PESQUISAS DO IBOPE, EM MARÇO DE 1964, DEZ DIAS ANTES DO GOLPE, EM MAIO E NOVEMBRO DE 1964 E EM FEVEREIRO DE 1965!

(Roldão A. link para o Jornal da Unicamp de 03/2003 – Estado de S. Paulo, 13)

1. Ibope – SP, março de 1964. 1.1. Avaliação do governo João Goulart: 36% de ótimo+bom, 30% de regular e 19% de ruim+péssimo.

1.2. Encampação das refinarias de petróleo, desapropriação de terras que margeiam açudes, ferrovias e rodovias federais e tabelamento de alugueis: a favor 64%, contra 20%. / Encampação de empresas privadas: vantajosa para 47% e desvantajosa para 28%./  Entrada de capitais estrangeiros: a favor 46%, contra 33%.

1.3. 80% dos paulistanos eram contra a legalização do Partido Comunista do Brasil e 57% viam o comunismo aumentando no país / 32% temiam o governo Jango como um perigo imediato, 36% como um perigo futuro e 19% não o consideravam um perigo. / Eleições presidenciais marcadas para 1965: 45% estavam certos de que o presidente pretendia realizá-las normalmente, sem interferir; 22% desconfiavam que Goulart queria mudar a Constituição para se candidatar; e 12% achavam que ele preparava um golpe para se tornar ditador.

1.4. Entre os presidenciáveis, Carvalho Pinto liderava as intenções de voto com 24%, Juscelino Kubistchek com 22%, vindo depois Carlos Lacerda (16%) e Adhemar de Barros (9%).

2. Em oito capitais (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Recife, Salvador e Curitiba) 2.1. Hipótese de três candidatos a presidente: Kubistchek saiu favorito com 40,1%, deixando Carlos Lacerda com 14,8% e Magalhães Pinto com 10,2%. O mesmo questionário abriu a possibilidade de João Goulart se candidatar e 40% responderam que votariam nele; 52%, não.

2.2. Quais os problemas que devem ser resolvidos com maior urgência? Alta do custo de vida (50%), alfabetização (25%), melhoria das condições de vida (20%), desenvolvimento da agricultura (19%) e desenvolvimento industrial (6%).

3. Ibope – SP, maio, pós-golpe. 70% dos entrevistados diziam que a situação do Brasil “agora ia melhorar”, 10% que ia piorar, 7% que ficaria igual e 13% não sabiam. / A deposição de Goulart constituiu uma medida benéfica ao país para 54% e prejudicial para 20%. / A queda do presidente ocorreu, para 34%, porque ele estava levando o Brasil para um regime comunista; para 28% porque pretendia fechar o Congresso e se tornar ditador; e para 17% porque estava tomando medidas populares que contrariavam fortes interesses de grupos econômicos e financeiros, nacionais e estrangeiros. / A cassação de deputados comunistas foi aprovada por 74% e a prisão de líderes sindicais ligados aos comunistas por 72%. O presidenciável Carlos Lacerda, defensor ardoroso do golpe, alcançava Juscelino Kubistchek, somando 22,7% contra 22,1%.

4. Ibope, final de maio, Guanabara, pós-golpe.  Avaliação do presidente Castelo Branco: Ótimo+bom 51%, regular 21%, ruim + péssimo 6%. / As eleições serão mesmo realizadas em 1965? 52% sim (antes do golpe 90%), 52% esperavam votar para presidente, 17% não sabiam e 31%, não mais. A cassação de mandatos e a suspensão de direitos políticos tinham aprovação de 56%. Motivos para as cassações: eram comunistas (40%), subversivos (22%), corruptos (25%), perseguidos politicamente (28%).

5. Ibope, novembro de 1964, SP. Avaliação do governo Castelo Branco até aquele momento: ótimo+bom 27%, regular 35%, 20% como ruim+péssimo./ As medidas de combate à inflação e alta do custo de vida seriam eficazes para 35%, e ineficazes para 41%. Para 47% dos eleitores entrevistados, o próximo presidente deveria ser um civil; 22% defendiam um militar e 20% eram indiferentes.

6. Ibope, fevereiro de 1965, Guanabara. 16% achavam que a situação econômica melhorou e 73% que piorou / 35% ainda torciam por um ano melhor, mas 44% esperavam pelo pior. Os satisfeitos com o governo somavam 45%; os insatisfeitos, 46%.