30 de junho de 2017

NA DESESPERANÇA DOS BRASILEIROS, NEM MORO E JOAQUIM BARBOSA ESCAPAM! SÓ SOBRA LAVA-JATO!

(BBC – Reino Unido – em 29/06/2017) 1. A percepção de que o Brasil não está no caminho certo atingiu o maior nível já alcançado, superando o recorde anterior, registrado durante os últimos meses de governo da ex-presidente Dilma Rousseff, segundo uma pesquisa feita pela consultoria Ipsos e divulgada nesta quinta-feira. De acordo com o levantamento, 95% dos brasileiros consideram que o país segue no rumo errado. O índice é superior ao verificado durante março do ano passado (94%), antes, portanto, de que a petista fosse suspensa temporariamente e posteriormente afastada em definitivo do cargo.

2. A pesquisa ‘Pulso Brasil’ conduziu 1,2 mil entrevistas, pessoais e domiciliares, em 72 municípios no Brasil durante os dias 1º e 13 de junho deste ano. A margem de erro é de três pontos percentuais. Fagulha de esperança por parte da população quanto à melhora nos rumos do país. A avaliação da esmagadora maioria da população é fortemente negativa”, diz à BBC Brasil Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, responsável pelo estudo.

3. Entre os que consideram que o país está no caminho certo (5%), houve uma piora na avaliação das classes A, B e C em relação a maio. Para as classes D e E, foi registrada uma ligeira melhora. Ainda na mesma base de comparação, todas as regiões, com exceção do Nordeste, também tiveram mais pessoas apontando que o Brasil está no rumo errado. A avaliação dos brasileiros sobre o governo federal também piorou. Para 84% dos entrevistados, o governo Temer é considerado “ruim ou péssimo”, outro número recorde. Até então, a pior avaliação havia ocorrido em setembro de 2015, quando 82% descreviam a administração de Dilma Rousseff dessa forma. Segundo a pesquisa, 12% consideram o governo como “regular”. Apenas 2% avaliam a gestão de Temer como “ótima ou boa”. Os 2% restantes não souberam ou não responderam.
‘Elite da elite’, governo Temer não entende o que é estar desempregado no Brasil, diz economista.

4. Para 96% dos entrevistados, a operação Lava Jato deve continuar “com as investigações até o fim, custe o que custar”. Entre eles, 95% defendem a continuidade das investigações “mesmo que isso traga mais instabilidade política” enquanto que a operação é apoiada por 94% “mesmo que isso traga mais instabilidade econômica”.
Segundo a pesquisa, um número maior de brasileiros (74%) acredita que a Lava Jato “está investigando todos os partidos”. Em maio, a proporção era de 66%. Já o porcentual dos que discordam caiu de 21% para 15%. Também aumentou a proporção (para 82%) dos que consideram que a operação “está mostrando que todos os partidos são corruptos”.

5. Na mesma base de comparação, mais brasileiros acham que a Lava Jato ajuda a “transformar o Brasil em um país sério” (79% contra 74%). Metade dos entrevistados (50%) discorda da afirmação de que a operação “vai acabar em pizza”. Em maio, esse número havia sido de 47%. Cresceu ainda a percepção de que as lideranças políticas estão tentando acabar com a Lava Jato. Em maio, 83% concordavam com essa possibilidade. Em junho, esse porcentual subiu para 89%. Já 87% consideram que a Lava Jato vai “fortalecer a democracia no Brasil”.

6. Para 64% dos brasileiros, o PT continua sendo o partido mais associado à Lava Jato – alta de sete pontos percentuais em relação ao mês anterior. PMDB (12%) e PSDB (3%) completam a lista. Não sabe ou não responderam somam 17%. Quando questionados sobre quem consideram o nome “mais envolvido na operação”, 57% dos entrevistados afirmaram ser o ex-presidente Lula. O petista é seguido por Aécio Neves (44%), Michel Temer (43%), Dilma Rousseff (35%), Eduardo Cunha (33%), Renan Calheiros (9%), José Serra (4%), Geraldo Alckmin (3%), Fernando Henrique Cardoso (2%), Romero Jucá (2%), Rodrigo Maia (2%), Marina Silva (1%), Gilmar Mendes (1%) e Jair Bolsonaro (1%).

7. Entre as lideranças políticas analisadas pela pesquisa, o presidente Michel Temer tem o maior índice de rejeição. Segundo a pesquisa, 93% desaprovam “totalmente ou um pouco” o peemedebista. Em maio, esse porcentual era de 86%. A ex-presidente Dilma Rousseff ocupa o segundo lugar, com 82% de desaprovação. Em terceiro, está o ex-presidente Lula. Segundo o levantamento, 68% o desaprovam “totalmente ou um pouco”.

8. O levantamento mostra que todas as lideranças analisadas, independentemente da coloração político-partidária, registraram um aumento de rejeição. Isso inclui até mesmo figuras notoriamente elogiadas pelos brasileiros, como o juiz federal Sergio Moro, que comanda a Lava Jato, e o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa. Diferentemente de outras lideranças políticas, ambos ainda têm índices de aprovação superiores aos de desaprovação. Mesmo assim, a forma como vêm atuando no país piorou na percepção dos entrevistados. Em maio, por exemplo, 22% diziam desaprovar “totalmente ou um pouco” Moro. Esse percentual subiu para 28% em junho. No caso de Barbosa, sua rejeição aumentou de 26% para 37%, quase se igualando à sua aprovação (42%).

9. “Toda a classe foi impactada, em maior ou menor proporção, pelo sentimento de insatisfação que assola o Brasil, como se não houvesse luz no fim do túnel”, opina Cersosimo.”Inegavelmente, parte dessas pessoas nunca aprovou Moro ou Barbosa. Mas outra parte talvez tenha ficado decepcionada por não ter tido atendidas suas expectativas em relação aos dois”, acrescenta.

10. “Desde o impeachment, o Brasil está paralisado. A propalada construção da agenda positiva, defendida por Temer e seus aliados, ainda não ocorreu. O clima é de desesperança generalizada e a percepção da população sobre essas lideranças mostra isso”, conclui.

29 de junho de 2017

SYRIZA, 5 ESTRELAS E PODEMOS: PARTIDOS ANTISSISTEMA NA GRÉCIA, ITÁLIA E ESPANHA!

(Le Figaro, 25) 1. Já ameaçara nas eleições de maio 2012, ao tornar-se a segunda força política grega e eleger 52 deputados, mas, foi no novo escrutínio do mês seguinte que o Syriza de Alexis Tsipras confirmou que não era apenas um fenômeno passageiro e viera para ficar. A entrada de 71 eleitos do partido da esquerda radical veio revolucionar o Parlamento helênico, abrindo caminho para a vitória três anos depois da formação que prometia rasgar o memorando de entendimento com os credores, mas acabou a pedir um terceiro resgate.

2. A chegada do Syriza coincidiu com a queda do PASOK. Culpado em grande parte pela crise financeira, o partido socialista grego ainda elegeu 33 deputados nas segundas eleições de 2012 (com 12% dos votos), mas três anos depois confirmava o descalabro, conseguindo apenas 13 eleitos e menos de 5%. A Nova Democracia, partido da direita tradicional, resistiu melhor ao avanço do Syriza, mantendo-se como segundo mais votado em 2015. Neste momento, e apesar de ter garantido o acesso a uma nova tranche da assistência financeira – 8,5 mil milhões de euros -, o Syriza surge quase 20 pontos atrás da Nova Democracia nas sondagens. Mas as eleições são só em 2019.

3. Mudanças no Parlamento italiano não são novidade, mas a mais recente revolução deu-se com a entrada de 109 deputados do Movimento 5 Estrelas nas eleições de 2013. Fundado quatro anos antes pelo comediante Beppe Grillo, o movimento destaca-se pela mensagem populista anti-Europa, antiglobalização e antissistema. Composto por muitos jovens, o sucesso eleitoral do 5 Estrelas confirmou-se nas municipais de 2016, com a sua candidata, Virginia Raggi, a vencer em Roma.

4. Mas as coisas não têm corrido bem, sendo a autarca atualmente alvo de uma investigação por abuso de poder. Com legislativas previstas para o próximo ano, o 5 Estrelas de Beppe Grillo surge neste momento à frente do Partido Democrático do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi em várias sondagens.

5. Nascido do movimento dos Indignados, o Podemos veio revolucionar o Parlamento espanhol em 2015. Mas o partido da esquerda radical, liderado por Pablo Iglesias, não foi o único. A entrada dos centristas do Ciudadanos, de Albert Rivera, acabou com o bipartidarismo e obrigou a repetir as eleições em junho de 2016 por nenhuma formação ter conseguido apoios para formar governo. Os resultados não mudaram muito e a acreditar nas sondagens, a política espanhola vai continuar a jogar-se a quatro.

6. França foi agora o último exemplo da implosão dos partidos tradicionais, com o recém criado La République en Marche a ocupar o Eliseu e dominar o Parlamento. Resta saber se o futuro dita a pasokisação do PS ou se os socialistas franceses conseguem recuperar.

28 de junho de 2017

BIG DATA: TECNOLOGIA ELEITORAL!

(Pedro Doria – Globo, 23) 1. Big Data é, quase sempre, um conceito abstrato. Fora aqueles que trabalham diretamente com a montanha de dados tentando transformá-los em algo útil, os mortais em geral têm uma compreensão apenas genérica dos usos possíveis ou riscos prováveis. Uma história desta semana, porém, ajuda a explicar a aplicação política de big data. É a história de como vazou a informação sobre todos os eleitores americanos. Bem, quase todos. Os arquivos que compõem o acervo da Deep Root Analytics, consultoria ligada ao Partido Republicano, pesam no conjunto 1,1 terabyte e contêm nome, data de nascimento, endereço residencial e dados do registro eleitoral de 198 milhões dentre os 200 milhões de eleitores.

