29 de dezembro de 2017

PRODUÇÃO DAS CÂMARAS DE VEREADORES DO RIO E DE S. PAULO!

(Gabinete do Vereador Cesar Maia, 25/12) 1. 612 projetos de lei publicados em 2017 até 27/12 (30 do Vereador Cesar Maia e 30 do Poder Executivo) – Foram 397 em 2016.

2. 49 projetos de lei complementar publicados em 2017 até 27/12 (2 do Vereador Cesar Maia e 9 do Poder Executivo) – Foram 32 em 2016. / 16 projetos de emenda à lei orgânica publicados em 2017 até 27/12 (1 do Vereador Cesar Maia e Poder Executivo não pode ser autor) – Foi 1 em 2016.

3. 184 Leis Ordinárias publicadas em 2017 até 27/12 (7 do Vereador Cesar Maia e 18 do Poder Executivo) – Foram 79 em 2016. / 13 Leis Complementares publicadas em 2017 até 27/12 (0 do Vereador Cesar Maia e 2 do Poder Executivo) – Foram 7 em 2016.

4.  3 Emendas à Lei Orgânica publicadas em 2017 até 27/12 (2 do Vereador Cesar Maia) – Foram 0 em 2016. / 117 sessões ordinárias em 2017 – Última em 26/12 (111 em 2016) 40 sessões extraordinárias em 2017 – Última em 22/12 (14 em 2016).

5. (Monica Bergamo – Folha de S. Paulo, 25) A Câmara Municipal de SP aprovou 49% dos projetos de lei lidos em plenário neste ano -foram 433 de um total de 879. Outros 163 passaram pela primeira discussão e seguem para aprovação no próximo ano. Em 2016, os vereadores da capital aprovaram 326 projetos.

6. Foram 79 sessões ordinárias e 103 extraordinárias, contra 77 ordinárias e 108 extraordinárias do ano anterior. Além dos projetos de plenário, também foram aprovadas outras 75 propostas pelas comissões da Câmara. Em 2016, foram 93.

28 de dezembro de 2017

CRESCE A MANIFESTAÇÃO DAS PREFEITURAS DE INTERESSE POR PPPs!

Esse foi o debate central na votação do Orçamento 2018 na Câmara de Vereadores do Rio. O ponto polêmico foi o enorme aumento da contribuição de Iluminação Pública para os grandes consumidores, o que viabilizaria a PPP. Fala-se no interesse de um grupo chinês.

(Folha de S. Paulo, 26) 1. A procura de prefeituras por novos projetos de PPPs (parcerias público-privadas) atingiu um recorde em 2017, segundo dados da consultoria Radar PPP.  Foram lançados 140 PMIs (Procedimento de Manifestação de Interesse), processo em que os governos convocam empresas privadas a fazer estudos de viabilidade para projetos que podem virar parcerias. No ano passado, foram registrados 67 chamados do gênero. Já em 2015, esse número era de 103.

2. Os projetos de iluminação pública seguem como os mais populares. O setor respondeu por 51 dos 140 PMIs lançados, seguido por saneamento básico, com 24 projetos.  A crise fiscal pela qual passam as prefeituras é apontada como fator central para o interesse pelas parceiras.

3. Embora esse tipo de contrato implique contrapartidas mensais pagas pelos governos, as PPPs, se bem estruturadas, substituem gastos públicos, afirma Guilherme Naves, sócio da consultoria Radar PPP.

4. A Prefeitura de São Paulo é uma das que planejam lançar uma PPP bilionária para os serviços de limpeza pública por um prazo de 20 anos. O aumento de novos projetos também se deve ao fato de 2017 ser o primeiro ano de muitas gestões municipais eleitas no ano anterior. Em ano de eleição, o número de PMIs cai e volta a subir com a nova prefeitura, diz Naves.

5. O número de parcerias que acabam sendo assinadas, contudo, caiu de 13 em 2016 para apenas 1 em 2017. Segundo Naves, isso também se deve à troca da gestão nas prefeituras. O número de editais abertos, por sua vez, caiu de 33 para 7 entre 2016 e 2017.

6. Um outro fator explica o baixo índice de contratos assinados: a baixa conversão de projetos em parcerias efetivas. Segundo a Radar PPP, a taxa de PMIs que viram contratos é de apenas 8,13%.  O principal entrave no processo é a frequente judicialização dos processos licitatórios, muitas vezes contestados por concorrentes ou por tribunais de contas.

7. O alto índice de mortalidade dos projetos, porém, não é necessariamente algo negativo, afirma Naves.   “Se o projeto é ruim, tem que morrer mesmo”, afirma o especialista.  Uma das maiores dificuldades para as prefeituras é a falta de equipes com profissionais capacitados para estruturar esse tipo de parceria porque a modalidade é relativamente nova.

27 de dezembro de 2017

RJ 2018: UMA CAMPANHA SEM PROMESSAS! UM GOVERNO ESTÁVEL!

1. O tradicional nas campanhas eleitorais para governador é de os candidatos organizarem equipes temáticas na pré-campanha com vistas a organizarem seus programas de governo e seus compromissos.

2. No Rio de Janeiro, em 2018, a tendência é que seja diferente. O diagnóstico e o levantamento de dados deverão estar voltados para a reorganização e reestruturação do governo de forma a construir um quadro de estabilidade administrativa que permita que a máquina do governo estadual deixe de ser uma parte da crise e uma parte dos problemas.

3. Um quadro de estabilidade passa pela garantia de cumprimento dos contratos, a começar pelos servidores, pela dívida pública, pelos fornecedores e pelas obras eventuais. Pela gestão rigorosamente técnica das receitas. E pelo pacto garantido e sustentável com o governo federal.

4. Com a crise econômica e social, é básico entender e estimular as iniciativas não governamentais, empresariais e até individuais que prescindam das receitas fiscais. A recuperação econômica e o emprego dependerão fundamentalmente delas.

5. Na Alemanha, há uma máxima que precisa ser repetida aqui mais do que nunca: Política se faz com as despesas e nunca com as receitas.

6. Um ordenamento anglo-saxão que foi aplicado na prefeitura do Rio, a partir de 1993, e antes, no estado, entre 1983 e 1986, foi colocar, sobre o mesmo teto, receitas e despesas. No Brasil, essas funções ficam separadas e na medida em que as pressões políticas caem sobre as despesas, o descolamento das duas é comum e explica o déficit fiscal.

7. Importante ter a maior proporção possível de despesas flexíveis e não rígidas para que se possa responder instantaneamente a flutuação das receitas. E conhecer bem quais as despesas prioritárias de forma a que se possa ter flexibilidade na execução orçamentária.

8. E minimizar a costumeira ânsia de legislar. Quanto menos se legislar, melhor. No limite seria legislar sobre o Orçamento e sobre novas exigências compulsórias e -se necessário- de forma a dar cobertura legal aos eventuais ajustes elencados acima.

9. Uma prática que contraria tudo o que foi dito é governar de olho na reeleição.

10. Isso exigirá uma campanha sem promessas lúdicas. Se não for possível vencer as eleições assim…, paciência.

26 de dezembro de 2017

CATALUNHA: NO VOTO PLEBISCITÁRIO, O BLOCO ANTI-INDEPENDÊNCIA VENCEU COM 50,94%! MESMO COM MAIORIA PARLAMENTAR NÃO SERÁ FÁCIL AOS INDEPENDENTISTAS, FORMAREM MAIORIA!

(Clovis Rossi – Folha de S. Paulo, 23) 1. O independentismo ficou com a maioria absoluta na eleição catalã de quinta-feira (21), certo? Não exatamente. Acontece que havia duas eleições em curso: a formal —quem formaria o novo governo catalão— e a plebiscitária, quem era a favor ou contra a independência.

2. Para formar governo, de fato, os grupos pró-independência tiveram maioria absoluta: conquistaram 70 cadeiras, duas a mais das 68 que compõem a maioria absoluta. Mas para chegar a esse número é preciso juntar água e óleo.

