11 de julho de 2013

IMPORTAÇÃO DE MÉDICOS: MERCADANTE CONTINUA UM ECONOMISTA MEDÍOCRE!

1. Sempre que se cria um custo adicional para qualquer bem ou serviço, deve-se conhecer antes a elasticidade da demanda desse bem ou serviço. Dois anos a mais no SUS, na carreira de médico, até ele ter liberdade de escolha, gera um custo adicional levando a formatura total de 6 para 8 anos.

2. No Uruguai, o alargamento do tempo de cursos universitários se deu porque não havia emprego para todos os formandos: o mercado de trabalho era insuficiente. Mas aqui no Brasil se alarga o tempo para se formar médicos em mais 2 anos por razão exatamente inversa. E se a elasticidade nesse caso for negativa? A ideia dos 2 anos SUS produzirá, em médio/longo prazo, uma redução da oferta de médicos, estimulando outras carreiras na área das “exatas”.

3. Médico é um termo geral que inclui dezenas de especialidades. Que especialidades o governo Mercadante pretende atrair? Ele fez o levantamento nas redes públicas de quais especialidades devem ser atraídas? E se os médicos estrangeiros que se interessarem pela oferta de 10 mil reais em jornada de 40 horas tiverem especialidades que estão suficientemente ofertadas nas redes públicas?

4. Há especialidades cuja oferta é insuficiente por menor demanda dos estudantes em função da remuneração esperada no mercado de trabalho público. Exemplo: pediatras. Mas há outras que o setor privado remunera muito melhor que o setor público e assim o interesse na especialidade não aponta para o setor público. Exemplo: anestesistas. É só levantar a situação de oferta e demanda nas grandes redes públicas para conhecer a situação de cada especialidade.

5. A falta de médicos em função das duas situações citadas é comum nas grandes cidades. Sendo assim, falar em necessidades focalizadas no Interior é outra bobagem.

6. A febre de OSs chegou às grandes cidades. Das duas uma: ou se está jogando dinheiro fora ou o problema de falta de médicos é de remuneração. Se for assim, o problema seria agregar aqueles 10 mil reais à remuneração dos médicos e não importar médicos. Então seria o caso de abrir uma investigação criminal contra os governos que adotaram aquele caminho.

7. O ministro Mercadante, do alto de seu bigode Zapatano e de sua conhecida arrogância, deveria pedir desculpas ao distinto público, convocar economistas de verdade e médicos com larga experiência como dirigentes do setor público de saúde e reavaliar o besteirol com que brindou à sociedade. Quem viveu e vive crises na saúde pública, sabe disso.

8. Em tempo. Seus assessores poderiam conhecer o sistema israelense de formação superior, que talvez ajude, exatamente pela razão inversa que o levou a alargar o curso. E avaliar se é ou não aplicável à nossa realidade.

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BRASIL E CORRUPÇÃO: TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL E IBOPE! PERCEPÇÃO NEGATIVA ATINGE TODAS AS INSTITUIÇÕES! 

1. Nos últimos dois anos o nível de corrupção mudou neste país? Aumentou muito 29% / Aumentou um pouco 18% / Permaneceu igual 35% / Diminuiu um pouco 15% / Diminuiu muito 3%.

2. Você acha que a corrupção é um problema no setor público deste país? Um problema sério 70% / É um problema 18% / É um problema leve 9% / Não é um problema 2%.

3. Quanto deste governo é comandado por alguns indivíduos representando seus próprios interesses?
Inteiramente 14% / Uma grande porção 26% / Uma parte 26% / Uma porção limitada 24% / Nada 10%.

4. Quão efetivas são as ações do governo na luta contra a corrupção? Muito inefetivas 24% / Inefetivas 32% / Nem efetivas, nem inefetivas 21% / Efetivas 21% / Muito efetivas 2%.

5. Percentagem de entrevistados que sentem que estas instituições são corruptas/muito corruptas neste país: 81% dos entrevistados no Brasil sentem que os partidos políticos são corruptos/extremamente corruptos;

6. 72% dos entrevistados no Brasil sentem que o congresso é corrupto/extremamente corrupto; 30% dos entrevistados no Brasil sentem que os militares são corruptos/extremamente corruptos; 35% dos entrevistados no Brasil sentem que as ONGs são corruptas/extremamente corruptas;

7. 38% dos entrevistados no Brasil sentem que a mídia é corrupta/extremamente corrupta; 31% dos entrevistados no Brasil sentem que as entidades religiosas são corruptas/extremamente corruptas; 35% dos entrevistados no Brasil sentem que os negócios/empresas são corruptos/extremamente corruptos;

8. 33% dos entrevistados no Brasil sentem que os sistemas educacionais são corruptos/extremamente corruptos;  50% dos entrevistados no Brasil sentem que o judiciário é corrupto/extremamente corrupto; 55% dos entrevistados no Brasil sentem que os serviços médicos e de saúde são corruptos/extremamente corruptos;

9. 70% dos entrevistados no Brasil sentem que a polícia é corruta/extremamente corrupta; 46% dos entrevistados no Brasil sentem que os funcionários públicos são corruptos/extremamente corruptos; Quanto você concorda que pessoas comuns podem fazer diferença na luta contra a corrupção? Concordo plenamente 29% / Concordo 52% / Discordo 12% / Discordo plenamente 7%.

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REFORMA POLÍTICA NO CHILE AUMENTA O NÚMERO DE DEPUTADOS E SENADORES E ELIMINA O SISTEMA BINOMINAL!

1. A “Concertacion” (partidos de esquerda e centro) e a “Renovacion Nacional” de centro- direita, partido do presidente Piñera, fecharam um acordo para mudar a constituição e terminar com o sistema binominal. O sistema binominal construiu um equilíbrio no Parlamento. Nele são eleitos os dois primeiros -deputados e senadores- em cada um dos 60 distritos.

2. Com isso, as grandes coligações se tornam compulsórias -Concertacion x Aliança, pois se garante a eleição de um de cada grupo. A decisão é que partido coligado representa cada coligação em cada distrito. Só em muito poucos distritos esse equilíbrio não ocorre.

3. A emenda constitucional propõe aumentar o número de deputados de 120 para 150 e de senadores de 38 para 48. Com a redução do número de distritos de 60 para 28 termina o sistema binominal e se elegeria de três a oito deputados -os mais votados- em cada distrito.

4. Argumenta-se que, com isso, se amplia em muito a representatividade dos parlamentares.

5. A UDI, que forma a Aliança com a RN, pediu tempo para avaliar e ainda não aderiu ao acordo.

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EGITO: GOVERNO DA ITÁLIA NÃO QUALIFICA COMO GOLPE ESTADO!

1. O Governo italiano não qualificou os acontecimentos políticos no Egito como golpe de Estado, apesar de reconhecer que uma parte da população considerava ter havido retrocesso no processo democrático do país. A Chanceler Emma Bonino opinou que parte significativa da população egípcia considera que os eventos atuais constituem “uma fase da revolução, que corrige as distorções recentes”.

2. Esta avaliação traduziu sentimento compartilhado pela Itália com grande parte dos países europeus e os EUA. Embora Mursi tivesse sido aceito como interlocutor válido ao longo deste último ano (ao contrário, por exemplo, do Hamas quando venceu as eleições palestinas de 2006), o fato de que representasse organização islamita ativista tornava sua aceitação condicionada e hesitante.