22 de janeiro de 2014‏

OS PADRINHOS DOS CANDIDATOS A PRESIDENTE E CONSEQUÊNCIAS!

1. Os três principais candidatos a presidente têm seus padrinhos/madrinhas. Dilma, obviamente, o ex-presidente Lula. Eduardo Campos, claro, Marina. E Aécio Neves, evidente, Fernando Henrique Cardoso. Mas há nuances.

2. No caso do apoio de Lula, que será direto e aberto, Dilma é reforçada na área popular, no Nordeste e entre os servidores públicos.

3. No caso de Eduardo Campos, se Marina assumir a candidatura à vice-presidência, esse apoio será relevante, pois ela seria eleita também, gerando expectativas aos que simpatizam com ela, algo como 25% dos eleitores. E ainda reforça Eduardo Campos –paradoxalmente- no eleitor conservador, pelos valores cristãos repetidos por ela como evangélica; e no eleitor mais à esquerda, pelo tema ambiental, perfil popular e aval ético que dá. Mas se Marina não confirmar que virá como vice, o efeito será inverso: Eduardo Campos perde o aval de credibilidade e ainda se cria a sensação negativa das razões da desistência.

4. No caso de Aécio Neves, o apadrinhamento explícito de FHC, sua presença permanente ao lado de Aécio, o tem legitimado junto a setores de alto nível de instrução e empresarial. De certa forma é como se reforçasse Aécio dentro de seu próprio eleitorado. Mas não é assim em geral. Dez anos depois, a impopularidade de FHC na saída do governo mantém-se em nível relativamente alto, especialmente nos setores de menor renda e entre os servidores públicos. Essa permanência talvez se explique pela redundante insistência de Lula no tema e referências a FHC.

5. Em outubro 2013, este Ex-Blog teve acesso aos resultados de uma pesquisa quali-quanti nacional onde se apresentavam as fotos de cada um dos 3 candidatos primeiro e, depois, junto a ela, ao lado deles, cada um de seus padrinhos/madrinhas. Dilma crescia, Eduardo Campos crescia e Aécio caía.

6. A presença de FHC como estrategista de Aécio é de longe a mais importante dos padrinhos/madrinhas. Mas a memória de sua imagem nos setores populares e servidores públicos ainda não ajuda. Aécio terá que avaliar bem como usar FHC, além de ser seu estrategista. FHC tem insistido que Aécio será o defensor de seu legado (coluna Sonia Racy, 21/01/14, no Estado de SP). Será um bom caminho?

7. Bem, certamente a equipe de Aécio deve estar testando a companhia de FHC nos diversos temas e segmentos de forma a melhor poder aproveitar o quadro político mais qualificado do Brasil. E isso, com certeza, interessa a FHC. Afinal, a melhor maneira de defender o seu legado é ganhar a eleição.

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A ÚLTIMA DO CABRAL! E A IMAGEM?

Outro dia explicava seu desgaste por problemas de imagem multiplicadas com fotos e vídeos. E agora? Praticamente um mês antes de sair, Cabral publica decreto que beneficia ainda mais as empresas de ônibus. E a imagem?

(Globo, 22) 1. Os empresários de ônibus do Estado do Rio foram beneficiados com mais uma redução de impostos. Nesta terça-feira, o governador Sérgio Cabral publicou decreto no Diário Oficial do estado concedendo desconto de 50% no valor do IPVA relativo a 2014 para ônibus e micro-ônibus destinados à prestação de serviço de transporte de passageiros.

2. Com isso, o estado deixará de arrecadar R$ 36 milhões. No início deste ano, o governo já tinha dado isenção total de ICMS para as empresas de ônibus que fazem linhas intermunicipais. No Rio, no fim de 2010, a Câmara dos Vereadores aprovou um projeto de lei do Executivo que diminuiu de 2% para 0,01% o ISS das empresas.

3. (Ex-Blog) Ninguém acredita que sejam só esses R$ 36 milhões informados pelo governo estadual. Isso daria uns 2.400 reais de IPVA por ônibus no total antes desse “benefício”.  Compare com o que você pagará por seu carro em 2014 e compare o valor de ambos. Dá para acreditar? E é bom lembrar que metade desse “subsídio” é pago pelos municípios, que têm metade da arrecadação, por lei.