2. Para cada uma das pessoas listadas, inclui-se ainda uma suposição a respeito da etnia e religião. Não é suposição à toa: segue um modelo, um algoritmo que leva em consideração nome, região em que mora, renda presumida e cruza com dados do censo para inferir qual a cor da pele, o sotaque e para que Deus reza. A partir desta base, as identidades eram cruzadas com informações postadas publicamente pelas pessoas em redes sociais. Tudo que pudesse sugerir a opinião dos indivíduos a respeito de questões como cobrança de impostos, postura perante mudanças climáticas, imigração.

3. Esta massa de dados pública que existe na rede é então analisada por um software de análise de sentimento, que determina se o ponto de vista é negativo, positivo ou neutro. Este conjunto, por sua vez, é cruzado com pesquisas de opinião e demografia, o que permite inferir a posição de cada indivíduo. Sim: para cada um dos 198 milhões de indivíduos, o banco de dados atribui sua posição a respeito das grandes polêmicas políticas. E este pacote estava livre, sem qualquer senha, disponível para quem se desse ao trabalho de fazer o download.

4. Segundo a consultoria, só uma pessoa o fez. É Chris Vickery, um especialista em segurança digital cujo trabalho, na empresa UpGuard, é justamente mostrar como quase ninguém se dedica o suficiente a manter informação delicada protegida. Vickery, que rastreia diretórios inseguros em servidores mundo afora, achou o acervo da Deep Root Analytics e baixou cada arquivo ao longo de pouco mais de um dia. Ao compreender do que se tratava, ele e um colega de presto buscaram seus nomes. Descobriram que a tecnologia do Partido Republicano é de primeira: as suposições a respeito de suas opiniões estavam todas corretas.

5. Um dos princípios de uma democracia é de que o voto é secreto e ninguém terá o poder de nos pressionar. Pois bem: o Partido Republicano sabe como votou cada americano. Individualmente. A precisão não é de 100%, mas chega perto. E tudo por conta de um mix de dados públicos e muito software de análise. Dá trabalho e custa caro montar. US$ 100 milhões de dólares é a estimativa, neste caso. Mas, para quem deseja eleger um presidente, é útil.

6. Este banco de dados tem muitos usos. O maior deles é que dá capilaridade e granularidade à estratégia de propaganda política. A campanha não endereça um estado ou uma cidade. Vai a um bairro, um quarteirão — até mesmo a uma casa. Sabe como pinçar itens de seu programa que vão agradar cada indivíduo. Este trabalho ainda é custoso, mas não precisa ser feito em todo o país. Donald Trump, ora, não venceu em todo o país. Ele perdeu o voto popular. Mas, no sistema americano, em que vale a vitória em estados chaves, ele ganhou, e por margem apertada, nos distritos certos, que influenciaram o resultado de certos estados que costumam votar no Partido Democrata. E pegou todo mundo de surpresa.

27 de junho de 2017

AUMENTO DO IPTU (E DO ITBI) VAI AGRAVAR RECESSÃO NO RIO!

1. Durante anos, o impacto da economia sobre o emprego era maior na cidade do Rio de Janeiro do que em seu entorno metropolitano. Nessa recessão, os números divulgados nos últimos meses sobre emprego com carteira assinada têm mostrado que o Estado do Rio é o único em que as demissões superam as admissões. No Brasil, nos últimos dois meses, as admissões superaram as demissões. Menos no Estado do Rio. E a Capital acompanhou seu entorno.

2. A crise fiscal do Estado do Rio, ao afetar o pagamento dos servidores ativos e inativos, tem sido um agravante da recessão. As notas na imprensa sobre lojas fechando e as calçadas das ruas comerciais, que antes engarrafavam de compradores, mostram hoje elas esvaziando. Os shoppings não são exceção.

3. A elasticidade da demanda é inversamente proporcional a renda das pessoas. Ou seja, a demanda de bens de consumo das pessoas de renda superior pouco flutua com aumento ou redução da renda. Ao contrário com as pessoas de renda média ou inferior, em que o impacto da renda afeta o consumo. Nos setores médios afeta também o consumo de bens duráveis. Nos segmentos de renda inferior afeta diretamente os bens de consumo necessário.

4. Nesse sentido, a crise fiscal do Estado com atraso nos pagamentos, numa folha basicamente de renda média ou inferior, o impacto sobre a economia de bens de consumo é direto.

5. O economista polonês Michal Kalecki (1899-1970), fundador no mesmo período de Keynes da Teoria da Demanda Efetiva, foi além desse. Keynes se fixou no gasto do governo como estimulador da economia num período recessivo. Kalecki foi mais longe e analisou, além do impacto do gasto do governo, o impacto dos investimentos, da balança comercial e do consumo.

6. Kalecki dizia que a política tributária quando incidia sobre os capitalistas não afetava a decisão deles de gasto, seja por terem reservas, seja por terem aceso ao sistema de crédito. E concluía que, nesse caso, o impacto estimulava a economia por aumentar o gasto público e não diminuir a demanda por investimentos e bens de consumo.

7. Ao meio de um processo recessivo no país, e muito mais grave no Rio de Janeiro, o prefeito do Rio, Marcello Crivella, decidiu aumentar o IPTU como forma de garantir capacidade de gasto para a prefeitura. O IPTU é um imposto ao patrimônio que, numa curva pela renda/patrimônio das famílias e das empresas, em função da concentração de renda no país e no Rio de Janeiro, tem uma incidência muito mais que proporcional sobre o número de famílias e empresas, em mais de 95% dos contribuintes.

8. Com isso, o aumento do IPTU proposto pelo prefeito Crivella terá um inevitável efeito sobre-recessivo nessa conjuntura. Reduzirá a demanda de bens de consumo, acelerará o fechamento das lojas que mal conseguem pagar seus aluguéis. Aumentará o desemprego nos serviços comerciais e domésticos.

9. Com isso, o que o prefeito imagina que receberá dos contribuintes a partir do ano que vem, perderá pelo efeito na atividade econômica. Entende-se que o prefeito nada entenda de economia, macroeconomia, demanda efetiva etc., mas além da visão fiscal fechada, deveria conversar com macroeconomistas que entendem disso para avaliar o impacto do que pretende fazer.

10. E numa crise do mercado imobiliário, aumentar o ITBI em 50% –de 2% para 3%- é agregar, no caldeirão da recessão, mais recessão.

11. Com a economia e o emprego crescendo, numa dinâmica positiva, aumentar o IPTU ou o ITBI agregaria recursos fiscais e não afetaria o consumo agregado e o investimento das pessoas e das empresas médias e pequenas. Mas ao meio de uma recessão grave como essa, o aumento do IPTU e do ITBI a partir de 2018 será um “tiro no pé”, mantendo o Rio de Janeiro no último lugar do emprego formal e do consumo entre as capitais e grandes cidades. E, com isso, desestimulando os investimentos e o emprego.

26 de junho de 2017

A CRISE POLÍTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NUM MOMENTO TERMINAL!

1. A grave crise fiscal e financeira do Rio de Janeiro vem levando a crise política a um limite. A assembleia legislativa tem feito sacrifícios políticos ao votar medidas duras encaminhadas pelo governador. Os deputados federais fluminenses têm sido solidários e têm se mobilizado em Brasília para acelerar a aprovação de leis e demandas de interesse do Estado. E até ministros do STF.

2. A partir das aprovações dessas medidas, o governador –até por natural ansiedade- antecipa a expectativa dos prazos para a normalização do pagamento dos salários, proventos e pensões, e débitos com fornecedores. Esse otimismo tem ajudado a construir maioria de votos na assembleia legislativa, apesar do desgaste e da mobilização nas ruas, tantas vezes radicalizadas.

3. Mas, na medida em que as expectativas e o otimismo antecipados não se confirmam, se constrói um quadro de depressão social, política e funcional. E de minimização da confiança no governador. Com isso, suas novas demandas, independente do grau de necessidade das mesmas, passam a ter um terreno muito mais pedregoso para suas efetivações.

4. Na quinta-feira passada (22), dois fatos políticos marcaram esse quadro de depressão política. Numa conversa com representações dos servidores, o governador –pela primeira vez- admitiu que poderia não concluir o seu mandato. Não houve desmentido. Uma admissão como essa cria a sensação de governo terminal, o que dificulta ainda mais sua mobilidade como gestor e a confiança no andamento e consequências das medidas que propõe.

5. Quase simultaneamente, no mesmo dia, o presidente da assembleia legislativa -que tem construído maioria e tem conduzido, com todas as dificuldades e os ruídos crescentes das ruas, a aprovação das medidas- em entrevista afirmou que a partir de agora haveria dois caminhos para o governador: a intervenção federal e o impeachment.

6. O governo federal já afirmou repetidas vezes que está disposto a ajudar –e o tem feito- mas que intervenção federal de forma alguma, seja pelas repercussões constitucionais, seja pelas repercussões fiscais, dificultando ainda mais as medidas de ajuste que tem adotado, aprovado e que estão tramitando.

7. Dessa forma, das duas medidas sugeridas pelo presidente da assembleia legislativa, uma fica excluída: a intervenção federal. Então resta o impeachment.

8. Mas no quadro atual –político e temporal- uma iniciativa de pedido de impeachment, digamos, por juristas ou de outra forma, seria afetada pelo fator tempo e a situação terminal seria ainda mais antecipada, com seus desdobramentos fiscais, financeiros e econômicos.

9. Mas no caso do impeachment –e ninguém mais que o presidente da assembleia legislativa sabe disso- há um caminho, digamos, natural. O tribunal de contas do Estado reprovou as contas do governador de 2016. Para derrubar o parecer do TCE são necessários os votos de 2/3 dos deputados estaduais.

10. Não havendo esses 2/3 de votos, o processo de afastamento do governador se completa (TCE + ALERJ) e caberia ao TSE apenas confirmar. Imagina-se que as declarações do presidente da ALERJ, com a enorme experiência e liderança que tem, estejam levando em conta esse caminho para o afastamento.

11. Aguarda-se o desfecho.

23 de junho de 2017

VENEZUELA!

