06 de fevereiro de 2014

ECONOMIA CONSPIRA CONTRA A REELEIÇÃO DE DILMA!

1. Quando a economia vai muito bem (digamos nota de 8 a 10), quase garante a reeleição dos governos. Quando vai muito mal (digamos nota de 0 a 3), quase inviabiliza a reeleição. Entre 4 e 7 a campanha vai decidir o jogo.

2. Mas há nuances. Uma economia pode ter nota 3 e não afetar a chance de reeleição do governante. Mas para se medir a probabilidade de sucesso nas diversas notas de 3 a 7, há que se analisar duas coisas. A primeira é a curva para se chegar a estas notas. A nota 3 a 7 vem de uma curva ascendente? Por exemplo, veio de 0 para 3? Ou numa curva descendente? Veio de 10 para 7?

3. Quando Carville cunhou a frase “é a economia, estúpido”, naquele ponto, a economia dos EUA estaria numa nota média de 6. Mas o problema é que ela havia chegado a uma nota 10 e vinha mergulhando. A curva era descendente. Curvas descendentes criam incômodos, desconfortos. Ao contrário, as curvas ascendentes criam conforto e expectativas positivas quanto ao futuro.

4. A segunda coisa é quando a economia fica situada horizontalmente, ou seja, flutuando em torno de uma nota. Mesmo que a nota seja 3 ou 7, ela precisa ser analisada dentro dela mesma para se projetar conclusões.

5. Que nota se daria para a situação econômica do Brasil, hoje, sem se fazer qualquer tipo de análise dos fundamentos macroeconômicos, ou coisas no estilo. Uma porcentagem de crescimento econômico, ou de inflação ou outro parâmetro é uma média entre setores ou entre valores. Não é a mesma coisa que todos os setores da economia ou todos os preços estejam crescendo numa mesma taxa ou variando e flutuando muito entre setores e preços. Uma situação cria sensação de previsibilidade. Outra, de imprevisibilidade, de insegurança, de desconforto.

6. Chegando ao Brasil, digamos que a nota dada pela percepção média seja 5. Mas que 5 é esse? Nos últimos 3 anos o crescimento flutuou perto de 2%. Mas veio de 7,5%. A indústria vem caindo e a agricultura e serviços flutuaram. A inflação cresceu em relação a 2010 e os preços relativos flutuaram muito. Isso sem falar nos preços chamados neste verão de SuReal. A balança comercial vem numa curva fortemente decrescente. Os juros –base- oscilaram pela política monetária do governo. Passaram de 11% para 7,5% e voltaram a crescer para o patamar anterior.

7. O câmbio cresceu muito, de 1,70 para 2,40 nos últimos meses, afetando o preço dos bens importados e do turismo da classe média. A baixa taxa de desemprego que o governo alardeia, vista por dentro, mostra uma alta proporção de emprego sem qualificação. Sem o emprego precário, os quase 6% de taxa de desocupação iriam para perto de 20%. Com as taxas maiores entre os jovens. E pior: a taxa de rotatividade é altíssima e a tendência ao se conseguir um novo emprego é que este seja de um nível salarial inferior e com menor exigência de qualificação.

8. Com isso tudo se pode garantir que a situação econômica atual produz desconforto e pessimismo quanto ao futuro, mesmo que aparentemente estabilizada num certo patamar. Garantidamente não será trunfo do governo, podendo ser da oposição, desde que essa saiba fazer a crítica colando-a ao cotidiano das pessoas e não as análises macroeconômicas.

9. E nem se precisa ir muito longe. Pesquisa Ibope-CNI do final de 2013. Taxas de Desaprovação: política contra desemprego 49%; Impostos 71%, Inflação 63%, e juros 65%.

10. Resumindo: a economia conspira contra a reeleição de Dilma.

* * *

PROGRAMA “SAÚDE DA FAMÍLIA” DA PREFEITURA DO RIO É UMA FARSA!

(Globo, 06) 1. Quando a prefeitura afirma que 41% da população tem assistência de saúde, não é dito que esse número corresponde aos cidadãos que foram cadastrados. Mas boa parte deles nunca conseguiu consultas ou exames —  diz vereador Paulo Pinheiro da comissão de saúde da Câmara. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Sidnei Ferreira, a fiscalização da entidade encontrou várias equipes de Clínicas da Família atendendo sem a presença de médicos: O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio (SinMed), Jorge Darze, que denunciou à Polícia Federal que enfermeiros estão atendendo no lugar de médicos, também critica o programa: — O Programa Saúde da Família é a mesma coisa que um transatlântico sem combustível e tripulação. Parado no porto, ele chama a atenção. Mas não tem eficiência.

