ENTREVISTA DE CESAR MAIA A FERNANDO RODRIGUES NA TV UOL DIA 27/03! III) DILMA, AÉCIO E CAMPOS!

1. O que eu disse ao Aécio, olhando a pesquisa do Ibope, é que, em função da Copa do Mundo, que nós não vamos ter pré-campanha que isso volta na segunda quinzena de julho, 25, 27 de julho. Da convocação da seleção e da chegada das delegações, daí para frente acabou a pré-campanha. Então, como é que eles vão crescer os dois, o Aécio e o Eduardo Campos, em um quadro desses? Eles têm que esperar o mês de agosto. Então o único caminho que se tem para começar a produzir segundo turno é a Dilma cair. Não adianta querer imaginar que vai crescer o Aécio, que vai crescer o Eduardo Campos, porque pensa bem, o Aécio, governador de Minas, um bom governador, ele teve uma marca, um choque de gestão. O que restou do choque de gestão de um governador de Estado que tem 11% do eleitorado, o Estado com a importância que tem Minas Gerais, o que passou de imagem para os outros Estados? Nada, só em Minas Gerais. Qual é a marca do Eduardo Campos no país todo? Nenhuma. Tirando ali Pernambuco e as adjacências. Então, eles vão ter que trabalhar a queda da Dilma para se poder começar.

2. Bem, estão trabalhando. As declarações de Eduardo Campos têm sido fortes em relação à Dilma. Esse caso da Petrobras o Aécio entrou também forte. Eles conseguiram mobilizar o suficiente para uma CPI, que sai agora. A CPI, por mais que se queira que ela tenha um caráter técnico, ela será mais a crítica à corrupção, à gestão. A crítica à corrupção combina com o que o eleitor entende desse momento e isso pode produzir ou deve produzir uma queda de pontos na Dilma e a perda de pontos para quê? Pra dar segundo turno. A Dilma ela tem hoje 50% de chance de ganhar no primeiro turno, mas se ela for para o segundo turno, ela tem 50% de chance de perder o segundo turno. Ela não é a favorita no segundo turno, independentemente de pesquisas. Quando você faz o cruzamento e o corte daqueles que não votariam nela e que se opõe ao governo que está aí, querem mudança, etc. é uma eleição sem favorito.

3. É, não tem outra alternativa além dos dois. Aqui a gente não tem um vetor de antipolítica, como tem em vários países do mundo. Com o Eduardo Campos candidato, certamente o Aécio é favorito entre os dois. A gente pega essas últimas pesquisas que são publicadas e que não são publicadas, você teve um esfriamento do nome da Marina. Talvez aqueles que marcavam Marina queriam ver Marina em cima do pódio. Na medida em que ela veio para baixo do pódio, há uma perda de entusiasmo. Essa queda da Marina, ela fere muito a candidatura do Eduardo Campos, que contava muito com ela como vice como elemento alavancador da candidatura dele. Parece que não vai ocorrer isso da forma que ele imaginava.

4. Dilma vai para um segundo turno com uma chance enorme de perder eleição. O Aécio tem essa consciência. Ele tem essa consciência de que um segundo turno muda completamente o patamar dele, vírgula, o patamar do voto contra a Dilma, porque quando você espalha um pouco, o voto contra ela fica disperso, fica oculto. Agora, quando você coloca o segundo turno e vê quem não votaria nela, certamente é uma eleição completamente indefinida. A chance de que em um segundo turno a Dilma perca a eleição no Brasil é muito grande. Agora, o problema é ter segundo turno. Essa deveria, no meu ponto de vista, a estratégia dos dois, produzir segundo turno, mesmo que eles tenham que focalizar a Dilma, como o Eduardo Campos tem feito. E o Aécio de certa maneira também, com menos agressividade que o Eduardo Campos. Talvez pela parceria com a Marina, porque seu entorno exige que tenha uma comunicação mais forte e a gente vê isso. Ele tem que fazer essa comunicação porque a atração da Marina para vice ainda não está garantida.