24 de novembro de 2014

DOIS MOMENTOS COM JOAQUIM LEVY!

1. Joaquim Levy marcou com o prefeito Cesar Maia um encontro antes do café da manhã no Hotel Gloria. A expectativa de Cesar Maia era de aprovação da terceira etapa do Favela-Bairro. Não era nada disso. Joaquim Levy propunha fazer um lobby suprapartidário para levar a economista Maria Silvia Bastos à presidência do BNDES. Cesar Maia disse que não era assunto dele, e que era assunto federal.

2. Cesar Maia chegou adiantado à reunião com o governador Sergio Cabral no Palácio Guanabara sobre o Pan-07. Cabral pediu que entrasse e se sentasse também a frente de sua mesa de trabalho. Ele despachava com Joaquim Levy. Naquele momento o assunto era a UERJ. Joaquim Levy argumentava com Cabral: Precisamos nos livrar disso, dessa UERJ. Cesar Maia entendeu que a ideia dele era federalizar a UERJ.

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LAVA JATO: E OS “AUDITORES INDEPENDENTES” NÃO TÊM NADA A DIZER? NÃO TÊM RESPONSABILIDADE?

1. A operação Lava Jato cobre um período de nove anos. São nove anos de balanços e demonstrações contábeis-financeiras da Petrobras, auditadas por empresas privadas de auditoria. Empresas têm dois sistemas de controle: um interno –da própria empresa- e outro externo –de empresas de auditoria independentes. No caso de empresas estatais federais, a CGU –do governo federal- pode fazer sua própria auditoria externa. E tem feito.

2. No entanto, por mais que a CGU se empenhe nesses levantamentos, não tem os instrumentos e o pessoal para cobrir a rotina de uma megaempresa como a Petrobras. O Controle Interno da empresa e os Auditores de seus balanços atuam com seus auditores de forma permanente, diuturnamente. Têm muito mais condições de identificar desvios.

3. Especialmente um mega-desvio como esse da Petrobras, que já está classificado entre os dez maiores de todos os tempos envolvendo governos. Só agora, na publicação do balanço do terceiro trimestre, é que os auditores independentes se declararam não inteiramente informados e não quiseram assinar o balanço desse trimestre. E antes. Estava tudo normal?

4. É claro que as empresas de auditoria independente devem ser chamadas a depor e comprovar por que não tinham como detectar os escândalos na Petrobras. Ou…, serem responsabilizadas como em outros casos em que grandes empresas de auditoria tiveram que fechar ao serem responsabilizadas por omissão em suas auditorias externas. Quantas e quais foram as ressalvas apresentadas pelos auditores independentes da Petrobras?

5. Lembremos –apenas como exemplos- dois casos importantes e recentes:

5.1. Arthur Andersen. No início dos anos 2000, a Arthur Andersen era uma das “Big Five”, o grupo das cinco grandes empresas de auditoria financeira do mundo. A tradição da Andersen, fundada em 1913, no entanto, não evitou sua ruína. A empresa foi tragada pelo escândalo financeiro da distribuidora de energia Enron, da qual ela era auditora. O caso Enron foi o mais emblemático na série de escândalos financeiros que assolaram os EUA no começo da década. Sob a esteira desses episódios, foi criada a Lei Sarbanes-Oxley, nascida para tentar coibir fraudes contábeis.

5.2. Lehman Brothers. A empresa Ernst & Young, responsável pela auditoria da empresa deu parecer sem reservas. Até que ponto deve-se responsabilizar a auditoria, e os gestores da empresa? O trabalho demonstra que houve de fato uma gestão fraudulenta e a empresa de auditoria nada detectou, ficando demonstrado ao final a responsabilidade da Ernst & Young no caso, trazendo mais uma vez a questão da independência dos auditores. O Lehman Brothers era o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos – e o mais antigo. Fundado em 1850, mas não conseguiu passar incólume pela crise financeira internacional de 2008. A quebra do banco foi o momento mais emblemático das turbulências: o dia 15 de setembro de 2008, quando o Lehman pediu concordata, é considerado o marco zero da mais recente crise financeira global.