16 de agosto de 2019

O RIO ACIMA DE DIVISÕES!

(Roberto Medina – O Globo, 10) Chega desse jogo cruel de perde-perde! Vamos reconstruir o Rio somando o ideário da esquerda, fundado na justiça social, na solidariedade e na redução das desigualdades, com a eficiência de gestão dos liberais e competência para gerar emprego e renda. Passou a hora de um contra o outro. Por trás das taxas de desemprego estão famílias perdendo a esperança de viver no que poderia ser uma cidade e um estado com mais justiça e segurança. Vamos nos unir e trazer esta terra de todos para as oportunidades do século XXI.

No caso do Rio, a maior dessas oportunidades é a valorização da sua vocação. Turismo é escola digna, é remédio no hospital, é contenção de encostas, é saneamento, é carteira assinada. Vejamos: o impacto econômico do setor no estado é de R$ 27 bilhões. Se aumentarmos minimamente o nosso poder de atração, o turismo poderá ser o caminho mais curto para vencer a crise e recuperar o orgulho de ser carioca. No exterior, brasileiros gastam cerca de US$ 17 bilhões. Se apenas 10% disso vierem para cá, serão mais R$1,7 bilhão de impacto imediato na economia do Rio. Isso é fácil fazer numa operação conjunta entre esferas do governo e a sociedade. Temos que incentivar um calendário de eventos que aumente a variedade das atrações, melhore as que já existem e estimulem os grandes, médios e pequenos empresários que estão dispostos a arregaçar as mangas e embarcar nesta viagem.

Entre meus muitos defeitos, de um não peço desculpas: sou mais carioca do que brasileiro.

Aqui nasci, criei meus filhos, construí minha carreira. Subia o morro do Túnel Velho em Copacabana para jogar botão, encontrava amigos para um chope depois da praia no bar da esquina e discutíamos, entre outas coisas, como íamos construir um país melhor. Recarregava a energia aplaudindo o pôr-do-sol no Arpoador. Claro que nada disso substituía o Flamengo no Maracanã. Tudo isso ainda está aí. Nós é que não prestamos mais atenção nos privilégios que estão nos roubando. Vamos buscar, lado a lado, o que é de todos nós. Como na música do meu amigo Ivan Lins: começar de novo vai valer a pena.