Mês: setembro 2017
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14 de setembro de 2017
DAVID SAMUELS PREVIU E ACERTOU O ÚNICO CAMINHO PARA O PT CRESCER!
EX-BLOG DE 01/12/2010
1. O exercício de maior risco na ciência politica é a previsão para um período de tempo de médio prazo. O professor David Samuels, da Universidade de Minnesota, em base a dados que vão até 2002, procurou explicar as razões que poderiam levar o PT a crescer ou não. Ou seja, o que levaria um eleitor a votar no PT. O trabalho foi publicado no Brasil pela revista OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol. X, nº 2, Outubro, 2004, p. 221-241.
2. A partir das regressões sobre diversos temas que poderiam estar relacionados com o voto no PT, Samuels chega a conclusões, na época, surpreendentes. Hoje se pode afirmar que a precisão de suas conclusões é impressionante. Segue uma lista de situações que não levam ao petismo. “A classe socioeconômica não está diretamente relacionada ao petismo. Categorias sociais como – raça, gênero, religião e idade – não apresentam relação com o petismo. Não é verdade que os católicos sejam mais petistas e que os evangélicos menos. A variável raça também não mostra relação significativa.”
3. “O atrativo do PT de reduzir a desigualdade socioeconômica não se reflete nos resultados de regressão. O desejo de maior influência do governo na economia e maior regulamentação desta, bem como o apoio ao nacionalismo econômico não estão associados ao petismo. Brasileiros que se opõem às práticas clientelistas e ao rouba-mas-faz não apresentam maior probabilidade de serem petistas. Os brasileiros que apoiam a liberdade de expressão política e que têm ideias menos hierárquicas da sociedade também não mostram maior probabilidade de serem petistas.”
4. “A variável mais importante que surge em termos do impacto sobre ser petista é a opinião sobre Lula. O resultado aqui mostrado indica que a predição aumenta quase 65% para um brasileiro que dá nota 10 a Lula numa escala de 0 a 10, em comparação com quem dá nota 5 na mesma escala. ”
5. “A importância para o petismo da popularidade de Lula tem implicações substanciais para o futuro do PT. Ele continua a ser o único líder petista que pode atrair um número de adeptos bem maior do que o partido. Quando ele deixar o palco, podemos prever não somente uma difícil sucessão na liderança, como também algum grau de problemas para o partido em termos de sua capacidade de reter seguidores e assim continuar crescendo eleitoralmente. O partido ainda não está inteiramente livre de sua conexão a um único líder político. Os resultados deste estudo têm implicações adicionais para o futuro do petismo.”
6. “A ideologia de esquerda, que o próprio partido abandonou em larga medida, tem uma influência muito limitada na identificação dos brasileiros com o PT. O petismo também não mostra uma relação clara com políticas públicas determinadas, nem com classes sociais. Se o petismo fosse principalmente uma função dessas três variáveis (ideologia, políticas e classe), o crescimento do PT poderia ficar severamente limitado, pois muitos brasileiros possuem posturas ideológicas fracas, têm pouco conhecimento sobre políticas específicas e não têm uma consciência de classe clara.”
7. David Samuels merece um máximo reconhecimento. Foi provavelmente o único cientista político que teve a coragem de acreditar em seus estudos econométricos, e dar publicidade, contrariando o que a academia, a imprensa e os políticos imaginavam e repetiam à exaustão.
8. Se quiser ler o estudo todo. http://www.scielo.br/pdf/op/v10n2/22016.pdf
13 de setembro de 2017
NOTAS LATINO-AMERICANAS!
1. Eleições neste final de 2017. Centro-Direita deve retornar ao poder no Chile e a “Concertación” Socialistas e Democratas-Cristãos estará desmontada. A Democracia Cristã deve passar a ser um partido eleitoralmente pequeno.
2. Eleições na Argentina renovam 50% do parlamento. A vitória de Cristina Kirchner nas eleições primárias abertas na Província de Buenos Aires, que representa 40% do eleitorado argentino, pode significar que a expectativa de Macri de passar a ter uma base parlamentar superior a 40% muito dificilmente será alcançada.
