22 de julho de 2013

PARA ONDE VAI A REJEIÇÃO A DILMA?

1. Em sua coluna na Folha de SP (20), Fernando Rodrigues analisa: “Agora, dois outros levantamentos divulgados nesta semana (depois do Datafolha), mostram um grau de deterioração similar. No caso de Dilma Rousseff, as pesquisas da CNT e do Ibope indicam que a petista parece ter estacionado no patamar de 30% das intenções de votos na disputa pelo Planalto em 2014.”

2. A formação de opinião pública se dá de forma progressiva, em geral desde os setores médios, consumidores de jornais e de internet, em direção aos demais. Nada disso tem a ver com formadores de opinião, que hoje provocam muito pouco impacto. São ondas que se espalham na sociedade através de fluxos dispersos, gerando conversas, comentários, bate-papo…, e construindo uma opinião pública estável por um novo período.

3. O impacto das redes sociais nas ruas aumentou a rejeição dos que governam. Uns mais, outros menos. Há diversos níveis de profundidade. Claro que onde o impacto foi drástico, mais rapidamente a onda se espalha –ou se espalhou- em toda a sociedade, o que vale dizer, o tempo e a comunicação política para reversão –se for possível- será muito maior.

4. Em relação à Dilma, todas as 3 pesquisas mostraram a mesma coisa. Mas essa média de 30% de intenção de voto não é o mais importante. Lula tinha isso de ótimo+bom em dezembro de 2005, pós-mensalão. O mensalão produziu um desgaste via cobertura da imprensa, mas as ruas e as redes sociais estavam ausentes. Quando se avaliou um processo de impedimento de Lula, FHC discordou, pois isso geraria um estressamento político com os movimentos sociais nas ruas, em defesa de Lula. Isso além de não existir mais oito anos depois, ainda o processo nas ruas foi invertido, com sindicatos e associações fora.

5. O mais importante é que nos níveis de renda mais alta, Dilma naufragou, e sua recuperação é inviável em um ano e meio. O desgaste foi muito fundo. Não há mais recuperação. Mas nos níveis de renda menor, Dilma quase ganharia no primeiro turno estando acima dos 40%.

6. Mas a onda vai se espalhando e vai chegar lá. Não se trata de ficar inventando novos programas e novos subsídios, que serão percebidos como mais do mesmo, mas de desenhar uma política de comunicação e mobilização de opinião, que permitam minimizar a força do espalhamento em direção à área popular.

7. Mas o jogo é jogado por vários atores, políticos, sociais, econômicos e culturais. Os críticos, opositores ou demais candidatos a presidente, terão que fazer o mesmo, mas em sentido contrário: acelerar a onda de espalhamento e focalizar os setores de menor renda em suas políticas de comunicação e em sua mobilização de opinião.

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DATAFOLHA: CATÓLICOS E EVANGÉLICOS!

Pesquisa entre 6 e 7/06 com 3.758 entrevistados de mais de16 anos, em 180 municípios brasileiros – Folha de SP (21).

1. Declaram-se católicos 57% (64% em 2007 e 75% em 1994). Evangélicos 28% (19% pentecostais e 9% tradicionais).

2. Cultos mais de uma vez por semana: 63% dos pentecostais, 51% dos tradicionais e 17% dos católicos (28% uma vez por semana e 21% uma vez por mês).

3. Contribuem financeiramente: 34% dos católicos e 50% dos evangélicos. Não contribuem: 31% dos católicos e 10% dos evangélicos. Contribuição média mensal: Tradicionais R$ 86, Pentecostais R$ 70, Católicos R$ 23.

4. Valores. Contra legalização da união entre pessoas do mesmo sexo. Católicos 36%. Evangélicos 65%. Contra a adoção de crianças por casais homossexuais. Católicos 42%. Evangélicos 70%. / Contra o Aborto: Católicos e Evangélicos contra na faixa de 65% a 70%.

5. Candidatos apoiados por suas Igrejas. 5% entre os católicos e 18% entre os pentecostais. Opinião dos líderes religiosos é importante na hora de escolher em quem votar. 11% dos católicos e 21% dos pentecostais./  Líderes religiosos devem se candidatar a cargos políticos. 25% dos católicos concordam e 40% dos evangélicos.

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IBOPE E OS JOVENS CATÓLICOS: 72% QUEREM O FIM DO CELIBATO, 62% A ORDENAÇÃO DE MULHERES! 

(coluna Monica Bergamo – Folha de SP, 22) O Ibope ouviu 4.004 brasileiros, 62% deles católicos. Cerca de 31% têm entre 16 e 29 anos. O uso da pílula do dia seguinte, para evitar gravidez, é aprovado por 82% dos católicos jovens. A criminalização do aborto é condenada por 62% dos fiéis entre 16 e 29 anos. Já a união entre pessoas do mesmo sexo é apoiada por 56% dos católicos com menos de 30 anos. Os dados são de pesquisa do Ibope encomendada pelo grupo Católicas pelo Direito de Decidir. A pesquisa, que será divulgada hoje, revela que a juventude católica quer mudança: 90% pedem punição de religiosos envolvidos em crimes de pedofilia, 72% aprovam o fim do celibato e 62%, a ordenação de mulheres.

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CABRAL COMPROU HELICÓPTERO SEM CONCORRÊNCIA!

(Estado de SP, 22) Apenas uma empresa, a offshore Synergy Aerospace Inc, sediada no Panamá (um paraíso fiscal) e com capital social de US$ 10 mil, foi considerada habilitada no final da licitação que terminou com a venda ao Estado do Rio do helicóptero Agusta AW109 Grand New, avaliado em quase US$ 10 milhões e usado pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). A história da compra do aparelho está documentada no processo de licitação, obtido pela reportagem do Estado por meio da Lei de Acesso à Informação.

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PESQUISA ANTECIPA MANIFESTAÇÕES: JOVENS BRASILEIROS E PORTUGUESES SÃO OS MAIS PESSIMISTAS IBERO-AMERICANOS!

Pesquisa Organização Ibero-americana de Juventudes, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Corporação Andina de Fomento – em 20 países ibero-americanos (incluindo Portugal e Espanha), entre 01-02/2013, com 19 mil entrevistados entre 15 e 29 anos, na maioria jovens urbanos que estudam – Escala 0 a 100 pontos – El País (21).

1. Os mais otimistas com seu futuro pessoal são os jovens equatorianos com 77 pontos, seguidos dos costarriquenhos e nicaraguenses. Os mais pessimistas são os portugueses com 44 pontos, seguidos dos brasileiros e guatemaltecos.

2. A maioria dos jovens latino-americanos acha que a participação dos jovens na vida pública é “regular”. Os jovens brasileiros são os mais críticos. A delinquência e a violência são as maiores preocupações dos jovens, especialmente no México. A economia vem a seguir, destacando-se Portugal, Espanha, Argentina, Brasil e Uruguai. Para os jovens centro-americanos a maior preocupação é com o emprego. Para os jovens brasileiros as maiores preocupações são as drogas e o alcoolismo.

3. Os jovens brasileiros são os mais preocupados com o acesso a saúde e a justiça, e os mais críticos com o sistema educacional. Os jovens brasileiros são os mais abertos a temas como matrimônio homossexual e a legalização da maconha, ao contrário dos mexicanos que são os mais conservadores. Os centro-americanos são os mais favoráveis a uma maior integração latino-americana, enquanto os brasileiros são os que mais se opõem. Os mexicanos são os mais favoráveis à livre circulação de pessoas.