindo o caminho para que a sucessão exija um presidente com perfil aglutinador para um governo de união nacional que supere a atual tragédia político-econômica. A discrição de Marina aponta na mesma direção.

7. A banda de música da oposição é fundamental para se ter uma alternativa que, como mostram os exemplos citados, não caberá a ela, banda de música.

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COMO PENSAM OS PARLAMENTARES!

(Folha de SP, 13) Datafolha. Pesquisa feita com 289 deputados entre 15/09 e 09/10.

1. 47% dos parlamentares se identificam como de direita ou centro-direita. Nas questões de comportamento, 17% dos são de direita. Já na economia,46% dos deputados e senadores estão à direita. Quanto à criminalidade: 74% dos congressistas acreditam que a principal causa do problema seja “a falta de oportunidades iguais para todos”. A maior causa é “a maldade das pessoas”, raciocínio endossado por 17% dos congressistas. A pena de morte: 86% dos parlamentares defendem que “não cabe à Justiça matar uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um erro grave”. Dentre os que são declaradamente a favor da medida, só 8% dos políticos.  Em relação a crimes cometidos por adolescentes, para a maioria dos congressistas (55%) esses jovens “devem ser reeducados”. Os adolescentes “devem ser punidos como adultos” –frase endossada por 38% dos parlamentares.

2. 65% dos parlamentares acreditam que o governo deve ter menos ingerência na economia, enquanto 29% creem que o governo é responsável por “evitar abusos das empresas”, ao atuar de modo firme na economia. 47% dos parlamentares o governo “tem o dever de ajudar grandes empresas” que corram risco de falir.

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LEMBRANDO O PAPA EM CUBA: “ESTAMOS NUMA TERCEIRA GUERRA POR ETAPAS”!

Menos de 10% dos ataques russos são contra o EI.

(Efe/Estado de SP, 09) 1. Diante do avanço de rebeldes que tentam derrubar o presidente Bashar Assad contra o oeste da Síria, a Rússia ampliou em agosto a defesa da Base de Latakia, enviando caças e helicópteros para o local. Início dos Ataques, em 30 de setembro. Putin ordenou os primeiros ataques aéreos, sob a justificativa de que pretendia combater os terroristas do Estado Islâmico – mesmo alvo dos EUA e potências ocidentais. Disparo de mísseis. Nesta semana, as Forças Armadas russas ampliaram o envolvimento no conflito, com disparos de mísseis de navios no Mar Cáspio contra grupos rebeldes que ameaçam Assad e a base Galeria.

2. Menos de 10% dos ataques aéreos realizados pela Rússia na Síria desde a semana passada tiveram como alvo o Estado Islâmico (EI) ou grupos filiados à Al-Qaeda, informou o Departamento de Estado dos EUA. “Mais de 90% dos ataques que vimos até o momento não foram contra o EI ou contra terroristas filiados à Al-Qaeda. A maioria foi contra grupos opositores (ao regime de Bashar Assad) que querem um futuro melhor para a Síria e não querem ver o regime atual permanecer no poder”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby. Esta é a primeira vez que o governo americano revela números sobre os alvos dos ataques russos na Síria, que começaram no dia 30 de setembro. O Kremlin garante que os alvos principais de seus bombardeios na Síria são os terroristas do Estado Islâmico.

09 de outubro de 2015

UMA NOVA THATCHER EM PORTUGAL!

(Cesar Maia, Vice-Presidente da IDC –Internacional Democrata de Centro- O GLOBO, 06)

1. O primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, do PSD, assumiu quatro anos atrás no meio da crise europeia, que atingiu profundamente Portugal, Espanha e Grécia, entre outros. Ele abriu as portas para a troika — Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu —, como eram chamados jocosamente pela oposição os mentores das duras medidas de ajuste fiscal que o novo governo português, sob seu comando, deveria adotar.

2. Passos Coelho aplicou o receituário liberal da forma mais intensa, reduzindo despesas radicalmente, privatizando etc. O efeito social não demorou, com as taxas de desemprego se aproximando dos 25%, com juros ampliados e com o PIB caindo a taxas superiores a 5%.