3. As avaliações dos presidentes na América Latina desabaram em geral. Exceções são Uruguai, Paraguai e Panamá.
4. Os acordos com a entrega de armas pelas guerrilhas na Colômbia já produzem uma significativa mudança nas plantações de coca, ampliando-as no Peru e Bolívia. Brasil terá que reforçar as fronteiras e aprofundar seus órgãos de inteligência em sincronia com os mesmos do Peru e Bolívia e o DEA. Com isso, o mercado consumidor e o corredor brasileiros estão sendo estimulados.
5. O efeito Odebrecht fora do Brasil, na América Latina levou os governos a fecharem acordos de indenização com a empresa e interromperem –em geral- o multiplicador das investigações em direção a políticos e empresários. Alegam que o impacto sobre a economia e o emprego seria grande se adotado o modelo da Lava-Jato brasileira.
6. A renúncia do vice-presidente do Uruguai –sem esperar as investigações sobre o uso dos cartões corporativos- veio como um alívio para o governo. Mas teve um efeito simbólico na esquerda, na medida em que o vice-presidente, Raul Sendic, é filho do líder e fundador dos Tupamaros, que tem o mesmo nome.
7. Venezuela e Nicarágua perderam a vergonha: já são ditaduras sem adjetivos.
8. No Equador, a ruptura política do ex-presidente Correa com seu afilhado e atual presidente Lenin Moreno afetou o equilíbrio de forças no país. O vice-presidente Jorge Glas descarta renúncia em acusações no caso Odebrecht. O aprofundamento, ou não, vai depender do interesse político do presidente.
9. No México o PAN –centro-direita- cresce e já governa 12 Estados, ou 40% da população. Para as eleições, em 2018, enfrenta dois problemas: as primárias em curso estimularam candidaturas nervosas e são lideradas –por pequena margem- pela esposa do ex-presidente Calderón. As pesquisas antecipam uma disputa intensa com Lopez Obrador – que rompeu com o PRD (algo como o PT de lá), criou um partido (MORENA) e cresce com seu populismo e habilidade oratória.
12 de setembro de 2017
NOTAS BRASILEIRAS!
1. O depoimento de Palocci, preliminar de delação premiada, inaugura o multiplicador horizontal (quando político delata político) na Lava-Jato. Na operação Mãos Limpas isso ocorreu logo no início e o número de denunciados foi cinco vezes maior que no Brasil, até agora.
2. A condenação de ex-chefes de governo na Itália tem estimulado a Lava-Jato, pois a “corrupção sistêmica”, como se denominou na Operação Mãos Limpas, passa a ter um multiplicador ainda mais devastador, atingindo o xadrez partidário.
3. Se o prefeito Dória não trocar de partido, terá uma surpresa nas convenções de 2018: não será candidato nem a presidente nem a governador. Terá que fazer outra opção.
4. A cada dia que passa, a hipótese da antipolítica vencer as eleições presidenciais de 2018 cresce. E as pesquisas não anteciparão nomes. Só em campanha se saberá os antipolíticos competitivos.
5. Berlusconi, eleito no pós Operação Mãos Limpas, ajudou a desintegrar os 2 grandes partidos: Democracia Cristã e Partido Socialista. Era o novo, o empresário competente e bem sucedido, midiático por profissão, presidente do Milan. Afirmava seu compromisso com a Operação Mãos Limpas; Depois de eleito foi o que se viu, inclusive o estímulo a nova legislação que “cortou as asas” das investigações.
6. Economistas sêniores afirmam que o déficit fiscal brasileiro atual tem um efeito keynesiano. Sem ele, a recuperação econômica teria um voo de barata e a recessão voltaria com maior força que a dos últimos anos. Por isso a importância da reforma da previdência, cujo efeito fiscal virá no médio prazo, quando a recuperação econômica atual ganhar um patamar sustentável.
7. Se a eleição presidencial de 2018 é imprevisível, tanto ou mais serão as eleições de governadores, especialmente nos estados maiores.
8. No Brasil já se sente o mesmo efeito da crise política que nos países da Europa e Estados Unidos. A mobilização dos jovens caminha majoritariamente para a direita. Na América do Sul, essa tendência começou no Peru e se expande.
11 de setembro de 2017
NOTAS CARIOCAS!
1. Contas do governo Pezão precisam ser aprovadas em plenário por 2/3 dos deputados estaduais, pois foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).
