10 de outubro de 2014

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL: 2010 x 2014 E PRIMEIRAS PESQUISAS DATAFOLHA DO SEGUNDO TURNO!

1. Em 2010, Dilma venceu o primeiro turno da eleição presidencial com 43,1%. Em 2014 caiu para 37,7%, ou menos 5,4 pontos.  Serra, em 2010, no primeiro turno, atingiu 30%. Aécio, agora, no primeiro turno, praticamente os mesmos, com 30,3%. Marina, em 2010, chegou a 18% e agora, em 2014, atingiu quase o mesmo, com 19,3%.  Em 2010, os votos brancos e nulos somaram 8,6%. Em 2014 somaram 10,44%. Abstenção em 2010 foi de 18,12% e em 2014 de 19,39%. Portanto, a única mudança foi a votação porcentual de Dilma/PT, que caiu dos tradicionais 43% no primeiro turno para 37,7%.

2. A primeira pesquisa Datafolha em 2010, no segundo turno, em 08/10, deu Dilma 48% e Serra 41% com 11% de brancos+nulos+não sabe. Agora, na mesma data, em 2014, deu Aécio 46% (um crescimento de 5 pontos sobre Serra) e Dilma 44%, uma queda de 4 pontos sobre Dilma-2010.

3. Aécio cresceu 15,7 pontos sobre o primeiro turno. Dilma cresceu 6,3 pontos. Marina + Outros somaram 21,6%. Desses, uns 70% foram para Aécio e uns 30% para Dilma.

4. Em 2010, Lula atingiu o auge da popularidade e a economia cresceu 7,5%.  Agora, em 2014, Lula é apenas um eleitor de referência e a economia está parada.

* * *

TRANSFERÊNCIAS DE VOTO NO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL!

Metade dos eleitores inscritos não votou em nenhum dos dois no primeiro turno.

1. As pesquisas eleitorais sobre a eleição presidencial no Brasil começaram a ser divulgadas. Mas devem ser tomadas com prudência neste início de segundo turno. Quando se acompanha as curvas nas séries de pesquisas e se observa tendências ascendentes ou declinantes, deve-se imaginar um processo em que os eleitores estão formando sua opinião e convencendo outros. Por isso as curvas.

2. Na abertura do segundo turno, aquele candidato que tem curva ascendente, tende a ter uma taxa de agregação, inicial, maior que seu adversário, pois o entusiasmo dos que votaram nele no primeiro turno atinge os que votaram em outros ou não escolheram candidato no primeiro turno. Mas ainda não se pode tomar esta decisão dos “outros” eleitores como cristalizada. A campanha eleitoral na TV e no boca a boca que provoca é que vai ajustando ou sedimentando esta reação inicial.

3. A campanha de Aécio Neves levou/leva uma vantagem técnica sobre a de seus adversários e vai manter esta vantagem técnica no segundo turno.  Explica-se. Usou e usa o instituto de pesquisas GPP, que desenvolveu nos últimos anos uma metodologia de amostragem superior aos demais (este Ex-Blog já comentou sobre a prevalência do fator espacial sobre os demais, etc.). Além disso, diversificando a amostra e usando perguntas sinalizadoras e em seguida cruzando-as com as intenções de voto, consegue-se antecipar tendências eleitorais, subsidiando a comunicação do candidato.

4. Numa política inorgânica como a brasileira, é ingenuidade pensar que o apoio de um ou outro candidato que não passou para o segundo turno, em nível nacional ou regional, transfira automaticamente os votos. Na verdade, o que se pode transferir é o voto potencial no candidato que passou para o segundo turno e que estava contido nos candidatos que não passaram para o segundo turno.

5. Isso se poderia saber ainda no primeiro turno com as perguntas e cruzamentos diversos. Sendo assim, na campanha eleitoral no segundo turno (que começou ontem na TV), com essa informação, a comunicação pode atrair e cristalizar os votos potenciais contidos em outras candidaturas, antes que sejam atraídos pela campanha virtual de seu adversário.

6. Não se trata de perguntar em que proporção a votação de Marina será transferida para os demais usando simplesmente as pesquisas que começam a ser divulgadas e que darão esse destaque. Há que se ir mais longe. A própria pergunta ao eleitor, em quem votou no primeiro turno, mostrará respostas que não são iguais aos votos depositados nas urnas. Mas não se trata de explicar aqui.

7. Há que se saber –desde o fim do primeiro turno- que potencial de re-decisão do eleitor que votou Marina ou não votou, tem para ir para um ou outro lado ou nenhum lado. Portanto, o fundamental é a demanda, ou seja, a lógica do eleitor. As declarações de Marina não serão capazes de fazer trocar de lado as razões do eleitor: não há transferência automática. Da mesma forma em relação aos 35% de eleitores que se abstiveram ou anularam o voto. Pode ter sido uma decisão ativa, ou apenas uma espera para decidir no segundo turno, quando se sentir mais empoderado.

8. Conhecidas as razões potenciais do eleitor –espaciais, valorativas, programáticas, temáticas, emocionais- que combinam com a desse ou daquele candidato/a, a comunicação fala para o eleitor certo e produz imediata sinergia.  Mas se as fotos e declarações bastarem aos candidatos e se deitarem em berço esplêndido, verão com surpresa que o eleitor não foi junto quando o trem passou.

9. Quem tiver essas informações, vence a eleição. Se –se- a equipe de Aécio analisou em profundidade as pesquisas do GPP, no primeiro turno, partirá com vantagem até se tornar favorito. Se…

* * *

ELEIÇÕES NA AMÉRICA DO SUL EM OUTUBRO!

1. Neste domingo, 12/10, haverá eleição presidencial na Bolívia. O presidente Evo Morales é franco favorito para vencer no primeiro turno. As pesquisas indicam que terá um pouco menos de 60% dos votos. A oposição pulverizada tem como adversário com maior porcentagem de intenções de voto o empresário Samuel Doria Medina, que está no entorno dos 15%.

2. No domingo, 26/10, haverá eleição presidencial no Uruguai. Dessa vez a probabilidade de haver segundo turno é muito alta. O ex-presidente Tabaré Vázquez, da Frente Ampla –esquerda- que governa o país há 4 governos, lidera as pesquisas com 40%, ou muito pouco mais. Seu principal adversário é Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional e jovem estrela emergente da politica uruguaia, neto de ex-presidente, que tem um pouco mais que 30%. O Partido Colorado segue com uns 15%. Os demais candidatos somam 5%. Não há favorito para o segundo turno.

3. Dia 26/10 também haverá segundo turno no Brasil. Líderes latino-americanos reclamam muito da ausência da política internacional no debate eleitoral brasileiro.