3. A única certeza que a oposição liderada pelo PS tinha é que a liderança do PSD seria breve, e era questão de se preparar para a vitória em 2015. E as pesquisas apontavam para uma confortável vitória do PS e aliados, patinando na enorme rejeição de Passos Coelho.

4. Mas, a partir de 2014, o ciclo econômico de Portugal foi sendo revertido. De qualquer forma, a reeleição de 4 de outubro de 2015 era vista como uma impossibilidade pelos analistas. Em junho de 2015, as taxas de desemprego já haviam despencado para mais perto dos 10%, e o PIB voltou a crescer. A relação dívida pública/ PIB não subiu mais a escada.

5. Com a campanha eleitoral aberta com o PS na frente, essa vantagem foi sendo reduzida e, nos últimos 15 dias, revertida para uma clara vantagem de Passos Coelho. António Costa, secretário-geral do PS, foi ultrapassado em sete pontos.  Nem a vitória percebida de Costa no debate na TV modificou esse quadro. O PS ainda sonhava com a abstenção para recuperar a diferença.

6. As pesquisas qualitativas e qualiquanti sublinhavam a razão do voto: “Quero ter segurança”, “Não quero mais aventura”. A antipolítica e os partidos calcados nas redes sociais não tiveram espaços como conseguiram na Espanha e na Grécia.

7. Passos Coelho obteve uma vitória exuberante no domingo. Sua coligação alcançou 40% dos votos. O PS alcançou 32%. Quem apostava no desgaste político e eleitoral do duro ajuste fiscal errou redondamente.

8. E hoje — liberais de toda a parte — afirmam que Passos Coelho é um exemplo para o mundo todo. É uma nova Margareth Thatcher. E a troika trombeteia para a Europa e o mundo todo: responsabilidade fiscal dá voto quando é aplicada sem tergiversação e sem temor eleitoral.

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NYT FATURA US$ 400 MILHÕES COM MÍDIA DIGITAL E QUER DOBRAR!

(Fernando Rodrigues – Drive Político, 08) 1. Mídia: o desafio do “NYTimes”. Nenhum jornal relevante do mundo chega nem perto do faturamento de US$ 400 milhões por ano com negócios digitais, como o “The New York Times”.

2. Nesta semana, o diário norte-americano anunciou um autodesafio: chegar a US$ 800 milhões de faturamento com jornalismo digital até 2020. Se vai conseguir ou não é uma grande discussão. Mas o documento divulgado é leitura obrigatória para quem deseja entender os caminhos da mídia de qualidade no século 21.  

08 de outubro de 2015

“RIO COMO VAMOS”! PESSIMISMO GENERALIZADO EM 2015!

1. A ONG “Rio como Vamos” segue um modelo de Bogotá e realiza pesquisas na cidade do Rio de Janeiro, na metade de cada ano, em geral de 2 em 2 anos (exceção 2008, último ano da prefeitura anterior). Seus patrocinadores não são públicos. Isso permite comparar os números em série e analisar tendências. De longe, o ano de 2015 é aquele em que a avaliação dos cariocas -acima de 16 anos- dos serviços públicos é a pior de todas. Foram entrevistadas 1.417 pessoas, uma amostra maior que a usada para as eleições.

2. A avaliação do prefeito Eduardo Paes é crítica, o que mostra que a queda generalizada nas avaliações afetou duramente a sua imagem em 2015.  Isso explica porque a prefeitura iniciou em setembro uma blitz publicitária buscando melhorar esta percepção. 44% acham que a gestão de Eduardo Paes neste segundo governo –entre 2013 e 2015- é Ruim+Péssima. Apenas 19% a qualificam como Bom+Ótimo.

3. Eram 64% os que tinham orgulho de ser Carioca. Agora em 2015 são 43%. São 56% os que querem sair do Rio e o motivo principal (53%) é a Violência. Em 2008 eram 49% os Cariocas otimistas com o futuro do Rio. Em 2015 são 25%. Em 2008 eram 42% os que achavam que a qualidade da Educação havia melhorado. Agora em 2015 são 34%. Em 2015, para 49% a Saúde Pública é Ruim+Péssima, e para 24% é Otima+Boa. 25% acham que melhorou e 38% que piorou.

