03 de novembro de 2016

CAMPO ABERTO PARA CIRO GOMES EM 2018!

1. É verdade que no Brasil as projeções eleitorais não podem apontar para mais que seis meses. Até porque não se sabe nem quem serão os candidatos. Um exemplo disso é o PMDB, o partido do Planalto e com maior capilaridade do Brasil. É certamente o parceiro mais desejado dos outros numa chapa presidencial, mas –ainda- sem nome para ocupar a cabeça dessa chapa.

2. Uma eleição majoritária no Brasil, nos grandes estados, nas grandes cidades e no país, a força partidária terá pouco significado se o candidato não tiver força e imagem de um forte personagem. Agora mesmo em 2016 o prefeito eleito de Porto Alegre –do PSDB- trouxe com ele apenas 1 vereador eleito.

3. Na Cidade do Rio de Janeiro não foi diferente. O prefeito eleito liderou com grande vantagem as pesquisas desde o início do primeiro turno. Seu partido elegeu apenas 3 vereadores e o mais votado deles chegou em oitavo lugar. Em Belo Horizonte da mesma forma. O prefeito eleito levou consigo 3 vereadores, de 41, sendo que dois foram o último e o penúltimo colocados.

4. Ao se olhar para a eleição presidencial de 2018 deve-se levar em conta a expressão partidária e em especial a capilaridade. Nas condições brasileiras, essa é, no máximo, uma condição que ajuda, mas nem de longe uma condição suficiente. Há que se avaliar os personagens.

5. Os personagens são menos uma questão de oferta, ou seja, eles em si mesmos e mais uma questão reflexa, ou seja, se refletem a demanda dos eleitores naquela conjuntura. Os programas dos candidatos assessorados por equipes técnicas da maior qualidade certamente servirão para governar, mas não para ganhar as eleições.

6. A debacle do PT que foi quase o décimo partido em número de prefeitos eleitos nada tem a ver com os programas oferecidos e mesmo com a qualidade de seus candidatos. A desintegração da imagem nacional do PT alcançou ampla capilaridade em micro, pequenos, médios e grandes municípios. Como uma nuvem de cinzas de um vulcão em erupção. Alguns candidatos trocaram de sigla para não serem varridos pelo desmonte de imagem, como o caso do prefeito reeleito em Niterói que saiu –a tempo- do PT para o PV.

7. O PT ter um candidato à imagem do partido em 2018 é garantia de derrota. Seu principal cacife é o tempo de TV, que poderá atrair uma candidatura mais ou menos em seu campo político. Mas ocultando cuidadosamente a sigla, nomes e imagem do PT.

8. Dos nomes escalados hoje para o grid de largada em 2018, Marina Silva incorpora a postura antipolítica do eleitor hoje. Falta capilaridade e tempo de TV. O PSDB vai gastar um tempo precioso para, de hoje até final de abril de 2018, longos e importantes 18 meses em que os 2 pré-candidatos ou 3 estarão arranhando a imagem do adversário interno ou torcendo para as longas mãos da Lava Jato alcance algum/alguns dele(s), simplificando a tarefa.

9. O PMDB fica torcendo por um efeito Plano Real, em que a economia se recupere e o presidente Temer passa a ser um candidato tão forte quanto compulsório. Mas dará tempo para isso? E isso é possível? Alvaro Dias, com minguado tempo de TV, espera que seu carisma retórico sulista possa produzir algum impacto e memória dos espaços que teve como líder da oposição no Jornal Nacional, na cobertura dos escândalos.

10. Com tudo isso, os espaços estão abertos para Ciro Gomes entrar como uma nova esquerda, agressiva, moralista, desde o mesmo nordeste que impulsionou Lula e Dilma. Terá um tempo intermediário de TV que, dependendo das pesquisas pré-eleitorais, poderá ser agregado. E seus apoiadores torcerão para que uma provocação não produza um desgaste que lembre os piores momentos de Trump na atual campanha norte-americana.