13 de abril de 2015

DERIVATIVOS DA POLÍTICA E A CRISE!

1. Após a debacle financeira de 2008, o foco dos discursos no Congresso do PPE (partidos de centro/centro-direita), bloco majoritário no Parlamento Europeu, que conta com vários primeiros-ministros, foi a crise e suas causas. Na época, os mais importantes líderes europeus repetiram a mesma tese: a crise econômica tem como preliminar uma crise de valores. Esses valores éticos foram ignorados nesse mundo de derivativos, especulações, abuso de riscos, paraísos fiscais.

2. A sociedade é um sistema de vasos comunicantes. Não haverá um mundo empresarial ético e um mundo político aético, ou vice-versa. Não há abuso de restrições legais e de ética de mercado se não houver cumplicidade entre empresários e políticos. Não há corrupto sem corruptor. Não há achacador sem a fragilidade do achacado. O que se vê hoje já se sabia. Os especuladores ganhavam e autoridades políticas se omitiam, com proveito pessoal. Cabe buscar os paralelos entre um e outro mundos. Por exemplo, no caso dos derivativos. Esses representam operações financeiras cuja relação com os fatos reais (empréstimos, emissão de capital, produção) foi se tornando cada vez mais tênue, até que, no cume da pirâmide, elas ficaram soltas, sem lastro.

3. No mundo político, isso ocorre de forma parecida, e não faltam fatos divulgados para comprovar. A atividade política envolve as ações de governo e das oposições, a legislação, a mobilização de militantes e da opinião pública, a defesa pública de interesses, as articulações para a obtenção de massa crítica de opinião ou de voto e as eleições. Para isso, os políticos contam com a sustentação partidária, os partidos, com o fundo partidário, acesso a rádio e TV e doadores formais. Os parlamentares contam com salários e gabinetes, incluindo assessores e benefícios que garantam mobilidade e comunicação.

4. As distorções vêm do uso de derivativos políticos. É longa a lista. Nomeações nas máquinas de governo como uma extensão de gabinetes, atos e votos trocados por favores empresariais e governamentais, uso dos direitos de gabinete para ganhos pessoais (fantasmas, parte dos salários de assessores, venda de passagens, verba de gabinete usada fora da atividade política, cartões de crédito da mesma forma), sobras de campanha, doações cruzadas e por aí vai. A crise de valores e os vasos comunicantes garantem que parte das elites, política e empresarial, opere no mesmo mundo, descolando a atividade-fim, dos lastros legal e moral.   Os derivativos políticos fazem parte da mesma crise de valores.

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MINISTRO CRITICA O PRIMEIRO GOVERNO DE DILMA: KEYNESIANISMO VULGAR, NACIONAL-CONSUMISMO E EMPREGO DE BAIXA PRODUTIVIDADE!

(Folha de SP, 10) 1. O ministro Mangabeira Unger (Secretaria de Assuntos Estratégicos) disse que a política econômica dos últimos anos foi um “keynesianismo vulgar” que agravou os problemas do país e adiou “o dia da conta e do castigo”. Esse dia, segundo o ministro, chegou com a necessidade de ajuste nas contas públicas. Baseado na obra de John Maynard Keynes (1883-1946), o keynesianismo busca o crescimento via intervenção do Estado na economia, com queda nos juros e aumento do investimento público.

2. O ministro disse que o Brasil não irá mais avançar baseado na exportação de commodities e popularização do acesso ao consumo. Para ele, é preciso substituir o “nacional-consumismo”. “O recurso da política contracíclica, do keynesianismo vulgar, adiou o dia da conta e do castigo, mas acabou apenas por agravar o problema que agora temos de resolver”, afirmou. “Precisamos de um ajuste que subordine o keynesianismo vulgar ao imperativo do realismo fiscal.”

3. Ao falar sobre a política econômica anterior, Mangabeira também afirmou que foi um modelo que gerou um altíssimo nível de emprego, mas com a grande maioria dos brasileiros empregada em serviços de baixíssima produtividade e sem futuro.

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CFM: EM CINCO ANOS, ESTADO DO RIO PERDE 20% DOS LEITOS DOS HOSPITAIS!

(O DIA, 12) 1. A cada 24 horas, quatro leitos de internação do Sistema Único de Saúde (SUS) são fechados nos hospitais fluminenses. Como um doente que luta entre a vida e a morte numa UTI, a saúde pública no Rio de Janeiro sobrevive aos trancos e barrancos. Nos últimos cinco anos, o estado perdeu 6.430 vagas destinadas a pacientes que precisam permanecer no hospital por mais de um dia. Psiquiatria, pediatria, obstetrícia e cirurgia foram as especialidades mais afetadas.

2. A denúncia é do Conselho Federal de Medicina (CFM), com base nos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), do Ministério da Saúde. O órgão afirma que, em todo o país, foram desativados 15 mil leitos de internação de julho de 2010 a fevereiro deste ano. De todos os estados, o Rio foi o que mais perdeu vagas. Foram extintas quase 20% das vagas disponíveis há cinco anos (32.536).  São Paulo perdeu 2.951 leitos e Minas Gerais 2.467 leitos.

3. Estado do Rio: Tabela geral e por especialidade.