31 de maio de 2013

ÉPOCA (25)! PATRICIA BROADFOOT, PESQUISADORA DA UNIVERSIDADE DE BRISTOL: “ESCOLAS NÃO DEVEM AVALIAR O APRENDIZADO COM BASE EM NOTAS”!

(Trechos da Entrevista à revista Época, 25) 1. A sociedade da avaliação NÃO é uma coisa positiva. E penso que é especialmente ruim nas escolas, porque treinamos os estudantes a ver o sucesso do seu aprendizado em termos de notas, em vez de ver do aprendizado em si. Nós nos convencemos de que a melhor forma de julgar a qualidade do aprendizado, das escolas e dos sistemas de ensino é por meio de uma série de números. No entanto, deveríamos julgar a qualidade da educação de um modo muito mais abrangente.

2. Nenhum de nós na área da educação, em qualquer parte do mundo, realmente entende a importância da avaliação formativa. É uma questão que começou a ser estudada há apenas 20 anos. Quando as pessoas se derem conta do quão poderosos são os feedbacks e a avaliação formativa para ajudar os alunos a aprender, o interesse aumentará. Ainda achamos muito difícil mudar, principalmente porque a prioridade da rotina escolar ainda é passar conteúdos aos estudantes. Dessa forma, não há tempo para feedbacks individuais e frequentes. Pesquisas indicam que os alunos não estão satisfeitos com o tempo e a qualidade da avaliação que recebem.

3. Deveríamos ter menos avaliações somativas [método convencional, baseado em somatória de notas], e dar feedback como forma de apoiar o aprendizado, provavelmente no formato de texto em vez de números. Há estudos que comprovam que, quando a escola dá notas, os alunos tendem a não ouvir os comentários dos professores e, portanto, não sabem como melhorar. Existem ferramentas digitais que ajudam a identificar aspectos dos aprendizados dos estudantes que não são detectados pelas formas tradicionais de avaliação. Com elas, é possível fazer estudos de caso, propor desafios da vida real, criar testes semelhantes a jogos, em que o estudante pode ir para diferentes níveis de dificuldade. Basta imaginar um jogo de computador, e pensar como eles são complexos e engajam os jovens. É possível usar isso na avaliação escolar.

4. Os pais tendem a preferir as avaliações por notas, porque se acostumaram com isso. Mas eles precisam entender as novas propostas. Se a escola está tentando implementá-las, não terá sucesso sem a ajuda dos pais.  Patricia – Meus colegas estatísticos dizem que é o Pisa é um instrumento muito sofisticado de avaliação, mas governos tendem a interpretar os resultados de forma não tão sofisticada. Potencialmente, os testes internacionais são úteis, porque mostram áreas de um país que precisam ser melhoradas, mas governos fazem diagnósticos errados. É perigoso quando se compreendem mal as razões por trás dos resultados.

5. (Ex-Blog) É uma crítica contundente ao método usado pela secretaria de educação da prefeitura do Rio. A privatização da educação pública na prefeitura do Rio tem esse pilar: serialização e notas. É a “idebização” da educação, o que para os alunos de menor renda é uma catástrofe.

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ZONA MONETÁRIA ÚNICA SEM UMA POLÍTICA FISCAL COMUM É CONVITE PARA A CRISE!

(Gerhard Schröder / Jacques Delors – El País, 24) 1. As crises econômicas dos últimos anos ajudaram a Europa a tomar novas medidas para uma maior integração, começando com medidas de estabilização financeira e por um projeto de união bancária que ainda está em construção. A essa altura, todo mundo já sabe que ter uma zona monetária única, sem uma política fiscal comum, é um convite para o tipo de crise que temos vivido.  Contudo, a Europa chegou a este ponto relutante e sujeita a grandes tensões, com base em uma série de acordos entre os líderes de governo que, na opinião de muitos, estão permitindo que os estados maiores e mais poderosos imponham suas políticas antidemocráticas aos outros.

2. Em vários países, especialmente Itália, Grécia e Espanha, em que os custos sociais do ajuste têm sido particularmente elevados, se está produzindo uma reação cada vez mais generalizada contra a própria ideia de Europa. Além disso, de um tempo para cá, podemos observar o aumento preocupante dos partidos e movimentos que parecem pensar que a reafirmação nacionalista os irá livrar de imperativos comuns envolvendo o governo europeu ou que acreditam que o protecionismo lhes permitirá evitar a obrigação de encontrar uma maneira de lidar com a falta de competitividade europeia.

3. O resultado inegável é que os cidadãos europeus não estão dispostos a avançar no caminho das reformas e da integração, se não lhes é dada voz e voto na hora de determinar o curso, e enquanto não houver um programa comum de emprego e de emergência para mostrar que a Europa serve para alguma coisa.

4. a) Entre o momento que você tem que tomar decisões difíceis e o momento em que as reformas tenham efeito e se obtenha os resultados, leva algum tempo. Em alguns casos, este intervalo pode ser de até cinco anos. E isso é um problema para os políticos quando neste período são realizadas eleições, como acabamos de ver na Itália. b) As reformas estruturais só podem dar frutos se forem feitas em conjunto com medidas de crescimento. Em geral, o debate atual é uma repetição daquele que já tivemos em 2003 e 2004, no que diz respeito ao Pacto Europeu de Estabilidade e Crescimento.

5. É obrigatório que sempre exista uma correlação entre a vontade de empreender reformas estruturais e uma vontade de ser solidário. Não é uma escolha entre “crescimento ou austeridade”. Estamos convencidos de que as duas políticas podem ser combinadas de forma inteligente, de fato, precisam ser combinadas. Precisamos de disciplina orçamentaria, precisamos de reformas estruturais, mas o programa de austeridade deve vir acompanhado de fatores de crescimento. Um aspecto fundamental é a luta contra o desemprego entre os jovens na Europa. Não podemos nos resignar a ter uma “geração perdida” cada vez maior em todo o continente porque, em muitos países, mais da metade dos jovens estão desempregados. Os líderes europeus que irão participar da reunião aberta do Instituto Berggruen, em Paris, em 28 de maio, irão abordar esta questão e apresentarão sua proposta de um “Novo Pacto para a Europa”.

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“BRASIL DESPENCA NO RANKING DA COMPETITIVIDADE”! “UM DOS TRÊS GOVERNOS MAIS INEFICIENTES”!

(Estado de SP, 30)  1. Com a economia mais fechada entre os principais mercados do mundo, com uma infraestrutura defasada e com um dos três governos mais ineficientes, o Brasil despenca no ranking mundial de competitividade durante os anos da presidente Dilma. O País é um dos “maiores perdedores” em termos de competitividade dos últimos 15 anos. Os dados são do instituto IMD, uma das principais escolas de negócios no mundo e com sede na Suíça.

2. Entre 2010 e 2013, o Brasil caiu da 38.ª posição no ranking para o 51.º posto, entre 60 países avaliados. Em apenas um ano, a queda foi de cinco posições diante de países asiáticos que ganham terreno e deixam o Brasil em uma situação incômoda. Peru, Colômbia ou Ucrânia são, hoje, economias mais competitivas que o Brasil. No continente americano, o Brasil é apenas a sétima economia mais competitiva.

3. O ranking é liderado pelos EUA, Suíça, Hong Kong e Suécia. “A América Latina tem sido decepcionante, com grandes economias como Chile, Brasil, Argentina e Venezuela perdendo terreno e sendo desafiadas pela competitividade emergente da Ásia”, alertou o IMD.