1. Um responsável do Fundo Monetário Internacional estima que a crise econômica venezuelana se intensifique nos próximos meses e atinja o ponto mais crítico em 2018, quando a inflação seja superior a 2000 por cento. A advertência teve lugar durante um fórum sobre perspectivas econômicas para 2017, organizado em Trinidad & Tobago pelo banco central desse país e o FMI.

2. Segundo o FMI, a Venezuela terminará 2017 com uma contração do PIB de 7,4%, completando quatro anos consecutivos de queda do PIB – 3.9% de queda em 2014, 6.2% em 2015 e uma quebra de 18% em 2016. Para 2018, o FMI estima que a recessão será de 4.1%.

3. Quanto à inflação, as projeções apontam que passará de três dígitos para hiperinflação, em 2018, passando de 720,5% em 2017 para 2.068,5 no próximo ano, o que representa “uma calamidade econômica enorme”.

4. Segundo o FMI, “a pobreza atingiu 82% e a taxa de assassinatos está a aumentar”, situação que obriga os venezuelanos a emigrar.

5. (Globo, 21) 5.1. Cada vez mais isolado, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou ontem uma mudança estratégica da cúpula das Forças Armadas, fortalecendo a ala mais radical dos militares e enfraquecendo Vladimir Padrino López, que embora tenha sido ratificado como ministro da Defesa perdeu o poderoso Comando Estratégico da Força Armada Nacional Bolivariana (Ceofanb). Para seu lugar, o presidente nomeou o almirante Regimio Ceballlos e ainda determinou que se incorporem, de forma imediata, 40 mil jovens à Guarda Nacional Bolivariana e à Policia Nacional, medidas que mostram um presidente cada vez mais dependente das Forças Armadas para se manter no poder, segundo analistas locais.

5.2. No mesmo dia, a Justiça autorizou o início de um processo contra a procuradora-geral, Luisa Ortega — chavista ferrenha que se tornou umas das principais críticas do governo — por não respeitar as “decisões democráticas do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ)”.  — As mudanças poderiam levar a uma radicalização das medidas adotadas pelos militares, já que Ceballos é muito mais linha-dura do que seu antecessor — alertou ao “El Nacional” a advogada Rocío San Miguel, presidente da ONG Controle Cidadão.

5.3. O debate sobre a situação do país dominou o segundo dia da 47ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Cancún, no México. Enquanto os países que tentaram aprovar uma resolução contra o regime buscavam outras formas de agir, a chanceler Delcy Rodríguez, representante de Caracas no encontro, bloqueava a agenda, aproveitando o momento para atacar os países mais críticos à Venezuela.

22 de junho de 2017

FOUCHÉ: DESTAQUES DE SUA BIOGRAFIA POR STEFAN ZWEIG!

Joseph Fouché (1759-1820). Ministro durante a Revolução Francesa e a Era Napoleônica. Criticado por sua falta de caráter. Citado como fundador da Ciência Política Contemporânea. Para Balzac era “um gênio singular”. Na lista de políticos que traiu estão Robespierre, Barras, Collot, Talleyrand e Napoleão. Sempre à sombra do poder.

1. Porque só conhece a vida quem já mergulhou nas profundezas. Só um revés confere ao homem sua força impetuosa integral. Principalmente o gênio criador precisa desta solidão temporária forçada para medir, das profundezas do desespero, do exílio distante, o horizonte e a extensão de sua verdadeira missão.

2. Também na esfera inferior, terrestre, do mundo político, uma retirada temporária confere ao estadista uma nova percepção, uma reflexão mais aguda e uma forma melhor de calcular o jogo das forças em ação. Por isso, nada de melhor pode acontecer a uma carreira do que a sua interrupção temporária, pois quem sempre vê o mundo do alto de uma nuvem, do alto da torre de marfim e do poder.

3. Só conhece o sorriso dos submissos e a sua perigosa solicitude. Quem tem sempre nas mãos o poder esquece o seu verdadeiro valor. Nada enfraquece mais o artista, o general, o estadista do que o sucesso permanente de acordo com a vontade e o desejo.

4. Só no fracasso o artista conhece a sua verdadeira relação com a obra, só na derrota o general reconhece seus erros e só na desgraça o estadista adquire verdadeira clarividência política. Uma riqueza constante torna o homem frouxo, aplausos constantes entorpecem, só a interrupção confere nova tensão e elasticidade criadora ao ritmo que se desenrola no vácuo.

5. Só a desgraça abre uma perspectiva profunda e larga da realidade do mundo. O exílio é uma dura lição, mas todo exílio significa ensinar e aprender: ele forma a vontade do fraco, torna decidido o indeciso e torna mais rígido ainda quem já é severo. Para o homem verdadeiramente forte, o exílio não reduz, antes aumenta sua força.

21 de junho de 2017

A ELIMINAÇÃO DE DOHA PARA SEDE DA OLIMPÍADA DE 2016: AGORA FICAM CLARAS AS RAZÕES!

1. A última reunião de trabalho, reunindo governador Cabral, prefeito Cesar Maia, ministro do esporte Orlando Silva, presidente do COB, Nuzman, e presidente de honra da FIFA, João Havelange, foi realizada no Palácio Guanabara no início de 2008. João Havelange surpreendeu dizendo que a escolha do Rio entre as 4 finalistas não era certa. Mas que havia uma possibilidade. O COI não queria que uma cidade “petroleira” estivesse entre as finalistas, pois a “força de seu gás” a levaria à vitória. Da reunião, Nuzman, presidente do COB, e Havelange, saíram com uma programação de viagens mostrando os méritos da candidatura do Rio.

2. As candidatas oficiais para a reunião de escolha, em Atenas, em junho de 2008, foram: • Baku – Azerbaijão/ Chicago – Estados Unidos/ • Doha – Catar / • Madri – Espanha /• Praga – República Tcheca / • Rio de Janeiro – Brasil / • Tóquio – Japão.

3. Com as delegações reunidas e credenciadas num auditório reservado, a Comissão do COI apresentou as cidades selecionadas e suas notas: 1º – Tóquio – Japão – 8,3/ 2º – Madri – Espanha – 8,1 / 3º – Chicago – Estados Unidos – 7,0 / 4º – Doha – Catar – 6,8*. Rio de Janeiro estava eliminado pois havia obtido 6,4. Mas a presidente da Comissão do COI, em seguida, informou que em função da “impossibilidade física” de Doha sediar todas as provas, ela não poderia ser incluída e, por isso, em seu lugar entrava o Rio de Janeiro.

4. Os presentes na reunião do Palácio Guanabara lembraram os comentários de João Havelange. Mas a hipótese era apenas da potencial “compra” de votos. Hoje se vê que o problema era muito mais complexo. Semana passada, Arábia Saudita, Bahrein, Egito…, suspenderam as relações diplomáticas com o emirado Catar. Acusam Catar de apoiar grupos terroristas.

5. (BBC, 15) 5.1. A tumultuada história dos Al Thani, a poderosa e multimilionária família que dirige o Catar. Alguns descrevem o Catar como “o filho problemático” dos países do golfo Pérsico e dizem que os Al Thani, dinastia que tem governado o país durante 150 anos, é “a família mais difícil da região”.

5.2. Catar está mergulhado numa disputa diplomática com seus vizinhos, incluídos Arábia Saudita, Bahrein e Egito entre outros, que anunciaram a suspensão das relações diplomáticas com o emirado acusando-o de apoiar grupos terroristas. Catar nega.

5.3. Experts assinalam que o problema remonta ao passado deste pequeno país que tem a renda per capita mais alta do mundo e uma história de abuso dos direitos humanos. A família Al Thani governa o país desde sua fundação em 1850 com uma série de sucessões de poder que nem sempre foram isentas de contratempos.

5.4. Durante as décadas de 1980 e 1990, com o emir Khalifa bin Hamad Al Thani e vários membros da família Al Thani nos postos-chave do governo, Catar seguiu uma política de não intervenção. Era considerado bastante isolacionista e a principal preocupação do emir era manter a paz interna. Mas tudo mudou em 1995, quando Hamad bin Khalifa al Thani, filho do emir, depôs seu pai com um golpe violento quando este estava na Suíça.

5.5. Este fato alterou totalmente o enfoque da família Al Thani na sua política internacional. De ser uma família que formava parte de outras com vínculos com a Arábia Saudita, e que não merecia nenhuma atenção, se converteu num grupo de indivíduos reconhecíveis e que participam na cena internacional. Uma das primeiras políticas do sheik Hamad foi acelerar o desenvolvimento de suas reservas de gás natural e em 1996 essa pequena península começou a exportar gás natural líquido pela primeira vez em sua história. A Arábia Saudita apoiou um contragolpe –mal sucedido- para reinstalar o sheik Khalifa, pai do novo emir.

5.6. Catar se converteu rapidamente em uma potencia regional. Hoje é o principal exportador de gás líquido do mundo e compartilha com Irã –inimigo da Arábia Saudita- o desenvolvimento de seu enorme depósito de gás natural, o South Pars-North Dome, o maior do mundo. Catar fundou o canal de TV Al Jazeera, que pronto se converteu em um influente meio no mundo árabe e o país se converteu em um inversor global massivo.

5.7. Em 2013, o emir abdicou e entregou o poder a seu quarto filho, Tamim bin Hamad Al Thani, que então tinha 33 anos. Poucos meses depois surgiram informes que o emir Tamim estava permitindo que se reagrupassem em Doha os membros dos “Irmãos Muçulmanos”, depois que o presidente Mohamed Morsi havia sido derrocado no Egito. Essa organização islamita sunita, fundada no Egito, estava ganhando adeptos no mundo árabe e pronto foi declarado grupo terrorista pelo Bahrein, Egito, Rússia, Síria, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Em março de 2014, Arábia Saudita, Bahrein e EAU retiraram seus embaixadores de Doha, num episódio similar ao que ocorre atualmente. Catar finalmente aceitou realocar os Irmãos Muçulmanos na Turquia e a disputa terminou em novembro.

