20 de agosto de 2013

A GREVE DOS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO RIO!

1. O jornal O DIA estampou manchete no sábado (17), em base a entrevista com o prefeito do RIO: “Paes não dará aumento e vai cortar ponto de professores”.  Depois de algumas semanas de promessas de humildade e recuos, volta a prevalecer a arrogância e o deboche, ou a sua natureza, como na velha história do sapo e do escorpião.

2. O mais grave de tudo é imaginar que depois de quase 23 anos sem uma greve geral e massiva do magistério carioca, essa agora venha reduzida –na cabeça desse prefeito- a questões pecuniárias e manipulações políticas. Independente das questões salariais -que são sempre importantes- o ambiente que produziu essa reação ampla e geral deveria ser avaliado. Como dizem os manuais de gestão: O primeiro ponto para se enfrentar um problema é saber qual é sua razão.

3. Pode-se afirmar que se há um consenso nos países democráticos em filosofia educacional é que a sala de aula é inevitavelmente um campo de relativa autonomia pedagógica. A sala de aula é parte da escola, parte da rede de escolas, mas é, sobretudo, um Universo em si. Os alunos que ali estão, suas famílias, a localização da escola, a conjuntura que se vive…, tudo isso não pode ser pasteurizado com kits exógenos que pensam os atores –professores, funcionários, diretores, famílias- como se fossem todos iguais.

4. A rede municipal do Rio tem uma longa tradição que começa pelas escolas do Imperador (anos 1870), passando por Anisio Teixeira (primeira metade dos anos 1930), abrindo-se a discussão interna de escolas de filosofia educacional, chegando a Darcy Ribeiro e Paulo Freire, que afirmaram as duas dimensões –integradas- da escola pública: a social e a de ensino. O prefeito, em entrevista nesse mesmo dia, disse –por exclusão- que matérias como História, Geografia, Ciências, Línguas…, são irrelevantes. Ficou claro que o foco não é em Matemática e Português, mas na “IDEBização” do ensino municipal.

5. Tudo isso –que se poderia chamar de elitização, pasteurização, serialização ou, se preferir, privatização da escola pública- criou um quadro de desrespeito ao professor, aos funcionários, à sala de aula e à escola. E é esse o ambiente que deu o lastro para essa primeira grande greve geral do magistério e dos funcionários da educação do Rio depois de quase 1/4 de século.

6. O caso das merendeiras é emblemático. O atual prefeito pensa a alimentação dos alunos como as redes de “fast-food” pensam, como se as merendeiras não fossem parte integrante do processo educacional (ensino, inclusão social e suas interações). Passou a contratar garis-cozinheiros, desintegrando-os funcionalmente da escola. E estuda comprar quentinhas e esquentá-las na escola. As merendeiras com tempo de serviço sentem o desrespeito e lembram suas relações com crianças com necessidades alimentares específicas, com as mães e, claro, com professores e diretores.

7. Pode ser que o autoritarismo do prefeito –prendo e arrebento- coloque os servidores de volta às salas de aula. Mas se isso ocorrer, como eles voltarão? Robotizados? Com que motivação? Como se sentirão no dia a dia da escola, enquanto prefeito e secretária estiverem almoçando cardápios de outro sabor, longe do cotidiano das escolas?

8. Os casos de violência nas escolas municipais aumentaram em pelo menos 4 vezes nos últimos 4 anos. Por quê? Esses kits pasteurizados tiram a autoridade do professor e isso é percebido pelos alunos: quem manda não está aqui, pensam vários.

9. Recomenda-se a leitura de textos sobre Cultura Organizacional, para que os atuais gestores entendam o que significa atropelar o ambiente em nome de uma visão fordista da educação como linha de montagem. O resultado é o desastre, antes encoberto pela publicidade, mas que o tempo deu nitidez.

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TODOS OS ÍNDICES DE VIOLÊNCIA NO RIO SUBIRAM EM JUNHO! TAXA DE LETALIDADE CRESCEU 17,9%!