2. A Clínica da Família tem destaque na propaganda da prefeitura sobre o sistema de atenção básica na saúde. Os números divulgados são bons: a cobertura passou de 3,5% da população, em dezembro de 2008, para 41% (ou 2,6 milhões de cariocas). O município também anuncia que nas clínicas é possível fazer exames laboratoriais, de raios X, ultrassonografia e eletrocardiograma, além de consultas médicas e odontológicas. A realidade de quem depende do serviço, no entanto, é bem diferente. Pacientes das zonas Norte, Sul e Oeste da cidade apontam várias falhas, entre elas a demora (de até seis meses) para conseguir uma consulta com especialistas, a falta de visitas domiciliares, o cancelamento de exames por causa de aparelhos quebrados e o atendimento feito por enfermeiros no lugar de médicos.

* * *

NO RIO FOI O RUMOROSO CASO DE AUTORIZAÇÃO DA PREFEITURA PARA HOTEL HYATT EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, NA BARRA DA TIJUCA!

1. (Estado de SP, 06) Polícia canadense envia agentes a SP para investigar atos de incorporadora. Brookfield é citada nos dois principais escândalos envolvendo a autorização de empreendimentos imobiliários na capital paulista; acordo de assistência mútua prevê até a possibilidade de testemunhas serem ouvidas naquele país. Uma equipe de investigadores da Real Polícia Montada do Canadá está em São Paulo para investigar as supostas atividades criminosas da incorporadora Brookfield, multinacional que tem uma das sedes naquele país. Aqui, a empresa é citada nos dois principais escândalos recentes da cidade: a máfia do Imposto sobre Serviços (ISS) e o chamado “caso Aref”, sobre pagamento de propinas para a liberação de imóveis.

2. Site da Brookfield.

* * *

AS PESQUISAS ELEITORAIS!

(Jaime G.Mora – ABC – Madrid, 02) 1. Uma análise das pesquisas publicadas em jornais de 1986 até2011 revela que eles têm um grau razoável de acerto. “São apenas pesquisas. A verdadeira pesquisa real é o resultado das urnas”, dizem os políticos quando há nuvens no mapa demoscópico. “As pesquisas mostram que as políticas que estão sendo realizadas pelo presidente estão erradas”, dirão os mesmos que antes diminuíam a importância das pesquisas, no caso dos números, dessa vez, serem favoráveis. Mas a realidade é que as pesquisas alcançam um nível de acerto que pode ser considerado razoavelmente bom.

2. Essa é a conclusão dos pesquisadores Adrià Caballé, Pere Grima e Lluís Marco-Almagro após analisar as pesquisas dos maiores jornais de circulação nacional desde as eleições gerais de 1986 até 20 de novembro de 2011. Em alguns casos a coincidência das previsões com os resultados finais é muito grande, como nas eleições de 2008. Naquelas eleições, todos os meios de comunicação tiveram um acerto similar, exatamente o oposto do que aconteceu em 2004. Os ataques de 11 de Março, três dias antes das eleições, viraram de cabeça para baixo as expectativas eleitorais. Também já ocorreu, como em 1996, que alguns acertaram mais que outros.

3. Na análise por jornais, os autores do relatório constataram que a mídia tende a ser otimista nas previsões sobre os partidos com os quais têm uma melhor adequação editorial e pessimista sobre os quais não tem. Os pesquisadores, no entanto, não consideram que esta circunstância seja significativa, após um estudo mais detalhado através da análise da variância. A tendência revela que o  jornal “El Pais” e o “El Periódico”,  superestimam o PSOE e subestimam o PP, enquanto que  o “ABC” e o “El mundo” fazem exatamente o oposto.

4. “Os dados demonstram que as informações técnicas (tamanho da amostra, a margem de erro, nível de confiança…) que acompanham as pesquisas não são úteis para avaliar a qualidade das suas previsões, como pretende a lei que obriga a sua publicação” escrevem Caballé, Grima e Marco-Almagro  na “Revista Espanhola de Investigações Sociológicas”.