3. O grupo independentista reúne o “Juntos pela Catalunha” (34 cadeiras), o novo nome do partido que tradicionalmente representou o conservadorismo regional; ERC (Esquerda Republicana de Catalunha), 32 cadeiras, que é de esquerda e republicano, como o nome diz, e foi oposição ao hoje parceiro “Juntos”, até que as lideranças deste resolveram lançar o chamado “processo independentista”; e, finalmente, a CUP (Candidatura de Unidade Popular), 4 cadeiras, partido que é anti-sistema, anti-capitalista e anti-União Europeia —-crítico feroz, naturalmente, dos partidos do sistema, como o “Juntos” sempre foi.  Podem até formar governo, se limitarem o acordo para tanto à defesa da independência, o que não é suficiente para tocar a administração do dia a dia.

4. No voto plebiscitário, no entanto, ganhou o bloco anti-independência: somou 50,94% dos votos, maioria absoluta portanto. Fazem parte dessa maioria os seguintes grupos:

a) Cidadãos, partido relativamente novo de centro direita, que aliás foi o mais votado de todos (37 cadeiras e 25,37% dos votos);
b) PSC (a versão catalã do Partido Socialista), 17 cadeiras, 13,88% dos votos;
c) PP (Partido Popular, conservador, no poder em Madri), 3 cadeiras, 4,24% dos votos.
d) Catalunha em Comum-Podemos, grupo nascido da sociedade civil e que elegeu em 2015 a prefeita de Barcelona, Ada Colau. Oito cadeiras, 7,29%.

5. Este último partido condenou tanto a DUI (declaração unilateral de independência), promovida pelo governo da Catalunha, como a intervenção do governo central na região, provocada exatamente pela DUI, manifestamente ilegal, conforme decisão do Tribunal Constitucional. Os partidos que proclamaram a DUI somaram 47,49% dos votos, três pontos percentuais menos, portanto, do que os contrários a ela.

6. Só tiveram maioria de cadeiras, embora não de votos, pelo sistema proporcional que acabou favorecendo regiões em que o Cidadãos, relativamente novo, penetra pouco (ganhou em Barcelona, com certa folga, mas perdeu em Girona e Lleida).

7. Tudo somado, parece claro que a mensagem que emerge das urnas pode ser lida assim: grande parte dos catalães quer a independência (ou, pelo menos, mais autonomia) mas a maior parte ou a rejeita, pura e simplesmente, ou só a aceita se for negociada com Madri.

8. Mariano Rajoy, o presidente do governo espanhol, já disse que aceita o diálogo com o provável novo governo catalão. Resta ver se este se dispõe a conversar sem colocar como pré-condição a independência. Se o fizer, a crise na Catalunha volta ao ponto de partida.

22 de dezembro de 2017

AUTO DE NATAL EM SÃO JOSÉ DAS TRÊS ILHAS! E O RIO DE JANEIRO!

1. São José das Três Ilhas, com 400 habitantes, é um pequeno distrito de Belmiro Braga.  Sua rua central é ladeada por casas coloniais da metade do século 19, todas tombadas e bem conservadas.

2. Sua principal atração é a Igreja de São José, muito grande e de pedras, construída nos anos 1880, numa leve referência arquitetônica a Notre Dame, de Paris. Sua fachada de dois blocos com a entrada ao meio delas, e sua cobertura, não tem as cruzes católicas.

3. São José das Três ilhas é, hoje, área de influência de Juiz de Fora e fronteiriça com o município de Rio das Flores do Estado do Rio. Foi parte do boom cafeeiro estendido do Rio de Janeiro no século 19 e, por isso, está envolvido por importantes fazendas como São Felipe, Boa Esperança, Três Ilhas, Santa Fe…, que, em seguida à decadência cafeeira da região, passaram à criação de gado, como ocorreu com todo o vetor cafeeiro do Rio de Janeiro da época.

4. Minha família tem uma daquelas casas, localizada em frente à Igreja de São José, comprada por meu pai quando trabalhava na direção da Empresa de Caolim, no município de Belmiro Braga.

5. O atendimento por Minas Gerais e pelo município conveniado tanto da área de Educação como de Saúde, é exemplar. As crianças das escolas no interior contam com transporte gratuito. Os postos de saúde funcionam. Os remédios são distribuídos. Doentes que precisam de tratamento em Juiz de Fora são transportados pela prefeitura. E os exames médicos de todos os tipos, dos pacientes, são encaminhados pelo município e são realizados gratuitamente na central de exames em Juiz de Fora (acispes) no dia e hora certas.

6. Foi distribuído nas casas de São José das Três Ilhas um panfleto desenhado e colorido convidando para o Auto de Natal, no dia 16 de dezembro às 19h. Curiosamente, São José, ajoelhado de um lado da manjedoura onde nasceu Jesus, usa uma cobertura árabe. É um grupo católico de teatro que encena nas Igrejas em vários distritos nos dias anteriores ao Natal.

7. Em palco improvisado em frente ao altar da Igreja de São José, com pano de fundo da antiga Belém, os atores encenam o anúncio do anjo à Maria, a incompreensão inicial de José, depois orientado pelo anjo. A vinda dos Reis Magos, o nascimento de Jesus… Ao lado direito, uma fachada de uma pequena casinha onde um grupo musical caipira desenvolve o roteiro com canções relativas.

8. Cheguei com minha sobrinha-neta, de 9 anos, que é coroinha nas missas na Igreja de São José, uma hora antes da apresentação para sentar-nos na primeira fila. Um senhor que ajustava o som e as luzes me abordou, dizendo que achava que me conhecia e de onde eu era. Ele dirigia a van que levava o grupo. Morava a 160 km de Juiz de Fora.

9. Dei meu nome e disse que era do Rio de Janeiro. Ele então perguntou se eu era o pai do presidente da Câmara de Deputados. Eu confirmei. E ele falou do Rio de Janeiro, do caos que enfrenta, da crise, e que nada funciona. E que nunca podia ter imaginado isso. Eu apenas ouvi.

10. E para confirmar  o que disse, falou que seu neto se formou agora como oficial de Marinha, passando por Angra dos Reis e pela Ilha de Villegagnon. Que o sobrenome da família é Cabral, mas que seu neto antes de ir para os atos da formatura, pediu ao diretor para trocar seu nome no crachá e no anúncio dos nomes dos formandos, pois não queria que pensassem que havia alguma relação com o ex-governador.

11. Ouvi calado e pensativo. Naquele momento o apresentador anunciou o início do Auto de Natal.

12. Foto do convite distribuído.

21 de dezembro de 2017

PRESIDENTE DO PERU VIVE “TEMPESTADE PERFEITA”, DIZ PROFESSOR DE HARVARD!

(Sylvia Colombo – Folha de S. Paulo, 19) 1. Para Steven Levitsky, 49, professor de Harvard especialista em América Latina, e em Peru em particular, o que o presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, está vivendo é uma “tempestade perfeita”.

2. Porém, o cientista político crê que, se o presidente peruano for removido do cargo nesta semana, “será [um desdobramento] muito injusto, pois não se terá respeitado o devido tempo legal”.Nesse caso, segundo ele, haverá mais semelhanças com o “que foi feito com Fernando Lugo, no Paraguai, derrubado em questão de horas, do que com o ‘impeachment’ de Dilma Rousseff, que, por mais que tenha sido questionável, obedeceu a um processo institucional”.

3. Para Levitsky, a situação de PPK é muito frágil por várias razões. “Primeiro porque as instituições peruanas nunca se recuperaram do período fujimorista (1990-2000), a Justiça é frágil e não há mais partidos. Os partidos morreram em 1999”, afirmou. “Sobrou uma sombra do APRA (Aliança Popular Revolucionária Americana), de Alan García, mas com representação pífia. Não existe no Peru um sistema político como no Brasil, que, apesar da crise, resiste, e tampouco há confiança da sociedade nos partidos que aí estão.”

4. Essa falta de credibilidade das legendas, observa Levitsky, vem de antes do escândalo da Odebrecht; constitui um problema histórico do Peru. “Hoje, a crença das pessoas nos partidos no mundo é baixa, mas no Peru ela sempre o foi. E hoje é ainda menor.” Para Levitsky, a única corrente com força no Peru é o fujimorismo. Porém, o cientista político acredita que essa ala “não tem um plano claro para o país, nem sabe o que fazer com o imenso poder que possui no Congresso”.

5. Para ele, será difícil que se reorganize a aliança entre diversas forças políticas que foi armada para evitar que Keiko Fujimori vencesse as eleições de 2016. Por outro lado, acha que os próprios irmãos Fujimori (Keiko e Kenji) não sabem como fazer para que a Lava Jato não os atinja, porque também há denúncias que envolvem as campanhas de Keiko (2011 e 2016).