1. (Globo, 17)  O número de homicídios dolosos (com intenção de matar) aumentou em 14,9% no Estado do Rio em junho último, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 362 casos contra 315. O número de latrocínios (roubos com morte) também aumentou: foram 16 casos em junho passado, sete a mais do que no mesmo período de 2012. Os chamados “homicídios decorrentes de intervenção policial”, novo nome para os autos de resistência, também apresentaram alta. Enquanto em junho de 2012 foram 19 casos, este ano, no mesmo mês, o estado registrou 26.

2. (Ex-Blog) Todos os índices subiram. Letalidade violenta -que engloba homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), auto de resistência e lesão corporal seguida de morte- aumentou em 17,9%. Em junho deste ano, houve 409 casos contra 347 no mesmo mês em 2012 — 62 ocorrências a mais. Só os homicídios aumentaram em 14,9%. Em junho deste ano foram registrados 362 casos contra 315 no mesmo mês de 2012, um total de 47 mortes a mais. Roubos de rua, que somam os números de assalto a pedestres, roubo de celular e assaltos em coletivos, teve aumento de 18,9%. Ano passado foram 4.823 casos em junho contra 5.733 no mesmo mês deste ano, 910 registros a mais. Em junho deste ano foram registrados 2.263 roubos de carros — 521 a mais que no mesmo período de 2012, quando foram feitas 1.742 ocorrências, um aumento de 29,9%. Já o número de assaltos à residência aumentou em 7,8%. Foram 102 casos em junho de 2012 contra 110 no mesmo período desse ano — oito registros a mais. O número de desaparecidos também subiu. Em junho deste ano foram registrados 513 casos contra 492 no mesmo mês em 2012, 21 casos a mais.

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PESQUISA SENSUS NO RIO: CABRAL E PAES DESABAM!

(Lauro Jardim – Radar Online, 19) O “fora Cabral” contaminou Eduardo Paes. A despencada de Sérgio Cabral nas pesquisas já é assunto velho. O que não se tinha certeza era o quanto sua descida ao inferno chamuscou Eduardo Paes. Mas uma pesquisa da Sensus feita entre os dias 25 a 29 de julho com 1 500 pessoas no Rio de Janeiro por encomenda do PSDB constatou que apenas 19% dos cariocas avaliavam sua administração como “positiva” (na mesma pesquisa 15% disseram o mesmo sobre a gestão Cabral).

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O ESTRANHO REPASSE DO FUNDEB ÀS EMPRESAS DE ÔNIBUS PELA PREFEITURA DO RIO!

(O DIA, 20) O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar se houve os crimes de responsabilidade e de abuso de poder econômico no repasse da Prefeitura do Rio de R$ 50 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) para compensar empresas de ônibus pela gratuidade para alunos da rede municipal. No pelotão da frente está o prefeito Eduardo Paes, responsável pela execução do orçamento. Por isso, o caso será apurado pela Procuradoria Regional da República – 2ª Região.

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FORMAÇÃO DE POLICIAIS NO BRASIL É METADE DO TEMPO QUE NOS PAÍSES EUROPEUS! 

(Folha de SP, 19) 1. Um estudo que analisou 57 escolas de formação de policiais em todo o Brasil concluiu que o tempo de treinamento desses profissionais é abaixo do ideal e focado em áreas que são pouco usadas no cotidiano deles. Enquanto nos países europeus o tempo médio de formação dos policiais é de dez meses, aqui a maioria das instituições forma seus profissionais em até seis meses. Das 44 unidades de ensino que responderam ao questionamento dos pesquisadores da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 20 declararam que em um semestre o policial já pode trabalhar na linha de frente do combate à criminalidade.

2.  Outros dois centros de ensino afirmaram que o curso de formação é opcional, mas não detalharam como o policial é instruído.  Os dados se referem a todos os quadros iniciais das polícias Civil (agentes, investigadores, escrivães e delegados) e Militar (soldados e tenentes).