22 de junho de 2016

AS REDES SOCIAIS E O PÓS-IMPEACHMENT DE DILMA!

1. Há um consenso que a mobilização e a legitimação do processo de impeachment de Dilma se construiu pelas redes sociais e com elas pela opinião pública multiplicada. Essa mobilização -nesta etapa virtual- permanecerá até o impeachment de Dilma.

2. E depois? Como se sabe, as redes sociais constroem uma democracia direta do não. As redes sociais são horizontais e desierarquizadas. Empoderam os indivíduos e não as organizações, sejam associações, sindicatos ou partidos.

3. Com essa heterogeneidade e pluralidade, sua energia, sua força e seu poder de mobilização se expressam basicamente pela reação contra políticas, contra fatos, contra pessoas, em especial lideranças, que por esta condição estão muito mais expostas e são muito mais visíveis.

4. Por estas razões constituintes o que constrói grandes consensos através das redes sociais é o NÃO, ou seja, a oposição a algum fato, medida, governo associação ou personagem.

5. A enorme impopularidade de Dilma, acompanhada de uma crise múltipla e inusitada -econômica, política, administrativa, moral e social- desembocou naturalmente num NÃO unânime. Daí as redes sociais mobilizarem este consenso e levarem multidões às ruas foi um clique nas redes e a marcação de local e data.

6. No momento da votação do impeachment as redes sociais exultarão com sua inquestionável vitória. Mas a vida continua. Os que imaginam que isso significará apoio ao governo Temer enganam-se redondamente. Não é da natureza das redes sociais apoiarem qualquer governo. Não é da natureza das redes sociais mobilizarem opinião pública em torno de qualquer SIM.

7. Haverá um interregno, como um período de carência em que as críticas passarão a rodar nas redes sociais, até que se construa consensos em torno de pontos críticos mobilizadores.

8. Esse período de carência será único até o final do governo Temer. E, portanto, deve ser muito bem aproveitado. Incluindo as eleições, as festas e o carnaval, as redes sociais voltarão em março. Com os temas desdobráveis da crise que o país atravessa.

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CRIMINALIDADE E VIOLÊNCIA AUMENTAM NO RIO! BELTRAME TRANSFERE A CULPA, COMO SEMPRE!

(Jornal Nacional, 20) 1. Os números mostram que a violência aumentou muito no Estado do Rio nos primeiros meses de 2016. Perto do hospital invadido, câmeras da maior estação de trem da cidade já tinham flagrado o movimento de traficantes de drogas, com fuzis e pistolas. O secretário de Segurança reagiu assim ao ser questionado sobre bandidos armados perto do prédio onde ele trabalha: “Nós agimos numa cidade totalmente desorganizada, numa cidade sem limite, numa cidade sem nenhum tipo de parâmetro de crescimento, mas a polícia opera. Mas não se surpreendam que, numa verdadeira esculhambação urbanística que é o Rio de Janeiro, neste momento, não tem alguém de fuzil em alguma linha do trem. Que polícia no mundo opera num cenário desse? Nós operamos, mas, e o resto?”, pergunta José Mariano Beltrame.

2. Na quarta (15), em apenas 12 horas, cinco PMs foram baleados por criminosos. Os números da criminalidade mostram que só nos quatro primeiros meses de 2016 o Estado do Rio teve 21 roubos a cada hora e 14 assassinatos por dia.  Os registros de homicídio crescem a cada mês. Já são 1.715, 15% a mais do que no mesmo período de 2015.  Os roubos também subiram nesse período. Foram mais de 63 mil, aumento de 21% comparado com o início de 2015.

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FINANÇAS PÚBLICAS: ESTADO DO RIO DE JANEIRO X DEMAIS ESTADOS!

(Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Bacen – Folha de S.Paulo, 22) 1. O governador interino do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, decretou estado de calamidade pública no Estado. Normalmente isto ocorre em face de um desastre de grandes proporções e, sinceramente, não há outra forma de descrever a gestão fiscal do Rio de Janeiro. Segundo os dados divulgados pelo Tesouro Nacional acerca das finanças estaduais, enquanto o conjunto dos demais Estados registrou (a preços de 2015) superavit primário pouco inferior a R$ 26 bilhões entre 2012 e 2015, o Rio de Janeiro apresentou deficit de R$ 6,8 bilhões.

2. No ano passado o deficit fluminense atingiu R$ 3,6 bilhões (equivalente a 6% de sua receita bruta); já os demais Estados conseguiram gerar superavit de R$ 10 bilhões (cerca de 1% de sua receita bruta). Esta diferença de desempenho não pode ser atribuída à receita, que cresceu de forma semelhante no Rio (0,6% ao ano além da inflação) em relação aos demais estados (0,7% anual), mas sim à evolução das despesas. Entre 2012 e 2015 as despesas no Rio de Janeiro aumentaram 4% anuais acima da inflação; nos demais Estados o crescimento nesse período atingiu menos da metade (1,7% anual).