UM QUADRO MUITO ADVERSO À CONTINUIDADE DO PMDB NO RIO DE JANEIRO – ESTADO E CAPITAL!
1. Há 5 razões principais para antecipar as dificuldades que o PMDB terá para manter controle do governo do Estado em 2018 e da Prefeitura da Capital em 2016. A primeira é o quadro geral da economia do país, que afeta mais que proporcionalmente a economia do Rio de Janeiro. Isso ocorre em geral em todo o Estado. O efeito econômico não é apenas relativo à Petrobras e ao preço do Petróleo e seu impacto fiscal em função dos royalties. Da mesma forma, desabam o setor imobiliário na capital, o setor siderúrgico, o setor automobilístico. O desemprego mais que dobrou no período, cresceu o emprego precário, a perda de nível em postos de trabalho através da rotatividade e explodiu o desemprego juvenil com os nem-nem (nem estuda, nem trabalha).
2. Em segundo lugar, é ingenuidade a Prefeitura da Capital querer se diferenciar do Estado através de atos, fatos e declarações. O eleitor não diferencia desemprego e a crise nos serviços públicos por responsabilidade estadual ou municipal, especialmente quando é o mesmo partido que governa as duas instâncias de governo. Nesse sentido, a Prefeitura da Capital assumir dois grandes hospitais na Zona Oeste não é ato de solidariedade, mas de sobrevivência. Na pesquisa GPP de dezembro-2015, Saúde com 54% era destacada como o mais grave problema da Capital (mais que Segurança 24%).
3. Em terceiro lugar, a expectativa que o PMDB da Capital tinha em relação aos Jogos Olímpicos de 2016, como efeito político favorável, se desintegrou. Em dezembro de 2015, em pesquisa na Capital, o GPP mostrou que enquanto 42% acham a Olimpíada positiva para o Rio, 52% acham negativa. Esses números tendem a se agravar, pois o enorme destaque da Olimpíada –suas obras, etc.- terminam produzindo uma reação espontânea, nas pessoas que se sentem prejudicadas nessa conjuntura. Se falta tudo –dizem- porque gastam tanto nesse evento. Normalmente estes grandes eventos, pelas restrições que impõem a mobilidade e ao funcionamento dos serviços públicos, geram uma percepção crítica naqueles que não estão envolvidos com o evento. Mas agora com um entorno crítico como o atual, se produz uma sinergia entre as duas reações.
4. Em quarto lugar o impacto estadual sobre os servidores públicos. Mais de 60% dos servidores estaduais ativos, inativos e pensionistas do Estado vivem e/ou trabalham na Capital. E pelo fato do PMDB estar governando Estado e Capital, entendem que a responsabilidade pelos problemas que enfrentam, é comum, e não estão dispostos a mantê-lo no poder –seja em 2018 seja em 2016. Isso se agrava muito pelas relações pessoais, sejam de parentesco, ou de proximidade e o multiplicador delas. E nas funções que tem contato direto com as pessoas, como Saúde e Educação, muito mais.
5. Finalmente, em quinto lugar a questão política. Durante anos –Estado e Capital- exaltaram o casamento com o governo federal. Agora com os desgastes político de Dilma, do PT e de Lula que são maiores no Rio de Janeiro, a proximidade dos três só produz desgaste no PMDB local. E nem um nem outro pode fazer gestos de distanciamento ou de crítica. Ambos tem que frequentar Brasília e eventos, abraçados. Ambos dependem do governo federal para não naufragarem de vez com a interrupção de obras que dependem amplamente dos repasses federais ou mesmo de empréstimos (vide Metrô do Rio).
6. Uma equação político-eleitoral muito difícil para o PMDB superar: quase insuperável.
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A CRISE DO RIO: PASSO O PONTO!
(Paula Cesarino Costa – Folha de SP, 14) 1. A rua Vinicius de Moraes é delimitada pela praia de Ipanema, na esquina com a Vieira Souto, e pela Lagoa Rodrigo de Freitas, margeada pela avenida Epitácio Pessoa. São apenas sete quarteirões. Nesta semana, placas de “passo o ponto” ou “aluga-se” decoravam seis pontos comerciais (quase 10% dos que estão à vista). No coração de um dos bairros mais turísticos do Rio, a crise assombra quem passa por lojas fechadas e obras abandonadas ao meio.
2. Dados da empresa Buildings indicam o crescimento de imóveis vagos em 2015, chegando a 13% em toda a cidade do Rio de Janeiro; na zona sul, são 7%. Esse cenário se completa com a queda assustadora do rendimento médio real da população ocupada no Rio, que teve a maior retração das seis principais regiões metropolitanas. Entre novembro de 2014 e novembro de 2015, houve redução de 10% contra a média de 8,8%, segundo o IBGE. Se considerados apenas os empregados no comércio, a queda foi ainda maior, de 16,4%. No lugar das vitrines multicoloridas e de novos negócios, abandono e placas de aluga-se e passo o ponto.