6. “É uma situação muito difícil. Eu compararia com a falta de rumos que viveu a Argentina, por um bom tempo, depois da queda de Fernando de La Rúa [2001]”, disse. “Acho até que Kuczynski poderia sair, pois, além da questão da corrupção, mentiu repetidamente aos peruanos, dizendo que não estava envolvido e está. Ainda assim, seria muito injusto que isso ocorresse antes do Natal, rapidamente e sem um processo legal limpo e transparente, que demorasse o tempo que a Justiça demanda.”

7. Indagado sobre um cenário já sem PPK, Levitsky crê que os fujimoristas continuarão sua pressão sobre quem o substitua, que pela lei poderiam ser Martín Vizcarra, o primeiro vice-presidente, ou Mercedes Araóz, a segunda. “Se for Vizcarra, há mais chance de ele ser manipulado pelos fujimoristas e, assim, quem sabe até seguir no cargo até o fim do mandato, mas obedecendo a eles. Com Araóz é mais incerto. Penso que os fujimoristas pressionariam por realizar eleições. Mas isso contrariaria a Constituição.”

8. Levitsky crê que a palavra “golpe” não deveria ser usada em casos como os de Lugo, Dilma e, possivelmente, PPK. “Hoje há mais sutilezas nessas movimentações. Ou seja, é preciso mais atenção da sociedade para que ocorram dentro da lei. Tirar um presidente de um cargo é um ato violento e não pode virar uma banalidade sem que se investiguem as coisas a fundo.”

20 de dezembro de 2017

“A PERIGOSA MISSA FÚNEBRE DOS PARTIDOS EM TODO O MUNDO”!

(Andrea Rizzi – El Pais/OG, 15) 1. Cada vez mais, nomes alternativos superam legendas tradicionais. Na Casa Branca reside um outsider que conquistou a candidatura do Partido Republicano com base na mais radical heterodoxia política.

2. E depois, com a mesma retórica, alcançou a presidência: no Eliseu habita uma figura antipódica, mas que também lançou seu projeto de conquista do poder desde fora do sistema tradicional de partidos, fundando seu próprio movimento para isso.

3. Em Downing Street trabalha uma política ortodoxa que, no entanto, tem de dedicar todos os seus esforços a administrar um incêndio, o Brexit, ateado contra a vontade unânime dos dirigentes dos partidos britânicos (conservadores, trabalhistas, liberal-democratas, verdes e nacionalistas escoceses defendiam a permanência na UE).

4. Agora, no Kremlin, um lobo velho com muito olfato anuncia que, para continuar ali, competirá nas presidenciais do ano que vem como candidato independente. Obviamente, o panorama político russo é muito diferente do estadunidense, francês e britânico. À margem de definições abstratas, o grau de pluralismo na Rússia é gravemente inferior, e a manobra de Putin é um giro meramente tático com o qual o líder tenta reforçar sua imagem de pai da pátria acima dos partidos.

5. Na Rússia os partidos há muito tempo significam muito pouco. Mas a pequena manobra tática de Putin diz muito. Lança nova luz sobre a grave crise dos sistemas de partidos em um grande número de países.

6. No México, o PRI, totem da categoria dos partidos, acaba de escolher como candidato um homem com uma trajetória atípica, exógena a suas fileiras, e que foi ministro sob um presidente de outro partido.

7. Na Itália, outrora canteiro de partidos formidáveis (e formidavelmente corruptos), ganha cada vez mais força a possibilidade de que depois das eleições do próximo semestre governe alguma figura alheia ao foro mais íntimo dos partidos. A lista poderia prosseguir.

8. O índice de confiança dos cidadãos nos partidos se encontra em níveis mínimos. O Eurobarômetro do primeiro semestre deste ano mostra dados demolidores. Os partidos são a instituição que obtém o menor grau de confiança dos cidadãos europeus, míseros 19%. Polícia e Exército têm média de 75%; a Justiça, 55%; e até outras instituições políticas alcançam marcas muito melhores: autoridades locais e regionais, 52%; governos, 37%; parlamentos, também 37%.

9. Não é de estranhar, portanto, que a capacidade dos partidos de atraírem os melhores talentos juvenis esteja profundamente reduzida. Tudo isso representa um sério risco. Porque, embora os partidos tenham alcançado em muitos lugares do Ocidente níveis de corrupção, inépcia, mesquinhez partidária e mediocridade elevadíssimos, seu calvário, a falta de alternativas claras, representam uma lacuna no próprio centro do sistema de representação das democracias liberais.

10. Que, por sua vez, na falta de serem inventados sistemas melhores, é o que produziu em termos comparativos os maiores níveis de progresso social, econômico e cultural. É urgente a renovação dos partidos antes do término da missa fúnebre.

19 de dezembro de 2017

UTOPIAS ANTIPOLÍTICAS! 

(Angela Alonso – Iustríssima- FSP, 17)  1.  Versão notável desse tipo de utopia é a da empresa Seasteading Institute, fundada em 2008 por um empreendedor de tecnologia e um engenheiro de softwares. O segundo é neto de Milton Friedman, assegurando o DNA liberal.

2. A organização abandonou os “sistemas políticos obsoletos” em favor de “cidades flutuantes que permitirão à próxima geração de pioneiros testar pacificamente novas ideias de como viver em comunidade.” Bem-sucedidas, disseminarão a “mudança”, abolindo os Estados.

3. Este novo utopismo tem geografia móvel: ilhas artificiais ancoradas em alto-mar. Assim, se insatisfeitas com a vizinhança, levantariam âncora em vez de guerrear. O residente também se livraria do Estado, cabendo a gestão a especialistas. Escaparia do aborrecimento com políticos, tornando-se cliente de um serviço.

4. Essa utopia antipolítica concretiza o que pensam muitos: que políticos são parasitas ineficientes e dispensáveis, assim como tudo que os cerca —as Constituições, as instituições políticas, as candidaturas e os votos.

5. Tal negação extrema da política tem correspondentes no debate brasileiro. A opinião, as redes e as mídias entronizaram o mercado, com seu princípio de eficiência. Ao mesmo tempo, subiu na consideração popular um Poder não eleito: o Judiciário, único guardião da coisa pública, mais capaz e confiável que os políticos. Produziu-se verdadeira glamorização de juízes e promotores, com livros, eventos, filmes, séries, homenagens e prêmios aos “heróis” da Lava Jato.

6. O prestígio se estendeu para a Polícia Federal. O empoderamento público da corporação começou jocoso, com o “japonês” que conduzia políticos acusados de corrupção e o culto a policiais-musos. E se assentou na equação “justiça igual a prisão” —apesar de nossa população carcerária ser a terceira no ranking mundial.

7. Em princípio, como diz o nome do filme —”Polícia Federal: A Lei é para Todos”—, a regra independe de a quem se aplique. Mas como tudo se interpreta, uns são inocentados e outros aprisionados, conforme as conveniências.

8. Essa moralidade antipolítica incita uma lógica da exclusão e anima o milhão de pessoas que foi ao cinema prestigiar a PF e aqueles que aderem à candidatura presidencial de um militar.  E é o que legitima as idas da polícia aos campi de universidades públicas, onde muitos discordam dos partidários da utopia antipolítica.

9. As operações da PF se baseiam na crença sincera de que o combate à corrupção lhe confere um mandato tácito da opinião pública para vigiar e punir. A UFMG foi o caso mais recente de uma série de seis operações em universidades federais. Feriu direitos individuais. Não houve intimação para depor que, desobedecida, justificaria a condução coercitiva.

10. Essa ação e suas congêneres se amparam na tese de que o serviço público é ineficaz e corrupto, ao contrário do mundo privado de Seasteading Institute, Odebrecht, Friboi e similares, onde só existiriam pessoas eficientes e de bem. Mas não é bem assim. Em toda parte há joio e trigo, no Estado e no mercado, na universidade e na PF.

11. A utopia antipolítica produz um antiestatismo às cegas, que evita a política como esfera de debate entre os divergentes. Ancorados em uma superioridade moral que julgam autoevidente, os novos utopistas excluem, discriminam, impõem. Seus fins justificam seus meios. O apelo à ética respalda a prática da violência.

12. Pode parecer distopia, mas, como a ilha do neto de Friedman denota, o pesadelo de uns é justamente a utopia de outros.

