07 de abril de 2015

THE ECONOMIST: O AUMENTO DO CUSTO DO SOLO URBANO COM “O FIM DAS DISTÂNCIAS”!

Em tempo: no Rio-Capital, entre 2000 e 2013, nominalmente o ITBI cresceu 6 vezes; e o ICMS 2,1 vezes.

(The Economist/Estado de SP, 08) 1. A nova relevância assumida pelas terras dos grandes centros urbanos decorre de dois desdobramentos principais. O primeiro, por irônico que pareça, está associado à revolução da informática e das telecomunicações que na década de 70 começava a ganhar evidência. Em certo sentido, essa revolução causou o “fim das distâncias” profetizado pela economista e antiga colaboradora da The Economist Frances Cairncross. As cadeias de suprimento atravessaram fronteiras e oceanos; ligações para serviços de atendimento ao consumidor passaram a ser atendidas a continentes de distância. Mas se as distâncias acabaram, o mesmo não se pode dizer da localização.

2. Em meados do século 20, muitas cidades grandes que até então eram centros urbanos vibrantes, começaram a encolher. Nos anos 80, em algumas delas, esse processo sofreu uma reversão. Edward Glaeser, da Universidade de Harvard, e Giacomo Ponzetto, do centro de pesquisas CREI, de Barcelona, pensam que isso se deveu ao fato de que, em alguns setores que fazem uso intensivo do conhecimento, a tecnologia da informação tornou o trabalho muito mais lucrativo. Operadores financeiros conseguem hoje administrar os recursos de um número maior de investidores; companhias de software podem vender seus produtos a preços baixos e com facilidade num mercado global. E a explosão das atividades que fazem uso intensivo de conhecimento vem acompanhada de um crescimento igualmente explosivo de lugares especializados na geração de ideias inovadoras.

3. Em virtude disso, de Bangalore a Austin, de Milão a Paris, o solo urbano tornou-se um recurso escasso e precioso; o potencial econômico de um hectare rural no Estado do Kentucky é infinitamente menor que o de um hectare no Vale de Santa Clara, também conhecido como Vale do Silício. E não há como ampliar a área desse vale.   Nunca houve tantas pessoas morando nas áreas centrais de Londres e Nova York como agora. E na medida em que crescia a demanda por moradia de qualidade, tornaram-se visíveis as consequências não intencionais do manancial de normas que regulam o uso do solo urbano.

4. De acordo com dados coletados por Robert Shiller, da Universidade de Yale, o custo ajustado à inflação de 1980 para cá, da aquisição de um imóvel novo subiu 30%. Em algumas cidades, o aumento foi maior. De 1993 a 2013, o preço dos imóveis em Boston e San Francisco sofreu uma elevação de 60% em termos reais.

5. As cidades americanas não são um caso isolado. As transformações econômicas levaram ao rejuvenescimento de cidades em todo o mundo, pressionando estoques de imóveis residenciais estagnados e elevando astronomicamente os custos de habitação. Em muitos países desenvolvidos, os imóveis passaram a ser um bem patrimonial ainda mais precioso.  Os economistas que estudam essa questão em geral concordam que o aumento nos custos de habitação é consequência da elevação do custo dos terrenos urbanos. David Albouy, da Universidade de Illinois, e Gabriel Ehrlich, do Departamento de Orçamento do Congresso americano, calculam que nos Estados Unidos o valor dos terrenos é responsável por um terço do custo de habitação total; e em algumas regiões metropolitanas, equivale a quase metade desse custo. A participação elevada dos terrenos urbanos na composição dos custos de habitação resulta na geração de aluguéis polpudos para seus proprietários.

6. Em diversos países emergentes, os proprietários de imóveis também abocanham renda com a receita gerada por aluguéis. Segundo a imobiliária CBRE, os mercados de salas comerciais em Pequim e Nova Délhi estão entre os dez mais valorizados do mundo, ao passo que Kuala Lumpur e Jacarta estão entre as cidades em que os preços desse tipo de imóvel sobem em ritmo mais acelerado.  A elevação da renda de aluguéis absorvida pelos proprietários de imóveis gera corrupção e desperdício de recursos. Em outubro de 2014, o jornal Times of India noticiou que os subornos exigidos nos vários estágios por que passa a aprovação de uma obra no centro de Mumbai chegavam a representar 50% dos custos básicos de construção.

