04 de dezembro de 2013

A CRISE DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL, HOJE!

1. A percepção geral de uma decadência dos partidos políticos no Brasil deve ser qualificada. Explicar pela desideologização da política pós-guerra fria ajuda, mas não explica. Explicar pela pulverização partidária nem ajuda nem explica. Querer arranjar um sistema eleitoral que resolva essa decadência é dar voltas atrás da sombra.

2. Melhor será ir aos estudos que tipificam os partidos políticos a partir do século 20. Partidos de Massas, Partidos de Quadros, Partidos Catch All em que cabem todos, Partidos Corporativos, Partidos Parlamentares.

3. No Brasil nunca houve um partido de massas, como ocorreu na Europa. O que houve foram momentos de massas de partidos liderando ideias nesses certos momentos. Marcha com Deus e a Família, Diretas Já, Pelas Reformas de Base, o Petróleo é Nosso… O PTB, getulista e janguista, era um partido popular que mais se aproximava a um Partido Corporativo. O PT, da mesma forma: popular por Lula e corporativo por sua integração com sindicatos e associações. O novo vetor das redes sociais -horizontais e desierarquizadas- debilitando a democracia direta associativa (sindicatos…), desintegra a força corporativa do PT e a sua capacidade mobilizadora como partido popular. Resta o Lula.

4. O PMDB desenvolveu como Partido Catch All, uma técnica que o permite flutuar da esquerda à direita, à clientela, com enorme facilidade ao ter se confederado nacionalmente com impressionante plasticidade e paciência. No Brasil, o Partido Comunista foi um partido de quadros, quadros no sentido de lideranças com forte lastro intelectual e não quadros de políticos profissionais.

5. O PSDB surgiu como um Partido de Quadros. Mas não houve renovação de suas lideranças com lastro intelectual que hoje já entraram na casa dos 70 anos. O acesso ao poder fez prevalecer o pragmatismo, até que deixasse de ser um partido de quadros e passasse a ser como os demais partidos relevantes, um Partido Parlamentar.

6. Com o PDS e o PFL aconteceu um processo curioso. Quando ocupavam e se assumiam como partidos de direita, se pareciam, muito mais, desde a segunda metade dos anos 1970, com um Partido de Quadros. Com outros nomes caminharam ao centro e o pragmatismo exigido como elemento de competitividade eleitoral, os levou a serem Partidos Parlamentares.

7. Da mesma forma todos os demais partidos relevantes hoje no Brasil: PR, PTB, PSB, PDT…, são Partidos Parlamentares.

8. Na medida em que a taxa de risco eleitoral cresce muito num ambiente político inorgânico, praticamente todos se associam aos governos eleitos. Ao contrario do que vários politólogos afirmam, não há democracia de coalizão, no sentido desta ser ativada pelo partido vencedor, pois a adesão é automática, restando os partidos relevantes que fazem o contraponto político. Formam-se maiorias compulsórias de 70% dos parlamentares.

9. Este é o processo de desintegração no Brasil de todos os partidos constantes na tipologia clássica. Para usar “uma” palavra: é a parlamentarização da política.

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“AUMENTAM AS CHANCES DE UMA EXPANSÃO EM 2014 ABAIXO DE 1,9%”!

(Equipe de Macroeconômica do Itaú, 03) 1. “A queda do PIB no terceiro trimestre foi um pouco maior do que o esperado e a revisão das Contas Nacionais, no agregado, foi pequena. Destaca-se a queda do investimento, interrompendo uma sequência de altas. Os fundamentos são menos favoráveis ao crescimento da formação bruta de capital adiante, o que tende a manter esse componente da demanda em ritmo lento. O consumo das famílias e os gastos do governo aceleraram, próximos do ritmo que projetávamos.

2. Pelo lado da oferta, a agropecuária teve acentuada queda, enquanto a indústria e os serviços tiveram ligeiro avanço. O resultado um pouco mais fraco no terceiro trimestre sugere um crescimento este ano mais próximo de 2,2% do que da nossa projeção atual (2,4%). Além disso, o carrego estatístico para 2014 ficou um pouco mais baixo. E isso tende a ser agravado pelos sinais de atividade econômica em ritmo moderado no quarto trimestre. Portanto, aumentam as chances de uma expansão em 2014 abaixo da nossa projeção de 1,9%.”

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CRISE DE CONFIANÇA NO GOVERNO BRASILEIRO, APONTA SEMINÁRIO!

