Candidatos a prefeito trabalharam nas gestões de Cesar Maia

Agência O Globo

Por Dório Ewbank Victor (dorio.victor.personale@oglobo | Agência O Globo)

RIO – Cesar Maia é o ex-prefeito do Rio que mais permaneceu no cargo: 12 anos em três mandatos. Tanto tempo no poder e sua polêmica personalidade influenciaram direta ou indiretamente quatro dos cinco principais candidatos à prefeitura. Dois participaram diretamente de suas administrações, um é seu filho, e outra é filiada a um partido por muitos anos aliado de Cesar. A exceção é Marcelo Freixo (PSOL).

Além do prefeito Eduardo Paes (PMDB) e de Otavio Leite (PSDB), que participaram diretamente de suas administrações, Cesar contou com apoio do Partido Verde, de Aspásia Camargo, e de seu filho, Rodrigo Maia, candidato pelo DEM.

Eduardo Paes: subprefeito e secretário municipal

As lembranças do ex-chefe trazem reações distintas nos candidatos. O antes aliado próximo Eduardo Paes, por exemplo, rompeu com Cesar e hoje o rejeita, mas não pode negar que seu início na vida política se deveu a Cesar Maia. Ele foi escolhido para ser subprefeito (ou prefeitinho) da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, na Zona Oeste, na primeira gestão, entre 1993 e 1996, e integrou o grupo de “cesarboys”, jovens que Cesar lançava na política.

Em 2001, na segunda gestão de Cesar, Paes foi escolhido para assumir a pasta do Meio Ambiente. Já com brilho próprio na política, o “cesarboy” deixou o governo em 2002, após se eleger, pela segunda vez, deputado federal.

Nos bastidores, conta-se que Paes se candidatou a deputado ao perceber que não seria apontado por Cesar como seu sucessor na prefeitura. À época, trocou o PFL pelo PSDB em busca de apoio político. Procurado pelo GLOBO, Paes não comentou a relação dos dois.

Vice-prefeito, Otavio Leite tinha ‘caneta sem tinta’

O tucano Otavio Leite, bem-humorado, relembra o tempo em que foi vice de Cesar, entre 2005 e 2006. O candidato contou que participou da chapa de Maia porque havia uma grande possibilidade de ele vencer as eleições seguintes para o governo do Rio, o que não ocorreu.

— Eu fui um vice de fazer inveja a Marco Maciel, que era um vice perfeito, discreto, sem indagar ações. (…) A um vice, se dá uma caneta, mas a minha veio sem tinta. Tive muito pouco espaço na gestão dele, tanto que voltei a ser deputado federal.

Otavio ressalta que, se houve algum grande feito em sua participação na administração Cesar, foi sugerir a criação da primeira secretaria voltada aos portadores de deficiência, mas, mesmo assim, ele não levou o crédito:

– Dizem que nas adversidades é onde você aprende muito. Eu guardo grandes aprendizados desse período. Acho que amadureci, aprofundei meus conhecimentos sobre a cidade, mas, efetivamente, não fui um vice prestigiado – conta o tucano que, atualmente, mantém uma relação cordial com Cesar e, confiante, diz que ele será um “grande aliado para o segundo turno”.

Verde diz que ex-prefeito “tinha visão técnica”

O PV de Aspásia Camargo esteve em vários momentos na base aliada do ex-prefeito. Além de participar das campanhas, o partido teve um representante da legenda nos três mandatos – Alfredo Sirkis, que assumiu a Secretaria de Urbanismo (2001-2006) e, posteriormente, a de Meio Ambiente (1993-1996).

– O PV participou das primeiras gestões de Cesar Maia, que foram positivas para a cidade. Ele (Cesar) tinha uma visão técnica e introduziu esta visão na cidade. Na primeira gestão, por exemplo, criou a Secretaria de Meio Ambiente, o que foi positivo, pois trouxe as ciclovias à cidade e também protegeu as árvores nas áreas urbanas.

A candidata verde faz um comparativo entre as gestões:

– O primeiro mandato dele foi muito solitário, pois ele se preocupava mais em fazer do que em construir alianças. (…) Na segunda, a cidade virou um grande espaço de negociação, esquina por esquina, nas ruas e calçadas, e ninguém conseguia mexer nisso ou naquilo. No último mandato, as coisas degringolaram. Ele ficou preso à rede de alianças políticas que criou e acabou refém disso.

Deputado, filho quer recuperar cadeira do pai

Rodrigo Maia é, como dizem, a “cara do pai”. Além de se parecer fisicamente, também escolheu seguir a vida política, na qual soma três mandatos de deputado federal e a ex-presidência nacional do DEM. Ele nasceu em Santiago do Chile durante o exílio de Cesar Maia, no período da ditadura. Em 1973, aos 3 anos, veio para o Rio. Rodrigo, que já participava ativamente das campanhas do pai, ingressou na administração pública na gestão de Luiz Paulo Conde. Cria de Cesar, Conde foi secretário em sua primeira gestão, tornando-se depois seu inimigo político.