18 de setembro de 2013

VOTAÇÕES NO SENADO 2012: OPOSIÇÃO NÃO APENAS É MENOR, É MAIS DESUNIDA E NÃO VOTA DE MANEIRA COERENTE!   PT MAIS COERENTE QUE PSDB! DEM É O MAIS DO CONTRA! PDT O MAIS INCOERENTE!

Este post foi publicado em Rookie, em 14 de setembro de 2013, por Ricardo Marino (Físico brasileiro).

1. “Esse mapa pode ser lido em “blocos”. O quadrado oposição-oposição indica a coerência interna daquele bloco, enquanto o oposição-governo indica o quanto esses blocos diferentes votam juntos. O governo possui muito mais regiões vermelhas, o que indica coesão e correlação entre os votos, enquanto a oposição está cheia de pontos azuis. Isso é a confirmação estatística do que sempre se disse da política atual brasileira, que a oposição não apenas é menor, mas é desunida e não vota de maneira coerente. O governo, no entanto, possui uma larga região coerente e garante, com isso, um senado tranquilo para quem está no poder.”

2. “Os únicos partidos de oposição são PSDB, DEM e, surpreendentemente, PSOL. O senador psolista não apresenta grande correlação com ninguém, mantendo uma coloração verde-água em toda sua linha; infelizmente ele é apenas um e é difícil tirar estatística de um ponto para confirmar a independência política do PSOL.”

3. “PSDB apresenta razoável coerência interna, mas não se compara à coerência petista. O tom vermelho no bloco interno no PT mostra que o partido costuma votar junto, com raras exceções, sendo Ana Rita, do Espírito Santo, a que mais contraria seu partido.
O caso do PMDB é talvez o mais interessante. Compare o bloco interno desse partido com a figura completa, a primeira que coloquei, são quase iguais! A estrutura interna do PMDB é como a estrutura do senado todo, ou seja, o PMDB possui a mesma estrutura partidária que nenhuma estrutura partidária! Esse também é o caso do PR, mas ele possui menos membros e é difícil extrair estatística de poucos pontos.”

4. “O bloco interno do PDT possui mais correlações negativas que positivas, tornando esse partido o mais incoerente de todo o Senado. Esses senadores mais divergiram que concordaram nas decisões. Estatisticamente falando, eu os teria colocado em extremos opostos na orientação partidária. O DEM é o partido “do contra”. Seu lado da matriz sendo um rio de azul escuro, esse partido faz jus ao título de oposição. “

5. Conheça o estudo completo. 6 páginas.  As demais são comentários.

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DATAFOLHA-SP-CAPITAL: 29% NÃO SABEM O QUE É O MENSALÃO! 

1. Na segunda-feira desta semana, este Ex-Blog, a partir de uma sondagem com pessoas de nível universitário, mostrava que ninguém sabia o que efetivamente foi o “mensalão”. A nota recontou o caso e sugeriu que se desse ampla cobertura a respeito para que se soubesse que o “mensalão” não foi o tradicional caixa 2.

2. A Folha de SP (18) divulgou pesquisa realizada ontem na cidade de SP, onde se supõe estar a população mais bem informada e onde o nível de renda é muito maior que a média do país, que comprovou que a desinformação sobre o “mensalão” é ampla. Isso usando apenas a expressão que, em geral, é percebida como o caixa 2, sem conhecimento do esquema.

3. São 19% os que se dizem bem informados sobre o mensalão. 14% mal informados e 15% desinformados (somando 29%). E 52% mais ou menos informados.

4. Um dado inesperado nessa pesquisa é a avaliação do desempenho do STF. Para  21% é ótimo+bom. Para 41% é ruim+péssimo. Para 29% é regular.

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“É A ORDEM PÚBLICA QUE FOI TIRADA DE PRUMO E TEM DE SER RESTAURADA”!

(Hanna Arendt –Eichman em Jerusalém, um relato sobre a banalidade do mal- Epílogo –pag. 283- Companhia das Letras-2013)

“O malfeitor é levado à justiça porque seu ato perturbou e expôs a grave risco a comunidade como um todo, e não porque, como nos processos civis, indivíduos foram prejudicados e têm direito à compensação. A compensação efetivada nos casos criminais é de natureza inteiramente diferente; é o corpo político em si que exige ‘compensação’ e é a ordem pública que foi tirada de prumo e tem de ser restaurada, por assim dizer.”

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A DESINTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRÁS!

1. (Estado de SP, 17) A Petrobrás já vendeu R$ 8,938 bilhões (US$ 3,826 bilhões) em ativos neste ano, de acordo com cálculo do banco norte-americano Goldman Sachs, considerando todas as operações já anunciadas, como a alienação da participação de 49% na Brasil PCH para a Cemig e a jointventure com o banco BTG Pactual para os ativos de exploração e produção na África, e a recente venda, por US$ 380 milhões, de ativos na Colômbia, anunciada na última sexta-feira. Os analistas Felipe Mattar, Sergio Conti, Bruno Pascon e Thiago Auzier, do Goldman, destacaram que a companhia já cumpriu cerca de 39% de sua meta de desinvestimentos para 2013 e a venda na Colômbia reforça a visão positiva de continuidade da disciplina de capital adotada pela estatal.

2. (Ex-Blog) Lembrar Argentina e Bolívia.

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MANIFESTAÇÃO DAS RUAS, TAMBÉM NA POLÔNIA!

(El País/Uol, 17) 1. O descontentamento demorou a pegar, mas finalmente se apoderou da rua. Dezenas de milhares de poloneses marcharam durante boa parte da semana passada em Varsóvia contra políticas de cortes das quais até agora haviam escapado, em comparação com a maioria de seus vizinhos. Seis anos depois de a crise começar na Europa, a Polônia, único país comunitário que não conheceu a recessão nesse período, percebe claramente seus efeitos. Uma reforma trabalhista que amplia a margem de manobra do empresário e um agravamento do emprego provocaram as mobilizações.

2. As estreitezas econômicas estão passando a conta ao primeiro-ministro de centro-direita, Donald Tusk, que a população identifica com as novas políticas de cortes. Trata-se de um importante revés no currículo de Tusk, o único chefe de Executivo reeleito na Polônia desde a queda do comunismo.

3. A recente reforma da previdência, que eleva a idade de aposentadoria de 65 para 67 anos para os homens, e a trabalhista, que acentua a precariedade dos novos contratos, acenderam os ânimos. O paradoxo é que as políticas que Tusk promove – em princípio para cumprir os ditames de Bruxelas – redundam essa precariedade que também denuncia o Executivo comunitário.  Embora as eleições gerais demorem em chegar – estão previstas para o final de 2015 -, os poloneses já advertiram seu primeiro-ministro sobre os riscos de abraçar a política de austeridade que permeia a UE.