02 de dezembro de 2016

ÓBITOS POR AGRESSÕES POR CAUSAS EXTERNAS MOSTRAM MAIS UMA VEZ O DESLOCAMENTO DOS CORREDORES DE EXPORTAÇÃO DE COCAÍNA PARA O NORDESTE!

1. O Estado de S. Paulo (28) divulgou a estatística oficial de mortes por agressões externas. O quadro completo é referido a 2014. De lá para cá, se algo ocorreu foi a intensificação dessa tendência. As Capitais respondem por 30% desses óbitos por causas externas no Brasil.

2. Nos últimos 20 anos ocorreu uma mudança regional das principais taxas de homicídios dolosos, saindo do Sudeste –especialmente Rio e S.Paulo- e passaram a se concentrar no Nordeste. O corredor de exportação de cocaína vindo da Bolívia e Peru (e menos Colômbia, que preferencialmente abastece o mercado norte-americano), passava pelos portos e aeroportos dos Estados do Rio (Rio) e de S. Paulo (S. Paulo e Santos) e seguia para o mercado europeu via península ibérica.

3. A repressão às rotas de acesso via Rio e S.Paulo, e a repressão na costa e nos aeroportos de Espanha e Portugal foram induzindo à criação de um novo corredor de acesso ao mercado europeu. A facilidade de corrupção das autoridades superiores em países como Guiné Bissau –que se transformou num narco-estado (e, diga-se, está superando progressivamente essa situação nos últimos 2 anos) criou as melhores condições para os traficantes.

4. O corredor de exportação de cocaína passou a se dar através da África Ocidental. A proximidade com a costa do Nordeste brasileiro foi criando uma ponte aérea de avionetas e barcos que despejavam as cargas de cocaína na costa africana para serem resgatadas, inicialmente sem qualquer repressão.

5. A alta correlação entre tráfico de drogas e homicídios em função da disputa entre gangues dos pontos de venda (o que a época de ouro do tráfico de whisky pelas máfias norte-americanas intensificado pela lei seca registra amplamente) foi elevando os números da taxa de homicídios dolosos no Nordeste e reduzindo no Sudeste.

6. A tabela apresentada pelo Estado de S. Paulo (28) para 2014 mostra isso com extrema clareza. As taxas de óbitos por agressões por causas externas por 100 mil habitantes despencaram na cidade de S. Paulo para 13,8 e na cidade do Rio de Janeiro para 21,32.

7. Nas capitais nordestinas ocorreu fenômeno inverso. Fortaleza, São Luís e Maceió cresceram para taxas espantosas de 87, 89 e 82. Salvador, que anos anteriores era das capitais a segunda menor em taxa de homicídios, agora tem a taxa de 49. Recife 44, Natal 63, João Pessoa 65, e Teresina 58. Em várias pequenas cidades do litoral nordestino essas taxas são ainda mais altas.

8. Na medida em que cabe às autoridades federais a repressão ao tráfico internacional de drogas e armas, e os governos nordestinos contam com recursos fiscais insuficientes, caberia ao governo federal, através de suas instituições policiais e militares (patrulhamento da costa) assumir o controle das operações de repressão a esses corredores.