01 de junho de 2016

IMPEACHMENT: O TEMPO E O VENTO!

1. Curiosamente, a cada fase do processo de impeachment de Dilma, desde antes da denúncia ser aceita pelo presidente da Câmara de Deputados, o uso do tempo pelo governo e pela oposição oscila.

2. Em um certo momento, os que defendem o impeachment querem acelerar esse processo e em outro querem retardar. Da mesma forma, o governo Dilma, em um certo momento, quer retardar e em outro quer acelerar.

3. Logo no início desse processo, os que defendem o impeachment procuraram acelerar o processo.  A Comissão especial foi constituída com rapidez e foi sugerida a suspensão do recesso parlamentar.  O governo recorreu ao STF, que chamou a si a decisão sobre os passos e a forma de tramitar o impeachment.

4. O governo exaltou essa decisão como uma vitória sua. A admissibilidade pela Câmara de Deputados, prevista para janeiro, foi revisita para março-abril. Isso deu tempo para o governo iniciar ostensivamente a cooptação de deputados, com cargos, ministérios e liberação de emendas.

5. A oposição mudou seu discurso e passou a afirmar que tramitar o impeachment com as regras estabelecidas pelo STF era dar segurança jurídica definitiva ao impeachment. A prisão do senador e líder do governo Delcidio Amaral, e a concordância do Senado, produziu uma inversão de expectativas: governo pessimista quanto ao impeachment e oposição otimista.

6. Aprovada a admissibilidade na Câmara por 71% dos Deputados, e encaminhada ao Senado, não havia mais dúvida que o Senado acompanharia a Câmara. Bastava maioria simples. Mas foi aprovada por 2/3, ou seja, quórum para o impeachment definitivo.

7. Temer assumiu a presidência com o afastamento de Dilma. Constituído o gabinete e, em especial, a equipe econômica. Mantidos os vetos e aprovado o teto fiscal, o novo governo e sua base parlamentar passaram a dar prioridade à acelerar ação da votação do impeachment. Setembro e não 6 meses. E, em seguida, passou-se a acelerar ainda mais para o final de agosto. E o governo Dilma tentando levar o impeachment para o limite.

8. Mas surgiram os grampos de Sergio Machado, comprometendo parte da cúpula do PMDB e levando à saída do ministro Romero Jucá. Os “macháudios” se multiplicaram em sua delação premiada. Inverteu-se outra vez a ordem de prioridade. Parte dos que defendem o impeachment passaram a achar melhor ganhar tempo para que as delações premiadas da Odebrecht e OAS sejam aprovadas.

9. A partir do momento dessas novas futures delações, Lula e Dilma entram na dança e se desloca os macháudios para um segundo plano. Em que tempo ainda não sabem, mas, certamente, não mais em agosto. Agora, Dilma quer acelerar, aproveitando alguma confusão no Senado. E sua oposição prefere administrar o tempo até que Dilma e Lula estejam no foco das delações premiadas da Odebrecht e da OAS e só macháudios tenham sua importância minimizada.

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E POR AÍ O FIO DO NOVELO FOI PUXADO! “MACHÁUDIOS” PARA PROTEGER O FILHO!

(Estado de S. Paulo, 31) 1. O filho caçula do ex-presidente Transpetro Sérgio Machado também fez acordo de delação premiada. Expedito Machado Neto, conhecido como Did, resolveu colaborar com a Justiça após a Operação Lava Jato identificá-lo como operador financeiro da cúpula do PMDB do Senado. Morador de Londres, Did controla um fundo de investimento na capital da Inglaterra.

2. A delação premiada dele foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, juntamente com a do pai. Uma faz parte da outra. Enquanto Sérgio Machado gravou as conversas com a cúpula do PMDB no Senado para demonstrar proximidade com o grupo, Did apresentou o caminho do dinheiro desviado de obras e serviços da Transpetro.

3. No acordo firmado com o Ministério Público, ficou acertado que Did e seu pai irão devolver aos cofres públicos os recursos financeiros provenientes de corrupção investidos no fundo que ele controlava. O total do dinheiro a ser repatriado ainda será quantificado pelo MP. Segundo os investigadores, “os valores são surpreendentes”.

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INADIMPLÊNCIA EXTERNA DO RIO CONTAMINA DEMAIS ESTADOS! CLASSIFICAÇÃO DE RISCO CONTINUA DIMINUINDO!

(Estado de SP, 31) 1. O atraso no pagamento do governo do Rio a credores externos é negativo para todos os Estados brasileiros, segundo relatório divulgado ontem pela agência de classificação de risco Moody’s. Na semana passada, a administração fluminense deixou de pagar US$ 8 milhões ao banco francês de desenvolvimento Agence Française de Developpement (AFD) e R$ 922 mil ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na avaliação da Moody’s, o atraso “mostra a extensão dos efeitos da prolongada recessão econômica do Brasil em sua posição fiscal e liquidez”.

2. A agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating global do Estado do Rio de Janeiro de BB- para B-, em observação negativa. Nos próximos 90 dias, a S&P vai avaliar o nível de auxílio que o governo central poderá dar ao Estado. Entre os motivos que levaram ao rebaixamento está o atraso no pagamento de US$ 8 milhões que o Estado deveria ter feito ao banco francês de desenvolvimento Agence Française de Developpement (AFD). Segundo a S&P, o Rio foi incapaz de implementar medidas para solucionar a crise financeira e agora há incertezas quanto à boa vontade do Estado em priorizar o pagamento de dívidas.

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SECRETÁRIO GERAL DA OEA LEVA A PLENÁRIO A CARTA DEMOCRÁTICA EM RELAÇÃO À VENEZUELA!

1. (Folha de S. Paulo, 01) Num gesto inédito, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luis Almagro, convocou nesta terça (31) uma sessão urgente do Conselho Permanente da entidade para discutir a crise na Venezuela, com base na Carta Democrática Interamericana. No limite, se o processo avançar, a Venezuela pode ser suspensa da organização. Almagro justifica sua iniciativa a partir do pressuposto de que “um governante deve basear sua ação em uma visão de Estado, uma visão de longo prazo”. Acrescenta: “O político imoral é aquele que perde essa visão, porque o único que lhe interessa é manter-se no poder, à custa da vontade da maioria”.

2. (Ex-Blog) Em relação a aprovação da carta democrática: 1) são 34 membros da OEA. / 2) é necessária apenas maioria simples para aprová-la, ou seja, 18 países. / 3) a reunião para aprovação, ou não, deverá ser entre os dias 10 e 20 de junho, mas sem data marcada, ainda. / O clima é instável e não se sabe se há apoio de 18 membros, mas ao menos obrigará os países a se posicionarem e Venezuela se explicar.