26 de dezembro de 2014

A) O MINISTÉRIO DA DILMA!  EX-BLOG: 3 DIAS DE ENTREVISTAS DE FIM DE ANO COM CESAR MAIA!

1. Ex-Blog: Finalmente saiu o ministério escolhido por Dilma para o primeiro ano de governo. O que achou? Cesar Maia: A pergunta está bem feita: primeiro ano. Realmente é difícil pensar que, com esse perfil de ministros, esse segundo mandato de Dilma seja de um governo realizador. Vai ser um ministério daqueles que nem a imprensa vai se lembrar do nome dos ministros.

2. Ex-Blog: Com a experiência de Dilma de 8 anos de ministério e 4 anos de presidente, partindo de sua avaliação de um ministério medíocre -como regra-, o que afinal quis Dilma ao costurar esse ministério? Cesar Maia: A expressão –costurar- é a mais adequada. Destacaria três hipóteses. A primeira, que mostra a fragilidade de Dilma, é o medo de um improvável “impeachment”.  O ministério garante a ela que nada desse diapasão tramitará no Congresso. É uma preocupação exagerada, pois não há qualquer sinal disso no horizonte. A menos que ela projete uma economia muito pior do que se supõe e a volta explosiva das “ruas” em função da conjuntura econômica e moral.

3. Ex-Blog: Qual a segunda hipótese? Cesar Maia: Com a montagem de um ministério para obter ampla maioria ATIVA no Congresso, uma hipótese é que Dilma pretende aprovar legislações –emenda constitucional, leis complementares ou leis ordinárias- polêmicas. Colocaria na frente a regulamentação dos meios de comunicação que, contando com impulsão do PT, não encontraria resistência no baixo clero. A segunda é o financiamento público das campanhas.

4. Ex-Blog: O que garante a ela que com esse ministério ela terá maioria ATIVA tranquila? Cesar Maia: É um ministério do baixo clero e a espada de Damocles será a questão das cassações de mandatos, especialmente pelo “petrolão”, agora em expansão para o setor elétrico. A grande maioria dos parlamentares não deve ter deixado provas irrefutáveis, como depósito em contas no exterior ou de laranja aparentado. Com isso, parte das denúncias terá que entrar no campo das “inquestionáveis evidências”, que foi argumento básico no “mensalão”. E uma ampla maioria construída no Congresso, a partir do ministério, confrontará essas teses, principalmente as que vierem desde a primeira instância. Não será surpresa se com as denúncias apresentadas, parte dos denunciados renuncie e tire seus casos do STF.

5. Ex-Blog: E a terceira hipótese? Cesar Maia: É um ministério defensivo e provisório. Um ministério para o primeiro ano de governo, descolado de votos de opinião pública e, portanto, sem desgaste eleitoral pela conjuntura, um ministério que não representa os partidos, não representa temas ou prioridades: um ministério que representa a maioria congressual. Vide o dos esportes.

6. Ex-Blog: E o Joaquim Levy? Cesar Maia: É o “bode”. Neutraliza as elites e cria expectativas, que só poderão ser cobradas no final do primeiro ano. O tempo político que Dilma precisa. / Ex-Blog: E os demais ministros? Cesar Maia: Apenas comentaria três situações: a) três ministros políticos no Planalto mostra o congestionamento defensivo; b) o Ministério da Defesa com um político sênior do PT mostra uma decisão defensiva para uma situação imprevisível, impulsionada pelas reações aos exageros da comissão da verdade; c) finalmente, o ministério do baixo clero não aceitar o poderoso ministério da previdência, que tem orçamento maior que o de todos os municípios somados e próximo ao dos estados somados, demonstra que é um ministério que não quer responsabilidades.

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VEREADOR 24 ANOS -ELIOMAR COELHO, DO PSOL- ELEITO DEPUTADO ESTADUAL, FALA SOBRE OS PREFEITOS!