5.8. Catar continuou seu rol como inversor global. Só no Reino Unido a multimilionária família Al Thani investiu US$50 bilhões. Em Londres são donos da luxuosa loja de departamentos Harrods, e vários grandes hotéis como The Shard –o mais alto edifício da Europa-, e tem participação no Canary Wharf -um complexo empresarial no leste da capital. Também compraram a Vila Olímpica em 2012 e tem interesses nos depósitos de gás natural de Gales.

5.9. Pertencem aos Al Thani metade do edifício de departamentos mais caro de Londres –o One Hyde Park-, 8% da Bolsa de Valores de Londres, uma porcentagem similar do banco Barclays e 25% da enorme cadeia de supermercados Sainsbury’s, entre outras propriedades. Mozah bint Nasser al-Missned, uma das três esposas do antigo emir Hamad, é dona do que é considerada a residência mais cara do Reino Unido: Cornwall Terrace, com vistas ao Regents Park, no centro de Londres, pela qual se diz que os Al Thani pagaram US$150 milhões em 2013.

5.10. No total, os Al Thani tem mais propriedades em Londres que a rainha Elisabeth II. Se tudo isso fora pouco, em março de 2017, Catar anunciou que investirá US$ 6 bilhões em transportes, propriedades e tecnologia digital neste país, antes do Brexit.

20 de junho de 2017

VIDA PARLAMENTAR DE MACRON NÃO SERÁ FÁCIL!

1. Macron emergiu para a presidência da França como uma vertente da antipolítica, na medida em que seu partido foi criado menos de um ano antes das eleições presidenciais.

2. O candidato favorito para um segundo turno contra Marine Le Pen, candidata da extrema direita, era François Fillon, dos Republicanos de Sarkozy. No início da campanha, eles apareciam empatados e com o dobro das intenções de voto de Macron, ex-ministro dissidente liberal do governo socialista de Hollande.

3. Fillon foi surpreendido por furos da imprensa, que mostravam que sua esposa era funcionária fantasma de seu gabinete. Com isso, Fillon começou a perder a batalha da ética. E mesmo sendo candidato do partido mais sólido da França naquele momento -Os Republicanos do ex-primeiro ministro Sarkozy- em poucas semanas deslizou para o terceiro posto.

4. A diferença a favor de Macron abriu e, com isso, as pesquisas, já próximas às eleições, apontavam um segundo turno entre Macron e Le Pen, o que implicava em uma fácil vitória para Macron, como aliás aconteceu.

5. As eleições parlamentares que decidiriam a composição do parlamento viriam um mês depois, como aconteceu nos dois últimos domingos. As pesquisas e a imprensa mostraram uma ampla vitória dos candidatos a deputado da base de Macron.

6. Abertas as urnas no domingo passado, a base de Macron obteve 62% das cadeiras. Uma ampla vitória como se prognosticava. Mas muito menos ampla do que o que as pesquisas que falavam: 80% dos deputados.

7. Mesmo assim, esses 62% devem ser melhor avaliados. 55% foram dos candidatos do En Marche, partido criado um ano atrás por Macron. E 7% do MoDem, de François Bayrou, um partido de centro, que participou de eleições anteriores. Bayrou renunciou à sua candidatura que andava pelos mesmos 7% que seu partido teve. Passou a apoiar Macron.

8. Os 55% obtidos pelos deputados do En Marche serão progressivamente mais e mais heterogêneos. Uma boa parte deles estreou em eleições sem experiência partidária e muito menos parlamentar.

9. Reunidos sob a bandeira da renovação e de um liberalismo difuso, eleitos pelo voto distrital uninominal em 577 circunscrições, a primeira e grande tarefa da equipe de Macron será construir unidade programática.

10. O arrastão da vitória de Macron e, em seguida, de “seus” parlamentares, produz, de partida, uma unidade na vitória, desdobrando as linhas gerais dos discursos de Macron.

11. Mas num quadro de crise econômica na França, de crise na União Europeia, com a emergência de movimentos nacionalistas anti-imigrantes, anti-muçulmanos, a unidade na vitória terá que ser reconstruída no cotidiano do debate político e das polêmicas medidas de corte liberal num quadro de forte sindicalismo e tradição dos movimentos universitários -estudantes e professores.

12. A costura político-parlamentar de Macron não será simples, especialmente porque o maestro entra sem experiência nessas coisas da política. Acompanhemos os desdobramentos. Com muita atenção.

19 de junho de 2017

CRIVELLA, O MARQUETEIRO, O BODE E AS FINANÇAS MUNICIPAIS!

1. Semana passada, no horário nobre, à noite, a prefeitura iniciou uma forte campanha publicitária mostrando uma sala com imóveis espalhados e destruídos e muita sujeira. O locutor acompanhou as imagens, afirmando que assim era a anterior prefeitura do Rio quando assumiram. E que, por isso, estavam adotando medidas fortes de redução de despesas para poder cumprir suas obrigações.

2. No mesmo dia do início dessa campanha publicitária, o prefeito Crivella anunciou à imprensa que estava cortando em 50% a verba da prefeitura de apoio ao desfile das Escolas de Samba. Seriam uns R$ 13 milhões. Isso desencadeou um debate consensual e ingênuo na Câmara Municipal e fora dela. Vereadores sugeriam outros cortes e não no Desfile. Alguns repetiam a ladainha do prefeito que a prefeitura estava quebrada e que esse corte permitiria aumentar a verba para as creches conveniadas.

3. Essa ladainha de prefeitura quebrada é repetida pelo prefeito desde o início de sua gestão em 2017. Os secretários têm ouvido da secretaria de fazenda que a projeção é muito ruim, com déficit de R$ 400 milhões na Saúde e R$ 500 milhões na Educação. E que se corria risco de atraso no pagamento dos aposentados e pensionistas e até da folha de salários.

4. Uma vez colocado o “bode na sala”, para efeito interno e externo, foram anunciados os remédios amargos. Aumento do IPTU, aumento em 50% do ITBI, aumento da contribuição previdenciária, e por aí vai. E que, sem essas medidas, sofreriam os atendimentos na área de saúde e educação e até os salários. O secretário de educação falou em reduzir a merenda escolar.

5. Enquanto isso, o prefeito faz viagens ao exterior –da Rússia e Holanda- para conhecer projetos e atrair investimentos. Uma forma pouco sutil –e comum- de ficar fisicamente fora das pressões e criar expectativas, que mesmo se consumadas levariam pelo menos 2 anos para serem iniciadas, como as plataformas no corredor da Supervia, etc.

6. Sua marquetagem foi até bem sucedida. Muitos acreditam que a prefeitura está quebrada. Talvez, até eles mesmos, por inexperiência. Os ciclos fiscais de um governo são sempre os mesmos. Coloca-se a culpa no governo anterior para justificar redução de despesas. E depois a curva fiscal é ascendente até o último ano. A assessoria financeira dos governantes –no caso o prefeito- deveria atualizar pelo valor presente a curva anual das despesas. E, em seguida, fazer a programação financeira atual pela média corrigida de todo o período de governo. E assim verá que olhar apenas para o último ano do governo anterior é uma enorme besteira. O ajuste da curva fiscal real para a média é algo natural e necessário.

7. É compreensível a ansiedade por introduzir novos investimentos e programas, mas há que ter paciência no primeiro ano. Em geral é um ano de poupança para depois investir. E não gerar pessimismo até dentro do próprio governo, que é o que está ocorrendo.

8. No dia 30 de maio de 2017, a execução orçamentária publicada no Diário Oficial mostra Disponibilidades de Caixa de mais de R$ 3 bilhões de reais. Corrigindo pela antecipação do IPTU e pelo gasto próximo com a folha de pagamentos e parte do décimo terceiro, se verifica que a prefeitura do Rio tinha em caixa –livres- em 30 de abril de 2017, cerca de R$ 2 bilhões de reais. Saldo mais que suficiente para não propor remédios amargos como aumento do IPTU, do ITBI e da contribuição dos servidores. E fica até ridículo falar em reduzir o apoio de R$ 13 milhões ao desfile das escolas de samba; e grotesco falar em reduzir a merenda escolar.

16 de junho de 2017

EM NOME DA LEI!

(Estado de S. Paulo, 15) 1. Anuncia-se para a próxima terça-feira, dia 20, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dos recursos relativos ao caso do senador Aécio Neves, afastado de suas funções parlamentares e de “qualquer outra função pública” por ordem do ministro Edson Fachin. É mais que hora de a Suprema Corte restabelecer o respeito à Constituição, preservando as garantias do mandato parlamentar.

2. Sejam quais forem as denúncias contra o senador mineiro, não cabe ao STF, por seu plenário e, muito menos, por ordem monocrática, afastar um parlamentar do exercício do mandato. Trata-se de perigosíssima criação jurisprudencial, que afeta de forma significativa o equilíbrio e a independência dos Três Poderes. Mandato parlamentar é coisa séria e não se mexe, impunemente, em suas prerrogativas. Por força da experiência dos anos de ditadura militar, a Constituição de 1988 é contundente a respeito das garantias parlamentares.

3. Em maio do ano passado, o País assistiu a uma ordem judicial similar, expedida pelo ministro Teori Zavascki, contra o então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na ocasião, sem poder contar com fundamentos jurídicos mais sólidos, Zavascki simplesmente alegou que se tratava de “situação extraordinária, excepcional e, por isso, pontual”.

4. Certamente, o caso envolvendo Cunha era de excepcional gravidade, como apontavam as denúncias contra o ex-deputado, cassado depois pelo plenário da Câmara. Ao invés, no entanto, de justificar uma aplicação menos rigorosa da lei, tal circunstância recomenda estreita observância do que dispõe o Direito, sem dar margens para eventuais nulidades ou outros questionamentos processuais. Na ocasião, o plenário do STF preferiu apoiar a medida excepcional, cujo fundamento mais parecia estar ancorado na opinião pública contrária a Cunha do que nos mandamentos da Constituição.

