23 de setembro de 2019

DEPUTADO RODRIGO MAIA ENTREVISTADO POR PEDRO BIAL!

O Conversa Com Bial recebeu Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira, 19/9. Entre discussões sobre família, trajetória política e o governo de Jair Bolsonaro, o político entregou a vontade de ser presidente da República um dia. A declaração veio depois de Pedro Bial lembrar que Maia rejeitou pedidos de impeachment de Michel Temer após denúncias contra o ex-presidente. Caso Temer fosse deposto, o presidente da Câmara ia assumir a Presidência.

“No momento que o Brasil vivia, saindo de um impeachment, recessão profunda, pobreza aumentando, desemprego, era uma decisão de se manter as instituições funcionando ou correr o risco de desorganizar tudo.”

“Não é questão de ser presidente. Quero ser presidente, um dia, pelo voto.”

Sobre a possibilidade de concorrer em 2022, Rodrigo afirmou que só pretende disputar uma eleição quando organizar as contas do país.

“Só vou disputar uma eleição majoritária no Brasil se entender que terei condições de mudar a minha cidade, o meu estado e o meu país.”

Da infância ao começo na política

Maia não escondeu a emoção ao rever momentos da infância com a família no Chile. O presidente da Câmara lembrou da época em que o pai, Cesar Maia, precisou se exilar no país por causa da ditadura militar.

“Se você não chegasse rápido para onde o estudante estava sendo levado, o estudante sumia. Minha avó corria para conseguir a lista dos estudantes presos, para dar a divulgação e não correr o risco de sumir com ele. Era sempre um processo muito doloroso.”

Ele contou que o pai, de primeira, não apoiou a sua entrada na política.

“A política é intensa, dá resultados positivos, mas também é muito instável. Ele entendeu que continuar no sistema financeiro era melhor que entrar na política.”

O jeito tímido

“Na primeira eleição foi difícil. Eu tinha sempre um deputado estadual comigo, dava a palavra a ele e depois dava ‘Boa noite’. Resolvi meu problema.”

Outro ponto marcante da personalidade de Maia é o jeito emotivo. Após exibir momentos emocionados do político, o apresentador questionou por que ele ficou tão mexido depois de uma declaração de Alexandre Frota.

“A gente cria preconceitos contra as pessoas. O Alexandre, ao longo desse processo, tinha tudo para ser um grande opositor do meu estilo de fazer política. Ele foi se aproximando, ajudando, compreendendo o que era política, vendo que tem muitos excessos nas redes sociais e construímos uma amizade.”

O presidente da Câmara lembrou que Eduardo Cunha foi importante para a sua trajetória. Foi por causa do político que ele não abandonou a carreira.

“Eu tento ser racional. Eu tinha tido 235 mil votos, presidente do DEM fiz 86 mil votos, me elegi com 53 mil votos… o que sobrava para mim na próxima eleição? Era melhor nem disputar.”

“Para você estar na política, tem que estar estimulado a estar fazendo alguma coisa, realizando alguma coisa, e em 2014 eu estava com pouco espaço. Depois de alguma forma, com o próprio Eduardo Cunha na presidência, foi recuperado alguma coisa. Foi importante nesse processo.”

O governo de Jair Bolsonaro

Maia avaliou o governo de Jair Bolsonaro e apontou que foi o PT (Partido dos Trabalhos) que levou o atual presidente ao poder.

“Todo o ciclo do PT que gerou o Bolsonaro. Quem abriu a janela para a antipolítica, para o desgaste da política, foi o governo do PT. Quer se transformar em algo atual um problema construído por quem governou. Quem governa é quem gera espaço para quem entrar.”

“O presidente tem o perfil dele, ninguém desconhecia, as teses que ele sempre defendeu, os temas que ele sempre defendeu. Ele nunca escondeu. Não foi surpresa para ninguém.”

O presidente da Câmara ainda analisou quais são os pontos negativos e positivos do governo.

“O que tem de melhor é a narrativa da agenda de reformas que o Paulo Guedes faz. O que tem ainda de negativo é que essa narrativa precisa estar transformada em fatos reais.”

Os filhos de Jair Bolsonaro

O político também comentou as polêmicas em torno dos filhos de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O presidente da Câmara comentou o comportamento dos herdeiros do presidente nas redes sociais.

“Na relação pessoal, não posso reclamar, sempre são educados e respeitosos. Na internet, o negócio fica um pouco mais agressivo.”

“Com o tempo, você acaba compreendendo que aquilo ali é um método. Um método de um ambiente radical que você precisa dar carne aos leões todos os dias para que ele possa continuar movimentando.”

Sobre a possível indicação de Eduardo para a embaixada dos Estados Unidos, Maia afirmou que o presidente precisa compreender que a escolha pode trazer consequências para o Brasil.

“No Brasil em 2019, onda sociedade cobra mais, participa e critica mais a política, é uma decisão que vai ter reflexos para o governo.”