(O DIA, 21) Saturnino Braga, Jó Rezende, Marcello Alencar, Cesar Maia, Luiz Paulo Conde e Eduardo Paes. O senhor foi oposição a todos eles, mas qual foi o mais difícil de lidar? / – ELIOMAR: O Cesar Maia, porque era o mais preparado. O Eduardo Paes, que foi vereador comigo, não tem preparo nenhum, nem história política. Pega a do Cesar e compara com a dele. Paes é incompetente. Foi o pior dos prefeitos. Hoje, quem define a política são as empreiteiras. Na época do Cesar, pelo menos ele sabia o que fazia. Eu discordei dele o tempo todo, tivemos grandes embates, mas ele era preparado. Do burro não tenho receio, só tenho dos inteligentes.

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“PODEMOS”: FENÔMENO POLÍTICO NA ESPANHA! NO BRASIL, “REDE” E “PSOL” SE ASSEMELHAM!

(El País, 22) 1. Podemos, o fenômeno político que está revolucionando o mapa político espanhol, deixou em apenas 11 meses de ser uma ideia de um grupo de cientistas políticos ligados à esquerda tradicional para se tornar um partido organizado que, segundo todas as pesquisas, ameaça a hegemonia das principais legendas.  Pablo Iglesias, professor de Ciências Políticas , secretário-geral e principal incentivador desta iniciativa com caráter de assembleia, apresentou o Podemos como “método participativo aberto à população”.  O objetivo consistia em despertar entusiasmos, frustrações, indignação e demandas dos cidadãos em torno de um mesmo projeto, no qual todos deveriam se sentir de alguma forma protagonistas.

2. Essa força política conseguiu canalizar os sentimentos do chamado Movimento 15-M, uma onda espontânea dos indignados– nascida em maio de 2011 como resposta aos poderes e partidos tradicionais.  A primeira meta dessa organização foi a eleição europeia de 25 de maio de 2014. Podemos decidiu dar um salto e se apresentar sozinho. Conseguiu cinco eurodeputados entre as 54 vagas em disputa na votação, com mais de 1,2 milhão de votos. Um êxito.

3. Sociólogos e especialistas em projeções eleitorais acompanham o crescimento do Podemos em meio a um clima de profundo descrédito da política, alimentado pela crise econômica, o desemprego e os casos de corrupção que atingem tanto a direita como os socialistas.  Nesse contexto, o Podemos conseguiu conquistar setores importantes da sociedade. A última pesquisa do instituto Metroscopia coloca a legenda como segunda força na estimativa dos votos, com 25% de apoio. Pablo Iglesias afirma que seu programa pode ser assumido por qualquer socialdemocrata no sentido clássico, e os líderes do movimento deixaram de falar sobre modelos latino-americanos para se concentrarem em Dinamarca, Suécia ou Noruega.

4. O partido também se apresenta como uma força “transversal” com vistas ao calendário eleitoral que começa com as eleições regionais e municipais de 2015 e terminará no final do ano com as eleições gerais.  A meta é ultrapassar o PSOE –socialista. O Podemos articula o choque entre “o povo e a casta”, “dos de baixo e os de cima”, como o principal argumento de sua estratégia política.   Este eixo ficou estabelecido desde o princípio em seu programa de debates políticos na televisão transmitido online, La Tuerka.

5. —”O estilo de falar com as pessoas no La Tuerka foi o que nós começamos a experimentar em meios de comunicação grandes. Comprovei que esse discurso funcionava. É um estilo muito diferente ao da esquerda tradicional do nosso país, é um discurso de maiorias, e as pessoas gostavam, me paravam nas ruas e me diziam “sei que você é de esquerda e eu não sou, mas concordo com o que você diz”.  Desde então passaram-se apenas dez meses, nos quais o Podemos modificou um tabuleiro político consolidado desde os anos 1980. O movimento concluiu em novembro o processo pelo qual se tornou uma força política organizada, com uma peculiaridade: apesar de ter uma estrutura hierárquica, todas as decisões são submetidas à votação das bases, formadas por mais de 270.000 simpatizantes inscritos em sua página na Internet e organizadas em mais de 1.000 círculos territoriais e setoriais. Um fenômeno sem precedentes na Espanha nas últimas décadas, ao menos nesta dimensão. E que tem um objetivo final muito claro. Nas palavras de Iglesias, “sair para vencer e ocupar a centralidade do tabuleiro”.