07 de janeiro de 2016

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS: O VERDADEIRO X DO PROBLEMA DE 2014!

1. A versão da oposição, especialmente do PSDB, assim como de analistas acadêmicos e da grande imprensa para a vitória de Dilma na eleição presidencial de 2014 foi de um golpe eleitoral com falsificação de dados e da real situação da economia brasileira.

2. Mas se olhando a campanha em toda a sua dinâmica e cronologia, se verifica que a razão insistentemente explicada pelo estelionato eleitoral não se sustenta. Usando o tradicional binômio -razão/emoção- para explicar a decisão de voto, a explicação via estelionato eleitoral é, em boa medida, simplista.

3. Por mais que a coordenação da campanha presidencial à reeleição quisesse ser realista, não poderia projetar o desastre econômico que se seguiu. Alguma dose de otimismo teria que acompanhar a campanha no segundo turno. FHC, na campanha à reeleição de 1998, fez diferente? Os populismos fiscal e cambial que adotou foram muito diferentes?

4. Certamente não. A diferença veio após a vitória, quando as medidas corretivas foram adotadas, comprovando uma situação pelo menos tão grave quanto em 2014. A rapidez com que foram adotadas medidas corretivas em 1999 mostra que havia consciência dos populismos fiscal e cambial adotados para vencer de qualquer jeito a eleição.

5. Mas e as motivações do eleitor? Samuel Popkin, em seu clássico “The Reasoning Voter”, introduz a -digamos- ‘teoria do atalho’. O eleitor médio não decide racionalmente na forma que se compreende o que seja uma decisão racional. Para Popkin, o eleitor médio utiliza atalhos para passar de sua prática, de seu cotidiano, para avaliar e projetar o que é melhor para ele.

6. As análises e fórmulas sofisticadas dos economistas publicadas na imprensa circulam apenas dentro das elites econômicas e políticas. Não são compreensíveis para o eleitor médio. Este parte de seu dia a dia e projeta sobre os candidatos a sua confiança ou não, em dias melhores com este ou aquele candidato.

7. O elemento chave que explica o resultado da eleição presidencial de 2014 foi a estratégia eleitoral da campanha de Dilma após a morte de Eduardo Campos e a ascensão de Marina Silva. Marina cresce e abre frente folgada sobre Aécio Neves. Nesse momento, todas as baterias da candidatura de Dilma apontam para Marina e vão se tornando crescentemente eficientes.

8. A postura da candidatura de Aécio -pela omissão ou pela suave indução- foi deixar que a estratégia de Dilma resultasse. E resultou a favor de Dilma e dele. A equação confiança / não confiança levaria Marina à vitória num segundo turno. A queda de sua candidatura e a ascensão de Aécio na reta final do primeiro turno desfez a equação confiança / não confiança e reabriu a busca dos atalhos pelo eleitor.

9. O resultado -um quase empate- traduziu isso.  E favoreceu Dilma, pois o atalho que diferenciaria a taxa de confiança foi mitigado com Aécio, em vez de Marina.

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“O COMPORTAMENTO DOS GOVERNANTES DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS”!

(Deputado Luiz Paulo – Globo, 07) 1. Gastaram a rodo, se endividaram, apostaram que o petróleo estaria, sempre, em crescente valorização e que, associado à indústria automobilística, formaria um binômio arrecadador imbatível.

2. No período entre 2011 e 2015, adicionaram R$ 32 bilhões ao endividamento do estado. Foi um crescimento exponencial; e jactavam-se, à época, de ter conseguido espaço fiscal para tal. Não pensaram que poderia haver inverno (barril de petróleo perder preço e receitas se deteriorarem), nem mesmo quando sinais negativos foram emitidos pelo mercado em 2014.

3. Associada a uma governança perdulária, a Petrobras de vanguarda da cadeia produtiva de óleo e gás, responsável por um terço do PIB do Rio de Janeiro, ficou em situação crítica e seu valor patrimonial se reduziu em cinco vezes, nos últimos oito anos. Tal situação fez a cadeia produtiva do ICMS se deteriorar, agravada pela recessão/depressão da economia nacional, levando o imposto do estado a ter uma perda significativa de 15% em 2015, caindo a arrecadação para R$ 32 bilhões, de uma previsão de R$ 36,8 bilhões, um tombo de R$ 4,8 bilhões. A arrecadação total perdeu 20%, ficando reduzida a R$ 62 bilhões (média de 2012/13). O rombo do caixa atingiu R$ 4,571 bilhões, sendo 31% na área da saúde.

4. Registre-se que a situação não foi pior graças à colaboração que os poderes Legislativo e Judiciário deram ao Executivo, propiciando receitas extras ao caixa do estado de R$ 6,77 bilhões em depósitos judiciários e outros R$ 5 bilhões oriundos de legislações para resgate de receitas devidas.  Quem está pagando as contas negativadas do Rio de Janeiro é a população através dos seus impostos e recebendo, como contrapartida, políticas públicas inaceitáveis, principalmente nas áreas de saúde e segurança.