18 de dezembro de 2017

USO DE CELULAR REDUZ A PRODUTIVIDADE NO COMÉRCIO! SÓ NO COMÉRCIO?

1. Andando pelas ruas, pelos shoppings e dentro das lojas, e observando os que passam e os que vendem, cada dia se percebe que há maior distância entre eles. E até uma certa indiferença entre os que vendem.

2. A tradicional abordagem dos que vendem, seja falando com os potenciais compradores, seja se aproximando deles ou mesmo com uma postura de atenção e simpatia tem diminuído significativamente.

3. Isso significa que o foco dos vendedores nos compradores já não é o mesmo. Especialmente quando o potencial comprador ainda está a uma certa distância. Tradicionalmente, o foco nos compradores tende a aumentar as vendas, pois os vendedores antecipam o interesse e se aproximam sem acossar os compradores.

4. Sondagens feitas em busca das razões para isso, seja por abordagem aos vendedores, seja por observação, partiram da hipótese que os problemas que envolvem as pessoas no mundo de hoje explicariam esta desconcentração dos vendedores.

5. Tentar resolver este problema no processo de seleção dos que serão contratáveis, pode até resolver naquele momento, mas a dinâmica de vida das pessoas é que potencializa a mais ou a menos a desatenção. Até porque no momento da contratação as pessoas tendem a estar mais motivadas e concentradas, assim como nos primeiros dias de trabalho.

6. Um dos membros da equipe que fazia estas sondagens e observações argumentou que nos Estados Unidos a principal causa de acidentes de trânsito passou a ser o uso de celulares/smartphone enquanto o motorista dirige. Seja o uso ostensivo, seja disfarçado, como entre as pernas ou usando fone de ouvido.

7. Aquele membro da equipe, a partir desse fato, lembrou que o uso de celular se tornou quase um vício nas pessoas. E, se é assim, em geral, da mesma forma entre os vendedores.

8. A partir dessa reunião, a sondagem passou a observar o uso -ostensivo ou disfarçado- pelos vendedores de celulares durante o trabalho. E surpreendeu-se com a enorme proporção dos que usam celulares durante a jornada e que apenas os guardam quando abordam ou são abordados pelos compradores.

9. Em seguida, a equipe passou a avaliar a produtividade dos que mantiveram os mesmos procedimentos e aos que foi solicitado o não uso de celulares durante a jornada de trabalho. A diferença de produtividade -por número de vendas realizadas- independente do valor de cada uma foi muito grande, sempre entre 25% e 30%.

10. E a conclusão da equipe que transformou em um pequeno cartaz foi: “O uso de celulares durante a jornada de trabalho reduz a produtividade”.

15 de dezembro de 2017

ALGUMAS EMENDAS APRESENTADAS PELO VEREADOR CESAR MAIA AO CÓDIGO DE OBRAS PLC 43/2017!

1. O principal e mais grave problema do projeto é a permissão de reconversão e transformação de uso de imóveis construídos como hotéis com enormes benefícios fiscais, que poderiam passar a ser residenciais, tendo assim vantagem fiscal.

EMENDA ADITIVA

O artigo 37 do PLC Nº 43/2017 passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

“Parágrafo único. A reconversão e a transformação de uso previstas no caput não poderão ocorrer no que diz respeito a imóvel que, construído com o objetivo de servir como hotel ou local de hospedagem similar, tenha usufruído de benefícios fiscais e/ou índices urbanísticos especiais em sua obra ou em sua operação.”

***

2. O projeto suaviza demais as exigências de acessibilidade dos conjuntos habitacionais e imóveis mais humildes.

EMENDA MODIFICATIVA

Os parágrafos 2º e 5º do Art. 1º do PLC Nº 43/2017 passam a vigorar com a seguinte redação:

“§ 2º Para os projetos de empreendimentos habitacionais de interesse social, vinculados às políticas habitacionais governamentais, prevalecerão os parâmetros definidos por legislação específica, quando menos restritivos, exceto no que tange às exigências referentes à acessibilidade, que deverão ser respeitadas inclusive nestes empreendimentos, nos termos do § 5º deste Artigo.

(…)

§ 5º A construção, reforma ou ampliação das edificações deverá ser executada de modo a garantir acessibilidade à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida a todos os compartimentos e equipamentos de suas partes comuns, observada a legislação em vigor, inclusive no caso dos empreendimentos citados no § 2º”

***

3. É importante proibir a sobreposição de peças também nos imóveis residenciais (já estava proibida no texto nos imóveis comerciais, evitando, por exemplo, chuveiro acima do vaso sanitário e banheiro muito apertado”

EMENDA MODIFICATIVA

O caput do Art. 12 do PLC Nº 43/2017 passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 12. Os compartimentos das unidades residenciais em edificações multifamiliares ou mistas deverão atender às seguintes disposições quanto à altura útil mínima, sem sobreposição de peças:”

***

4. O parágrafo 3o do Artigo 38 criava prerrogativa do Executivo de autorizar diretamente qualquer obra que não estivesse em desacordo com o que está neste Código de Obras, independente do que fosse.

EMENDA SUPRESSIVA

O PLC Nº 43/2017 passa a vigorar suprimido do parágrafo 3º de seu Artigo 38.

14 de dezembro de 2017

AMÉRICA LATINA: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO CHILE, BRASIL, MÉXICO, COLÔMBIA! E…, VENEZUELA!
(Editorial Folha de S.Paulo, 12) 1. A disputa presidencial no Chile, com segundo turno neste domingo (17), dá início a um ciclo de eleições em vários dos principais países da América Latina nos próximos 12 meses. Exceção feita à Argentina, as nações mais populosas vão às urnas, a maioria delas diante de um quadro de incerteza.
2. A despeito dos variados graus de turbulência política, é alvissareiro que quase dois terços dos cerca de 640 milhões de habitantes da região tenham a chance de votar. Basta lembrar que, até os anos 1980, boa parte dos latino-americanos convivia com ditaduras.
3. Brasil e México, as duas maiores democracias do subcontinente, compartilham algumas semelhanças neste início de corrida eleitoral. Ambos são comandados por presidentes que amargam baixa popularidade, cujos ministros da Fazenda têm ambições de sucedê-los.
4. No caso mexicano, José Antonio Meade já deixou a pasta, após se tornar o nome do governista PRI, de centro-direita, para o pleito de julho de 2018. Já Henrique Meirelles, igualmente um tecnocrata bem-sucedido, flerta com a candidatura, embora não ostente ainda capital político para tal aspiração.
5. Existem similitudes também à esquerda. Se as pesquisas daqui dão vantagem a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lá quem lidera é López Obrador. Trata-se de um postulante já duas vezes derrotado (2006 e 2012) e que também divulgou uma carta para tranquilizar os mercados, emulando a campanha vitoriosa do congênere brasileiro.
6. Outra disputa de difícil prognóstico se dá na Colômbia, que elege novo líder em maio. Dois candidatos esquerdistas aparecem à frente nos levantamentos de intenção de voto, mas com pouca dianteira sobre o principal nome conservador.
7. A esquerda, em geral, tem perdido espaço na vizinhança. Se confirmada a previsão de vitória de Sebastián Piñera, os chilenos se juntarão a peruanos e argentinos entre os que optaram por governantes ao centro e à direita.
8. Quem busca frear a qualquer custo o avanço opositor é Nicolás Maduro, que tem gerido o calendário eleitoral de acordo com sua conveniência. O ditador promete que os venezuelanos votarão para presidente no último trimestre do ano que vem. Se isso ocorrer, é provável que só a fraude mantenha o chavismo no poder.

