13 de dezembro de 2017

JUVENTUDES POLÍTICAS: DE MASSAS, DE QUADROS E O PODER DE MULTIPLICAÇÃO! OS JOVENS MARX E ENGELS!
1. A clássica divisão dos partidos políticos de massas e de quadros foi facilitada pela estática das ideologias. O partido de massas -dada a ideologia- priorizava a mobilização e estimulava as lideranças carismáticas. O partido de quadros -dada a ideologia- priorizava a qualidade intelectual de suas lideranças em todos os níveis.
2. Um ponto que os aproximava era serem partidos que partiam de ideologias dadas e seus líderes, seus quadros e intelectuais, reforçavam as mesmas ideias com argumentos mais sólidos ou mais mobilizadores.
3. Nos anos 30 as juventudes mobilizavam e eram mobilizadas, tanto pelas ideias de direita quanto de esquerda.
4. No pós-Segunda Guerra, as juventudes partidárias referenciadas mais a direita -talvez por se sentirem vitoriosas- perderam ou reduziram em muito as suas forças de mobilização. Por outro lado, as juventudes partidárias referenciadas a esquerda pela importância e crescimento da influência da União Soviética e da China, e na América Latina de Cuba, passaram a ser o polo quase único de mobilização das juventudes.
5. As rebeliões universitárias de 1968 misturaram o campo ideológico com o comportamental, e de certa maneira, funcionaram como uma fronteira que antecipou a debacle da União Soviética e da hegemonia das suas ideias, e paradoxalmente, marcaram a desmobilização das suas juventudes partidárias.
6. Nos últimos anos, a sensação de que a política tinha perdido seu lastro ideológico foi um vetor de desmobilização. Mas -no Brasil- trouxe uma importante novidade. As juventudes de partidos de esquerda perderam o monopólio e hoje se pode afirmar que não o tem mais. Isso tanto ocorre nos movimentos estudantis quanto nos movimentos sociais e religiosos.
7. Mas com uma certa fluidez ideológica, as ideologias deixaram de ser estáticas. Ou seja, estão em movimento. Nesse sentido, as juventudes de massas não trazem nenhuma renovação e se tornam, simplesmente, correias de transmissão com suas bandeiras, camisetas e, mesmo, com suas redes sociais.
8. As juventudes de quadros -observada a tradição anterior- de formação de lideranças em base a ideologias estáticas -de esquerda ou de direita- o são da mesma forma.
9. Mas surge um vazio a ser ocupado hoje pela juventude de quadros. Formar jovens intelectuais que possam renovar as ideias, e ao falarem para o mundo de amanhã, relançarem a política em novas bases, já que pensam com muito maior independência sem terem incorporado ideias que os tornam estáticos.
10. Isto vale também para as redes sociais. E sendo assim voltam a ser inovadoras e por isso mobilizadoras.
11. Nesse final de ano estreia nos cinemas o filme O Jovem Karl Marx, de Raoul Peck, que trata dos jovens Marx e Engels, jovens intelectuais de extração social distinta e no entorno de seus 25 anos, enfrentando a repressão dos regimes autoritários, e que ao meio de lideranças e intelectuais consagrados como Proudhon e Bakunin e da mobilização deles e outros, e líderes sindicais, para dar organicidade a Liga dos Justos, rebelam-se, e afirmam que sob aquelas ideias, por mais radicais ou românticas que fossem, não se organizaria um movimento operário independente renovador e mobilizador.
12. Que o fundamental era fazer uma revisão profunda daquelas ideias. Finalmente é entregue a eles a responsabilidade de escrever um texto que servisse com orientação e plataforma ao movimento operário. Em 1848 saiu do forno -dos 30 anos de Marx e dos 28 anos de Engels-, o Manifesto Comunista, base da Liga Comunista. E desencadeador de um novo movimento politico pelo mundo todo.
13. Não se trata aqui -no filme- de ideologia. Mas de -tendo como referência este filme- mostrar que a juventude de quadros num ambiente dinâmico deve ir muito além das ideias estáticas anteriores. Deve mergulhar fundo no campo de ideias que possa renovar a política e apontar para o futuro e, dessa forma, pela força dessas novas ideias, ser fortemente mobilizador.