4. Segurança Pública afundou na percepção dos Cariocas. Em 2008 eram 54% os que achavam que não havia nenhuma Segurança em seu bairro. 31% achavam que tinha segurança. Em 2015 são 64% os que acham que não há nenhuma Segurança em seu bairro e 24% acham que tem Segurança. Em 2015, para 71% a Segurança Pública piorou e para 11% melhorou. São 40% os que têm medo de ser assaltado e 23% os que têm medo de balas perdidas. Para 41% as UPPs são ruim+péssima e 21% boa+muito boa.

5. Em 2015 são 62% os que dizem que há acúmulo de lixo nas ruas de seu bairro e 33% dizem que não há. Apenas 17% dizem que a qualidade da água nas praias é boa+muito boa. Apenas 6% dizem que a qualidade da água nas lagoas é boa+muito boa.

6. Pontos de uso ou venda de drogas. Em 2015 são 71% que reclamam -ruim+péssimo- e 13% bom+muito bom. Moradores de rua 67% reclamam -ruim+péssimo e 12% não reclamam –bom+muito bom.

7. Transporte Público. 2008: eram 16% que achavam ruim+péssimo e 61% bom+muito bom. Em 2015 são 42% que acham ruim+péssimo e 25% ótimo+bom. Trânsito em 2015: são 10% os que acham ótimo+bom e 71% ruim+péssimo. Os Transportes em 2008 pioraram para 14% e melhoraram para 35%. Em 2015 pioraram para 42% e melhoraram para 25%.

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“NÃO ESTÁ HAVENDO AJUSTE FISCAL ALGUM”! DÍVIDA/PIB VAI A 75% EM 2017!

(Estado de SP, 05) 1. Ajuste fiscal. Na verdade, não está havendo ajuste fiscal algum, mas apenas uma contenção orçamentária impossível de ser mantida ao longo do tempo. As propostas enviadas ao Congresso, além de não combaterem as causas da deterioração das contas públicas, se aprovadas, apenas garantiriam que o superávit primário chegasse, em 2016, a 0,7% do PIB. Se assumirmos a hipótese otimista e irrealista de que nos dois anos seguintes esse superávit alcance 1,2% e 2,0% do PIB, dado o cenário de recessão e a projeção de juros com que trabalhamos, a dívida pública bruta atingiria 75% do PIB, em 2017 e 2018.

2. Era de 53%, no fim de 2013. Tal deterioração já seria suficiente para o Brasil perder o grau de investimento nas duas outras agências relevantes classificadoras de risco, a Moody’s e a Fitch. Mas a situação real é muito pior. O pacote fiscal enviado ao Congresso tem baixíssima chance de ser aprovado, pelo menos na sua integridade. Foi mal elaborado, mexeu com muitos interesses simultaneamente, irritou o Congresso ao propor a utilização das emendas parlamentares para bancar compromissos já constantes do Orçamento e, por fim, propôs a recriação, mediante emenda constitucional, de um tributo de péssima qualidade, que semanas antes havia sido veementemente rechaçado por lideranças empresariais.

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ÍNDICE EDUCACIONAL – IOEB!

1. O cálculo do índice envolve resultados do Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, taxa de matrícula e dados públicos de processos educacionais (escolaridade média dos pais, escolaridade dos professores com percentual de docentes com curso superior, experiência de diretores em anos de permanência na mesma escola, quantidade de horas de aula por dia e a taxa de atendimento de educação infantil).

2. Ranking dos Estados. S. Paulo em primeiro. Minas em segundo. Estado do Rio em décimo quinto

3. Ranking das Capitais. S. Paulo em primeiro. Belo Horizonte em terceiro. Rio de Janeiro em décimo primeiro

07 de outubro de 2015

PREFEITURA DO RIO: RESULTADO PRIMÁRIO EM 2015 CAI R$ 1,44 BILHÃO! PREVIDÊNCIA TEM PERDA DE R$ 484 MILHÕES!

