12 de dezembro de 2012

VIOLÊNCIA AUMENTA MUITO NA ALTA ZONA SUL DO RIO!

1. A Alta Zona Sul do Rio é classificada pela secretaria de segurança do Estado do Rio como AISP-23 –área integrada de segurança pública, que reúne o 23º BPM e as delegacias. Compreende Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Rocinha, Vidigal e São Conrado. Alguns meses atrás, este Ex-Blog mostrava que os dados oficiais do ISP sinalizavam um forte recrudescimento da violência na região e, no caso de alguns crimes, uma explosão de violência.

2. Agora, este Ex-Blog volta ao site do ISP –atualizado para dados de janeiro a setembro- e mostra que aquela tendência de recrudescimento da violência nos bairros ditos nobres do Rio continua a incrementar.

3. Para isso, tomamos os dados de janeiro a setembro de 2006 (último ano do governo anterior) e comparamos com janeiro a setembro de 2011 e 2012. Todos dados oficiais.

4. “Lesão Corporal Dolosa” que foram 462 em 2006, em 2011 subiram para 673 e em 2012 para 935. / “Estupros” eram 3 em 2006 entre janeiro e setembro. Em 2011 passaram a 23 e em 2012 a 40. / “Roubos a Residências” em 2006 eram 18. Em 2011 foram 15 e em 2012 chegaram a 35 entre janeiro e setembro.

5. “Roubos a Transeunte” em 2006 incluíam roubos de celulares. Agora “Roubos de Celulares” são listados a parte. Somando, teríamos “Roubos a Transeuntes + Celulares” 606 em 2006, e em 2012 são 600. / “Extorsão” foram 91 casos em 2006 (caindo para 33 em 2007), passando para 53 em 2011 e voltando a 91 em 2012. / “Estelionatos” –que não tinham registro especifico em 2006, em 2011 foram 696 e em 2012 foram 784.

6. “Ameaça” a pessoas, eram 371 em 2006. Em 2011 cresceram para 502 e em 2012 foram 681. / O número de pessoas desaparecidas é uma constante. 40 em 2006, passando a 44 em 2007, indo a 43 em 2011 e voltando a 40 em 2012. Ou seja, todos os dias nos bairros nobres da zona sul desaparecem mais ou menos 5 pessoas.

7. O total de “Roubos e Furtos” atingia em 2006, entre janeiro e setembro, 4.720 ocorrências. Em 2011 foram 6.539 e em 2012 foram 6.057, crescendo entre 2006 e a média de 2011-2012 mais de 33%. Os homicídios dolosos eram 27 em 2006, em 2007 passaram a 20, em 2011 a 12, mas voltaram a subir para 18 em 2012, um aumento de 50%.

8. É evidente que a violência avançou nos bairros dito nobres da zona sul nos últimos anos. Os casos de violência noticiados todos os dias exemplificam isso. O esfaqueamento de um menino de 14 anos na praia do Leblon é a trágica demonstração dessa tendência. O patrulhamento ostensivo desapareceu e o governo do Estado cinicamente oferece como ação as vendas do Batalhão da PM e da Delegacia do Leblon, priorizando a especulação imobiliária contra a paz social.

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ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA AVANÇA: ESTADO-RJ INSISTE EM DEMOLIR QG DA PM E VENDER PARA ESPIGÕES!

(Molica – Informe O Dia, 12) QG no chão. Publicado na edição de segunda do Boletim Interno da PM, um comunicado discreto da Emop, empresa do governo estadual, sacramentou a demolição do Quartel General da corporação. O anúncio informa a data da licitação para a escolha da empresa que implodirá o conjunto. A definição da empresa ocorrerá no dia 16 de janeiro, na sala de licitações da Emop, em São Cristóvão. Prevista para custar R$3.107.425,45, a demolição  terá que ser feita até 90 dias depois da licitação. O terreno do QG foi avaliado em R$ 336 milhões.

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A “CIDADE DA MÚSICA” TEM QUE SER A RESIDÊNCIA DA OSB! 

(Entrevista Ricardo Leviskv, Superintendente da Fundação OSB -Orquestra Sinfônica Brasileira- Globo, 11) 1.  E, de fato, não ter uma casa é um problema histórico da OSB e de quase todas as orquestras brasileiras. Acho que há uma lacuna no mercado cultural brasileiro, que não discute a sustentabilidade econômica das instituições. Isso passa pelo fundo permanente e pela sede. Estamos conversando com a prefeitura e com o (Emílio) Kalil sobre como vai ser nossa participação na Cidade da (Música) das Artes.

2. Porém, a gente tem que separar as coisas: a Cidade das Artes é um projeto da prefeitura. Precisamos de uma sede, mas a definição disso depende da prefeitura. O que já foi definido é que a abertura oficial será com a OSB, em março (está previsto soft oppening em janeiro com o musical “Rock in Rio”). Em relação à sede, temos expectativa de manter nossos ensaios lá, sim, independentemente de o lugar ser nossa sede, de sermos sua orquestra residente ou parceira. E estamos também conversando com a prefeitura de forma franca para ver quais são as outras possibilidades.

