20 de agosto de 2015

DESGASTE DOS POLÍTICOS: PROXIMIDADE E INTIMIDADE!

1. A aproximação dos políticos da população passa por etapas, sendo todas cumulativas. A proximidade pessoal; a proximidade em comícios; a proximidade por acompanhar nas ruas a movimentação eventual deles; a proximidade através de desenhos em cartazes; a proximidade através das fotografias; a proximidade por panfletos, textos e livros; a proximidade pela voz através do rádio; a proximidade nos cinemas via cinejornais; a proximidade pela TV em tele-noticiário e entrevistas; a proximidade pela TV em tempo real; e a proximidade diversificada através da internet.

2. Nas primeiras etapas, a “distância” mitificava os políticos e atraía por curiosidade e não apenas pelas ideias e opiniões. A proximidade crescente vai produzindo intimidade em graus diversos. Se pode avaliá-los por um leque de razões, que passam pelo comportamento, pela vida pessoal e pelas opiniões. Quanto maior o grau de intimidade mais amplas as informações para avaliações.

3. As responsabilidades dos políticos pelos problemas enfrentados pelas pessoas se torna direta pela maior intimidade. As pessoas têm seu raio de intimidade que, quando ultrapassado, gera incomodidade e desconforto. A proximidade virtual dos políticos leva as pessoas a serem mais críticas em relação a eles.

4. Numa conjuntura adversa em que a taxa de insegurança em relação ao presente e ao futuro aumenta muito, a intimidade dada pela TV e pela internet exponencializa o desconforto e a incomodidade em relação aos que as pessoas acham responsáveis. A proximidade aumenta em muitas vezes o multiplicador da rejeição, pois a opinião se difunde de forma muito, muito mais veloz. É verdade também que o contrário produz paixão e popularidade.

5. A velocidade de reversão da paixão à rejeição pode até ser quase instantânea nos dias de hoje.  Por isso o cuidado que devem ter os políticos num ambiente adverso. A tentativa de reverter uma avaliação negativa através de exacerbar a proximidade e a intimidade pode ter consequências fatais e definitivas.

6. É como se entrasse no seu raio de intimidade alguém que você odeia, o que gera reações semelhantes a um animal acuado.  É semelhante a um odor desagradável que alguém impõe proximidade a você. A reversão radical da popularidade não é fato incomum na política, especialmente quando as pessoas se sentem enganadas, como no Plano Real, no curralito argentino, na adesão de Blair a guerra do Golfo, ou agora entre nós, no -digamos- Plano Dilma.

7. O caminho escolhido por Dilma e sua equipe nos últimos dias tem sido buscar uma superexposição, escolhendo cenários e discursos -diários para a TV. Provavelmente as TVs têm sido contatadas pela equipe presidencial para essa cobertura diária, em nome da estabilidade. E não tem se furtado a doar quase diariamente um bloco/palco para Dilma. O resultado será agravar a rejeição a ela. Se as pesquisas fossem além dos porcentuais e alcançassem sentimentos, se poderia mensurar a rejeição qualitativa.

8. Jacques Seguelá, publicitário, assessor de imagem de François Mitterrand, num capítulo do livro “Em Nome de Deus”, sobre a curva positiva de popularidade de Mitterrand, aconselhava intermitência e lembrava que a exposição “ao sol”, contínua, de um presidente traz queimaduras e a superexposição, queimaduras de até terceiro grau que afetam definitivamente a saúde política do presidente. Dilma e equipe escolheram se expor ao sol excessivamente. Uma escolha desastrosa.

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MOEDAS LATINO-AMERICANAS EM DESVALORIZAÇÃO GERAL!

(The Wall Street Journal, 19) 1. As moedas dos principais países da América Latina estão se desvalorizando diante da queda dos preços das commodities, da desaceleração do crescimento na China e dos receios ligados à alta que o banco central americano está prestes a realizar na sua taxa básica de juros. Este ano, o peso colombiano perdeu 21% de seu valor ante o dólar, que atingiu uma cotação recorde na Colômbia, enquanto o peso chileno e o peso mexicano se desvalorizaram 12,3% e 10,1%, respectivamente. O real teve uma queda ainda maior até agora em 2015, de 23,4%.

2. A América Latina tem estado na linha de frente de uma liquidação global nos mercados emergentes em antecipação ao esperado aumento dos juros nos Estados Unidos, por sua vez uma consequência da melhora da economia americana. Juros baixos nos EUA levaram os investidores a migrar para os mercados emergentes, atraídos por rendimentos mais altos e a promessa de lucro com ativos em moedas estrangeiras.  Muitas economias da região também dependem muito da exportação de commodities e, assim, da força econômica da China, que nos últimos anos tem sido uma grande consumidora de matérias-primas.

3. Essa última onda de desvalorização cambial foi deflagrada, em parte, pela retração da moeda chinesa na semana passada. Um yuan mais fraco afeta a capacidade da China de comprar commodities produzidas na América Latina, como cobre e petróleo.   A China é a maior consumidora do cobre do Chile, enquanto Colômbia e México também vendem uma quantidade significativa de petróleo para o país asiático. Na segunda-feira, os preços dos futuros de cobre e petróleo caíram para seus menores níveis em seis anos, em meio aos temores de queda no crescimento da China.

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COCAÍNA NA AMÉRICA DO SUL: PRODUÇÃO DA BOLÍVIA CAI, COLÔMBIA AUMENTA!

(Estado de SP, 17) 1. A Bolívia reduziu em mais de um terço seus cultivos de coca nos últimos quatro anos e alcançou a superfície mais baixa desde 2001, informou a Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira, 17.  Segundo o relatório de monitoramento anual apresentado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc), a Bolívia encerrou 2014 com 20.400 hectares de coca, que equivalem a 15% do total da produção da região andina da planta que é a matéria-prima para a cocaína.

2. A Colômbia fechou o ano passado com 69 mil hectares de cultivo (52% da produção andina) e o Peru teve 42,9 mil hectares (33%). Os três países andinos são os três maiores produtores de coca e cocaína no mundo.