2. A aprovação do novo IPTU do Rio foi uma vitória de Pirro. Prefeito Crivella perdeu o encanto e teve que entregar cargos de primeiro e segundo escalões a vereadores nos bairros e nos serviços públicos. E a receita estimada de R$ 600 milhões deverá cair à menos da metade e assim mesmo dividida em 2 anos.
3. Leilão das contas da prefeitura vencida pelo Banco Santander rendeu menos da metade dos R$ 490 milhões anunciados. Como contrato vencia em mais cinco anos, a indenização paga será do e ao próprio Santander que, com isso, desembolsará menos da metade do anunciado.
4. A janela de troca de partidos prevista para março (que pode ser antecipada na reforma eleitoral) vai embaralhar as bancadas da Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores do Rio. Serão cartas jogadas no ventilador.
5. Secretarias de Educação e Saúde não pagam a prestação de serviços à Comlurb. Se não o fizerem, a limpeza urbana no Rio entra em crise a partir de outubro.
6. A administração financeira da prefeitura do Rio, orientada pelo prefeito Crivella, adotou o estilo “deixa a corda esticar”. Se passar do ponto, a desorganização administrativa será de reversão em prazo muito maior que imaginam.
7. Se confirmado o efeito Palocci na operação Calicute, o desmonte político, econômico e fiscal no Rio de Janeiro será devastador.
8. As anunciadas pré-candidaturas a governador de quem têm mandato estadual ou federal no Rio são blefes. Ou forma de alavancar eleições a deputado -federal e estadual- em 2018.
9. Se a anunciada proporção de abstenção, brancos e nulos se aproximar dos 50%, praticamente só se elegerão os candidatos com forte base distrital ou com forte apoio de opinião pública. O espalhamento dos votos, ou pinga-pinga, terá efeito muito menor do que muitos imaginam.
08 de setembro de 2017
ENTREVISTA EUGÊNIO ARAGÃO — PROCURADOR DA REPÚBLICA APOSENTADO!
(Globo, 06/09)
1. (O Globo) Rodrigo Janot errou?
— Desde o início, ele entregou o controle da Lava-Jato aos colegas. Ele mesmo não esteve à frente. Delegou muito e confiou muito no grupo dele. Ele deveria centralizar tudo e mandar para Curitiba o que entendesse que não é de interesse do Supremo. Afinal, rabo não abana cachorro. Deixou de exercer chefia do MP.
2. (OG) Quais as consequências?
— É caso de nulidade. As delações do Joesley, do Delcídio Amaral e outras. Em todas essas, houve metodologia antiética do MP. A gente não pode trabalhar com esse tipo de sistema. O Estado não pode ser malandro.
3. (OG) As delações têm sido peça-chave na Lava-Jato. Como a operação vai prosseguir?
— A delação não pode ser uma negociação para obter a prova que você quer. As pessoas acabam extorquidas a entregar o que, talvez, nem tenham para entregar. Não se pode exercer pressão sobre testemunhas. Essas delações são tudo, menos voluntárias. Até acredito que Joesley tenha sido exceção. Mas a maioria dos delatores foi oprimida pelas circunstâncias. Não está certo e tem de ser revisto.
***
EDITORIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (05/09) E JANOT!
1. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deveria ter renunciado ontem ao cargo, sem esperar a data regulamentar de 17 de setembro. Com esse gesto, Janot demonstraria que afinal lhe restou alguma prudência, depois de ter se comportado de maneira tão descuidada – para dizer o mínimo – em todo o lamentável episódio envolvendo a delação premiada do empresário Joesley Batista.
2. Janot veio a público anteontem para informar que Joesley deliberadamente omitiu da Procuradoria-Geral informações cruciais em sua delação, especialmente o fato de que o empresário contou com a orientação ilegal de um auxiliar de Janot, o procurador Marcelo Miller, para produzir a bombástica delação contra o presidente Michel Temer e conseguir o precioso acordo que lhe garantiu imunidade total. No mesmo instante, o procurador-geral tinha por obrigação reconhecer que foi feito de bobo por um criminoso confesso e que não está à altura do cargo que ocupa.