1. Por determinação da lei de responsabilidade fiscal (LRF), no dia 30/09/2015, o Diário Oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro trouxe os dados oficiais da execução orçamentária até agosto de 2015.

2. O que chamou mais a atenção foi o Resultado Primário. Em 2014 –até agosto- havia um superávit de R$ 909,8 milhões. Em 2015 –até agosto- houve um déficit de (-458 milhões). Ou seja, uma queda de R$ 1,367 bilhão em valores nominais ou R$ 1,445 bilhão em valores reais.

3. Outro destaque negativo foi o resultado das disponibilidades financeiras do FunPrevi (fundo de pensão dos servidores municipais aposentados e pensionistas). A soma dos recursos em caixa com as aplicações financeiras que, em 31/12/2014, alcançavam R$ 1,830 bilhão, despencaram para R$ 1,475 bilhão. Uma queda nominal de R$ 355 milhões e real (incluindo o efeito da inflação) de R$ 484 milhões. Essa queda exigiria da CGM –controladoria municipal- e do TCM –tribunal de contas- uma análise cuidadosa.

4. As receitas do Funprevi vêm principalmente do desconto dos servidores e dos encargos patronais (2 x o desconto dos servidores) e das aplicações financeiras das disponibilidades. A folha de pagamentos cresceu até um pouquinho mais que a inflação. Portanto, não é daí que vem esta perda. E os juros dos títulos federais sobre os quais o Funprevi aplica suas disponibilidades foram quase o dobro da inflação. Não há nenhuma razão que explique essa perda. As despesas com aposentados e pensionistas até agosto de 2014 somavam R$ 1,989 bilhão, ou 8,7% a mais que as disponibilidades de dezembro, perfeitamente cobertas com receitas imobiliárias. Mas em 2015, enquanto as despesas com aposentados e pensionistas até agosto somaram R$ 2,2 bilhões, foram 49% a mais que as disponibilidades que estão em R$ 1,475 bilhão. Preocupante.

5. As Receitas Tributárias próprias tiveram uma leve queda real de quase 1% em relação ao mesmo período de 2014.  O ICMS teve uma queda real de uns 3%.  As receitas com execução da Dívida Ativa de R$ 235 milhões ficaram no mesmo nível real do mesmo período de 2014, ainda não apresentando o crescimento que diversos tipos de anistia previam.

6. As despesas com serviço da dívida, até agosto de 2015, chegaram a R$ 507 milhões e no mesmo período de 2014, R$ 639 milhões, uma redução real de cerca de 25%, produto da lei federal que alterou o inflator das dívidas de Estados e Municípios com o governo federal. Mas o saldo da dívida pública continuou crescendo, especialmente pelo impacto do dólar na parte refinanciada da dívida municipal com o Bird. A Dívida Consolidada em 31/12/2014 era de R$ 13,687 bilhões. Em 30/06/2015 passou para R$ 15,167 bilhões e em 31/08/2015 cresceu para R$ 16,107 bilhões, ou um crescimento nominal de 17% e real de 10%.

7. As Despesas Liquidadas com Pessoal e Encargos alcançaram, até agosto de 2015, R$ 8,028 bilhões, praticamente o mesmo valor real de 2014. Os investimentos cresceram, passando de R$ 1,085 bilhão para R$ 2,482 bilhões, um crescimento real de 110%. As operações de crédito que em 2014 cobriram 85% dos investimentos, em 2015 cobriram apenas 47%, indicando a dependência de transferências federais, na medida em que as receitas orgânicas (tributárias+ICMS+FPM+IPVA) superaram em apenas 5% as despesas com pessoal e encargos.

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DESTAQUES DA PALESTRA DO ECONOMISTA MARCOS LISBOA – SP (02/10).

Agenda dura a ser enfrentada no pais. Intervenção do Estado tem que ser discutida. Debate difícil, pois a sociedade acha razoável. Pensar as políticas públicas para médio e longo prazos. São 3 pontos a serem enfrentados:

1. Transparência e avaliação. Agenda de transparência ajuda no debate. Dados do BNDES ajudaram no debate. Dados do sistema S são fechados. Avaliação de políticas públicas. Fazenda informou que o Pronatec não gerou benefícios. A revisão do papel do Estado parte da transparência e da medição da eficiência dos programas.

