Cesar Maia ressalta que COI deve visitar equipamentos construídos para o PAN

 

Para Cesar Maia, na visitoria do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao Rio de Janeiro, esta semana, o que deve ser mostrado às autoridades são os equipamentos construídos ou reformados para os Jogos Pan-americanos de 2007, como o Estádio João Havelange (Engenhão) e a Cidade dos Esportes (Velódromo, Parque Aquático e Arena). O ex-prefeito do Rio acredita que, desta forma, a Cidade, que concorre à sede dos Jogos Olímpicos de 2016, irá impressionar os representantes do COI. Por outro lado, na análise de Cesar, o Rio as questões à serem resolvidas estão nos setores de Meio Ambiente e Transportes.

 

– Os problemas estão na dinâmica dos investimentos em infraestrutura. O metrô Zona Sul/Barra, anunciado com novo trajeto, não teve ainda o Estudo de Impacto Ambiental licitado. O ônibus articulado no corredor T5 (Barra/Leopoldina) não teve a lei aprovada para sua licitação. O projeto de despoluição das lagoas da Barra também não teve o financiamento do Banco Japonês (JBIC) aprovado pelo Governo Federal.

Embargo a Cuba!

Publicado em 25.04.2009 em Folha de São Paulo

EM DEZEMBRO de 2004, em nome de representantes das cidades presentes na recepção para comemorar os 485 anos de Havana, afirmei que, visto de uma perspectiva liberal, o embargo econômico dos EUA a Cuba era uma gigantesca irracionalidade, inclusive política. Visitei Havana com toda a liberdade, conhecendo os progressos da revitalização do centro histórico e as ruínas e cortiços de toda a área que está fora desse núcleo. Conversei com os seus dirigentes.

Meses depois, assisti a um documentário alemão, “Memórias das Ruínas”, sobre as pessoas que viviam naqueles destroços de casas, de antigos restaurantes e de teatros. O documentário, além de mostrar as ruínas e os cortiços, entrevistava seus moradores permanentes. Queria saber das razões, se havia memória sobre o que era antes aquele imóvel e associá-la ao equilíbrio emocional das pessoas que fizeram essa escolha.

Registrei quatro depoimentos. O de um fazendeiro, expropriado pela revolução, que optou por ficar em Cuba e morar na casinha de caseiro. Seu telurismo o impedia de viver como rico em Miami. O outro, de uma mulher que fez essa opção por conflito e exclusão familiar. O terceiro, de um homem que morava em um antigo teatro e vivia um desequilíbrio mental leve e lúdico, tanto que usava o palco e as instalações do teatro para atuar, solitário e sem público.

Finalmente, o depoimento que mais chamou minha atenção foi o de um professor e escritor dissidente, que cumpriu pena na prisão. Solto, não poderia sair de Havana. Escolheu para morar uma minicobertura de um cortiço. Tinha-a bem arrumada, com plantas e flores nos muros disponíveis, entre passagens apertadas. Seu depoimento teve caráter político. Disse que havia, por parte de Castro e de seu grupo, o interesse em manter o binômio embargo/ruínas. Que as ruínas/cortiços eram usados como consequências do embargo e ofereciam mais que discurso: imagens fortes do cerco a Cuba.

Ele assegurou que o embargo era a outra face da moeda, pois permitia ao governo 1) demonizar o seu inimigo, os EUA, e 2) colocar-se em posição de vítima -e, com isso, manter o povo solidário e mobilizado, usando o nacionalismo como arma. Por fim, afirmou que o embargo era do maior interesse de Castro e que ele encontraria qualquer desculpa para preservá-lo. Manter o embargo, portanto, era ingenuidade dos EUA, pois estava fazendo o jogo de Cuba. Bem, agora, com a posição pública de Obama, será possível testar a avaliação do professor dissidente e saber se realmente interessa a Cuba manter o embargo para agregação interna e, sendo assim, quais serão os próximos pretextos.

Cesar Maia estreia coluna na internet sobre o Botafogo

Cesar Maia estreou essa semana como escritor de uma coluna semanal sobre o Botafogo a convite da equipe do site Fogãonet.com.

Segundo o ex-prefeito a coluna será "sobre histórias do futebol, com foco em craques e personagens do passado."

Na coluna de estreia , Cesar Maia trata de um episódio em que pode conversar com o craque Didi, no ano de 1958, na sede de General Severiano.