13 de dezembro de 2017

JUVENTUDES POLÍTICAS: DE MASSAS, DE QUADROS E O PODER DE MULTIPLICAÇÃO! OS JOVENS MARX E ENGELS!
1. A clássica divisão dos partidos políticos de massas e de quadros foi facilitada pela estática das ideologias. O partido de massas -dada a ideologia- priorizava a mobilização e estimulava as lideranças carismáticas. O partido de quadros -dada a ideologia- priorizava a qualidade intelectual de suas lideranças em todos os níveis.
2. Um ponto que os aproximava era serem partidos que partiam de ideologias dadas e seus líderes, seus quadros e intelectuais, reforçavam as mesmas ideias com argumentos mais sólidos ou mais mobilizadores.
3. Nos anos 30 as juventudes mobilizavam e eram mobilizadas, tanto pelas ideias de direita quanto de esquerda.
4. No pós-Segunda Guerra, as juventudes partidárias referenciadas mais a direita -talvez por se sentirem vitoriosas- perderam ou reduziram em muito as suas forças de mobilização. Por outro lado, as juventudes partidárias referenciadas a esquerda pela importância e crescimento da influência da União Soviética e da China, e na América Latina de Cuba, passaram a ser o polo quase único de mobilização das juventudes.
5. As rebeliões universitárias de 1968 misturaram o campo ideológico com o comportamental, e de certa maneira, funcionaram como uma fronteira que antecipou a debacle da União Soviética e da hegemonia das suas ideias, e paradoxalmente, marcaram a desmobilização das suas juventudes partidárias.
6. Nos últimos anos, a sensação de que a política tinha perdido seu lastro ideológico foi um vetor de desmobilização. Mas -no Brasil- trouxe uma importante novidade. As juventudes de partidos de esquerda perderam o monopólio e hoje se pode afirmar que não o tem mais. Isso tanto ocorre nos movimentos estudantis quanto nos movimentos sociais e religiosos.
7. Mas com uma certa fluidez ideológica, as ideologias deixaram de ser estáticas. Ou seja, estão em movimento. Nesse sentido, as juventudes de massas não trazem nenhuma renovação e se tornam, simplesmente, correias de transmissão com suas bandeiras, camisetas e, mesmo, com suas redes sociais.
8. As juventudes de quadros -observada a tradição anterior- de formação de lideranças em base a ideologias estáticas -de esquerda ou de direita- o são da mesma forma.
9. Mas surge um vazio a ser ocupado hoje pela juventude de quadros. Formar jovens intelectuais que possam renovar as ideias, e ao falarem para o mundo de amanhã, relançarem a política em novas bases, já que pensam com muito maior independência sem terem incorporado ideias que os tornam estáticos.
10. Isto vale também para as redes sociais. E sendo assim voltam a ser inovadoras e por isso mobilizadoras.
11. Nesse final de ano estreia nos cinemas o filme O Jovem Karl Marx, de Raoul Peck, que trata dos jovens Marx e Engels, jovens intelectuais de extração social distinta e no entorno de seus 25 anos, enfrentando a repressão dos regimes autoritários, e que ao meio de lideranças e intelectuais consagrados como Proudhon e Bakunin e da mobilização deles e outros, e líderes sindicais, para dar organicidade a Liga dos Justos, rebelam-se, e afirmam que sob aquelas ideias, por mais radicais ou românticas que fossem, não se organizaria um movimento operário independente renovador e mobilizador.
12. Que o fundamental era fazer uma revisão profunda daquelas ideias. Finalmente é entregue a eles a responsabilidade de escrever um texto que servisse com orientação e plataforma ao movimento operário. Em 1848 saiu do forno -dos 30 anos de Marx e dos 28 anos de Engels-, o Manifesto Comunista, base da Liga Comunista. E desencadeador de um novo movimento politico pelo mundo todo.
13. Não se trata aqui -no filme- de ideologia. Mas de -tendo como referência este filme- mostrar que a juventude de quadros num ambiente dinâmico deve ir muito além das ideias estáticas anteriores. Deve mergulhar fundo no campo de ideias que possa renovar a política e apontar para o futuro e, dessa forma, pela força dessas novas ideias, ser fortemente mobilizador.

12 de dezembro de 2017

“AS ÁGUAS DE MARÇO FECHANDO O VERÃO”!
1. A nova legislação abre no mês de março as “janelas” para a troca de partidos pelos deputados federais e estaduais.

2. A insegurança entre os deputados em relação às eleições de 2018 nunca foi tão grande. Na medida em que as suas reeleições estarão principalmente dependentes dos quadros regionais, a amplitude desta insegurança nas atuais condições é muito maior que em eleições anteriores.

3. Tradicionalmente a taxa de renovação nas eleições para deputados está na casa dos 40%. Nas eleições de 2018 esta taxa deve ser maior. Maior e mais imprevisível.

4. Supondo que o “não voto” (abstenção+brancos+nulos) se aproxime dos 50%, a primeira questão que se coloca é de onde e para onde irão os não-votos. Na medida em que seja por uma rejeição genérica aos políticos, não se pode falar de tendências. Todos podem perder ou não. Mas se a rejeição for focalizada, será diferente.

5. O discurso de renovação será generalizado. Os novos candidatos ou novos partidos, ao sublinharem esta renovação, não terão a vantagem que imaginam. Afinal, a baixa representatividade dos deputados não fixa na memória o nome dos “veteranos”, em geral e em especial daqueles que são arrastados pelo voto de legenda.

6. As denúncias de corrupção política estão quase sempre relacionadas aos políticos nas suas regiões. As redes sociais se encarregarão de alertar sobre os seus nomes e seus casos.

7. Quando isso ocorre de forma concentrada numa certa região e num ou noutro partido, a tendência será o amplo uso das janelas de março.

8. Numa eleição com alta taxa de não-voto, a faixa de propulsão para o segundo turno tende a estar nos 15%. E sendo assim a importância dos deputados carregarem o número e o nome de seus candidatos a presidente e a governador pode ser decisiva para estes.

9. Surgiram diversos grupos ou movimentos defendendo a renovação e -até- individualizando seus candidatos. Mas como já se demonstrou embrionariamente em 2016, isso isola esse candidatos e não fortalece seus grupos ou partidos.

10. Muito mais efetivo seria que esse grupos ou movimentos defendessem propostas e projetos, e criassem um sistema de vinculação supra-partidário com links de cobrança e garantias. Os candidatos que defendam essas propostas autenticamente teriam vantagens e com isso se formaria esses grupos de baixo para cima.

11. Nunca um verão político foi tão quente. Quem sabe as águas de março poderão esfriar este quadro construindo um outono de mudanças.

11 de dezembro de 2017

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE A ORIGEM DA CRISE FISCAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO!
1. Ex-Blog: Quais as razões de fundo da crise fiscal e financeira do Estado do Rio de Janeiro?
CM: As análises que procuram explicar a enorme crise fiscal que atravessa o Estado do Rio de Janeiro desde 2014 têm se fixado principalmente na queda do preço do petróleo, na crise econômica e em eventuais desvios de recursos e corrupção. Claro que tudo isso contribuiu para o caos fiscal com atrasos nas folhas de pagamentos, em obras e com fornecedores.
2. Ex-Blog: Mas qual a questão de fundo?
CM: A questão de fundo é perguntar se havia como prever este quadro de forma antecipada e assim evitar a grave situação a que se chegou. Certamente havia como se ter esta antecipação. E ninguém melhor do que os que governavam para saber disso. Para tanto bastava acompanhar no Diário Oficial a execução orçamentária do governo do Estado detalhada de 2 em 2 meses conforme determina a LRF.
3. Ex-Blog: E quando se poderia ter esses sinais?
CM: Ate o mês de agosto de 2014 o déficit primário do governo do Estado superava 7 bilhões de reais. Mas apenas na metade de 2015 foram tomadas as primeiras medidas. E todas elas se referiram a receitas por uma vez, como o acesso aos depósitos judiciais, as anistias por negociação, etc.
4. Ex-Blog: Algum mal nisso?
CM: Receitas por uma vez geram algum alívio imediato ao caixa do Estado. Mas em seguida o desequilíbrio entre receitas e despesas retorna -e agravado- já que as tendências anteriores não foram revertidas. Com isso, a situação anterior que poderia ter sido minimizada a partir de 2014 não o foi. Na época, quando questionadas as autoridades sobre as ações que seriam adotadas, a resposta foi que isso tudo se resolveria como sempre através dos acordos com o governo federal.
5. Ex-Blog- E que mais?
CM: Mas faltou também previsão política. O governo federal enfrentava um enorme déficit fiscal e de certa forma faliu após isso. Tal situação era previsível, assim como a insistência do governo federal da época tentando uma solução mais uma vez com um keynesianismo pueril.
6. Ex-Blog: Que projeções podem ser feitas?
CM: Com os acordos feitos recentemente pelo Estado com a União e as medidas de ajuste adotadas, este quadro parou de se agravar. E agora, com a queda da inflação e dos juros e a recuperação da economia nacional, uma gestão adequada a partir desse final de 2017 reverterá progressivamente aquela grave crise fiscal abrindo caminho para a organização administrativa e fiscal do Estado e abertura de um ciclo positivo para o Estado do Rio de Janeiro.