5. O caso que deveria ser excepcionalíssimo e único foi usado sem maiores cerimônias como precedente pelo ministro Edson Fachin para o caso do senador Aécio Neves, que não tinha qualquer semelhança com o que lhe serviu de modelo. Assim, mais um passo foi dado na direção de flexibilizar coisas que deveriam ser inflexíveis. Se era evidente o caráter exótico da decisão do STF envolvendo Eduardo Cunha, ainda mais a ordem contra o senador mineiro. Cabe ao plenário da Suprema Corte restabelecer a vigência da Constituição.

6. Se alguém tem dúvida a respeito dos perniciosos efeitos desse tipo de interpretação abusiva, basta ver a atuação de alguns agentes da lei, que, diante de cada concessão que se faz à lei, parecem ainda mais estimulados a buscar novas exceções ao bom Direito. Ceder no que não se pode ceder só faz aumentar a tentação do jeitinho de ganhar, por fora da lei, a batalha contra a impunidade.

7. Na sexta-feira passada, o procurador Deltan Dallagnol, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, disse, em sua conta no Twitter, que o senador Aécio Neves deve ser preso, caso o Senado não cumpra a ordem de afastá-lo do mandato. “O afastamento (determinado por Fachin) objetiva proteger a sociedade. Desobedecido, a solução é prender Aécio, conforme pediu o procurador-geral da República Janot”, afirmou Dallagnol.

8. Além de desconhecer os fatos – o Senado não está descumprindo ordem judicial, tendo enviado pronta resposta ao STF –, as palavras do procurador Dallagnol revelam o grau de confusão mental de alguns agentes da lei. Sem atentar para a evidente fragilidade da decisão de Fachin, o procurador ainda defende a prisão de uma pessoa, por ato de terceiro, isto é, pelo suposto descumprimento da ordem judicial pelo Senado. As palavras do procurador fazem parecer que é o arbítrio que dita as condições para a decretação de uma prisão.

9. Urge combater a corrupção. Mas tal tarefa não é motivo para essa estranha hierarquia, que vem se tornando cada vez mais frequente e desinibida, de fazer prevalecer o arbítrio pessoal sobre o que dispõe a lei. O que se espera de um Estado Democrático de Direito é que todos, também o STF e o Ministério Público, cumpram a lei.

14 de junho de 2017

PESQUISAS “PEW RESEARCH CENTER” COMENTADAS EM SEU BLOG “FACT TANK”!

Muçulmanos e o Islã: Descobertas chaves nos EUA e pelo mundo.

1. Enquanto a população mundial deverá crescer 32% nas próximas décadas, espera-se que o número de muçulmanos aumente em 70% – passando de 1,8 bilhão em 2015 para quase 3 bilhões em 2060. Em 2015, os muçulmanos constituíram 24,1% da população global. Quarenta e cinco anos depois, espera-se que representem mais de três em dez pessoas do mundo (31,1%). Havia 1,8 bilhão de muçulmanos no mundo a partir de 2015 – cerca de 24% da população global – de acordo com uma estimativa do Pew Research Center. Mas enquanto o Islã é atualmente a segunda maior religião do mundo (após o Cristianismo), é a religião com crescimento mais rápido entre as maiores. De fato, se as tendências demográficas atuais continuarem, o número de muçulmanos deverá exceder o número de cristãos até o final deste século.

2. Mais de um terço dos muçulmanos estão concentrados na África e no Oriente Médio, as regiões que estão projetadas para ter a maior população aumentam. Dentro dessas regiões de alto crescimento – assim como outras – os muçulmanos devem crescer mais rápido que os membros de outros grupos. Na verdade, os muçulmanos devem crescer percentualmente em todas as regiões, exceto a América Latina e o Caribe, onde vivem relativamente poucos muçulmanos.

3. A Indonésia é atualmente o país com a maior população muçulmana do mundo, mas o Pew Research Center projeta que a Índia terá essa distinção até o ano de 2050 (enquanto continuará sendo um país de maioria Hindu), com mais de 300 milhões de muçulmanos. A população muçulmana na Europa também está crescendo; projetando-se que 10% de todos os europeus serão muçulmanos até 2050. Em 2015, de acordo com a estimativa, havia 3,3 milhões de muçulmanos de todas as idades nos EUA, ou cerca de 1% da população dos EUA. As projeções demográficas estimam que os muçulmanos representarão 2,1% da população dos EUA até o ano de 2050, superando as pessoas que se identificam como judeus com base na religião como o segundo maior grupo de fé do país (não incluindo as pessoas que dizem que não têm religião).

4. Há dois fatores principais por trás do rápido crescimento projetado do islamismo, e ambos envolvem demografia simples. Por um lado, os muçulmanos têm mais filhos do que membros de outros grupos religiosos. Em todo o mundo, cada mulher muçulmana tem uma média de 2,9 crianças, em comparação com 2,2 para todos os outros grupos combinados. Os muçulmanos também são os mais jovens (idade média de 24 anos em 2015) de todos os principais grupos religiosos, sete anos menos do que a idade média dos não-muçulmanos. Como resultado, uma maior proporção de muçulmanos já está, ou estará em breve, no ponto de suas vidas em que começam a ter filhos. Isso, combinado com altas taxas de fertilidade, irá estimular o crescimento da população muçulmana.

5. Uma pesquisa de 2011 perguntou sobre características que os ocidentais e os muçulmanos podem associar uns aos outros.
Através dos sete países e territórios de maioria muçulmana pesquisados, uma média de 68% dos muçulmanos disse que veem os ocidentais como egoístas. Números consideráveis também usaram outros adjetivos negativos par descrever os ocidentais, incluindo violentos (média de 66%), gananciosos (64%) e imorais (61%).

6. Os pontos de vista dos ocidentais sobre os muçulmanos foram mais inconsistentes. Uma média de 50% através de quatro países da Europa Ocidental, EUA e Rússia chamou os muçulmanos de violentos e uma média de 58% os chamou de “fanáticos”, mas menos utilizaram palavras negativas como gananciosos, imorais ou egoístas.

7. Características associadas aos ocidentais por muçulmanos em países predominantemente muçulmanos: Egoístas 68% / Violentos 66% / Gananciosos 64% / Imorais 61% / Arrogantes 57%. / Características associadas aos muçulmanos por não-muçulmanos nos EUA, Rússia e Europa Ocidental: Fanáticos 58% / Honestos 51% / Violentos 50% / Generosos 41% / Arrogantes 39%.

8. Pesquisas recentes mostram que a maioria das pessoas em vários países com populações muçulmanas significativas tem uma visão desfavorável do Estado Islâmico (EI), incluindo praticamente todos os entrevistados no Líbano e 94% na Jordânia. Números relativamente pequenos dizem ver o EI favoravelmente. Em alguns países, partes consideráveis da população não oferecem uma opinião sobre o EI, incluindo a maioria (62%) dos paquistaneses. As visões favoráveis do EI são um pouco maiores na Nigéria (14%) do que a maioria das outras nações. Entre os muçulmanos nigerianos, 20% dizem ver o EI favoravelmente (em comparação com 7% dos cristãos nigerianos). O grupo militante nigeriano, Boko Haram, que vem realizando uma campanha terrorista no país há anos, jurou fidelidade ao EI.

9. De um modo mais geral, os muçulmanos dizem principalmente que os atentados suicidas e outras formas de violência contra civis em nome do Islã são raramente ou nunca justificados, incluindo 92% na Indonésia e 91% no Iraque. Nos Estados Unidos, uma pesquisa de 2011 descobriu que 86% dos muçulmanos dizem que tais táticas são raramente ou nunca justificadas.

13 de junho de 2017

“O CARÁTER PEDAGÓGICO DE UM JULGAMENTO”!

(Editorial do Estado de S. Paulo, 09) 1. O País assistiu ao julgamento do processo contra a chapa Dilma-Temer, TSE, por suposto abuso de poder político e econômico.

2. Apontado como o maior caso da história do tribunal, esse julgamento, transmitido pela televisão, deveria ser uma aula de direito e civismo, a ser aproveitada por todos os interessados no desenvolvimento da vida política nacional.

3. Mas isso talvez não esteja acontecendo. Para quem assiste ao julgamento, a primeira grande surpresa vem da confusão com que alguns ministros tratam o papel do TSE, como se ele não fosse um tribunal eleitoral.

4. Num momento, o relator do caso, ministro Herman Benjamin, reconhece que “o bem jurídico que tutela essas ações (eleitorais) é a legitimidade e a normalidade do processo eleitoral, cuja lisura é elemento indispensável à concretização do valor democrático no regime político brasileiro. (…) Ninguém sai preso daqui, nem com condenação penal”.

5. Depois, no entanto, sem qualquer constrangimento, o relator discorre sobre os fatos da ação como se estivesse num tribunal penal e o seu papel fosse condenar criminalmente os réus. A função do TSE é zelar pela lisura do processo eleitoral, avaliando se houve cumprimento do livre exercício do direito de votar e ser votado.

6. Atuar fora da esfera eleitoral é abusivo, já que extrapolaria os limites de competência da Corte. A rigor, passaria a ser um tribunal de exceção. Por isso, ainda que se faça um bonito discurso sobre a importância de a Justiça não ser conivente com a impunidade, a tentativa de levar o TSE para um julgamento além da esfera eleitoral desrespeita o Estado Democrático de Direito e a Constituição.

7. É sempre bom lembrar que arbitrariedades desse tipo não levam a bom porto. Outra esquisitice desses dias de julgamento é o tratamento dispensado a alguns fatos conexos ao processo. O relator defendeu ardorosamente que o TSE não pode julgar com os “olhos fechados”, devendo buscar a verdade real dos fatos. Parece coisa óbvia, já que estão julgando um caso complexo.

