MARQUETEIROS E ANALISTAS DE PESQUISAS NÃO SE ENTENDEM NO BRASIL!

1. Toda a regra tem suas exceções. Mas aqui no Brasil são poucas nesse caso.  Quase todos os analistas de pesquisas dos institutos reclamam dos publicitários que dirigem as campanhas dos candidatos majoritários. Estes dizem que os marqueteiros adoram os resultados das pesquisas, mostrando que seus candidatos vão bem e mandam logo fazer gráficos ascendentes dos seus e descendentes dos adversários.

2. “Os responsáveis pela TV dos candidatos não dão valor ao que é fundamental nas pesquisas: as informações deduzidas dos cruzamentos das perguntas, feitas com intenção de voto e com os perfis do eleitor. No máximo olham para as intenções de voto nas regiões e na idade e perfil social dos eleitores. Com isso, não conseguem antecipar tendências ainda não explícitas e que serão visíveis uns dias à frente”, afirma um importante analista.

3. Outro diz: “Para não dizer que os publicitários não leem nada das pesquisas, leem o que os jornais dizem. Mas os jornais não podem tratar do que não está ainda claro nos números que as pesquisas apresentam. E destacam o que é notícia para o leitor, o nem sempre coincide com uma antecipação de cenário, fora as curvas óbvias de quem cresce e quem cai”.

4. “Curiosamente os candidatos se interessam mais pelas informações internas às pesquisas que os seus marqueteiros. Mas fica por isso mesmo e no máximo influenciam suas declarações. Quando entra no estúdio e comenta, se comenta, o que leu nas pesquisas, isso entra por um ouvido e sai por outro. Quase nunca -ou nunca- os analistas de pesquisas são convidados para ir aos estúdios discutir os focos das comunicações.”

5. Por seu lado, alguns assessores de publicitários que aceitaram falar, concordam que o diálogo pesquisas-publicidade é escasso nas campanhas. “Acontece muito mais antes da pré-campanha. A partir daí os fatos novos são os que surgem nas campanhas e, portanto, as pesquisas não têm mais a importância que os analistas imaginam. O que interessa são as tendências abertas nas pesquisas e os cortes clássicos. Por exemplo: este ano, no máximo até abril, valia a pena analisar por dentro as pesquisas e ouvir as hipóteses dos pesquisadores. Agora vêm as convenções e a campanha. As estratégias e os dados estão lançados.”

6. Um analista de pesquisa arremata: “Curiosamente o marqueteiro diz que discorda da nossa opinião. E eu respondo: não é a minha opinião, mas o que nos informa a pesquisa. E lista campanhas perdidas por não terem dado atenção ao que disseram as pesquisas no coração das campanhas. Eles deveriam ir aos EUA acompanhar uma campanha de presidente ou governador de grande estado.”