7. Acontece que esse processo vem sofrendo com gargalos em vários países. Para que um trabalhador possa melhorar de vida com os altos salários em vigor em San Francisco, ele antes precisa ter acesso ao mercado local de trabalho e, para isso, tem de arcar com os aluguéis cada vez mais elevados que são consequência da oferta limitada de imóveis residenciais. A alta dos aluguéis empurra para cima os custos de habitação, até que o número de trabalhadores interessados em se mudar para a cidade seja equivalente ao de imóveis residenciais vagos. Os salários que deveriam atrair mais trabalhadores acabam indo parar no bolso de rentistas.

8. Aqueles que já têm a sorte de possuir um patrimônio imobiliário talvez se oponham também a outra abordagem óbvia para enfrentar o problema: meios de transporte mais rápidos e de maior capacidade que possibilitem que os benefícios se espalhem por áreas mais extensas. Algumas das medidas que podem ser adotadas para melhorar o transporte – como a cobrança de pedágio em áreas de trânsito congestionado – até são baratas; mas, em cidades grandes, as obras de infraestrutura são lentas e dispendiosas. A Crossrail, uma nova linha do metrô londrino, atualmente é o mais caro projeto de infraestrutura em andamento na Europa.

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OS PAÍSES CAMPEÕES DA EVASÃO FISCAL NO MUNDO: BRASIL 39% DO PIB!

(BBC, 07) 1. A evasão fiscal é endêmica no mundo globalizado. Segundo uma organização que luta contra a evasão fiscal, a “Tax Justice Network (TJN)”, Estados Unidos encabeça a lista, seguido pelo Brasil, Itália, Rússia e Alemanha. A evasão nos EUA representa 8,6% de seu PIB, proporcionalmente mais baixo que outros, apesar de que lidera por seu tamanho econômico. Em termos absolutos, o fisco dos EUA perde US$ 350 bilhões por ano.

2. Entre os cinco países identificados no estudo da TJN, Brasil que está em segundo lugar em termos absolutos tem 39% do PIB de evasão fiscal. A Rússia 13,4% do PIB. Com 27%, Itália supera países de similar estrutura socioeconômica na Europa, como França (15%), o Reino Unido (12,5%) e Espanha (22,5%). Itália, com 27% do PIB, perde US$ 238 bilhões por ano. França (15%), Reino Unido (12,5%) e Espanha (22,5%).

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COMPLEXO DO ALEMÃO NO RIO: HOJE E EM 11/2010!

1) Hoje. (Folha de SP, 07) Nem 15 anos levam paz ao Alemão, diz Pezão. Governador do Rio afirma que processo de pacificação no complexo é permanente e está sujeito a reavaliações. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou nesta segunda (6) que o processo de pacificação no Complexo do Alemão pode durar mais de 15 anos.

2) 4 anos atrás. A TV Globo e a Globonews mostraram, às 15 horas desta quinta-feira, 25 de novembro, imagens impressionantes de centenas de traficantes armados fugindo da Vila Cruzeiro e seguindo para o Complexo do Alemão. Quase todos os homens estão com mochilas e fuzis. (Memoria Globo) Ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão. Em novembro de 2010, a polícia do Rio de Janeiro ocupou as favelas do Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro. A cobertura rendeu o Emmy ao Jornal Nacional.  O Jornal Nacional começou com os apresentadores Fátima Bernardes e Márcio Gomes anunciando o dia histórico na cidade: “Rio de Janeiro, vinte e cinco de novembro de 2010. A maior operação já feita contra o crime no Estado. Tiros, explosões, incêndios. E o lugar onde a polícia não entrava é ocupado pelo poder público. Traficantes acuados e armados fogem em desespero por um caminho de terra na Vila Cruzeiro.”