CAOS NO TRÂNSITO DO RIO: VASOS COMUNICANTES O TORNAM INEVITÁVEL E PERMANENTE!

1. Este Ex-Blog, em notas anteriores, sublinhou que a corrente majoritária dos urbanistas entende as cidades como organismos vivos que crescem e se expandem para várias direções, em função das possibilidades das pessoas e das empresas. Assim, os bairros vão sendo construídos pela “racionalidade econômica” dos moradores, demandando moradia, emprego, localização de empresas…

2. A mobilidade, ou uso desse e daquele meio de deslocamento individual ou coletivo, é parte disso. Os governos devem intervir para potencializar os vetores positivos dessas dinâmicas e reprimir os negativos. Mas sempre lembrando que o “dia de hoje” é produto complexo de tantas decisões individuais, empresariais e governamentais. Produto complexo de décadas e décadas.

3. O Centro do Rio tornou-se núcleo da cidade em 1567, no Morro do Castelo. São 447 anos de decisões que foram conformando o que vemos hoje: moradias, comércio, meios de transporte, tamanho das ruas, mãos das ruas, sinalizações, etc.

4. O Centro do Rio foi o núcleo de espalhamento da cidade em direção a seu entorno e depois às Zonas Sul e Norte. Este espalhamento a partir do Centro como núcleo gerou infinitas conexões em todas as direções. Gerou VASOS COMUNICANTES. Os transportes radiais eram e continuam sendo, principalmente, em direção e vice-versa ao Centro da Cidade, mesmo depois do crescimento de todos os bairros.

5. E a Avenida Central (1905) / Rio Branco seu eixo distribuidor mais importante.

6. De repente, para acelerar as obras do túnel substituto da perimetral e inaugurá-lo na atual administração, mudam-se radicalmente os fluxos do Centro do Rio a partir da Avenida Rio Branco. Com isso, foram afetadas todas as conexões construídas por décadas e décadas para todos os lados e, especialmente, para seu entorno próximo. E os Vasos Comunicantes reagiram.

7. Um caos anunciado e sem solução e que traz como rescaldo a indignação das pessoas que são os atores desse organismo urbano vivo. O fluir do tráfego –de veículos- pode até ocorrer como tráfego de latarias. Mas além da indignação das pessoas que construíram suas vidas e mobilidades por anos em função da previsibilidade do Centro do Rio, ainda afetará -e por isso mesmo- as atividades econômicas no Centro. Produzirá um esvaziamento econômico e uma desvalorização patrimonial, tanto maior quanto mais tempo durem essas mudanças irresponsáveis.

8. Por isso, pelos Vasos Comunicantes, uma micro-manifestação em qualquer ponto do Centro agrava o caos, como vimos na Avenida Francisco Bicalho e na Praça da Cruz Vermelha. E os “manifestantes” descobrirão esse efeito caos e o usarão para que seus protestos ganhem ainda maior destaque. O caos será ampliado e multiplicado.

9. Quem viver…, verá!