3. Seria uma forma de reduzir um pouco o terrível dano que Janot causou ao trabalho dos que levam a sério a luta contra a corrupção. Pois o fato é que o procurador-geral da República se deixou seduzir pela possibilidade de pegar ninguém menos que o presidente da República, cuja cabeça lhe foi oferecida pelo finório Joesley Batista. Sem tomar a devida precaução, Janot considerou que a delação de Joesley e o flagrante armado pelo empresário contra Temer bastavam como prova de que o presidente da República, em suas palavras, “ludibriou os cidadãos brasileiros”. Vê-se agora quem foi ludibriado.
4. Em sua ação imprudente, Janot desconsiderou as suspeitas que recaíam sobre o procurador Marcelo Miller, que teria ajudado Joesley a preparar a delação contra Temer. Na época, o procurador-geral chegou a dizer que nada havia contra Miller, mesmo quando se soube que seu auxiliar havia pedido exoneração do cargo de procurador para trabalhar no escritório de advocacia que negociava o acordo de leniência da empresa de Joesley, a JBS. A exoneração veio a público no dia 6 de março, véspera do encontro entre Joesley e Temer no qual o empresário grampeou o presidente.
5. Quando Janot apresentou a denúncia contra Temer, ficou claro que o procurador-geral não tinha nada além de ilações. Evidenciou-se, então, que a inacreditável generosidade do acordo com Joesley, que em si mesma já era injustificável, não resultou em nada senão em doce impunidade para o esperto açougueiro.
6. Mesmo assim, Janot chegou a dizer, em evento recente, que “faria tudo de novo”, ou seja, que daria imunidade total a Joesley em troca do que o empresário tivesse a dizer contra Temer, ainda que fossem apenas meias-palavras, conversas cifradas e frases entrecortadas, que podiam ser interpretadas ao gosto do freguês.
7. Não era à toa, portanto, que Joesley se sentia tão à vontade. Cuidados básicos foram negligenciados pela Procuradoria-Geral, com aval do ministro Edson Fachin, antes que a denúncia contra Temer fosse apresentada. Nem mesmo uma perícia foi feita nas gravações que supostamente incriminavam o presidente. Quando ficou claro que as armações de Joesley não produziram as provas que Janot tanto alardeou, mesmo passados dois meses do escândalo, o Supremo Tribunal Federal deu outros 60 dias para que o empresário entregasse prometidos anexos que supostamente corroborariam o que ele dizia. Estava claro que, das duas, uma: ou Joesley não contou tudo o que sabia, protegendo sabe-se lá quem, ou contou tudo e, diante dos efeitos pífios, parecia querer manter o País em suspense com a promessa de mais informações, justificando a imunidade penal que ganhou de presente de Janot.
8. Tudo ficou ainda mais confuso quando se soube que Joesley tinha mais 40 horas de gravações que havia apagado do aparelho que entregou para perícia da Polícia Federal (PF). Quando circulou a informação de que a PF começou a resgatar esses arquivos, Joesley correu a entregar os áudios que faltavam.
9. É diante de fatos como esses que qualquer observador de bom senso há de questionar as intenções de Joesley Batista. E a competência de Rodrigo Janot. Ao procurador-geral faltaram tino profissional e bom senso. E de nada adianta vir agora dizer que tudo foi feito de “boa-fé”. Não se brinca dessa forma com o País.
06 de setembro de 2017
AS ELEIÇÕES GERAIS DE 24 DE SETEMBRO NA ALEMANHA VÃO SER DISPUTADAS POR 42 PARTIDOS!
Pela cláusula de barreira de 5%, só 7 devem chegar ao parlamento.
1. A hipótese de uma coligação entre os democratas-cristãos e os liberais alemães ganha força como cenário pós-eleições legislativas de 24 de setembro, revelou uma sondagem divulgada pela estação de televisão ARD. 43% dos inquiridos consideram “bom” ou “muito bom” um governo de coligação entre a CDU/CSU de Angela Merkel e o FDP de Christian Lindner, o que constitui uma subida de 7% em relação à sondagem de abril.
2. 61% dos eleitores ouvidos para esta sondagem afirmaram que gostariam de ver os liberais regressarem ao Bundestag. Isto porque, em 2013, o FDP ficou abaixo do mínimo de 5% dos votos que são necessários para ter deputados no parlamento.
3. Uma tal coligação preta e amarela não seria inédita. No segundo governo de Merkel, que esteve no poder entre 2009 e 2013, os liberais estiveram coligados com os conservadores. O seu então líder, Guido Westerwelle, foi vice-chanceler e ministro dos Negócios Estrangeiros.