2. Reforma da Previdência. Com 54 anos em média o homem se aposenta no Brasil por tempo de contribuição. No exterior a idade mínima é 65. Pais quebra se não enfrentar esse debate. País está em rota de insolvência. Dívida pública vai continuar crescendo e vai bater 76% ou 80% do PIB no final do governo.

3. Tratar iguais como iguais. Reduzir “meias entradas” – produtividade e a abrir a economia. Gasto público está crescendo 4% e PIB parado. É necessário eliminar benefícios específicos de grupos de interesses. Regras tarifarias caóticas geram ineficiência na economia.  Prioridades na reforma tributária: unificar ICMS e corrigir Pis/Pasep. Agenda Produtividade: tributos e tarifas. Déficit fiscal em 2016 será maior que 2015. Agronegócio e serviços pagam pouco imposto. Indústria paga muito mas é regada de subsídios. Agronegócio é eficiente pois está aberto ao exterior. Inflação não ajuda mais como imposto inflacionário em função das vinculações à inflação. Papel de jornal não paga imposto mas papel de remédio paga. Garantir conteúdo nacional: Indústria naval deu errado pela terceira vez.  Podemos escolher rever e antecipar ou a crise fiscal vai nos impor isso.

Uma nova Thatcher em Portugal

Artigo publicado em O GLOBO, 06/10/2015.

Cesar Maia é Vice-Presidente da IDC (Internacional Democrata de Centro) 

1. O primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, do PSD, assumiu quatro anos atrás no meio da crise europeia, que atingiu profundamente Portugal, Espanha e Grécia, entre outros. Ele abriu as portas para a troika — Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu —, como eram chamados jocosamente pela oposição os mentores das duras medidas de ajuste fiscal que o novo governo português, sob seu comando, deveria adotar.

2. Passos Coelho aplicou o receituário liberal da forma mais intensa, reduzindo despesas radicalmente, privatizando etc. O efeito social não demorou, com as taxas de desemprego se aproximando dos 25%, com juros ampliados e com o PIB caindo a taxas superiores a 5%.

3. A única certeza que a oposição liderada pelo PS tinha é que a liderança do PSD seria breve, e era questão de se preparar para a vitória em 2015. E as pesquisas apontavam para uma confortável vitória do PS e aliados, patinando na enorme rejeição de Passos Coelho.

4. Mas, a partir de 2014, o ciclo econômico de Portugal foi sendo revertido. De qualquer forma, a reeleição de 4 de outubro de 2015 era vista como uma impossibilidade pelos analistas. Em junho de 2015, as taxas de desemprego já haviam despencado para mais perto dos 10%, e o PIB voltou a crescer. A relação dívida pública/ PIB não subiu mais a escada.

5. Com a campanha eleitoral aberta com o PS na frente, essa vantagem foi sendo reduzida e, nos últimos 15 dias, revertida para uma clara vantagem de Passos Coelho. António Costa, secretário-geral do PS, foi ultrapassado em sete pontos.  Nem a vitória percebida de Costa no debate na TV modificou esse quadro. O PS ainda sonhava com a abstenção para recuperar a diferença.

6. As pesquisas qualitativas e qualiquanti sublinhavam a razão do voto: “Quero ter segurança”, “Não quero mais aventura”. A antipolítica e os partidos calcados nas redes sociais não tiveram espaços como conseguiram na Espanha e na Grécia.

7. Passos Coelho obteve uma vitória exuberante no domingo. Sua coligação alcançou 40% dos votos. O PS alcançou 32%. Quem apostava no desgaste político e eleitoral do duro ajuste fiscal errou redondamente.

8. E hoje — liberais de toda a parte — afirmam que Passos Coelho é um exemplo para o mundo todo. É uma nova Margareth Thatcher. E a troika trombeteia para a Europa e o mundo todo: responsabilidade fiscal dá voto quando é aplicada sem tergiversação e sem temor eleitoral.