A ESQUERDA E AS RUAS! DE ESTILINGUE A VIDRAÇA!

(BBC, 25) 1. Segundo analistas, a forma como a esquerda reagiu ao poder das manifestações, em algumas vezes com repúdio e noutras com desconcerto, reflete uma certa dificuldade para admitir que a mobilização popular pode ser usada contra ela. “Eles pensaram que as ruas lhes pertencia, que as demandas das ruas são feitas ao poder e esse poder normalmente é ‘reacionário’, ‘de direita’ ou ‘fascista'”, disse à BBC Mundo Margarita López Maya, historiadora venezuelana especializada em protestos populares.  “Agora são um grande desafio porque, estando a esquerda no poder, os protestos continuam ocorrendo.”

2. Dilma afirmou na semana passada que seu governo prepara um projeto de lei para “coibir toda a forma de violência em manifestações” e que, no Mundial deste ano, poderia posicionar as Forças Armadas nas ruas em casos de atos de vandalismo. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que, em seu país, há um plano de golpe de Estado por trás dos protestos – que foram iniciados por estudantes e logo ganharam apoio social e político.

3. “Os governos estão encapsulados em suas próprias estruturas, e os canais de comunicação com as necessidades populares funcionam em uma só direção: de cima para baixo”, disse Dieterich à BBC Mundo. “Eles não conseguem captar o que querem os movimentos sociais e dos cidadãos”, acrescentou. “Isso obriga os cidadãos a levar o protesto para a rua ou a assumir formas de dissidência mais fortes.”

4. Romero diz que a esquerda acumulou experiência com partidos e sindicatos, mas agora tem um desafio com as demandas de movimentos sociais, muitas vezes sem uma estrutura ou ideologia concreta por trás. Mas algumas pessoas enxergam uma contradição entre a pregação clássica da esquerda a favor da mobilização de rua e das guerrilhas de outrora e sua atitude quando no poder diante dos protestos, com manobras violenta ou para desestabilizá-los. “Eles reprimem e falam contra os protestos e assumem facilmente um vocabulário que antes era usado pela direita”, disse o brasileiro Marcelo Coutinho, professor de Relações Internacionais e especialista em América Latina.