Para ler a coluna acesse: http://www.fogaonet.com/blogs/cesarmaia/

Cesar Maia participa de seminário da Universidade Candido Mendes / Iuperj

No dia 17 de abril, o ex-prefeito Cesar Maia participou, na Universidade Candido Mesdes,de mesa de debates sobre o tema "Como Aperfeiçoar a Legislação de  Campanhas: propaganda eleitoral e meios de comunicação".

O evento fazia parte do seminário "A Regulamentação das Campanhas Eleitorais Brasileiras" coordenado pelo Prof. Jairo Nicolau.

Os outros outras participantes da mesa foram o Prof. Antonio Lavareda (IPESPE) ,o Prof. Marcus Figueiredo (IUPERJ/UCAM) e o Deputado José Eduardo Cardoso (PT/SP).

 

Depois da crise!

Publicado em 18.04.2009 em Folha de São Paulo

O AMBIENTE econômico depois desta crise não será o mesmo. O G20 falou de restrições e de controles financeiros. A destruição de capital indica que a produtividade média será maior que a atual. O comércio mundial será mais competitivo.

O valor do conhecimento incorporado aos produtos será maior. As exigências ambientais serão maiores. E por aí vai. O desenvolvimento econômico a longo prazo é fruto do aumento da produtividade dos fatores, do acúmulo de capital físico, da infraestrutura básica, do incremento do conhecimento e do nível de escolaridade.

Assim, as ações dos governos devem ter dois componentes. O primeiro diz respeito às medidas compensatórias destinadas a reduzir o custo social no curto prazo (variações do keynesianismo) e que envolvem, na defesa do capital, aporte governamental e crédito especial.

O segundo componente está relacionado às medidas que ampliem a competitividade, de forma que o piso do novo PIB seja o maior possível e a capacidade de crescimento em condições menos elástica seja bem maior que a de hoje. Essas precauções são fundamentais para países em desenvolvimento, pois o ciclo econômico encerrado facilitou o crescimento com taxas de produtividade mais baixas.

Ao lado das medidas óbvias de estímulo conjuntural, cabe aos governos desenharem, já, um programa de intervenções e investimentos que produza a máxima sinergia com o capital privado. Em primeiro lugar, deve ser iniciada a qualificação da infraestrutura econômica -estradas, portos, aeroportos e ferrovias. É preciso fazer a reconversão energética, adequando o sistema de transportes, as construções, os aterros sanitários, as fronteiras econômicas etc. às exigências ambientais.

Há necessidade de traçar um vigoroso programa de desenvolvimento tecnológico, elevando os critérios aos padrões internacionais, e de estimular o ensino técnico qualificado como alternativa ao bacharelismo. Cumpre ainda rever a tributação sobre os investimentos, especialmente os que incorporem mais tecnologia. E garantir a segurança jurídica e o direito de propriedade.

Está na hora de a palavra planejamento voltar à ordem do dia. A sincronização de medidas compensatórias com medidas de sustentabilidade requer mais do que programas tradicionais de ativação do gasto público. Exige planejamento e construção de cenários e decisões consensuais no nível político para que não se perca nem mais um dia com declarações exóticas na tentativa de construir um otimismo de caça-níqueis.

Só assim vamos reduzir os danos e, simultaneamente, criar as melhores condições para impedir que a economia, na saída da crise, seja rebaixada para a terceira divisão.

Cesar Maia se reúne com diretórios do interior do Estado




O ex-prefeito Cesar Maia tem se reunido todas as semanas com representações políticas e futuros candidatos a deputados -federal e estadual que integrarão a chapa do DEM.

As prioridades são: formar as chapas até setembro, diagnósticos de situação do Estado e das funções de governo, e definir a estratégia geral para 2010.

Na ultima reunião estiveram presentes – incluindo vereadores, secretários municipais e vice-prefeito, os diretórios de Carmo, Laje do Muriaé, Porciúncula, S. M. Madalena,  Sumidouro e Bom Jesus de Itabapoana.




Cesar Maia alerta para os riscos da divisão da cidade

Em nota no seu ex-blog hoje, 14 de abril, o ex-prefeito Cesar Maia foi enfático ao criticar o projeto do Governo do Estado de construção de muros para conter o crescimento das comunidades. Para Cesar Maia, a iniciativa afeta a identidade do Rio, onde a desigualdade social pouco afeta a unidade espacial do cotidiano do carioca.