8. A cegueira deliberada em relação a algum ponto do processo feriria o senso de justiça. No entanto, o ministro Herman Benjamin não falava nesse sentido. Conforme esclareceu mais adiante, com essas palavras ele queria que o conteúdo das delações da Odebrecht fosse necessariamente apreciado pelo TSE já que se trataria de fato público e notório. “Só os índios não contatados da Amazônia não sabiam que a Odebrecht havia feito colaboração. Se isso não é fato notório, não existirá outro”, disse o ministro Herman Benjamin.

9. Uma coisa é a existência, pública e notória, da delação de 77 diretores e executivos da empreiteira Odebrecht. Outra é tomar os fatos narrados nas delações como verdade verdadeira, a dispensar posteriores provas. O fato de todo mundo saber que as delações foram feitas não significa que o seu conteúdo corresponda à verdade ou relate os fatos com fidelidade e correção.

10. Não se nega a argúcia do argumento do ministro Benjamin, fazendo parecer que a jurisprudência do STF, no sentido de afirmar que um tribunal não pode desconhecer um fato público e notório, conduziria à pretendida conclusão de presumir como verdadeiro o conteúdo das delações da Odebrecht.

11. Mas esse modo de apreciar os fatos proposto pelo relator está bem distante do que dispõe o Direito, pois sabe que descuidos nesse campo produzem não pequenas injustiças. Além de estabelecer uma série de procedimentos para garantir isenção na produção das provas, a lei prevê que as partes possam refutar os fatos narrados, apresentar esclarecimentos, etc.

12. Dessa forma, seria um tanto extravagante que o TSE, no caso mais importante de sua história, pactuasse com uma apreciação descuidada das provas, dando por verdadeiro o que não passou por um efetivo contraditório. Como também é público e notório, as delações da Odebrecht ainda são objeto de investigação.

13. O papel do juiz exige isenção. Deve antes estar disposto a ser mal interpretado pela opinião pública do que causar uma injustiça. O caso em questão é de especial gravidade, pois não envolve apenas Dilma Rousseff e Michel Temer. Um equívoco do TSE causaria um dano direto a todo o País. É bom, portanto, não ignorar os critérios seguros do bom Direito.

12 de junho de 2017

“AS REDES SOCIAIS CRIAM A ILUSÃO DE UM TEMPO QUE PARA NO PRESENTE, O QUE NOS LEVA A CONFUNDIR EXPRESSÃO COM AÇÃO”!

Dominique Wolton, 70, é um dos especialistas franceses mais renomados em ciências da comunicação (trechos da entrevista à Folha de S. Paulo, 11).

1. Não são os instrumentos de comunicação (redes sociais em 2013 no Brasil) que fazem a revolta, isso é um contrassenso. Uma vez que a mecânica da revolta surge, os meios tecnológicos acompanham e desempenham um papel. O mistério e a grandeza da Primavera Árabe é que as revoltas explodiram por razões que desconhecemos. Os telefones foram usados como meios de transmissão de informações, da mesma forma que a televisão e o rádio em outros momentos históricos. Não podemos dar demasiada importância à técnica. A política é muito mais complicada do que a comunicação.

2. Nas democracias, as redes sociais são uma extensão da lógica de expressão, o que, na teoria, é positivo. Mas se todo mundo se exprime, quem escuta o outro? Na prática, as redes sociais são o “low cost” da democracia, porque resume a ação política ao problema da expressão, quando o grande desafio é conhecer e agir.

3. Para melhorar a democracia, cada um deve ficar no seu lugar e fazer o seu trabalho. Os políticos devem parar de interagir diariamente com o eleitorado, os jornalistas devem parar de seguir o dia a dia dos políticos e se dedicar ao trabalho de investigação, e a opinião pública deve parar de pensar que ela é o coração revolucionário da sociedade.

4. Eu sou da opinião de que há mais inconvenientes do que vantagens das redes sociais na política. É uma perversão total achar que a ausência de atores intermediários melhora a política. Não há política sem atores intermediários.

5. Essa tendência (fim dos grandes marqueteiros) que ganhou corpo durante a campanha de Barack Obama [nos Estados Unidos] em 2008, é enganosa. Obama não tinha estratégia para as redes sociais, ele apenas utilizou as redes sociais para mobilizar a sua estrutura tradicional. Os pilares das campanhas modernas —sondagens, grupos focais e redes sociais— levam a um impasse. A força de uma campanha é medida pelo tempo passado na estrada, tocando, conversando, interagindo com as pessoas.

6. A tragédia de um telefone (smartphone) é que ele dá ao seu utilizador um sentimento de potência e controle: poder ouvir tudo, saber tudo, aceder a tudo. Isso leva o utilizador a subestimar a importância da experiência humana. No mais, as redes sociais ampliam o presente e esmagam o futuro. Elas impedem o debate sobre as questões verdadeiramente fundamentais. O papel dos partidos, dos “think tanks”, dos sindicatos, torna-se por isso ainda mais relevante na era das redes sociais. São as únicas organizações que conseguem pensar os próximos 20 anos na política. Enquanto as redes sociais criam a ilusão de um tempo que para no presente, o que nos leva a confundir expressão com ação.

7. A chegada ao poder de Emmanuel Macron só foi possível devido ao colapso eleitoral da centro-esquerda e da centro-direita. Sem esse desdobramento, a visão centrista dele não conquistaria apoio. A vitória de Macron não significa o fim da polarização direita-esquerda, mas a ultrapassagem momentânea do bloqueio político. Portadora de uma mensagem de inovação, renovação e juventude, a chegada ao poder de Macron é, antes de tudo, uma lição de otimismo. A grandeza da política é que as cartas são sempre redistribuídas. E a chegada de Macron redistribui as cartas. Isso vai fazer bem à direita e à esquerda.

8. O seu grande ativo é pertencer à elite e ao mesmo tempo dar a impressão de não pertencer a ela. Assim, ele consegue canalizar o sentimento popular de rejeição das elites sem perder o apoio da elite. Ele mostrou ter inteligência para chegar ao poder. Ele antecipou os acontecimentos, viu as brechas, soube aproveitar as falhas dos outros. Mas isso não significa que ele tem inteligência para governar. São duas inteligências diferentes.

9. A França gosta da democracia, mas também gosta dos símbolos e da hierarquia. Macron recorre aos símbolos para sinalizar à população que a ação presidencial não será orientada por consultores, assessores. Comunicar menos, na sua perspectiva, é comunicar mais.

09 de junho de 2017

CIRCULAÇÃO E PUBLICIDADE DOS JORNAIS NOS EUA CAEM! AUDIÊNCIA DAS TVS DE NOTÍCIAS SOBE!

(Poder 360) 1. A tiragem dos jornais norte-americanos (exemplares impressos e digitais) caiu 8% em 2016 na comparação com 2015.

2. A queda foi maior na tiragem impressa: 10% em dias úteis e 9% aos domingos. O dados são do relatório “State of the News Media”, do Pew Research Center.

3. A curva mostra que a circulação total dos jornais voltou agora ao mesmo patamar de antes dos anos 1950.

4. O faturamento com publicidade dos jornais nos EUA também sofreu uma queda. Em relação a 2015, houve diminuição de 10% no ano passado, para US$ 18 bilhões.

5. Já a receita com venda de exemplares (impressos e digitais) ficou quase estagnada em US$ 11 bilhões, com uma alta de apenas 0,4%.

6. TVS DE NOTÍCIAS A CABO. As 3 principais emissoras a cabo especializadas em notícias (CNN, Fox News e MSNBC) registraram uma audiência média de 4,8 milhões de telespectadores, um impressionante aumento de 55% sobre 2015.

7. As informações estão em análise do Pew Research Center sobre dados da Nielsen Media. O aumento da audiência impactou no faturamento total dos canais, que subiu 19% em 2016 —chegando perto de US$ 5 bilhões.

08 de junho de 2017

JUIZ OLIVER W. HOLMES: JUIZ NÃO FAZ JUSTIÇA; APLICA A LEI!

(Editorial do Estado de São Paulo – 01/06/2017) 1. O juiz federal Sérgio Moro defendeu as delações premiadas, dizendo que, sem elas, “não teria sido possível descobrir os esquemas de corrupção no Brasil”. Segundo o magistrado, “a ideia é usar um criminoso menor para chegar ao maior, para pegar os grandes”. Quanto ao fato de os delatores terem sua pena abrandada ou até ganharem a liberdade, Sérgio Moro afirmou que “é melhor você ter um esquema de corrupção descoberto e algumas pessoas punidas do que ter esse esquema de corrupção oculto para sempre”, ou seja, “é melhor ter alguém condenado do que ninguém condenado”.

2. Trata-se de uma visão muito peculiar de justiça. Não se pode negar que as delações premiadas foram importantes para puxar o fio da meada que levou o País a conhecer o petrolão, maior esquema de corrupção da história nacional. O problema é que, atualmente, a julgar pelo que chega ao conhecimento do público, as múltiplas acusações feitas pelo Ministério Público contra figurões do mundo político estão baseadas somente, ou principalmente, nas delações, sem que venham acompanhadas de provas materiais suficientes para uma condenação. Quando muito, há provas testemunhais, nem sempre inteiramente dignas de crédito ou confiança.

3. Criou-se um ambiente em que as delações parecem bastar. Se é assim, o objetivo não é fazer justiça, mas uma certa justiça. Aliás, ensinava o juiz Oliver W. Holmes que juiz não faz justiça, aplica a lei. Há tempos ficou claro que certos membros do Ministério Público têm a pretensão de purgar o mundo político daqueles que consideram nocivos. Para esse fim, basta espalhar por aí, por meio de vazamentos deliberados, que tal ou qual político foi citado nesta ou naquela delação para que o destino do delatado esteja selado, muito antes de qualquer tribunal pronunciar sua sentença.

