10 de novembro de 2015

MUSSOLINI, LULA, DILMA E NAPOLEÃO!

1. Em entrevista a Emil Ludwig em 1933 (Editora Aguilar/El País – Las grandes entrevistas de la historia), Mussolini responde sobre os erros de Napoleão que levaram a seu desprestígio. Emil Ludwig destaca como experiência de seus 11 anos de poder.

2. “A história da vida de Napoleão me trouxe consciência de seus erros, que não são –em absoluto- fáceis de evitar. a) Nepotismo (designação de irmãos e familiares para os países ocupados). b) Conflito com a Igreja. c) Desconhecimento das finanças e da vida econômica. Ele só era capaz de ver que após as suas vitórias nas batalhas ocorria um aumento nos preços das ações. …Napoleão caiu pelas contradições de seu próprio caráter. Ao fim e ao cabo, é isso que leva à queda de um homem.”

3. Lula e Dilma seguiram, naqueles três aspectos, os erros de Napoleão. O nepotismo em Lula, como em Napoleão, não era a nomeação de parentes para cargos burocráticos. Napoleão colocou irmãos e generais amigos em funções de poder real, com o todas as consequências de enriquecimento conhecidas. Lula realizou o mesmo por nepotismo cruzado, entre seu poder e grandes empresas interessadas.

4. Os conflitos de Lula e Dilma com as Igrejas ocorreram e ocorrem em função de valores da vida e da família. Em 2010, Dilma precisou recorrer a lideranças cristãs para explicar um vídeo com suas declarações em relação ao aborto e se comprometer que não tomaria a iniciativa. Lula e Dilma apoiaram e estimularam posições flexíveis sobre a constituição da família. Isso os afastou das direções orgânicas das Igrejas e das suas bases ortodoxas.

5. O terceiro aspecto, que se tornou evidente por si mesmo: “desconhecimento das finanças e da vida econômica”, tanto com Lula quanto com Dilma. Lula e Dilma só conseguiam usar um termômetro, o da popularidade em função de vitórias em batalhas específicas contra `as elites´, na linguagem deles.

6. Finalmente, “as contradições de caráter, que levam à queda de um homem”. E aí estão os fatos.  Discursos contra a corrupção, o patrimonialismo e o clientelismo, enquanto estavam na oposição.  Uma vez no governo, um escrachado patrimonialismo, clientelismo e recorde mundial de corrupção, destacados no mensalão, petrolão e agora zelotes.

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SECRETÁRIO GERAL DA OCDE, ANGEL GARCIA, FALA SOBRE ECONOMIA BRASILEIRA!

(Entrevista ao Estado de SP, 06) 1. ESP: Apesar do ajuste, o resultado fiscal deste ano será ruim. O sr. acha que o governo demonstra onde pretende chegar? / AG: Sim. A nossa experiência institucional mostra que o ajuste funciona melhor quando a parte mais difícil é colocada primeiro. Isso funciona porque manda um sinal muito forte. Além disso, ao longo do processo, várias coisas ocorrem, como novas eleições, e tornam mais difícil continuar com as decisões de ajustes. É preciso colocar as decisões mais duras primeiro, o que vai produzir confiança, e a confiança vai produzir mais investimento. // ESP: Os analistas e OCDE esperam dois anos de recessão e uma recuperação lenta a partir de 2017. Quais serão as consequências desse período para o Brasil? / AG: Com a recessão, haverá um crescimento do desemprego. Isso é inevitável. Uma outra questão tem a ver com a relação entre a dívida e Produto Interno Bruto (PIB). Ela está numa tendência muito preocupante. Mas existem alternativas para manter e até mesmo reduzir essa relação.

2. ESP: A OCDE propõe um superávit de 3% a partir de 2018. / AG: Sim. Mas um outro ponto é o que o País faz com a Previdência. Os gastos podem chegar a 14% do PIB em 2039. Estamos a apenas uma geração de distância. Mas existem alternativas que podem reduzir esse gasto para 8% no futuro. Um dos problemas é que os salários mínimos tiveram ganho real de 80% nos últimos dez anos. O País tem uma questão de divergência aritmética. É preciso buscar uma convergência para manter o poder aquisitivo dos beneficiários da Previdência, mas tornar o sistema viável.

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VENEZUELA: TERCEIRA FORÇA OU LARANJA?

(BBC, 09) 1. MIN-Unidade, o partido que não se sabe se é chavista ou oposição. Tem o nome parecido com a da oposição. Usa cores semelhantes. Proclama “Somos a oposição”. Mas tem candidatos chavistas. E, de acordo com a oposição, foi “sequestrado” pelo governo.

2. Trata-se do Movimento de Integridade Nacional-Unidade (MIN-Unidade), um pequeno partido político que, de forma inesperada, se tornou a estrela da campanha eleitoral para as eleições legislativas do dia 06 de dezembro na Venezuela. A polêmica surgiu quando o Centro Nacional Eleitoral (CNE) anunciou as cédulas de votação para as eleições: o quadrado de marcação do MIN-Unidade está justamente ao lado da oposição, que se lançou sob a coalizão da Mesa da Unidade Democrática (MUD).

3. Para muitos opositores, a localização na cédula – assim como a cor, o slogan e o nome do partido – é parte de uma estratégia deliberada de confundir o eleitor e fazer com que vote a favor do governo quando, na verdade, quer votar na oposição. A porta-voz do MIN-Unidade, Luz Maria Alvarez, disse à BBC que não existe tal estratégia e que permanecem sendo opositores do regime apesar de terem saído da MUD e colocado candidatos associados ao chavismo.

4. É um retrato de uma campanha eleitoral dominada pela guerra suja, acusações de oportunismo oficial e a inédita oportunidade da oposição ganhar, graças ao efeito da crise econômica sobre a imagem do governo. No entanto, a campanha do MIN-Unidade continuou se fosse de um partido de oposição, inclusive distribuindo panfletos dizendo “Nós somos a oposição” e bonés e camisas sem o logotipo original do partido (um óculos) e destacando a palavra “Unidade”, geralmente utilizado para se referir ao MUD.

5. E o presidente Nicolas Maduro contribuiu para a confusão chamando o MIN-Unidad de “partido de oposição” em seu programa de televisão. Na verdade, o MIN-Unidade foi criado em 1973, décadas antes do MUD, e a palavra “unidade” foi adicionado ao seu nome em 2006, quando a oposição fez isso com todos os partidos críticos ao governo como uma forma de consolidar a coalizão.

6. “Uma Venezuela despolarizada é a única maneira que vai nos fazer reconstruir o país sem ódio, sem divisões, sem discriminação”, disse a dirigente Luz Maria Alvarez.  Mas sendo da oposição ou sendo chavista, o que este caso ilustra para analistas ouvidos pela BBC é a dinâmica clientelista que tem a política venezuelana. “Na Venezuela existem mais de 100 partidos ativos, e até recentemente havia 800, mas a maioria deles não apresentava candidatos para as eleições”, disse à BBC Vicente Diaz, ex-reitor do CNE, crítico do governo. “Eles são criados para fazer volume, para chegar a acordos ou cobrar comissões em troca de garantias”, conclui.