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BENEFÍCIO FISCAL DE R$ 5,9 BILHÕES DO RJ À NISSAN CONTESTADO POR SP! PROCURADOR GERAL APOIA TESE DE SP!

(Estado de SP, 21) Em parecer assinado na quinta-feira, 16, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, classificou como “concessão disfarçada de benefício fiscal” uma lei do Rio que enquadrou a montadora japonesa Nissan no Programa de Atração de Investimentos Estruturantes (RioInvest). O STF deve agora julgar o mérito da ação.  Provocado a manifestar-se pelo ministro-relator Ricardo Lewandowski na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no STF, Janot considerou procedentes os argumentos de S. Paulo contra os benefícios fiscais concedidos pelo Rio à instalação da empresa em Resende. “É necessário impedir a compensação de possíveis créditos tributários de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da Nissan do Brasil com parcelas do financiamento concedido pelo Estado do Rio de Janeiro”, afirmou o procurador-geral.

2. A lei de 2011, que à época concedeu crédito de R$ 5,9 bilhões à Nissan, permitiu ao Estado do Rio assumir “obrigação de cunho pecuniário em favor da empresa” e autorizou, segundo o procurador-geral, a compensação de crédito tributário no caso de o Rio não poder pagar em espécie esse benefício.  Janot apontou a inexistência de convênio entre os Estados no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para permitir o benefício. “A legislação impugnada não poderia tê-lo estendido ao ICMS”. Em parecer de agosto do ano passado, o ministro Luís Inácio Adams recomendou a exclusão da “possibilidade de utilização do financiamento” para o pagamento de débitos de ICMS.

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O AVANÇO POLÍTICO DA XENOFOBIA NA UNIÃO EUROPEIA!

(El País, 19) 1. O partido nazista obteve 2,6% dos votos em 1928; cinco anos depois, Adolf Hitler foi nomeado chanceler alemão. Esse salto olímpico para a cúpula foi tão espetacular como a simultânea queda no abismo dos salários, empregos e tudo mais. A União Europeia foi criada para evitar antigos conflitos, mas criou condições propícias para os extremistas, para partidos nas eleições europeias de maio de 2014. Os números são preocupantes. Mas às vezes as estatísticas provocam miragens: apesar do aumento nas pesquisas, esse balaio de gatos formado por populistas, eurocéticos, aerófobos e extremistas, dificilmente vai mudar seu papel no Parlamento. E seu papel é basicamente usar o Parlamento como um megafone. Gritar, gesticular, aparecer na TV. E mais: esses partidos tiveram efeitos mínimos sobre a legislação na última legislatura.

2. As pesquisas dão a esses partidos quase um quinto do Parlamento Europeu em maio próximo, em comparação aos 12% atuais. “Seria perigoso se eles chegam a ter um terço das vagas, pois será difícil controlá-los”, disse Guntram Wolf, do think-tank Bruegel. Mas, mesmo com as pesquisas, é difícil projetar números: são forças de vários tipos, mas convergem, pelo menos, em apontar contra o elefante branco da burocracia europeia (ódio a Europa), em agitar o espantalho dos efeitos da globalização e das fronteiras abertas (medo do imigrante) e um discurso nacionalista, que enfatiza os déficits democráticos da UE e da crescente supremacia da economia sobre a política.

3. Os Nigel Farage (UKIP britânico), Marine Le Pen (Frente Nacional francesa) Geer Wilders (populista holandês) e muitos outros usam o Parlamento apenas como uma caixa de ressonância para influenciar seus países. “É e será uma minoria incoerente, desorganizada e barulhenta” resume o eurodeputado socialista Enrique Guerrero.  Eles atacam implacavelmente a abertura das fronteiras e aparecem como intermediários daquelas pessoas que acreditam que os de cima os oprimem e os de baixo, os imigrantes que se beneficiam, tiram proveito à custa dos trabalhadores locais (falso: a taxa de emprego dos imigrantes europeus é de 67,7%; cerca de 79% vive em domicílios onde pelo menos um membro trabalha; o gasto com saúde dos migrantes inativos é de 0,2% do total, segundo dados da Comissão).