08 de fevereiro de 2017

PARTIDOS ANTI-UNIÃO EUROPEIA GANHAM FORÇA!

1. Os números recentes mostram que os partidos anti-União Europeia começam a ganhar outra consistência eleitoral. Na Holanda, Geert Wilders, do Partido para a Liberdade, tem vindo a liderar as sondagens para as eleições de 15 de março.

2. Em França, Marine Le Pen da Frente Nacional é uma das favoritas à vitória na primeira rodada das presidenciais, marcada para 23 de abril. Na Alemanha, a AfD (Alternativa para a Alemanha) parece preparar-se para conseguir entre 10% e 15% dos votos nas legislativas de 24 de setembro e posicionar-se como terceira maior força no parlamento germânico.

3. Na Espanha, o Unidos Podemos (coligação de extrema-esquerda) de Pablo Iglesias somou 21,2% e quase ultrapassou os socialistas do PSOE. Na Itália, onde talvez possa haver eleições neste ano, os populistas-nem-de-direita-nem-de-esquerda do Movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo vão surgindo nas sondagens com os mesmos percentuais do Partido Democrático do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.

4. Estará a Europa, tal como a conhecemos, em perigo? “Sim, o risco é real. Os líderes políticos estão convencidos de que a UE está a atravessar a pior crise política da sua história no pós-guerra. Tal como Thomas Ossowski – um importante diplomata alemão, responsável pelas relações com a UE – disse nesta semana, o ano de 2017 será o do ‘vai ou racha’ para a união”, sublinha Stratenschulte.

5. Apesar das distâncias entre eles, até que ponto Marine Le Pen ou Frauke Petry, da AfD, que se situam na direita radical, jogam na mesma equipa que Iglesias ou Grillo? Será mais aquilo que os une ou o que os separa? O diretor da Academia Europeia não tem dúvidas: “Enquanto tiverem um inimigo comum, que é uma UE plural e colorida, não estarão preocupados com as diferenças.”

6. Arzheimer, porém, não está de acordo. “Não fazem parte da mesma equipe. O euro cepticismo de esquerda agita-se contra a agenda neoliberal, mas não é nacionalista em si. Já Le Pen e os seus aliados são principalmente nacionalistas e adotaram algumas das posições da esquerda apenas porque elas são populares entre os eleitores.” Os líderes anti-UE rejubilaram e inspiraram-se com a vitória de Trump.

7. Quais poderão ser as consequências para a Europa das políticas da nova administração norte-americana? “O melhor cenário é que ele se preocupe menos com a UE do que os seus antecessores. Não seria bom, mas seria gerível. O pior será se começar a tentar destruir estruturas como a OTAN através da cooperação com Vladimir Putin”, refere Stratenschulte. Para Arzheimer, Trump também poderá ter um efeito inverso: unir os europeus contra a sua retórica e o seu estilo.

8. “Ainda é incerto se os partidos populistas vão dominar as democracias europeias. Na Europa de Leste e do Norte temos alguns sinais preocupantes, mas, para já, o maior impacto vem do Reino Unido e das consequências para a UE da administração Trump”, defende Costa Pinto. Será 2017 o ano do regresso dos muros, ou o momento em que a UE, que nasceu do ódio e do medo, se apaixona por si própria? A resposta começa a ser dada em março, na Holanda, com a vitória ou a derrota de Geert Wilders e do seu Partido para a Liberdade.