10 de novembro de 2020

DESGASTE DOS POLÍTICOS: PROXIMIDADE E INTIMIDADE!

1. A aproximação dos políticos da população passa por etapas, sendo todas cumulativas. A proximidade pessoal; a proximidade em comícios; a proximidade por acompanhar nas ruas a movimentação eventual deles; a proximidade através de desenhos em cartazes; a proximidade através das fotografias; a proximidade por panfletos, textos e livros; a proximidade pela voz através do rádio; a proximidade nos cinemas via cinejornais; a proximidade pela TV em tele noticiário e entrevistas; a proximidade pela TV em tempo real; e a proximidade diversificada através da internet.

2. Nas primeiras etapas, a “distância” mitificava os políticos e atraía por curiosidade e não apenas pelas ideias e opiniões. A proximidade crescente vai produzindo intimidade em graus diversos. Se pode avaliá-los por um leque de razões, que passam pelo comportamento, pela vida pessoal e pelas opiniões. Quanto maior o grau de intimidade, mais amplas as informações para avaliações.

3. As responsabilidades dos políticos pelos problemas enfrentados pelas pessoas se tornam diretas pela maior intimidade. As pessoas têm seu raio de intimidade que, quando ultrapassado, gera incomodidade e desconforto. A proximidade virtual dos políticos leva as pessoas a serem mais críticas em relação a eles.

4. Numa conjuntura adversa em que a taxa de insegurança em relação ao presente e ao futuro aumenta muito, a intimidade dada pela TV e pela internet exponencializa o desconforto e a incomodidade em relação aos que as pessoas acham responsáveis. A proximidade aumenta em muitas vezes o multiplicador da rejeição, pois a opinião se difunde de forma muito, muito mais veloz. É verdade, também, que o contrário produz paixão e popularidade.

5. A velocidade de reversão da paixão à rejeição pode até ser quase instantânea nos dias de hoje. Por isso, o cuidado que devem ter os políticos num ambiente adverso. A tentativa de reverter uma avaliação negativa através de exacerbar a proximidade e a intimidade pode ter consequências fatais e definitivas.

6.  É como se entrasse no seu raio de intimidade alguém que você odeia, o que gera reações semelhantes a um animal acuado. É semelhante a um odor desagradável que alguém impõe proximidade a você. A reversão radical da popularidade não é fato incomum na política, especialmente quando as pessoas se sentem enganadas.

7.  Jacques Seguelá, publicitário, assessor de imagem de François Mitterrand, num capítulo do livro “Em Nome de Deus”, sobre a curva positiva de popularidade de Mitterrand, aconselhava intermitência, e lembrava que a exposição “ao sol”, contínua, de um presidente, traz queimaduras e a superexposição queimaduras de até terceiro grau, que afetam definitivamente a saúde política do presidente.