09 de fevereiro de 2015

O PRIMEIRO PASSO PARA ENFRENTAR A CRISE DO ESTADO DO RIO É RECONHECÊ-LA!

1. Uma máxima –redundante- nos princípios básicos de gestão é que o primeiro passo para enfrentar uma crise é reconhecê-la. Em seguida, diagnosticá-la. E depois equacionar as ações para iniciar o processo de superação.

2. Os indicadores estão aí –dia a dia- em todos os níveis. A ocupação da rede hoteleira no carnaval caiu de 78% para 60% entre 2014 e 2015. A curva de crescimento de roubos é ascendente há alguns anos. As estatísticas de balas perdidas e assassinatos de policiais já ocupam com destaque o noticiário.

3. A inflação de 12 meses, em janeiro-2015, medida pelo IPCA, no Rio, foi a maior entre todas as capitais. A ironia carioca usa a expressão surreal. Mas quem paga a conta são as famílias. A tarifa de ônibus subiu mais que a inflação. E por aí vai.

4. A crise nacional desaba especialmente sobre o Rio de Janeiro, por suas raízes de antiga capital e suas condições específicas e afeta as finanças públicas – estadual e municipal.  A queda no preço do barril de petróleo, de mais de 50%, impacta diretamente pela redução proporcional da receita dos royalties.

5. Segundo o secretário de desenvolvimento econômico, 1/3 do PIB do Estado do Rio depende do petróleo e derivados. Sendo assim, o PIB do Rio em 2015 cairá uns 10%. A crise na indústria automobilística não é só paulista, pega em cheio o sul do Estado do Rio. A crise hídrica atinge o Rio, associado com S.Paulo na bacia do rio Paraíba do Sul. O atraso da Usina de Furnas 3 para 2019 expõe riscos específicos em relação à energia elétrica.

6. O Turismo já está sendo afetado, seja pela crise econômica nacional, seja pelo retorno com ainda maior força da percepção de insegurança. Arrastões voltaram às manchetes, como em 1992. Os JJOO-2016 exigirão uma ocupação semelhante à Rio-92. Durante a Copa do Mundo, os Roubos –REGISTRADOS- nas delegacias da capital entre junho e julho somaram 12.662. Em 2013, nestes dois meses, somaram 9.347, crescendo 35,4%.

7. Só no Comperj, em Itaboraí, desdobramento da crise da Petrobras, foram demitidos 10 mil trabalhadores. Tanto o Estado como os Municípios entraram em programas de demissão e redução de gratificações. Os  atrasos a fornecedores aumentam. E a tendência é crescente. A venda –em 2014- de R$ 5 bilhões de bens do Estado não poderá se repetir. As operações de crédito novas não poderão ser aprovadas. E as parcerias com o governo federal serão mitigadas pela crise fiscal.

8. A reversão dos problemas observada nos últimos anos, gerando otimismo, está sendo re-revertida. Os meios de comunicação buscam maximizar as boas notícias e minimizar as notícias ruins. Isso não ajuda, pois impede o “primeiro passo” numa crise: reconhecer o problema. E, com isso, impede também o segundo: diagnosticá-la. Os problemas fiscais no caso do Estado do Rio –hoje- não são apenas de fluxo de caixa conjuntural. Contêm vetores estruturais que não terão solução em menos de 3 ou 4 anos.

9. Todas as forças políticas e sociais saberão se somar a este reconhecimento e esforço. Mas sem que as autoridades reconheçam a gravidade dos problemas e ainda procurem com lastro, na publicidade, minimizá-los, não há por que cobrar das forças políticas e sociais ações convergentes. A mídia minimiza os problemas e dificulta as convergências.

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DATAFOLHA – FEVEREIRO DE 2015: ALGUNS DADOS A DESTACAR!

(Datafolha – Folha de SP, 08)  1. Ruim+Péssimo de Dilma 44%. No Sudeste 49%, no Sul 46%, No Centro-Oeste 51%. No Nordeste 36%. No Norte 30%.  Apenas no Norte o Ótimo+Bom –34%- supera o Ruim+Péssimo.

2. Ruim+Péssimo de Dilma por grau de instrução. Até ensino fundamental 35%. Médio 46%. Superior 55% / Ruim+Péssimo de Dilma por nível de renda. Até 2 salários mínimos 36%. De 2 a 5 SM 46%. De 5 a 10 SM 54%. Mais de 10 SM 65%.

3. Para 81% a Inflação vai aumentar. Para 62% o Desemprego vai aumentar. Para 55%  Economia vai piorar.

4. 14% não ouviram falar nos escândalos da Petrobras. Dos 86% que tomaram conhecimento, 14% acham que Dilma não sabia de nada.

5. Não tem preferência por nenhum partido: 71%. Média dos últimos 2 anos era de 64%. Prefere o PT: 12%. Média dos últimos dois anos 18%. Prefere o PSDB: 5%. Média dos últimos 2 anos 6%. PMDB: 4%, idem média dos últimos 2 anos. Outros: 4%.

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TAMBÉM NA GRÃ-BRETANHA CRESCEM OS PARTIDOS ANTIAUSTERIDADE FISCAL!

(Folha de SP, 08) Cresce a insatisfação da população com o governo de Cameron, marcado por um corte de gastos públicos pesado, ao mesmo tempo em que o Partido Trabalhista e seu líder não empolgam os britânicos para a eleição de 7 de maio. As pesquisas apontam os dois partidos –Conservador e Trabalhista- próximos –entre 30% e 35% dos votos para cada lado–, longe de obter as 326 cadeiras do Parlamento necessárias entre as 650 para governar sozinho.

2. O cenário fragmentado fez surgir recente fenômeno de popularidade: o Partido Verde, focado na bandeira da antiausteridade fiscal.  Pesquisas o colocam na briga pela terceira posição, na faixa dos 10%, junto com a extrema direita Ukip e os Liberais Democratas, este último parceiro no governo de coalizão de Cameron.