4. Foi exatamente o que aconteceu no episódio envolvendo o presidente Michel Temer. Em mais um vazamento de material em poder do Ministério Público, chegou ao conhecimento dos brasileiros uma gravação feita pelo empresário Joesley Batista com Temer na qual o presidente, segundo se informou, teria avalizado a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha. Quando a íntegra da gravação foi finalmente liberada, dias depois, constatou-se que tal exegese era, no mínimo, controvertida. Mas em todo o episódio prevaleceu a interpretação feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para quem o diálogo é expressão cabal de uma negociata – e isso bastou para Temer ser visto por muitos como imprestável para permanecer no cargo de presidente. Assim é a política, como bem sabem os vazadores.

5. Enquanto isso, o empresário Joesley Batista, por ter grampeado o presidente da República para flagrá-lo em suposto ato de corrupção e por ter informado ao Ministério Público que deu dinheiro para quase 2 mil políticos com o objetivo de suborná-los, não passará um dia sequer na cadeia nem terá de usar tornozeleira eletrônica. Poderá até morar nos Estados Unidos, para onde já levou a maior parte de seus negócios. Isso, nos termos do escandaloso acordo de delação endossado pelo sr. Janot.

6. Se é verdade, como diz o juiz Sérgio Moro, que o objetivo dos paladinos do Ministério Público é “pegar os grandes” criminosos, como explicar que alguém que confessa crimes dessa magnitude, como fez Joesley Batista, não será punido? A resposta é muito simples: o objetivo não é pegar os grandes criminosos, mas apenas aqueles que, na visão dos procuradores da República, devem ser alijados da vida nacional – isto é, os políticos. Ainda que nenhuma prova apareça para corroborar as acusações, o estrago já estará feito. E, no entanto, há muitos políticos honestos neste país.

7. Assim, as delações se tornaram instrumentos eminentemente políticos. Na patética articulação em curso para encontrar um “substituto” para Temer caso o presidente caia, a primeira qualificação exigida é que o nome do candidato não tenha sido sussurrado por nenhum delator. Só então será considerada sua capacidade de governar o País. Essa é a prova de que a agenda nacional, em meio a uma das mais graves crises da história, foi definitivamente contaminada pelo pressuposto de que o Brasil só será salvo se a classe política for desbaratada, como se fosse uma quadrilha. Isso não costuma dar boa coisa.

07 de junho de 2017

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RIO NO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2017!

A. A comparação com 2016, corrigida pelo IPCA, tem que se circunscrever às Receitas, pois as Despesas, com os atrasos e as inadimplências, não podem ser comparadas.

B. A Dívida Pública, consolidada em 30 de abril de 2017, alcançou R$ 110,4 bilhões. O serviço da dívida (juros + amortizações) pago em 2017, somou R$ 1,063 bilhão, ou 0,96% da dívida total.

* * *

RECEITAS 2017 COMPARADAS COM 2016 CORRIGIDAS PELO IPCA – JAN-ABRIL:

1. Receita Tributária. 2017: R$ 11,1 bilhões. Aumento real de +5,1%.

2. ICMS. 2017: R$ 6,5 bilhões. Queda real de (-4,8%).

3. IPVA. 2017: R$ 904,6 milhões. Queda real de (-2,6%).

4. ITCP – imposto de transmissão de patrimônio. 2017: R$ 191,6 milhões. Queda real de (-45%).

5. FPE. 2017: 460,6 milhões. Aumento real de +9%.

6. Dívida Ativa. 2017: R$ 38,4 milhões. Queda real de (-71%).

7. Operações de Crédito. 2017: R$ 25,3 milhões. Queda real de (-97%).

* * *

DESPESAS 2017 – JAN-ABRIL:

1. Pessoal e Encargos: R$ 12,4 bilhões.

2. Aposentadorias + Pensões. Pessoal Civil: R$ 3,3 bilhões.

3. Aposentadorias + Pensões. Pessoal Militar: R$ 1,6 bilhão.

Total de Pessoal: 1+ 2 + 3 = R$ 17,3 bilhões.

4. Serviço da Dívida: R$ 1,063 bilhão.

5. Investimentos: R$ 75,2 milhões. Nesse mesmo período, em 2016, tinham sido R$ 845 milhões nominais (não corrigidos).

OBS.: Os investimentos tanto do governo do Estado do Rio quanto da Prefeitura do Rio minguaram, o que ajuda a explicar por que o Rio de Janeiro tem a maior quantidade de desempregados com carteira assinada do Brasil.

06 de junho de 2017

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO!

Janeiro-Abril de 2017 comparado com Janeiro-Abril 2016 (corrigido pelo IPCA).

A. PRINCIPAIS RECEITAS:
A.1. Receitas Tributárias. 2017: R$ 3,88 bilhões. Queda real de (-5,1%).
A.2. IPTU. 2017: R$ 1,43 bilhão. Aumento real de +4,2%.
A.3. ISS. 2017: R$ 1,67 bilhão. Queda real de (-15,2%). Perda de 301 milhões de reais.
A.4. ITBI. 2017. R$ 167 milhões. Queda real de (-7,7%).
A.5. FPM. 2017. R$ 74 mil. Aumento real de +7,2%.
A.6. ICMS. 2017. R$ 609 milhões. Queda real de (-8,5%).
A.7. IPVA. 2017. R$ 494 milhões. Queda real de (-1,8%).
A.8. Dívida Ativa. 2017. R$ 69 milhões. Queda real de (-19,7%).
A.9. Operações de Crédito. 2017. R$ 39,6 mil. Valor real em 2016 foram R$ 1,068 bilhão.

B. PRINCIPAIS DESPESAS:
B.1. Pessoal e Encargos. 2017. R$ 4,65 bilhões. Aumento real de +3,7%.
B.2. Serviço da Dívida. 2017. R$ 273 milhões. Aumento real de +12,8%.
B.3. Investimentos 2017. R$ 49 milhões. Queda real de (-95,7%). Valor real em 2016 foram R$ 1,14 bilhão.
B.4. Aposentados. 2017. R$ 1,14 bilhão. Aumento real de +7,8%.
B.5. Pensionistas. 2017. R$ 200 milhões. Aumento real de +4,7%.

C. RESULTADO PRIMÁRIO: 2017. Superávit +1,44 bilhão. Em 2016 o superávit primário foi de +783 milhões.

D. DÍVIDA PÚBLICA CONSOLIDADA: 31/12/2016. R$ 14,28 bilhões. 30/04/2017. R$ 14,13 bilhões.

COMENTÁRIOS!

a) A queda de receitas foi marcada pela queda real do ISS em -15,2%. Em valores nominais atualizados, a perda foi de R$ 301 milhões de reais.

b) O ICMS teve queda real de -8,5% e a cobrança da Dívida Ativa de -19,7%. Somados e atualizados, uma queda atualizada de R$ 74 milhões.

c) As despesas de pessoal, incluindo aposentados e pensionistas, cresceram cerca de 5% em termos reais.

d) Mas o resultado primário melhorou, chegando a R$ 1,44 bilhão. Isso é o resultado da enorme queda dos investimentos, superando R$ 1,1 bilhão em termos reais; e redução de despesas de custeios diversos em função de atrasos e suspensões pontuais.

e) Prefeitura do Rio diz que não tem dinheiro para a merenda escolar. Em 30/04 tinha R$2,8 bilhões em caixa (DO 30/05 – pág. 57).

05 de junho de 2017

BASE ALIADA ENVERGONHADA, DISRAELI, OPOSIÇÃO B E MÍDIA!

1. Há dois tipos de oposição no Brasil. A oposição A, que é aquela que se coloca como; e pode ser alternativa de poder, seja por um partido como PT, seja com um bloco, incluindo, por exemplo, o PCdoB. Mas há também a oposição B, que é aquela que não é e nem se coloca como alternativa de poder, tem representação mínima e seus pouquíssimos parlamentares se alternam nos microfones e estão sempre disponíveis para a imprensa, especialmente à TV. O PSOL é um caso claro de oposição B, com seus 6 deputados, apenas metade eleita pela sigla.

2. A oposição B só tem a função de exaltação. Por que então a imprensa –especialmente a TV- oferece tanto espaço para a oposição B? A resposta é simples. A lógica da oposição B é semelhante à da imprensa, especialmente numa conjuntura de crise como a atual. Daí ocorrer uma natural convergência.

3. A grande imprensa não é e nem se coloca como alternativa de poder. Mas, num quadro de desgaste do poder executivo, suas críticas são naturalmente sistemáticas, sincronizadas com os fatos e a audiência, ou seja, a opinião pública. Por essa razão, a convergência com a oposição B é espontânea.

4. Neste momento, em função do desgaste do poder executivo, setores da base aliada procuram se afastar do governo, evitando desgaste e mirando a eleição de 2018. Ilusão treda. Dentro da base aliada isso ocorre com parlamentares menos orgânicos e com militantes mais jovens. Esses, como disputam espaço com jovens de oposição e junto à opinião pública, procuram se afirmar como oposição dentro de seus partidos.

5. Segmentos da base aliada que afirmam querer se afastar do governo tentam mostrar as suas “coerências” ao afirmar que continuam defendendo as reformas propostas pelo governo Temer. Mas não levam em conta que não cabem no campo das alternativas ao governo e o máximo que podem conseguir é eleger deputados e ser oposição ao governo eleito em 2018.

6. A base aliada “envergonhada” poderia aprender com o primeiro ministro da Grã-Bretanha Benjamin DISRAELI, no seu quinto período de governo (1874 – 1880). Após a formação do bloco dos Três Imperadores (Alemanha-Áustria-Rússia), Disraeli, 1878, concluiu que o melhor era se somar ao Império Otomano – decadente.

7. O fortalecimento do bloco dos Três Imperadores colocaria em risco uma expansão do Império Russo, controlando o Bósforo e Dardanelos e garantindo a saída da Rússia, pelo mar Negro, para o Mediterrâneo e o controle do Mediterrâneo Oriental. E, como consequência, a expansão da Rússia para o Oriente Médio.

8. Colocando na balança as alternativas, o grande estadista Disraeli não teve dúvidas em apoiar o Império Otomano contra o bloco dos Três Imperadores, especialmente de olho na expansão russa. A diplomacia britânica da época lembrava que o apoio ao decadente Império Otomano era o único caminho possível para impedir a pior alternativa, que era a expansão da Rússia pelo Mediterrâneo.