4. Após as eleições de 2013, tendo o FDP falhado em conseguir representação no Bundestag, Merkel virou-se para o SPD, com quem já tinha governado coligada no seu primeiro mandato. Na sondagem da ARD, a hipótese de uma reedição da aliança entre conservadores e socialistas surge como a preferida de 44% dos inquiridos. No entanto, é um cenário que sofre uma quebra de 7% comparativamente a abril.
5. Numa outra sondagem, essa realizada pela televisão ZDF, o resultado sugere que pelo menos três partidos têm hipótese de conquistar o terceiro lugar numas eleições em que a CDU e SPD são os favoritos. Os democratas-cristãos de Merkel surgem com 39% das intenções de voto nesse estudo de opinião da ZDF. Os socialistas, liderados por Martin Schulz, recolhem, por seu lado, 22%. O FDP de Lindner tem 10%, o Die Linke e a Alternativa para a Alemanha surgem ambos com 9%. Na quarta posição estão os Verdes, com 8% das intenções de voto.
6. Com estes números – e tendo em conta alguns sinais de fadiga em relação à grande coligação – tanto é possível um acordo de governação entre a CDU, o FDP e os Verdes como uma aliança entre o SPD, o FDP e os Verdes. Isto porque, à partida, os partidos dos extremos estão excluídos. Merkel já disse que não contempla qualquer acordo quer com a extrema-esquerda (Die Linke), quer com a extrema-direita (Alternativa para a Alemanha).
7. Merkel e Schulz enfrentaram-se no único duelo televisivo na antena da ARD. De novo, segundo a sondagem realizada para esta estação de televisão, 64% dos inquiridos aposta que a chanceler à procura do quarto mandato terá melhor prestação do que o ex-presidente do Parlamento Europeu. 17% apostam em Schulz. Na sondagem da ZDF, 33% acreditam numa vitória de Merkel, 10% na de Schulz. A fatia maior neste estudo de opinião vai para os indecisos: 46%.
05 de setembro de 2017
APROVADO E SERÁ ASSINADO O AJUSTE FISCAL DO ESTADO DO RIO! UM PROCESSO EXEMPLAR!
1. A implosão fiscal e financeira do Estado do Rio -na dimensão que alcançou e os graves desdobramentos sociais que produziu, especialmente nas famílias de 400 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas- teve 2 etapas. A primeira em que prevaleceu o jogo antigo de oposição X governo.
2. A oposição -em nível estadual- lastreada pelas efetivas responsabilidade dos últimos dois governos nesta crise fiscal-financeira, estimulou a mobilização do corporativismo e o confronto, resistindo às medidas que deveriam ser tomadas para assinar o ajuste fiscal proposto pelo governo federal.
3. Com isso, a discussão com vistas à decisão teria que subir para a esfera federal. E, então, o que se viu foi um comportamento exemplar da bancada federal, gerando o consenso necessário para que a negociação com o governo federal se desse sem os excessos tecnocráticos da proposta inicial. Foi aprovada a lei e corrigidos os excessos no nível administrativo.
4. O problema para articular este consenso entre partidos e parlamentares que se enfrentarão em pouco mais de um ano nas eleições de 2018 era como realizar esta coordenação. Os líderes partidários não eram suficientes. Da mesma fora não eram suficientes os líderes das bancadas no Rio de Janeiro.
5. A feliz coincidência do Presidente da Câmara de Deputados ser um deputado federal do Rio de Janeiro, de seu estilo aglutinador demonstrado por sua atuação no plenário e nos bastidores, foi o ponto fundamental, o tipping point.
6. E mais ainda: suas declarações que não disputará as eleições majoritárias em 2018 finalizou essa capacidade de coordenação. Seu conhecimento específico das matérias e suas relações com o Ministério da Fazenda em tantas outras questões, lhe deu a condição de avalista do acordo junto ao governo federal, sem despertar qualquer ciúme entre suas e seus companheiros parlamentares do Rio de Janeiro.
7. Todos os órgãos federais cumpriram com a parte que lhes tocava, mantendo suas coerências e entendendo a gravidade da situação e o multiplicador de imagem do país que tem o Rio de Janeiro e, assim, aceleraram as decisões.