– As teses, atos e fatos sobre as políticas públicas para as comunidades mais pobres estão dividindo ao meio a cidade. Da mesma forma a repressão à informalidade apenas com vistas à visibilidade para a classe média. As pesquisas de opinião mostram isso a cada tema levantado. O carioca sempre soube conviver com a desigualdade social seja nas praias, nos campos de futebol, festas…

Na opinião de Cesar Maia, mais grave do que criar uma idéia de cidade partida, é induzir a classe média a criminalizar os pobres e, desta forma, produzir rupturas "culturais", quebrando a sensação unitária de pertencimento à mesma cidade. Com isso, afirma o ex-prefeito, surge uma nova identificação ideológica-religiosa, que define nitidamente uma fronteira.

– Isso leva a busca de novas referências e valores, incluindo os meios de comunicação. Já está sendo assim, entre os mais pobres em relação à audiência da TV. E, isso, sem tocar no tema violência. Nesse caso, os exemplos são os mais diversos em tantos países, da América Central à França. É preciso avaliar e refletir muito a respeito dos desdobramentos de tais teses, atos e fatos.

Instabilidade na América do Sul

Publicado em 11.04.2009 em Folha de São Paulo

A DEMOCRATIZAÇÃO da América do Sul não se completou. Nos últimos 20 anos, 13 presidentes não completaram o seu período presidencial. O Equador foi o recordista, com seis (Bucaram, Rosalía, Alarcón, Mahuad, Noboa, Gutiérrez). A Argentina teve dois (Alfonsín e de La Rúa). O Brasil, um (Collor). A Bolívia, dois (Lozada e Mesa). O Paraguai, um (Cubas). E o Peru, um (Fujimori).

Regras do jogo foram alteradas no meio dos mandatos para permitir a reeleição: Fujimori, Menem, Fernando Henrique Cardoso. A partir daí -legitimada pelos exemplos-, essa regra foi multiplicada e ampliada, incluindo a convocação de assembleias constituintes em inicio de mandato, alterando as regras do jogo: reeleição, poder absoluto ao presidente… Aí estão Chávez (Venezuela), Morales (Bolívia) e Correa (Equador).

O plebiscito nacional passou a ser regra nesses países -aliás, usual instrumento dos autocratas, como Napoleão, Napoleão 3º, Hitler, de Gaulle… Na Grã-Bretanha e nos EUA nunca ocorreram plebiscitos nacionais. O Brasil já fez alguns que não resultaram -presidencialismo em 63, regime de governo em 93, armas em 99- e, grave, abriram o uso de um perigoso instrumento contra as instituições democráticas.

O Brasil viveu um longo e exemplar período de estabilidade das instituições políticas no império de d. Pedro 2º. Brasil e Inglaterra foram -quase- os dois únicos países com estabilidade institucional nesse período. Lembre-se as guerras do México e de Secessão nos EUA, as revoluções de 1848 na Europa, a Comuna de Paris, as unificações italiana e alemã…

Recentemente introduziram-se na América do Sul novidades desestabilizadoras. É o hiperpresidencialismo. Na Venezuela, na Bolívia e no Equador, o Poder Legislativo é simplesmente desconsiderado pelo Executivo e tem funcionamento de fachada. A Argentina legalizou esse sistema por meio de uma super lei delegada, dando ao presidente quase todos os poderes e micromizando o ato de legislar.

O Brasil tem situação parecida, com o caso de aluguel de mandatos (mensalão), abuso de medidas provisórias e uma convergência implícita no desgaste do Legislativo. A América espanhola viveu, a partir do período das independências, instabilidade permanente. Havia consenso para a independência, mas não para institucionalizar um novo regime. Não era simples substituir a legitimidade “divina” da coroa por regras de ocasião.

O processo de democratização da América do Sul, nesse sentido, não se completou. A observância das formalidades tem servido para mudar as instituições, abrindo, onde ocorreu, espaço inevitável a seu questionamento futuro. Chile e Uruguai são exceções.

Nova etapa do capitalismo?

Publicado em 04.04.2009 em Folha de São Paulo

HÁ DOIS CONSENSOS sobre a crise econômica. 1) O complexo dos derivativos financeiros foi se descolando da economia real. A cada novo andar de derivativos, maior a fragilidade dos lastros, até que os andares de cima começaram a desmoronar.

2) A torre dos derivativos, mesmo gerando riqueza falsa, estimulou a demanda e o forte ciclo econômico dos últimos anos. O Banco de Compensações Internacionais (BIS), no último relatório, mensura em US$ 543 trilhões este mercado no último trimestre de 2008 (quase 15 PIBs dos EUA), caindo para US$ 408 trilhões neste início de 2009.

