03 de dezembro de 2015

CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS DO PEDIDO DE IMPEACHMENT ACEITO PELO PRESIDENTE DA CÂMARA DE DEPUTADOS!

1. Um momento que o Brasil nunca viveu antes: os presidentes do poder executivo e do poder legislativo estão sob processos de impeachment. A fragilização dos dois poderes tira de ambos poder de decisão e autoridade.

2. O impeachment da presidente foi apresentado por dois juristas renomados. A assessoria técnica-jurídica da Presidência da Câmara de Deputados entendeu que o pedido de impeachment tem base legal.

3. A tramitação do processo de impeachment, antes da votação final autorizando, passa por uma grande comissão especial, abertura de prazos para a defesa da presidente, retorna à comissão especial que analisa e debate, até que opina e encaminha ao plenário, que obedecerá novos prazos de contraditório, até ser colocada em votação.

4. Esse processo nunca ocorrerá em prazo inferior a seis meses, devendo a conclusão ocorrer no entorno da metade de 2016. Durante todo esse processo prevalecerá a incerteza com os desdobramentos políticos, econômicos e sociais relativos.

5. O processo político será estressado em nível parlamentar e especialmente nas ruas. A mobilização nas ruas estimulada pelas redes por um lado e por associações e sindicatos por outro e, claro, por militantes partidários, naturalmente tenderá à radicalização.

6. Haverá um amplo desdobramento internacional dividindo ainda mais a América Latina e afundando a credibilidade presidencial e parlamentar brasileira.

7. Se as previsões para 2016 eram muito ruins, certamente haverá um deságio sobre elas, tornando-as mais graves. A imprevisibilidade e os riscos indicarão que o fundo do poço pode ter qualquer profundidade.

8. Não haverá como projetar cenários. O quadro geral será de um clima de salve-se quem puder.

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FINALMENTE SE DECIDE SOBRE IMPEACHMENT!

(Editorial da Folha de SP, 03) Talvez, entretanto, Eduardo Cunha tenha razão em uma das considerações com que acompanhou sua desesperada artilharia. O impasse político em torno do impeachment tem feito mal ao país. Que se decida de uma vez, renovando a legitimidade da presidente Dilma Rousseff, ou negando-a em favor de uma solução pacífica, institucional e democrática –por traumática que possa ser. O processo que ora se abre dará ocasião a que todos examinem, com paixão, mas também com razão e prudência, os motivos concretos em torno do impeachment.

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IPSOS: SÓ 8% DOS BRASILEIROS ACHAM QUE A ECONOMIA VAI BEM!

(Maria Cristina Frias – Folha de SP, 02) 1. O Brasil ficou na pior colocação no ranking de percepção econômica feito pela empresa de pesquisa norte-americana Ipsos em 24 países. Apenas 8% dos brasileiros definiram a situação da economia nacional como muito boa ou boa. Logo acima estão Coreia do Sul e França, com 12%. Nos Estados Unidos, por exemplo, a tendência é de maior otimismo.

2. A sondagem também questionou os participantes sobre o futuro da economia local. Nesse caso, o Brasil foi mais otimista: 51% disseram que o próximo semestre será melhor para os negócios do que foi no período da pesquisa.  O levantamento, que é mensal, foi feito com base em 17.537 entrevistas realizadas entre os dias 23 de outubro e 6 de novembro.

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ESTADO ISLÂMICO SE DESLOCA TAMBÉM PARA A LÍBIA!

(Jim Michaels – USA TODAY/Estado de SP, 02) 1. Os militantes do Estado Islâmico, que se encontram sob crescente pressão da coalizão militar liderada pelos EUA no Iraque e na Síria, estão estabelecendo uma perigosa base na Líbia. O grupo terrorista aproveita do caos que se instalou no país depois que o ditador Muamar Kadafi foi deposto e morreu numa revolução, em 2011, enquanto a presença do Ocidente vem declinando na região. Os EUA planejavam colaborar na reconstrução da Líbia depois da marginalização de Kadafi, em meio à crescente violência, e do ataque terrorista de 2012 contra as instalações diplomáticas em Benghazi, no qual o embaixador Chris Stevens e três outros americanos perderam a vida.

2. O EI fixou-se na cidade costeira de Sirte e tenta expandir sua influência na Líbia. “O que mais preocupa é que, se a central do EI decidir investir mais recursos lá, a situação poderá se agravar”, disse Frederic Wehrey, analista do Carnegie Endowment for International Peace. “Os militantes estão pressionando, ao sul e a leste de Sirte, com o objetivo de conquistar o controle das instalações petrolíferas na área”, disse. “Neste momento, a Líbia, provavelmente, corre o risco de se tornar um santuário do EI”, afirma Patrick Johnson, analista de contraterrorismo da RAND Corp.

3. A expansão do EI ocorre enquanto a iniciativa dos EUA para a formação de um governo de união na Líbia declinam. Washington admitiu, no ano passado, que suspendeu o treinamento de uma força líbia de 5 mil a 8 mil homens, enquanto cresciam os confrontos entre as facções em guerra, até mesmo pelo fato de a Líbia não ter um governo dotado de base ampla, segundo afirma o Pentágono. Os EUA prosseguem os esforços diplomáticos para a criação de um governo unificado no país. “Nosso comprometimento com a Líbia sempre foi modesto”, disse Daniel Serwer, professor da Johns Hopkins School of Advanced International Studies e pesquisador no Middle East Institute. “Considerávamos a Líbia uma responsabilidade da Europa.” Por outro lado, também os países europeus pouco fizeram para conter a violência crescente. E a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) atualmente não está fornecendo nenhuma assistência militar para a Líbia.

4. Depois da queda de Kadafi, com a ajuda de ataques aéreos liderados pela Otan, a Líbia parecia um país promissor e muitos líbios confiavam na ajuda do Ocidente. Em 2012, o país realizou suas eleições com sucesso. O ataque a Benghazi provocou outra reviravolta e um declínio mais acentuado da presença americana. Em 2014, os EUA fecharam sua embaixada em Trípoli. Desde então, intensificou-se a anarquia no país, enquanto governos rivais se estabeleciam na capital e em Tobruk, na Líbia oriental. Os EUA e outros países aliados recorreram à diplomacia para incentivar as facções em guerra na Líbia a buscarem um acordo político. Será difícil mobilizar as forças contra o EI sem a existência de um governo unificado na Líbia. “O Estado Islâmico mostrou-se muito propenso a preencher todo e qualquer vazio”, disse Serwer.