8. Agora, nesta terça-feira, dia 5 de setembro, será assinado o acordo entre o governo federal, o estadual e toda a representação parlamentar do Rio de Janeiro.
9. Um processo exemplar que deve servir como paradigma para as futuras votações críticas em nível federal, onde o velho jogo oposição X governo terá que ser superado em votações especiais, como ocorreu agora com o Rio de Janeiro.
04 de setembro de 2017
RIO: LEI DO IPTU EM VOTAÇÃO! FATOS E CONSEQUÊNCIAS!
1. Nesta terça-feira (05), a lei que aumenta o IPTU entra em votação final. Sobre ela pesam dois equívocos na tramitação. O primeiro é político. Na primeira votação, criou-se entre os Vereadores a ideia que quem votasse a favor, em seguida, seria contemplado com as benesses do prefeito – cargos, intervenções e reduções no IPTU de seus bairros. E quem votasse contra seria penalizado, perdendo espaços.
2. A votação foi oral -sem usar o painel eletrônico- de forma a constranger os Vereadores. Tática parecida com a que a oposição usa em Brasília nas votações em relação aos presidentes. O prefeito venceu nesse primeiro turno. Mas aquém do que imaginava: 32 X 18. Ou seja: se 7 Vereadores mudarem seu voto no segundo turno, a votação fica empatada e o governo sem a maioria absoluta que precisa.
3. Na medida em que os Vereadores foram analisando, recebendo pressões locais e apresentando suas emendas ao projeto de lei, as expectativas quanto às concessões foram sendo frustradas. Na contabilidade dos Vereadores, neste último fim de semana, o prefeito poderia contar com 25 Vereadores, insuficiente para a aprovação que exige 26 votos.
4. No Diário Oficial da última sexta-feira veio o troco do prefeito. Várias demissões dos que ocupavam cargos por sugestão ou indicação de Vereadores que não votaram no primeiro turno ou não garantiram o voto neste segundo turno criaram um clima de revolta. Afinal, em função da cobertura da imprensa na votação da denúncia contra o presidente Temer, a tática de afetar os deputados que perderam cargos porque não votaram com o presidente foi amplamente exposta. Com isso, o paralelismo é inevitável.
5. E mais ainda. Como são 102 emendas, o prefeito deveria entender que ao perder o voto de um Vereador numa emenda sua, poderia conquistá-lo na votação da lei e em tantas outras emendas. No domingo, a avaliação dos votos já era pior que aqueles 25. Com isso, mais concessões e recuos em demissões poderão ser feitas. E a tendência dos Vereadores é votar a favor das emendas de seus pares. Ou tentar reduzir a votação das emendas em plenário com a rejeição nas comissões. Mas nem sempre pode conseguir isto.
6. Apresentar um aumento do IPTU numa conjuntura de crise e desemprego como esta, especialmente no Rio, é criar um ambiente reativo muito maior. É essa lei do IPTU que pretende corrigir concessões feitas aos Vereadores em 2009, distorcendo o IPTU em vários bairros, terminou tendo que corrigir essas distorções numa proporção menor do que deveria. E mais grave, sobrecarregou os moradores que já haviam sido sobrecarregados em 2009 pelas compensações às concessões dadas.
7. E se o problema é caixa da prefeitura, como alega o prefeito, embora os números da execução orçamentária no Diário Oficial não demonstrem isso, o efeito financeiro será bem menor que o efeito contábil. Por um lado, a própria lei parcela o acréscimo do IPTU em 2 anos. Por outro, a experiência dos moradores os levará a reduzir os pagamentos à vista, que representam quase 50% do IPTU.
8. E mais grave: aumentará a inadimplência, levando a que os moradores esperem o momento futuro da execução da dívida ativa para pagarem e, assim mesmo, de forma parcelada. Isso dois anos depois.
9. Errou o prefeito do ponto de vista político. Errou do ponto de vista econômico. E vai errar do ponto de vista financeiro dentro de seu mandato. E ao ampliar as concessões que terá que fazer para não sofrer várias derrotas nas emendas, ainda mostrará fragilidade, afetando sua relação com os Vereadores e tornando sua maioria precária em cada nova votação.
10. É aguardar. Quem viver, verá!
