04 de abril de 2016

NEM DILMA, NEM TEMER, E SEM CUNHA… E O QUE?

A.  E qual seria a alternativa?

A.1. O jornal O Estado de São Paulo já havia pedido em editorial a renúncia de Dilma. Neste domingo a Folha de S.Paulo pede a renúncia de Dilma, Temer e o afastamento da presidência da Câmara de Eduardo Cunha. Adotando a hipótese da Folha de S.Paulo, há que se perguntar: e o que viria depois? Por 90 dias –até as eleições- a Presidência da República seria exercida pelo Presidente da Câmara –atual vice de Cunha. Tem lastro para fazer a gestão política dessa transição? Claro que não!

A.2. Esperar a decisão do TSE seria lançar a decisão para 2017. Com isso, o Congresso elegeria indiretamente o novo presidente. Resolveria? A tese da Folha de S.Paulo coincide com o que querem Marina e o PSDB: eleições presidenciais já, ou seja, em 90 dias. Querem –também- evitar Temer. A percepção do eleitor em prazo tão curto não mudaria. A saída dos três num quadro conflitivo como esse só ampliaria a rejeição do eleitor à política e aos políticos.

A.3. A emenda poderia ser pior que o soneto se observada a dinâmica de situações análogas em outros países. Abriria espaço para a antipolítica e para o populismo de qualquer cor ideológica.  Certo que hoje a imprevisibilidade e a insegurança são totais. Mas poderia piorar com aquela alternativa. Não se sabe a profundidade do fundo do poço. O impeachment ainda seria o caminho de menor turbulência.

B. Editorial da Folha de S. Paulo (03).

B.1. A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país.  É com pesar que este jornal chega a essa conclusão. Nunca é desejável interromper, ainda que por meios legais, um mandato presidencial obtido em eleição democrática. Depois de seu partido protagonizar os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia; depois de se reeleger à custa de clamoroso estelionato eleitoral; depois de seu governo provocar a pior recessão da história, Dilma colhe o que merece. Dilma deve renunciar já, para poupar o país do trauma do impeachment e superar tanto o impasse que o mantém atolado como a calamidade sem precedentes do atual governo.

B.2. Mesmo que vença a batalha na Câmara, o que parece cada vez mais improvável, não se vislumbra como ela possa voltar a governar. Os fatores que levaram à falência de sua autoridade persistirão. Enquanto Dilma Rousseff permanecer no cargo, a nação seguirá crispada, paralisada. É forçoso reconhecer que a presidente constitui hoje o obstáculo à recuperação do país.

B.3. A mesma consciência deveria ter Michel Temer (PMDB), que tampouco dispõe de suficiente apoio na sociedade. Dada a gravidade excepcional desta crise, seria uma bênção que o poder retornasse logo ao povo a fim de que ele investisse alguém da legitimidade requerida para promover reformas estruturais e tirar o país da estagnação. Imprescindível, antes, que a Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de vez a nefasta figura de Eduardo Cunha –o próximo na linha de sucessão–, réu naquela corte e que jamais poderia dirigir o Brasil nesse intervalo.

* * *

O RESUMO DA ÓPERA NO RIO E EM S.PAULO!

(Estado de S.Paulo, 03) 1. Uma nuvem incômoda paira sobre as duas principais casas de ópera brasileiras. O Teatro Municipal de São Paulo, depois do início de uma investigação a respeito de um desvio de verbas que pode chegar a R$ 20 milhões, agora se depara com informações desencontradas a respeito do pagamento de um espetáculo que não aconteceu.

2. Já o Teatro Municipal do Rio, três meses após anunciar um novo projeto artístico, precisou voltar atrás e realizar cortes na temporada anunciada para este ano. Entre faltas de verbas, rivalidades, gestões engessadas, sobressaltos como esse não são exatamente novidade para a ópera brasileira. E há diferenças significativas entre os dois casos. Mas há também um aspecto comum: a incapacidade daqueles que se dedicam ao gênero no Brasil de lidar com a estrutura falha de nossos teatros.