Essa relação entre o volume de derivativos e a demanda global sinaliza que após a crise o PIB mundial estará em um novo piso, menor que o anterior. E a dinâmica econômica será retomada sem a mesma impulsão da riqueza falsa. Uma nova etapa do capitalismo, dizem os marxistas. Esta seria a quinta etapa do capital bancário/financeiro. A primeira, nos séculos 16 e 17, foi a dos grandes banqueiros flamengos, florentinos, boêmios…, financiadores das coroas, das guerras e do comércio. A associação destes com o comércio abriu espaços ao mercantilismo.

Nos séculos 18 e 19, o grande capital bancário concentrou-se no financiamento das atividades econômicas (incluindo a indústria) e dos governos. Com a expansão do capitalismo desde fins do século 19, o capital bancário estreita suas relações de associação com o industrial, e não apenas de financiamento, dando origem ao que Hilferding estudou em seu clássico “O Capital Financeiro” (1910).

A quarta etapa é viabilizada pela revolução eletrônica dos 70 e pela especulação em tempo real, no mundo todo, por meio de meros registros. Esse mercado global, virtual, de registros eletrônicos, eliminou as fronteiras e os controles estatais -e de forma radical nos paraísos fiscais, “off-shores”. Trata-se de um capitalismo pós-financeiro, onde o capital financeiro vai financiar a si mesmo, junto com os novos andares agregados à torre dos derivativos.

Krugman afirma, em artigo recente, que, “depois de 1980, surgiu um sistema financeiro muito diferente, e a banca à moda antiga foi cada vez mais substituída pela especulação em grande escala. O novo sistema era muito maior que o antigo regime: à véspera da crise atual, finanças e seguros representavam 8% do PIB, mais que o dobro de sua participação nos anos 60”.

Entramos numa quinta etapa com menos andares na torre, com uma menor distância entre a economia real e a virtual e com os controles e restrições governamentais ampliados. Que características terá? Virá a superação ou a acomodação? Aguarda-se a presença de novos Hilferdings neste século 21.

Política e posição fetal

Publicado em 28.03.2009 em Folha de São Paulo

DREW WESTEN , DW, é consultor de psicologia social. Sessenta dias antes das eleições, escreveu longo artigo para Obama. O foco de DW é nunca baixar a guarda nem deixar o outro lado controlar a mensagem e as narrativas da campanha. Ele critica a estratégia usual do Partido Democrata (PD) de não ter posição firme.

“Se Obama não pode dizer a verdade sobre o que há de errado com o adversário, não está falando honestamente ao eleitor, independentemente de sua motivação”, afirma. Quando se tem uma escolha entre opções, diz DW, décadas de pesquisas em psicologia social mostram dois princípios da persuasão: chegar à frente para contar o seu lado da história e preparar-se para atacar o que o outro deve dizer. Lista as dez maneiras de evitar que o PD tenha mais um final triste. 1. Na política não há criacionismo: use o conhecimento acumulado em comunicação de massa. O PD acha que responder a um ataque é realçar o ataque. Deve atentar à psicologia social sobre o que funciona ou não.

2. Pare de jogar damas se o outro lado joga xadrez. Os republicanos pensam seis lances à frente. O PD, um de cada vez. 3. Não confundir mensagens positivas/negativas com éticas/antiéticas: “Eleitores votam com suas emoções, e se você se recusa a falar verdades negativas sobre o seu oponente, está enganando o eleitorado e pondo em risco sua eleição.

Emoções positivas e negativas estão independentes dentro do cérebro. Se não bater logo, você cederá metade do cérebro. E não se ganha eleições com meio cérebro”. 4. Se os ataques de seu adversário refletem um problema de caráter, ataque o caráter dele. 5. Focalize em “nós” se o adversário quer falar sobre “eles”. Não deixe dividirem os valores entre “nós e eles”. 6. Conte três histórias sobre o adversário, nem mais, nem menos.

7. Fortaleça a mensagem de mudança com dois ou três assuntos de impacto. Acredite nas campanhas políticas emocionalmente evocativas, embasadas em valores. 8. Prepare-se. Seu publicitário pode não servir para os debates. 9. Dirija-se ao olho do furacão, ao centro da tempestade. Não fuja. 10. A equipe de Obama, e ele mesmo, precisam olhar para dentro.
Por anos, o PD fugiu da controvérsia, abandonou o conflito, preocupado com temas “radioativos”. Fale claramente sobre os valores que o levaram a tomar a posição que tomou. DW lembra que, de uma perspectiva psicológica, poucas ações são determinadas por um único motivo. O PD sempre ofereceu razões elevadas para não responder atacando. Suas razões vêm com evasivas: “Projetam covardia”. E finaliza dizendo que, na política, é possível tomar qualquer posição, exceto uma posição fetal.