08 de dezembro de 2017

“LOS TIEMPOS”, DE COCHABAMBA (01/12), ENTREVISTA CESAR MAIA!
“El nuevo presidente recibirá un país saneado y en crecimiento”
El exalcalde de Río de Janeiro en tres oportunidades y político brasileño, Cesar Maia, aseguró que el próximo presidente de Brasil, a ser electo en 2018, recibirá un país que se levanta de la crisis económica y social, aunque en el panorama no hay favoritos que tengan apoyo mayoritario.
Si bien el exmandatario Lula Da Silva va primero en las encuestas, una eventual condena que lo inhabilitaría puede derivar en un escenario político más complejo.
“El presidente que asuma recibirá una economía saneada y creciendo”, dijo Maia, en su visita a Los Tiempos.
Un país en recuperación
En los últimos años y tras la caída de la presidenta Dilma Rousseff, Brasil ha experimentado la peor crisis económica y política de su historia.
A juicio de Maia, la economía fue “desintegrada” y la política “criminalizada”, siendo que la inflación y la tasa de desempleo crecieron bastante.
“Brasil vive en los últimos tres años la mayor crisis de su historia. Es una crisis económica muy grande, porque en la segunda parte del Gobierno de Lula y Dilma la economía fue desintegrada. El sistema político brasileño vive en una crisis por la desintegración de los partidos, aunque algunos sobreviven”, apuntó.
Con la transición y el ingreso a la presidencia del entonces vicepresidente Michel Temer, Brasil comenzó a mejorar, aunque el actual Mandatario sigue siendo resistido y hasta criticado.
No obstante, Temer se mantiene en el poder por la mayoría parlamentaria, pese a su impopularidad.
Por todos los antecedentes mencionados y ante la escena política, Maia indicó que quien asuma como presidente tendrá un país que cada día deja atrás un 2,8% de inflación y la reducción de una tasa de desempleo de 15%.
¿Quién se perfila?
Las encuestas en Brasil dan como favorito a Lula Da Silva (Partido de los Trabajadores), quien momentáneamente tiene un 35% (aproximado) de la preferencia del electorado.
Su condena a nueve años y medio en prisión no son una limitante para su postulación, siempre y cuando el Tribunal Regional Federal no ratifique la sanción, determinación que lo invalidaría.
El análisis de Maia, en base al eventual caso de que Lula quede afuera, deja el camino expedito al candidato sorpresa Jair Bolsonaro (Partido Ecológico Nacional), aunque también asoma la candidata Marina Silva (Red Sustentabilidad).
CESAR MAIA, EXPERTO EN POLÍTICA DE SU PAÍS
Cesar Epitácio Maia es un político brasileño nacido el 18 de junio de 1945 en Copacabana, Brasil.
Durante su vida política, el economista e ingeniero fue alcalde de Río de Janeiro en tres oportunidades (1993-1997 y 2001-2008).
Su hijo Rodrigo Maia es el actual presidente de la Cámara de Diputados de Brasil.

07 de dezembro de 2017

BBC (01/12) ENTREVISTA CESAR MAIA! PARTE 3!
1. BBC Brasil: Um candidato deve querer em seu palanque em 2018 o presidente Temer, cujo governo tem 3% de aprovação?
Maia: O presidente Temer está exclusivamente focalizado com o seu governo. Portanto, com a base ampla que tem, não pode participar de campanha. Se eu tivesse na Alemanha eu responderia. No Brasil, é difícil dizer. Tem aquela expressão do James Carville (estrategista da campanha de Bill Clinton): “É a economia, estúpido!”. Ela não se aplica mais de forma generalizada. Tem muitos casos em que a economia se descola da política, Trump é um exemplo. Temer é outro exemplo. A política descolando da economia. O Temer vai crescer até o final do governo? Vai. Quanto? Não sei. Vai que vai de 5% pra 15%. Não acho que Temer vá ser um não-eleitor. Não acho que vá ser eleitor. Temer vai jogar tudo para concluir seu governo, demonstrando que seu compromisso de realizar as reformas, relançando o país, está sendo cumprido. Vai deixar o julgamento dele para a história.

2. BBC Brasil: O senhor é um entusiasta do sociólogo francês Jean-Gabriel de Tarde…
Maia: Sim (interrompe), eu apliquei e deu certo. O texto fulcral dele se chama “Les Lois de l’Immitation”. Para Gabriel de Tarde, a opinião pública se forma através de fluxos de opinamento que vão contaminando opinião. E tem os personagens: o louco, que abre o fluxo; o sonâmbulo, que é a figura mais importante na multiplicação dos fluxos de opinião, porque passa as coisas pra frente, independentemente de passar criticamente ou não; e o idiota, que não se dá conta de que a informação chegou e não faz nada. O louco não se comunica com outro louco, os dois são sábios. Tarde explica – isso no fim do século 19 – que os personagens importantes não são mais os grandes formadores de opinião, mas sim os pequenos repassadores. Alguém lê o jornal hoje e, das informações que recebe, guarda algumas. Dessas, testa uma ou outra com pessoas cuja opinião, para ela, é relevante. Uma professora, uma amiga, o cara da padaria. Esse é o sonâmbulo, ele passa pra frente, e aquilo ganha enorme velocidade.

3. BBC Brasil: Quem vai decidir a eleição? Os loucos, os sonâmbulos ou os idiotas?
Maia: Os sonâmbulos, evidentemente. Agora, que pescaria eles vão fazer? A pescaria dos sonâmbulos é muito diferente da dos loucos. Os loucos são os sociólogos, os não sei das quantas. Esses fluxos de opinamento, como são milhões, quando se concentram em alguma coisa por alguma razão, às vezes pela televisão, agora pelas redes, geram um poder multiplicador enorme. As redes sociais produziram um fato novo na política e na sociedade. São um processo de empoderamento de indivíduos, não caracterizam uma organização de pessoas. Desintegraram a força dos sindicatos e da opinião pública. O indivíduo prescinde de intermediário, as redes cumprem esse papel de intermediário para ele. Cabe ao político, ao candidato, perceber como esses fluxos estão entrando e devolver o fluxo às redes.

4. BBC Brasil: O senhor se identifica mais com quem?
Maia: Eu me sinto uma figura híbrida. Louco, em raríssimos momentos. Sonâmbulo, quase sempre. Acordo cinco horas da manhã, leio meus jornais, e faço minha seleção. Tenho três e-mails, recebo muita coisa. Meu trabalho como vereador é inteiramente sonâmbulo. Só elimino o absurdo. Em cerca de 95% dos projetos de lei que apresento, dos requerimentos, simplesmente uso o fluxo que chegou.

