15 de março de 2016

QUEM GANHOU E QUEM PERDEU COM AS MANIFESTAÇÕES DE DOMINGO (13)! DIA 18: MEIO EXPEDIENTE?!

1. Entre os candidatos a Presidente da República, ganhou Marina Silva, que ficou na sombra e não se expôs imprudentemente como Aécio e Alckmin. O NÃO é a palavra de ordem das massas quando protestam. Nelson Rodrigues dizia que no Maracanã cheio se vaia até minuto de silêncio. Lula –no auge da popularidade- levou 5 vaias na abertura dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Maracanã.

2. Candidatos a prefeito que se expuseram também foram vaiados, como Marta Suplicy em S. Paulo e Indio da Costa no Rio. Freixo ficou na sombra.

3. Quem perdeu? Claro, perdeu Dilma. Mas com uma novidade. A decisão do STF de que a votação do impeachment teria que ser com voto aberto, o que interessava a Dilma, agora passou a interessar aos que defendem o impeachment. Que parlamentar vai cravar o nome no painel contra o impeachment ou se ausentar? A emenda Dante de Oliveira, das diretas já, não conseguiu os 2/3. Meses depois, o ruído das ruas havia chegado à base aliada do governo e Tancredo foi eleito pelo voto aberto no plenário. E a base do governo Figueiredo se dividiu ao meio.

4. PT convocou passeata de resposta para esta sexta-feira, 18, para que pequenos grupos, no horário de saída do trabalho, consigam provocar sensação de muita gente. Mas o que podem provocar é o caos na saída das pessoas para suas casas. Servidores e empresas estão pensando num meio expediente para não ajudar o tumulto.  

5. Em 1992, Collor convocou o Povo para responder as manifestações –caras pintadas, etc.- usando verde e amarelo num certo dia. As pessoas saíram de preto. Sindicatos e Partidos realizaram dia 13 de março de 1964 o Grande Comício da Central com milhares de pessoas em apoio a Jango. Provocaram o outro lado. No dia 19 de março de 1964 em S.Paulo foi realizada a passeata -Com Deus, com a Família pela Liberdade- com 1 milhão de pessoas.

6. (Monica Bergamo – Folha de S. Paulo, 14) 6.1. O impeachment volta a ser, para parte da oposição e seus aliados, o caminho tido como o mais viável para a tentativa, considerada urgente, de afastar Dilma Rousseff do poder. Ainda que Lula integre seu ministério. O processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mesmo impulsionado por delações eventualmente bombásticas de empreiteiras sobre a campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer de 2014, é considerado lento demais.

6.2. E PMDB e o PSDB têm pressa na solução da crise: são cada vez mais frequentes informações que dão conta de que vários de seus principais líderes podem ser atingidos em cheio por delações premiadas. Calheiros disse, em reunião recente, que é generalizada a sensação, entre os políticos, de que qualquer um deles pode ser preso a qualquer momento.

6.3. A saída de Dilma, no mesmo raciocínio, teria o condão de “esfriar” as investigações da Lava Jato. Há uma crença de que parte da imprensa retiraria o combustível que respaldaria hoje praticamente todas as ações de investigadores e do juiz Sergio Moro.

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ATAQUES EM CAMPANHAS ELEITORAIS E DECISÃO DE VOTO!

(Globo, 07) 1. Uma máxima se disseminou entre marqueteiros, profissionais de campanha, candidatos e parte dos eleitores. Ela diz mais ou menos assim: quem ataca em campanha eleitoral tende a perder votos. Esse efeito indica que os eleitores tendem a rejeitar mensagens negativas apresentadas por um candidato, gerando, com isso, um efeito contrário daquele pretendido pelo autor da mensagem.  Uma tese de doutorado em ciência política defendida na USP no ano passado por Jairo Pimentel procurou testar essa hipótese. O estudo traz algo raro nas pesquisas no Brasil porque aplicou experimentos durante o processo eleitoral para identificar os efeitos das inserções comerciais de 15 e 30 segundos.

2. A conclusão da pesquisa é que os sposts de ataque podem, na verdade, ampliar as chances de o eleitor votar no candidato autor da mensagem. A conclusão surpreende porque indica um efeito exatamente contrário do que se defendia no meio político até então. A pesquisa foi desenvolvida em 2010, quando Pimentel entrevistou 1.780 eleitores entre agosto e setembro daquele ano nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Recife.   Como conclusão, Pimentel afirma que “os spots negativos aparecem, portanto, como instrumentos interessantes para diminuir a vontade de os eleitores votarem nos candidatos atacados– cumprindo a função de depreciar a candidatura adversária.

3.  Respostas de Jairo Pimentel a entrevista. 3.1. Nas campanhas eleitorais os spots são apenas uma das possíveis fontes de informação e persuasão das campanhas. O intuito da pesquisa não foi entender como os spots podem definir o resultado final de uma eleição, mas isolar seus efeitos em relação as outras fontes de informação para entender como os diferentes tipos de spots podem afetar o processo de tomada de decisão do voto.

3.2. O posicionamento nas pesquisas é fundamental para definir se a campanha do candidato será positiva ou negativa. Mas além disso, o período da campanha é fundamental também. No começo da campanha é mais comum termos campanha positiva, para apresentar os candidatos e suas plataformas. No meio da campanha, a depender do desempenho dos candidatos e da possibilidade de vitória ou derrota que costumamos a ver mais campanha negativa. Quanto maior a ameaça de derrota, maiores as chances de uso de campanha negativa, seja por quem está na frente, seja por quem está atrás. Creio que o verdadeiro ponto que leva ao maior uso de campanha negativa é o nível de competitividade das candidaturas: quanto mais acirrada, maior o uso de propaganda negativa.

3.3. No segundo turno das eleições as disputas tendem a ser mais acirradas, levando a uma escala de campanha negativa. Isso leva a maior polarização do eleitorado e não de indiferenciação. Além disso, pesquisas americanas mostram que as campanhas negativas apresentam maior nível de issues políticas. Isso significa que as campanhas negativas tendem a apresentar críticas dos candidatos em relação ao posicionamento dos adversário, tornando clara a posição de cada um em relação a temas que dividem o eleitorado. Essas críticas trazem informações sobre o posicionamento dos candidatos sobre questões nevrálgicas sobre a política e assim o eleitor pode tomar decisões mais informadas. Campanha negativa não é sinônimo de ataques pessoais, apesar deles serem recorrentes.