9. A base aliada envergonhada deveria pensar muitas vezes e entender que se apontar suas baterias contra o presidente Temer, na prática, estará se comportando como oposição, ou na lógica da mídia. Mais grave ainda, fortalecendo a oposição A como alternativa de poder.

10. Que a base aliada envergonhada pense bem antes de, ingenuamente, fortalecer a oposição, inclusive contra as reformas que ela diz defender. Para reforçar suas reflexões, poderiam ler o capítulo 6 do livro Diplomacia, de Henry Kissinger.

02 de junho de 2017

ALEMANHA: LIÇÕES PARA O BRASIL! ELEIÇÕES EM SETEMBRO! MERKEL DISPUTA SEU QUARTO MANDATO! DUAS CONFERÊNCIAS POR ESPECIALISTAS DO CDU: EM BOGOTÁ, 25 DE MAIO DE 2017!

A) 60 milhões de eleitores estão inscritos para votar nas eleições de 24 de setembro de 2017 para o Parlamento – “Bundestag”. São 630 membros eleitos pelo voto distrital misto (por distrito, metade nominalmente e metade em lista). As pesquisas vinham dando ao SPD (Socialdemocratas) vantagem, mas, agora, nas últimas semanas, inverteram; e o CDU, de Angela Merkel, voltou a liderar. Merkel é cientista política, desde 2005 governa a Alemanha e lidera a União Europeia.

B) Entre os dias 22 e 25 de maio, em Bogotá, a Fundação Konrad Adenauer, do CDU de Merkel, realizou um seminário com foco em lideranças jovens latino-americanas de partidos do campo político do CDU. Numa primeira parte, as conferências foram sobre temas políticos gerais, especialmente em relação aos jovens e mulheres. Numa segunda parte, duas conferências trataram do processo eleitoral na Alemanha.

C) Neste momento, o Brasil discute uma reforma político-eleitoral em que o processo alemão, voto distrital misto, ganha destaque. Conhecer o conteúdo dessas conferências é orientador para as eleições brasileiras de 2018. O Democratas foi representado pelo presidente da Juventude do Rio, Antonio Mariano, 26 anos, formado em Ciências Sociais pela FGV e Mestre em Administração Pública pela FGV.

* * *

PRIMEIRA CONFERÊNCIA: Campanha eleitoral de 2017 na Alemanha/ Deputado alemão Sebastian Ehlers.

1. Alemanha é uma república federada, com 16 estados federados. / Distritos e municípios não podem editar leis, mas apenas decretos sobre temas que digam respeito diretamente aos municípios. / Apenas prefeitos e vereadores de cidades grandes recebem salário fixo. / Para filiar-se é obrigatório pagar mensalidade ao partido. O mínimo é de 5 euros ao mês, um valor muito baixo, mas que ajuda o partido. / Em cada nível (local, regional ou nacional), o partido decide como fazer sua própria campanha, sem interferência de outros níveis. Ou seja, o partido, em nível nacional, não pode interferir na estratégia de campanha em uma cidade. / Apesar da liberdade, as campanhas devem ser financiadas em seus próprios locais. Apenas há interferência se o partido local solicitar.

2. Grandes desafios da CDU: os cidadãos têm grande interesse político, mas não significa que queiram filiar-se a algum partido político. Preferem trabalhar outros temas, como auxiliar uma escola. / No leste, antes da queda do muro, era obrigatória a participação da população nas instituições políticas. / Populismo da extrema-direita tem crescido nos últimos 20 anos e foi impulsionado com a crise migratória. / Público são os eleitores da direita que têm medo de perder emprego, mas eleitores da esquerda também se convencem de votar nestes partidos, principalmente da antiga Alemanha Oriental. Votam não pela ideologia, mas por protesto. / Campanha “contra o sistema” foi apelidado de “fenômeno Trump”. / Críticas atuais contra o sistema são várias, mas, principalmente, contra a imigração. É esse o carro-chefe dos populistas. Os meios de comunicação têm jogado ao lado dos populistas quando tratam da imigração.

3. O partido político deve criar e manter redes das mais distintas possíveis: com clubes, associações, organizações sociais, etc. O partido não deve e não pode se fechar em si mesmo. / O jovem na Alemanha já não lê mais jornais e se informa quase que exclusivamente pela internet. / Ninguém sabe qual será o futuro da imprensa escrita. / Redes sociais ajudam nessa mudança, já que a população entra em contato diretamente com seus governantes – e eles respondem. / Contato ainda é feito porta a porta durante as campanhas. Um exemplo desse contato pessoal é a distribuição de cartões nas casas, pedindo sugestões dos eleitores. / Comunicação é sempre com linguagem simples, sem linguagem estrangeira.

4. Existem diferentes correntes dentro da CDU, como liberais e conservadores, mas ainda temos problemas para receber mais jovens e mulheres. / Devemos saber aproveitar o conhecimento dos nossos próprios integrantes. Às vezes não sabemos que um filiado é diretor de uma importante empresa e ficamos sem usar esse contato e esse conhecimento. / Ter um ombudsman é de suma importância, para estarmos constantemente renovando nossos debates e resolvendo nossos problemas internos. / As eleições dos estados, normalmente, são separadas. Não há obrigatoriedade para que ocorram simultaneamente, apesar de que pode ocorrer em alguns momentos. E as eleições estaduais são de suma importância como teste para as eleições nacionais.

5. Nas visitas aos domicílios, sempre vão um homem e uma mulher e, às vezes, essa visita pode demorar hora. As equipes devem estar dispostas e, principalmente, preparadas. / Mas é preciso ter um planejamento minucioso, pois se você bater em uma porta às 17h30, o eleitor não vai votar em você: é a hora do futebol na TV. / Todas as forças do partido devem ser mobilizadas durante a campanha. Ninguém pode ficar de fora. / Na Alemanha, uma pessoa pode ser deputada e ministra ao mesmo tempo, o que pode atrapalhar um pouco a fiscalização do Legislativo em cima do Executivo. Mas em um governo de coalizão, os próprios partidos aliados fazem este controle. Além do que, a lei obriga o Executivo a prestar contas periodicamente, além de responder toda e qualquer indagação dos parlamentares.

6. Relação entre CDU e CSU (aliado histórico) é muito interessante, mas a Baviera é muito diferente do resto da Alemanha. São mais conservadores que nós e, de vez em quando, brigamos, como em qualquer família, mas como bons irmãos, estamos fazendo as pazes novamente, depois de fortes críticas à Merkel. / Os portos do norte da Alemanha estão lotados, tanto de cruzeiros turísticos, como de navios de comércio. / “Na Alemanha, nós, deputados, votamos com a nossa consciência, não temos controle de voto na bancada. Mas como nós estamos filiados a um partido que defende bandeiras X, Y, Z, é de se esperar que votemos de acordo com o que defendemos no partido.”

* * *

SEGUNDA CONFERÊNCIA: CAMPANHA E COMUNICAÇÃO. Prof. Dr. Mario Voigt (Alemanha).

7. Comparação entre os últimos spots de campanha de Hilary Clinton e Trump: Clinton transmite desespero, falta de confiança e medo de perder; Trump transmite confiança, convida o público a trabalhar juntos, compara passado com futuro e transmite o medo de termos Clinton (que foi chanceler de Obama) outra vez. / Ideia básica e fundamental de qualquer campanha: mudança ou manter o mesmo? / O que importa na campanha: tempo (que nunca é suficiente), dinheiro (que deve ser gasto com sabedoria) e pessoas (para ajudarem a lhe eleger). Tudo isso deve fazer parte de um bom planejamento de campanha, que resulta em uma única coisa: o dia da eleição.

8. Estamos vendendo ideias, um partido e, para isso, temos um tempo escasso. Se vendêssemos um carro, o tempo não importaria. / Fórmula mágica: quem vota quer escolher alguém parecido com você e que defende o que você pensa. Toda sociedade tem um tema que a ocupa, o candidato deve saber encontrar este tema para trabalha-lo e criar um vínculo emocional.

9. Nunca convenceremos 100% dos eleitores, assim como nunca vamos poder oferecer tudo para todos. É impossível. O foco do candidato é quem não está convencido, algo que toma muito tempo. / Perguntas básicas de planejamento: quem são meus eleitores? Onde estão? Por que votam em mim? Como chego até eles? Quando devo me comunicar com eles? / Não confundir estratégia de campanha com tática de campanha. / Campanha que aponta para novos eleitores, é uma campanha perdida. Campanha não é para perder tempo e dinheiro. Se querem convencer novas pessoas, o partido que faça um trabalho prévio.

10. Mensagem deve ser: clara, concisa, conectada, consistente, vinculante, relevante, criar contrastes e transmitir credibilidade. / Maioria das peças publicitárias de campanha fazem uso da imagem para contrastar com seu opositor e, por consequência, denegri-lo. / Hierarquia da mensagem: problemas (no topo) -> atitudes e valores / medo e esperança (na base). / Campanha de hoje deve saber misturar o digital e o pessoal. Nem apenas um, nem apenas outro, se não é derrota na certa. / Estratégia de Merkel: emocionar a campanha, mas sem polarizar.

11. Nossa mensagem de 2009: “Nós temos A força.” Contraste de Merkel (candidata mulher, representada pelA forçA) com o outro candidato homem. / Mensagem de 2013: “Sucesso juntos! / Mensagem de 2017: “Estabilidade e valores em época de incertezas.”

12. Nos últimos dois anos, o trabalho fixo na Alemanha bateu níveis recordes. Ilha de estabilidade no meio da Europa. / Cerca de 30% da população alemã só escolhe seu voto na semana da eleição. / Estratégia para a próxima campanha: impedir uma coalizão contra CDU. / A preocupação dos partidos de centro-direita e direita deve ser: envolver o cidadão na tomada de decisões e melhorar a vida da população.