(Folha de SP, 03) 1.Crise de confiança na capacidade de o governo cortar gastos e aumentar sua economia para pagar juros– fizeram com que empresários e economistas adotassem um discurso agressivo ontem, em seminário no Rio. Um dos mais incisivos, o ex-presidente da Vale e ex-executivo do Bradesco Roger Agnelli, criticou as incertezas macroeconômicas, afirmando ironicamente que hoje não é possível sequer saber qual foi o PIB (Produto Interno Bruto) de 2012 para montar um orçamento. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o PIB de 2012 será revisto de 0,9% para 1,5%, mas que não era oficial.

2. “Não sabemos se a meta da inflação é 4,5% ou 6,5%, se vai ter privatização em 2014 ou as que fizeram (aeroportos, rodovias) foram só para reduzir o déficit do ano, ou se as regras vão ser alteradas como foram em 2013 para energia, petróleo. Isso freia os investimentos, porque o empresário vai esperar para ver o que vai acontecer”, avaliou.

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MILÍCIAS DOMINAM 45% DAS FAVELAS NO RIO!

(Globo, 04) A milícia já domina 454 favelas, de um universo de 1.001 localizadas no município do Rio, revela pesquisa realizada pela antropóloga Alba Zaluar, em conjunto com uma equipe do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), da Uerj, e Christovam Barcellos, coordenador do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict), da Fiocruz. Esse número representa 45% do total de favelas do Rio.

2. O trabalho também mostra que 370 comunidades, ou 37% do total, ainda são controladas por traficantes de drogas. Já as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) aparecem em 174, ou 18%, das favelas. A pesquisa também mostra que apenas seis favelas que passaram por processo de pacificação não têm tráfico de drogas: Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme; Batan e Avenida Brasil (bairro Batan), em Realengo; Camarista Méier, no Engenho de Dentro; e Morro Azul, no Flamengo, segundo a pesquisadora.

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RIO: POPULAÇÃO DOMINADA POR MILÍCIAS TRIPLICA EM CINCO ANOS!

(Folha de SP-04) Em cinco anos, milícias que exploram serviços clandestinos de segurança, vans, venda de botijões de gás e TV a cabo ampliaram sua área de atuação nas favelas do Rio. De 2005 a 2010, triplicou o número de pessoas que vivem em áreas sob o domínio desses grupos, aponta pesquisa. Em 2005, as milícias estavam estabelecidas em favelas que, juntas, tinham 100 mil moradores; em 2010, ocupavam áreas com 300 mil habitantes. As informações são de um estudo do Observatório de Saúde Urbana da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) e do Nupevi (Núcleo de Pesquisa das Violências) da Uerj.

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JORNALISMO E REDES SOCIAIS!

(El País, 02) 1. Que papel é deixado para o jornalismo? Na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, três profissionais deste ramo – Javier Moreno, diretor do El País, Carlos Puig, responsável pelo informativo En 15 de Milenio Noticias, e Denise Maerker, diretora do programa de rádio Atando Cabos e do programa de televisão Punto de Partida – discutiram a influência das redes, o futuro da mídia tradicional e o receio de parte da sociedade em relação a eles. A influência das novas tecnologias foi a base de boa parte do diálogo. Maerker pediu para que não se colocasse jornalismo e redes sociais em lados opostos.

2. Carlos Puig tentou encontrar uma explicação para o que foi colocado por Moreno. “Primeiro fomos muito arrogante diante das redes sociais, mas aprendemos a fazer matérias relatando o que elas dizem. As redes não são jornalismo, mas se pode fazer jornalismo a partir delas”, disse. “O que pode explicar essa distância é que a mudança tecnológica colocou nas mãos de muitos, o que antes era de poucos. E, além disso, a crise é uma crise de confiança em todas as instituições”. Ele também observou a parte positiva e os desafios da mudança: “Nós nunca tivemos tantos leitores. Nem tanta comunicação com o leitor. Nossa crise é uma crise de narrativa. O problema é como contar uma história com contexto para alguém que lê em um telefone.”

3. Moreno reconheceu que, provavelmente, algumas das formas em que o jornalismo é distribuído atualmente, não irão sobreviver. Mas ele lembrou que 90% da informação original que circula na web vêm de meios de comunicação tradicionais, apoiados por empresas que investem, “porque o jornalismo de qualidade é caro”.