06 de dezembro de 2017

BBC (01/12) ENTREVISTA CESAR MAIA! PARTE 2!
1. BBC Brasil: O DEM já decidiu quem apoiará em 2018?
Maia: Não decidiu. No dia 14 de dezembro o DEM realiza seu congresso e vai haver uma intervenção generalizada em todos os diretórios e a substituição por comissões provisórias, para facilitar a entrada de pelo menos nove deputados federais agora e outros mais, não sei quantos, em março. Quase todos do PSB de Pernambuco. O DEM, entre seus quadros atuais, ainda não tem nome para presidente da República. Uma candidatura para presidente da República não é voto no partido, é voto do personagem. Esse personagem pode ascender de repente. Nesse momento não temos esse nome dentro do partido.
2. BBC Brasil: E a aliança com o PSDB, tradicional aliado do DEM?
Maia: Tá difícil agora. O PSDB tem aquele complexo de argentino. Se você compra ele pelo que ele vale e vende pelo que ele pensa que vale, você fica rico. O PSDB traz quadros que foram exilados, construíram aquele perfil intelectual, e na hora em que eles entram para conviver com o Congresso se sentem num patamar superior. Isso vai gerando uma dificuldade de convivência. A eleição de FHC em 1994 foi resultado do Plano Real. Você tem que lembrar que Fernando Henrique em 1985 perdeu a eleição de prefeito (em São Paulo) para o Jânio Quadros, e que ele era senador porque era suplente do Franco Montoro. O Plano Real é que vai catapultá-lo para um nível de popularidade. O Fernando Henrique estabeleceu com o PFL (atual DEM) uma parceria muito orgânica, entendeu naquele momento que o país precisava de reformas liberais, que não poderiam ser conduzidas pelas lideranças do PSDB, partido da social-democracia. Na hora que faz a parceria com o PFL, com o Marco Maciel de vice, o PFL assume seu programa dentro do governo FHC. O Fernando Henrique Cardoso fica à vontade para empurrar para o PFL aquilo que não interessa a seus quadros. Foi uma parceria perfeita, mas, como parceria perfeita, foi a última.
3. BBC Brasil: Como está hoje a conversa com o PSDB?
Maia: A relação do Alckmin com o DEM é pessoalmente muito boa. Só que o PSDB é mais do que o Alckmin. Dentro do governo de Michel Temer o PSDB tem ministérios fortíssimos, mas na hora que dá o desgaste de popularidade eles estão começando a ser afastar. A possibilidade de o DEM apoiar um candidato do PSDB é quase que residual. Não tem alternativa no campo daqueles que estão metendo a cara pelas reformas. O líder do PSDB na Câmara é opositor ao governo, e por aí vai. O Alckmin fez uma declaração, anteontem, dizendo que está na hora de sair desse barco. Fernando Henrique deu entrevista dizendo “temos de deixar isso de lado”. A pessoa pode ter muitas razões para sair, mas não pode ser assim, ‘ah, tô saindo fora’.
4. BBC Brasil: O DEM segue no governo?
Maia: Certamente. O compromisso nosso era o mesmo do PSDB, esse é o governo que vai fazer as reformas, várias delas impopulares, mas essas reformas vão construir a possibilidade do próximo governo ser um governo exitoso. Era a tese do PSDB também. Está difícil, muito difícil. Evidentemente, vamos ser práticos. Se o Alckmin tiver 35% das intenções de voto, os deputados pressionam: “Vamos lá, o homem está eleito”. Mas não é o caso.
5. BBC Brasil: E no Rio? O senhor disputará o governo?
Maia: Os deputados federais querem, eu não quero. Idade, tempo, minha coluna… Estou muito feliz como vereador. Feliz como qualquer pai ficaria ao ver seu filho chegar onde chegou. E feliz com as atividades que tenho. Sou o primeiro a chegar na Câmara e o último a sair. Faço discurso todo dia. Estou muito feliz para me deslocar para uma eleição majoritária. O PSDB esteve comigo aqui no Rio. Eu disse para eles e eles concordaram: temos que atravessar as janelas de março, nossas águas de março, para ver para onde foi o PMDB, o DEM… Vamos receber mais nove deputados; se entram mais dez em março, a gente passa o PSDB. Só em abril saberemos o que vai acontecer. Os ministros e secretários vão se descompatibilizar. Passadas as águas de março, vamos ver o que sobrou, quem foi levado pela corredeira, quem não foi… Ontem o Eliseu Padilha falou que o PSDB não é base do governo. O que ele quer dizer com isso? Que nas discussões para 2018, nesse momento, o PSDB não participa. Vamos ter que esperar o acordo nacional para ver os acordos estaduais.
6. BBC Brasil: Se o senhor não for candidato, de quem vocês estão próximos? Eduardo Paes?
Maia: O DEM não tem. Com o Eduardo acho muito difícil. Talvez por má vontade minha, mas acho muito difícil. Consigo controlar minha má vontade com algum tipo de reflexão racional, o Rodrigo é muito amigo do Eduardo Paes. Eu deixei de ser. O Eduardo Paes está exageradamente calado num momento em que aconteceu o que aconteceu com o grupo diretivo do PMDB do Rio. Era o grupo dele, ele tem que dizer alguma coisa, mesmo que seja um texto para o blog dele, o Twitter dele… O que o pessoal amigo dele vaza é que ele vai sair do PMDB. Vai pra onde? Esse negócio de Lava-Jato de repente aparece na terça-feira no Jornal Nacional.

05 de dezembro de 2017

BBC (01/12) ENTREVISTA CESAR MAIA! PARTE 1!
1. BBC Brasil: O deputado Rodrigo Maia, seu filho, disputará a Presidência da República pelo DEM?
Cesar Maia: Em nenhuma hipótese. O Rodrigo é candidato a deputado federal; se eleito, vai ser candidato a presidente da Câmara. A avaliação nossa e de muita gente é que o próximo presidente vai concluir um ciclo que começou no governo Temer e que para isso não pode fazer um governo tradicional. Ele precisa ter uma Câmara de Deputados com liderança organizada, e o Rodrigo, pelo estilo dele de ouvinte, de confiabilidade, adquiriu essa capacidade. O próximo presidente, seja ele qual for, vai precisar de um presidente da Câmara com o perfil do Rodrigo. Não é um perfil ideológico, embora ele defenda as ideias dele, liberais, mas não defenda as ideias dele com raiva. A relação dele com os partidos de esquerda é boa, foi eleito com voto deles também. O Brasil precisa de alguém que tenha essa capacidade de coordenar a Câmara.
2. BBC Brasil: O senhor já disse que Rodrigo Maia era do médio clero. Como se vai do médio clero à Presidência da Câmara?
Maia: Ele não é um político de clientela, como o baixo clero, mas não é um político que, no parlamento, tenha uma liderança ideológica no amplo sentido do termo. Ele tem uma liderança pessoal. Por isso ele precisa ter diálogo com o clero todo. Se ele estiver lá em cima, como o Fernando Henrique, ele não dialoga. A condição de médio clero permite a ele dialogar pra cima e pra baixo.
3. BBC Brasil: Sua mulher, mãe do Rodrigo, enviou uma mensagem ao filho pedindo que ele não conspirasse. Por que?
Maia: Foi verdade (a mensagem). Aí é uma questão de ética, ética pessoal. Na hora que surge o caso Joesley, começam aqueles apelos, vamos lá, Rodrigo, está na tua hora. Derruba o Temer e você assume. Essa era a conversa do vizinho, amigo, deputado, tentando impressionar o Rodrigo para que ele aceitasse esse desafio. Isso eu ouvi de gente muito alta: “O governo Temer vai cair; se ele vai cair, vamos administrar essa queda”. O Rodrigo resistiu. Numa dessas, a mãe dele falou isso. Não joga nessa.
4. BBC Brasil: O senhor acredita que o ex-presidente Lula conseguirá ser candidato?
Maia: Eu acho que ele não poderá assumir.
5. BBC Brasil: Será candidato, mas não poderá assumir?
Maia: Sim. A primeira discussão é se a (sentença em) segunda instância será decidida antes da campanha eleitoral. De qualquer maneira, o recurso dele ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda permite que ele continue candidato, até que o TSE decida. Depois você tem no TSE todos os processos protelatórios, na figura de um ex-presidente muito popular. Eu vi uma pesquisa da Bahia ontem, o Lula com 60%, 55%. Política é política. Lula vai ser candidato, mas ser diplomado será muito difícil.
6. BBC Brasil: Se ele não for candidato, o senhor acredita que ele transfere voto para o candidato que indicar?
Maia: Não tem hipótese. Esse é o drama do PT. Eles têm um candidato com enorme popularidade, mas que não tem capacidade de transferir o voto para ninguém. Eles fizeram um testezinho numa eleição municipal no Piauí, há uns três meses. O prefeito caiu, e o Lula foi pra lá, tomar cafezinho lá, e o candidato do Lula perdeu a eleição. Ele (Lula) vai levar até perder no TSE. Aí ele recorre ao Supremo. Se ele chegar na diplomação, vai ser questionado na própria diplomação. Aí é uma insegurança política e jurídica para o país gigantesca. É um presidente não presidente? Como é que as pessoas reagem numa eleição presidencial, direta, tendo votado num candidato que teve 50 milhões de votos? Como vão reagir: “Os burocratas de colarinho branco decidem que o eleito não pode assumir”. É um caso de instabilidade institucional.
7. BBC Brasil: Bolsonaro já está no segundo turno?
Maia: Acho que não. Bolsonaro foi lá em cima (nas pesquisas) principalmente no vácuo do centro para a direita. E buscou definir sua estratégia, de “já estou em campanha”, “vou me apresentar como confiável na economia”. É perigosa (a estratégia). Essa combinação de um candidato ultraconservador nos valores e ultraliberal na economia, como é que o eleitor percebe essa miscelânea? Ele se expôs cedo demais. Com aquela subida dele, ele tinha que viajar mesmo, mas não tinha que se expor tanto. Um dia vi uma entrevista, Bolsonaro autêntico, agressivo. É difícil ele, depois de tantos anos carregando um perfil, de repente mudar de perfil. Você cai naquele ensinamento do Jacques Séguéla, que foi marqueteiro do (François) Mitterrand (ex-presidente francês). Ele disse que a cena política é muito parecido com a cena teatral, mas há uma diferença. Na cena teatral, se você muda de personagem, continua a produzir emoções. Na cena política, se muda o personagem, não produz mais emoções. Ele (Bolsonaro) chega num lugar num dia e deita falação. No outro, é um liberal. Como é que isso se constrói em três ou quatro meses?
8. BBC Brasil: Quem será o anti-Lula e o anti-Bolsonaro?
Maia: Nem falo de anti. Minha previsão é que Bolsonaro vai cair o suficiente para entusiasmar outros candidatos a entrarem nesse vácuo de direita em direção ao centro.
9. BBC Brasil: Num segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o DEM vai com quem? E o senhor?
Maia: Não adianta dizer com quem vai. Por que o DEM sobreviveu a essa desintegração dos partidos políticos? O DEM assumiu posição de oposição ao governo Lula e ao PT. O DEM foi coerente, e com isso despencou de cem deputados para 29 que tem hoje. Você pode pegar um personagem do DEM acusado de alguma coisa, mas é diferente do caso do Aécio. No PT, vários ex-presidentes foram presos, como Dirceu e Genoino. O PSDB tinha um presidente forte, uma liderança, que já faleceu (Sergio Guerra, em 2012). E teve o Aécio agora.
10. BBC Brasil: Politicamente, acha que Aécio também “faleceu”?
Maia: Ele deve saber disso, vai sair candidato a deputado federal lá em Minas. É um golpe no partido. O PMDB é uma confederação, em que cada estado tem sua total autonomia, e a direção do PMDB entende esse confederalismo e respeita.

