06 de abril de 2016

MINISTRO JOSÉ EDUARDO CARDOZO: DEPOIMENTO NA COMISSÃO DO IMPEACHMENT UM DESASTRE! SAIBA POR QUÊ!

1. Os especialistas em comunicação, os cursos de telegenia que se multiplicaram com jornalistas e atores, os sociólogos de comunicação política, textos e livros…, explicam que um mesmo conteúdo muda seu impacto conforme o veículo e o público. Num palanque ou na tribuna de um parlamento, o discurso deve ser enfático, incisivo, “soltando a voz nas estradas”, forçando a gesticulação, colocando alma no que diz e lastreando com feições, caras e bocas relativas. É assim desde sempre.

2. Em grande medida, a comunicação política pelo Rádio segue essa lógica. Embora sem as feições, caras e bocas, e sem gesticulação, o político que comunica, fala e discursa pelo Rádio deve soltar a voz, deve adjetivar com ênfase e colocar alma no que diz. É assim desde os anos 30, quando o Rádio passou a ser o principal veículo de comunicação política.

3. Com a TV, o estilo de comunicação política muda. A voz deve ser escandida, as feições tranquilas, voz baixa para atrair a atenção, um leve sorriso indefinido como Blair, ou uma feição um pouco mais séria como Clinton, quando necessário, mas nunca de forma raivosa. A comunicação política pela TV com a mesma lógica do Rádio é um desastre, anula o conteúdo e gera reação negativa das pessoas que veem.

4. Como deve fazer um político na frente de um batalhão de gravadores e câmeras? Falar para o Rádio ou para a TV?  Alegrar seus papagaios de pirata em volta? Depende de seu objetivo. Em geral, o aconselhável seria a preferência de falar para a TV pelo alcance que se consegue nos telejornais. Quando o político se esquece disso e fala pela lógica do Rádio, consegue, para o público maior, efeito contrário ao conteúdo que defende.

5. Nos últimos anos surgiu um problema adicional. Em casos de grande repercussão, os depoimentos, os discursos de tribuna, julgamentos no judiciário…, passam a ser transmitidos ao vivo, ou amplamente repetidos pelos noticiários de TV. O público que assiste ao vivo é muito reduzido. Por mais que o orador ou depoente impacte esse público, sua repercussão pública é mínima. A tendência geral –nesses casos- é priorizar a lógica do Rádio e do palanque nesses depoimentos e discursos. Pode até convencer o entorno, mas sem alcance ou –pior- com alcance negativo.

6. Dilma, desde a instalação da comissão de impeachment, tem feito comícios para a TV no Palácio do Planalto. É o objetivo de seu publicitário. Os telejornais, preocupados com o equilíbrio na cobertura, repercutem. Mas, bisonhamente, Dilma tem usado a voz, as feições, a gesticulação, nessas reuniões-comício, como se o objetivo fosse aquele público e, assim, usado a lógica de palanque e do Rádio.

7. Nos 5 depoimentos na Comissão de Impeachment, os defensores e críticos do processo de impeachment de Dilma têm se preocupado com o público presente, os 65 deputados: “soltam a voz nas estradas”. Isso é natural e esperado. Mas deveriam pensar que o conteúdo dos depoimentos não convence nenhum desses 65 deputados, todos com a cabeça feita. Dessa forma, a ênfase para a comissão não serve de nada. O mais importante são as reproduções nos telejornais.

8. Vendo e revendo cada um desses 5 depoimentos nos telejornais, especialmente o JN, de maior audiência, fica claro que o discurso do ministro José Eduardo Cardozo foi um desastre. De longe o pior de todos. Falou como se estivesse num palanque. Caras raivosas, ênfases nervosas, tom de voz agressivo. Conseguiu nos telejornais o contrário do que pretendia. Imagine-se as reproduções de uns trechos curtos e raivosas de seu depoimento nas Redes Sociais. Um desastre para Dilma. Se se tivesse um medidor simultâneo com o expectador marcando de 1 a 10 suas reações se teria quantificado o desastre.

9. Bem, para “não dizer que não falei de flores”, há que se destacar quem se saiu melhor dentro da lógica da TV. Claro e de longe a jurista Janaina Paschoal. Independente do conteúdo, sua calma e tranquilidade e feições relativas foram convincentes e agradaram quem viu. Independente do conteúdo.

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IMPACTO GEOPOLÍTICO E DIPLOMÁTICO DE SEDIAR A OLIMPÍADA-2016 EM RISCO!

(BBC, 04) 1. Em meio à turbulência política, crise econômica, epidemia de zika e acusações de corrupção que nos últimos dias chegaram às obras olímpicas, especialistas internacionais apontam um “coquetel preocupante” de fatores que, segundo eles, já atingem os Jogos do Rio 2016 e seguirão cada vez mais sob os holofotes internacionais nos próximos quatro meses.

2. Enquanto a realização da Olimpíada em si pode não estar em risco, especialistas consultados pela BBC Brasil acreditam que a profusão de notícias negativas vindas do país e os problemas que cercam a reta final rumo aos Jogos já causam fortes impactos. Entre eles estão acusações de corrupção nas obras da linha 4 do metrô e do Porto Maravilha, a incerteza sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff e as graves dificuldades financeiras do país.

3. Às vésperas dos Jogos, o clima tanto no país quanto na cidade-sede do maior evento mundial é muito diferente da atmosfera de expectativa e celebração aguardada por organizadores, patrocinadores e o Comitê Olímpico Internacional (COI).  Para eles, a imagem do Brasil e do Rio já começa a ser danificada, e o impacto geopolítico e diplomático de sediar uma Olimpíada pode estar em risco, tendo em vista que a intenção é sempre mostrar o “melhor lado” dos organizadores para o mundo, e há cada vez mais indícios de que os Jogos revelem o “pior lado” dos anfitriões.