14 de fevereiro de 2014

CESAR MAIA DIZ QUE NÃO HÁ AUTORIDADE, NÃO  HÁ GOVERNO, NÃO HÁ GOVERNADOR NO RIO!

Entrevista quinta-feira, dia 13/02/2014. SBT entrevista pré-candidatos a governador. 10 minutos. Assista.

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O USO (E ABUSO) DA MÁQUINA PÚBLICA DISTORCE A REPRESENTATIVIDADE NO PLURIPARTIDARISMO BRASILEIRO E O TORNA APARENTE!

1. Nenhum partido político brasileiro atinge 20% dos votos ou dos deputados federais. Na eleição de 2010, o PT elegeu um pouco menos de 17% dos deputados federais, o PMDB 15%, o PSDB 10%, o DEM (eleitos) 8%, e o PP 8%, etc. A partir daí, os 21 partidos existentes que elegeram deputados federais vão descendo os degraus da representatividade.

2. Quando a Constituinte de 1988 decidiu realizar as eleições presidenciais e de deputados federais ao mesmo tempo, a ideia era garantir ao presidente vencedor uma base forte pela vinculação espontânea do voto.

3. Mas isto não ocorre ex-ante. Pela força e amplitude do Estado brasileiro, isso ocorre quase naturalmente após as eleições. O Parlamento se estrutura em torno ao presidente vencedor. A partir daí, apesar do partido do presidente ter menos que 20% dos deputados federais eleitos, o controle da máquina pública o transforma em um grande partido.

4. A distribuição de cargos, benesses e ações que vincula a parlamentares, garante ao partido do presidente uma maioria suficiente para governar. Digamos que o partido do presidente irá, com facilidade, sem muito esforço e com concessões apenas pontuais, “dobrar” a sua bancada.

5. Dessa forma, o pluripartidarismo brasileiro é apenas formal, com a pulverização ex-ante da Câmara de Deputados. Mas uma vez empossado o presidente, seu partido passa a ser um “partido” grande, equivalente a, pelo menos, 35% da Câmara. Um grande partido por ter incorporado a máquina estatal.

6. Com isso, o tamanho do partido do presidente é igual aos deputados eleitos + uso da máquina pública, o que, sem fazer força, significa ter um partido dobrado -sem voto- que corresponda a essa representação. Pelo efeito da eleição presidencial e parlamentar coincidirem, o partido do presidente eleito tende a estar entre os de maior representação, claro, abaixo dos 20% pelo pluripartidarismo ex-ante.

7. Sua associação com o Estado desequilibra essa equação, ou seja, desmonta a equação pluripartidária.

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“LIBÉRATION” EM SITUAÇÃO FALIMENTAR!

1. O matutino “Libération”, referência da “esquerda urbana” francesa, enfrenta problemas financeiros. Em 2013, as vendas caíram 15% e as dívidas acumuladas são 6 milhões de euros. As perdas para 2014 são avaliadas em mais de um milhão de euros. Os 290 funcionários vivem dias de angústia.

2. O diário, fundado pelo filósofo Jean-Paul Sartre, em 1973, como um matutino esquerdista de tendência maoísta, foi evoluindo ao longo dos anos para “social libertário” e, depois, para a área do socialismo. Hoje, é propriedade dos empresários Bruno Ledoux e Edouard de Rottschild e pelo grupo italiano Ersel.

3. Para fazer face à crise financeira, os proprietários avançaram com propostas de poupanças e mudanças profundas que não foram aceitas pela maioria do pessoal. Propõem baixas de salários, mudança de sede e também, segundo os assalariados, “a transformação do Libération numa rede social, criadora de conteúdos, ‘monetizável’ através de uma larga plataforma de suportes multimídias”.

4. Quanto à sede histórica, na Rue Béranger, em Paris, querem transformá-la num espaço cultural, moderno e de debates, com estúdios de TV e de rádio, bem como um restaurante e um bar.

5. Reunidos em Assembleia-Geral, os assalariados denunciam “um atentado” contra a identidade do jornal e votaram por larga maioria a demissão em bloco da direção editorial. Entraram em greve e enviaram para as bancas um jornal com especial destaque para a crise interna.