3. (Ex-Blog) Ter a OSB como Orquestra Residente é fundamental para as funções da Cidade da Música de formação de plateia e de músicos. A Cité de la Musique em Paris e a Sala de Luxemburgo (mãe da Cidade da Música) dedicam 60% ou mais do uso da grande sala de concertos com a orquestra residente, em Concertos da Juventude. O maestro introduz o compositor e divide o concerto de forma a chamar a atenção para esse ou aquele instrumento. É distribuído um folder sobre o que foi dito. Tanto a Cité de la Musique de Paris, quanto a Cidade da Música do Rio têm incorporado um conservatório/escola de música.

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PRESIDENTE DE HONDURAS DENUNCIA TENTATIVA DE GOLPE! EXÉRCITO CERCA O CONGRESSO!

1. Porfírio Lobo,  Presidente de Honduras, em transmissão pela televisão, denunciou que se está planejando um novo golpe de estado, semelhante ao de 2009, que seria perpetrado por políticos, empresários e estrangeiros. Tal  golpe já teria sido começado a ser desfechado com a decisão que o Congresso pretenderia tomar para destituir quatro magistrados da Corte Suprema. O Congresso está cercado com efetivos das Forças Armadas.

2. La Tribuna (12) e foto do exército cercando o Congresso.

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LIDERANÇA DO IRÃ NO ORIENTE MÉDIO JÁ NÃO É MAIS A MESMA DE ANTES!

(Neil MacFarquar – The New York Times/UOL, 10) 1. Os EUA e seus aliados no Oriente Médio foram desafiados durante anos pelo aumento do poderio do chamado crescente xiita -uma aliança política e ideológica apoiada pelo Irã que vinculava atores regionais profundamente hostis a Israel e ao Ocidente. Porém, levantes, guerras e fatores econômicos abriram o caminho para o surgimento de um novo eixo liderado pela aliança muçulmana do Egito, do Qatar e da Turquia. Esse triunvirato desempenhou um papel importante para ajudar a pôr fim ao conflito de oito dias entre Israel e Gaza, em novembro. Ele o fez em grande medida aproximando-se do Hamas, atraindo o movimento para longe da aliança Irã-Síria-Hizbollah e oferecendo influência diplomática e ajuda substancial.

2. Para os EUA e Israel, a nova dinâmica oferece uma oportunidade para isolar o Irã, limitar seu acesso ao mundo árabe e fazer com que seja mais difícil Teerã armar seus agentes na fronteira com Israel. Mas os avanços são limitados pelo fato de que, embora esses líderes estejam dispostos a trabalhar com Washington -diferentemente de Teerã-, eles também promovem uma ideologia radical de base religiosa que alimenta o sentimento antiocidental em toda a região.

3. O Hamas -que recebeu do Irã mísseis que alcançaram Israel- rompeu com o eixo iraniano no passado ao apoiar abertamente a rebelião contra o ditador sírio, Bashar Assad. Já a sua afinidade com o eixo Egito-Qatar-Turquia rendeu frutos no mês passado. “Esse eixo tem mais a oferecer política, diplomática e materialmente do que o Irã”, comentou Robert Malley, diretor do programa para o Oriente Médio do International Crisis Group.

4. Mas a luta pela Síria é a disputa que define as coisas nesse duelo renovado entre sunitas e xiitas. O vencedor ganhará uma encruzilhada estratégica valorizada. Por enquanto, parece muito possível que o Irã perca sua principal parceira árabe, a Síria. Se Assad cair, o Irã e o Hizbollah ficarão isolados como aliança muçulmana xiita num Oriente Médio cada vez mais sectário.

5. A nova realidade pode ser um Irã mais fraco, mas um Oriente Médio muito mais religiosamente conservador. Islâmicos já chegaram ao poder no Egito, na Líbia e na Tunísia, e a oposição síria é liderada por insurgentes sunitas. O Qatar, que abriga uma base militar americana, também financia islâmicos na região.  Os membros da velha guarda da Autoridade Palestina se esforçam para continuar relevantes enquanto seu esforço fracassado de 20 anos para pôr fim à ocupação israelense dos territórios palestinos os faz parecer obsoletos.

6. Embora, em novembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas tenha votado pelo reconhecimento da Palestina como Estado não membro, analistas consideraram que a decisão chegou tarde demais, em vista do novo estado de ânimo reinante na região. O Egito, o Qatar e a Turquia querem um Oriente Médio mais calmo e estável, algo que, como já declararam repetidas vezes, exige o fim da ocupação israelense. Mas os novos governos islâmicos não falam muito sobre a criação do Estado da Palestina lado a lado com Israel, de modo que, para analistas, alguma espécie de trégua é o mais provável.

7. Esses países se negam a fornecer armas, de modo que o Hamas vai manter seus contatos com Teerã. Khaled Meshal, o líder do Hamas, disse à CNN que os laços “não são como antes, mas não houve nenhum corte nas relações”. No passado, o Hamas e o Hizbollah eram aliados. Agora, existem alguns choques de interesses. Isso ilustra um deslocamento em direção ao novo eixo sunita.  “São governos populistas, muito mais sintonizados com a opinião pública interna do que eram os regimes anteriores”, diz Rashid Khalidi, professor de estudos árabes na Universidade Columbia.