01 de setembro de 2017
DÓRIA PODERIA CONHECER AS IDEIAS DE JACQUES SÉGUÉLA! EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA!
1. Ex-Blog: O prefeito Dória, de S. Paulo, é um candidato competitivo a presidente? CM: O método que adotou é de alto risco. Antes de completar seis meses como prefeito –seu primeiro mandato- adota uma política de superexposição. Com isso, ganha notoriedade por um lado e, com as lupas próximas à pele, suas “marcas” vão sendo conhecidas.
2. Ex-Blog: Que marcas são essas? CM: Internamente a seu partido e ao governador Alckmin, que o apoiou nas primárias contra as principais lideranças do PSDB, surge uma “marca” de inconfiável para alguns e traidor para outros. E antes mesmo de alcançar a condição de Bispo, se comporta como Cardeal. Por outro lado, sendo um outsider, passa a ser enquadrável num modelo que tem crescido muito nos últimos anos, o da antipolítica. Com esse modelo se elegeu prefeito de S. Paulo e com sua atuação posterior esse modelo foi reforçado.
3. Ex-Blog: Mas que riscos são esses que você cita? CM: Na política a ascensão é como uma escada que se sobe degrau a degrau. Se escorrega, cai um ou dois degraus. Mas quando se tenta subir correndo, preferindo a ladeira da política, num escorregão se rola para baixo em grande velocidade.
4. Ex-Blog: Esses atos de superexposição de Dória podem ser classificados como factoides que, aliás, você destacou? E com você foi também um erro? CM: Vejamos. Quando usei a expressão factoides, ainda em 1993, a partir de um artigo da professora Stella Senra, da Universidade de Juiz de Fora, procurava destacar os fatos carregados de imagens, a imagem atraindo e comunicando. Mas em função de meus excessos, a tradução dada pelo noticiário passou a ser de entender como fatos fakes. E foi isso que pegou.
5. Ex-Blog: E quais foram as consequências? CM: Depois de uma curva de popularidade, essa inverteu e entrei numa curva de impopularidade crescente. E, para reverter essa tendência, tive que mergulhar e refletir muito. Adjetivações como “maluquinho” poderiam ter desdobramentos diversos de opinião. Finalmente consegui que a expressão viesse associada a “corajoso”, prefeito capaz de enfrentar desafios. Depois do tornado de fevereiro de 1996 no Rio, essa curva foi revertida e na eleição de 1996 elegi meu sucessor e saí da prefeitura com grande popularidade e aprovação. Mesmo que o ato final tenha sido esse, eu não repetiria a experiência, pois no meio do caminho o risco é grande e a família e os amigos sentem muito.
6. Ex-Blog: Você acha que é muito cedo para Dória se colocar como candidato a presidente? CM: Certamente; e por várias razões. O entorno do político em ascensão o estimula a dar um salto tríplice, estimulados pela expectativa de poder. É um projeto mais do entorno do que do político e potencial pré-candidato. Há também uma questão que deve ser bem pensada pelos políticos e pelos analistas. A competência e capacidade pessoais de um político são atributos
necessários, mas não são suficientes. A experiência política em eleições de governador e presidente é fundamental. De outra forma, a escolha do presidente seria por concurso público e não por eleição.
7. Ex-Blog: Que referências você sugere aos prefeitos, governadores e especialmente aos presidentes? CM: Para simplificar, dividamos a comunicação política em duas escolas: a norte-americana e a europeia, especialmente a francesa. Na norte-americana, os assessores de imagem (publicitários) dos presidentes, desde 1980, têm como slogan “todo dia é dia de eleição”. Numa analogia com a natação, é o nado borboleta. Esse é um método de alto risco para presidentes, principiantes na política, como atualmente o Trump.
8. Ex-Blog: E a escola francesa? CM: Na escola europeia/francesa eu destacaria Jacques Séguéla, assessor de imagem de François Mitterrand. Séguéla assessorou Mitterrand com duas ideias de força. Primeira. No exercício do poder, a superexposição ao sol traz queimaduras de terceiro grau. No cotidiano há que emergir e submergir. Numa analogia com a natação, é o nado de peito. Segunda. A política é semelhante ao teatro. Mas apenas semelhante. No teatro, o ator muda de personagem e continua a produzir emoções. Mas quando o político muda de personagem, nunca, ou quase nunca, sobrevive.