04 de dezembro de 2017

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DO RIO ATÉ 31/10/2017!
Esta apresentação será feita em valores nominais dada a inflação menor que 3% no período.
Confirmando o que o Ex-Blog vem reiterando nos últimos meses, a situação de caixa da prefeitura é crescentemente favorável. Na pagina 53 do Diário Oficial de 30 de novembro, a Disponibilidade de Caixa, confirma isso. Em 31/12/2016 eram R$ 817 milhões. Em 31/08/2017 eram R$ 2,097 bilhões. E em 31/10/2017 já eram R$ 2,509 bilhões.
Em 29 /11/2017, por gestão do presidente da Câmara de Deputados, deputado Rodrigo Maia, foram separados os depósitos judiciais da cidade do Rio de Janeiro e transferidos R$ 157 milhões, para a conta da prefeitura da Capital.
A Dívida Consolidada da Prefeitura do Rio mantém-se estável em valores reais desde 31/12/2016, alcançando em 31/10/2017 o valor de R$ 14,851 bilhões. A Dívida Consolidada Líquida, que em 31/12/2016 atingiu R$ 13,227 bilhões, em 31/10/2017 havia decrescido para R$ 12,150 bilhões.
1. RECEITAS. Comparações nominais entre 31/10/2017 x 31/10/2016.
1.1. Receitas tributarias R$ 8,266 bilhões x R$ 8,261 bilhões.
1.2. IPTU: R$ 2,298 bilhões x R$ 2,106 bilhões. Com a lei aprovada recentemente, essa
diferença subirá proporcionalmente.
1.3. ISS: R$ 4,192 bilhões x R$ 4,598 bilhões. Embora ainda apresente queda em 2017,
esta queda diminuiu proporcionalmente.
1.4. ITBI: R$ 469 milhões x R$ 447 milhões. Esta diferença aumentará em 2018 pelo
aumento de 50% da alíquota concedido em lei municipal.
1.5. O imposto de renda deduzido na fonte, que é receita municipal, cresceu de R$ 859
milhões x R$ 725 milhões um crescimento de 18%.
1.6. Transferência estadual como cota parte do ICMS: R$ 1,491 bilhão x R$ 1,494 bilhão, estabilizando-se. Um bom sinal para a principal receita estadual.
1.7. IPVA: R$ 630 milhões x R$ 616 milhões.
1.8. A receita com a execução da Dívida Ativa voltou a crescer: R$ 292 milhões x R$ 254
milhões.
1.9. As Operações de Crédito voltaram a crescer, embora em patamar ainda bem menor
que em 2016, ano das Olimpíadas. R$ 837 milhões x R$ 1,492 bilhão.
2. DESPESAS. Comparações nominais entre 31/10/2017 x 31/10/2016.
2.1. Pessoal e Encargos: R$ 11,935 bilhões x R$ 11,461 bilhões.
2.2. Serviço da Dívida Pública: juros + amortizações. R$ 991 milhões x R$ 660 milhões. Esse crescimento de 50% exige uma análise detalhada e provavelmente uma negociação com o Ministério da Fazenda. Não se justifica comparando com a dinâmica da dívida nem com os juros internos.
3. RESULTADO PRIMÁRIO melhorou substancialmente. Em 2016, até 31/10, havia um déficit de (-R$ 1,714 bilhão). Em 2017, até 31/10, o superávit era de R$ 159 milhões, portanto uma melhoria de R$ 1,555 bilhão que, em grande medida, se explica pela redução das despesas com as Olimpíadas e pela contenção do gasto no primeiro ano de governo.
4. PREVIDÊNCIA. O gasto com aposentadorias e pensões atingiu R$ 3,452 bilhões até 31/10/2017 x R$ 3,221 bilhões em 2016, um aumento de 7% que se explica pela antecipação de aposentadorias por temor a regras mais rígidas ditadas pelas declarações dos governantes na imprensa.

01 de dezembro de 2017

CORPORATIVISMO E ELEIÇÃO PRESIDENCIAL!
1. A correlação entre corporativismo e o voto na eleição presidencial não é tão direta quanto se imagina.
2. A condução corporativa do voto, nas eleições estaduais, é muito maior pela proximidade entre os membros das corporações e os deputados e governadores. Nesses casos há como de projetar as decisões que beneficiam ou prejudicam as categorias e as promessas eleitorais podem ser cobradas por pressão e proximidade.
3. Na eleição presidencial isso não ocorre. Em alguma medida, a “vereadorização” dos deputados federais aumenta o poder das corporações sobre eles e, dessa forma, a decisão de voto.
4. Mas há uma hierarquia de temas que aproximam ou não o voto das corporações. As corporações parlamentares ajudam a entender isso. As bancadas ruralista, pró-armamento, evangélica…, mobilizam suas corporações pelo voto no parlamento. Mas no processo eleitoral a proximidade é muito menor.
5. Se é assim para deputado federal, muito mais em relação ao voto para presidente, em que o eleitor decide desobrigado de suas corporações, ou quase.
6. Os sindicatos de trabalhadores e empregadores e associações diversas mobilizam opiniões durante os debates e a proximidade das votações no parlamento. Por isso mesmo, os parlamentares tendem a não tratar de temas polêmicos no segundo semestre.
7. Temas polêmicos, no sentido que podem produzir perdas e ganhos. A tendência é que o segundo semestre seja um período em que o parlamento trata de bondades, ou de leis que produzam efeito benéfico no curto prazo. O Plano Real foi um exemplo. O PT não acreditou nisso e Lula afundou em 1994.
8. Por isso mesmo as Reformas que produzem dúvidas quanto a suas consequências no curto prazo não são votadas no segundo semestre, ficando para o governo seguinte.
9. Dessa forma, as corporações, durante a campanha eleitoral, perdem poder de mobilização e, assim, poder de conduzir o voto.
10. As corporações religiosas podem ter uma forte influência no voto para deputados estaduais e federais. Mas, na eleição Presidencial, essa influência é muito menor. Isso é mostrado nas pesquisas eleitorais e depois demonstrado nas pesquisas pós-eleitorais.
11. Por tudo isso, os candidatos a presidente não devem se preocupar tanto com o poder de condução do voto nas corporações. O voto para deputado, por ser de muito maior proximidade, é muito mais influenciado, mas menos do que muitos imaginam.
12. Como já foi demonstrado em 2016, na campanha para vereadores sem financiamento eleitoral, cresce a proporção dos votos dos candidatos de opinião pública, portanto, descolados das corporações.