16 de outubro de 2013

CAPÍTULO 2 SOBRE AS RAZÕES DO GRANDE AUMENTO DA DELITIVIDADE NO RIO!

1. No capítulo 1, ontem (15), foram mostrados os elementos do projeto de ruptura com a história e a cultura do Rio, por parte do atual prefeito e sua equipe, em relação aos vetores urbanos. Hoje, o capítulo 2 trata dos serviços públicos municipais essenciais.

2. Os serviços públicos sociais têm na cidade do Rio de Janeiro, antigo município neutro do Império, depois Distrito Federal, em seguida Estado da Guanabara e finalmente Município, sua matriz e sua história. As organizações de longa duração, sejam públicas ou privadas, têm sua alma na cultura organizacional que desenvolvem. Não há como geri-las sem entender sua cultura organizacional, sua história, sua dinâmica.

3. A Escola Pública era uma prioridade pessoal de D. Pedro II. As Escolas do Imperador construídas a partir de 1870, várias delas de pé até hoje (Amaro Cavalcanti, Centro Cultural José Bonifácio, Gonçalves Dias, Orsina da Fonseca…), são um marco fundacional da educação pública. Anísio Teixeira, com 31 anos, revoluciona a educação brasileira como secretário de Pedro Ernesto desde 1931. E segue a história da educação com dimensão pública no Rio, passando por Darcy Ribeiro, etc.

4. Isso até 2009, quando se inicia o processo de implantação de um ensino –descolado do social- na prefeitura do Rio, dentro da lógica privada. Ao setor privado cabe definir o projeto pedagógico, pasteurizar as escolas, as salas de aula e os professores, que passam a ser aplicadores desses kits. Volta a serialização e a elitização. “Idebizaram” a escola. Ensinar é preparar para tirar nota no IDEB e, em seguida, vender esse pacote para outros municípios e estados, iludidos com esse critério.

5. Agora, quando imaginavam que a exaltação desse método feita por órgãos empresariais e meios de comunicação significava o sucesso, partiram para o lance final: transformar essa ruptura em lei – sem discussão, em regime de urgência, a fórceps, como um decreto-lei. E nesse ponto essa dinâmica levou ao estresse e explodiu nas redes sociais, nas ruas, nas greves. A perda de caráter público da escola bateu de frente com a história e a cultura da escola pública do Rio, que teve suporte para resistir, nos anos 30, ao avanço da direita católica aliada a Vargas nessa empreitada. Uns anos depois estava de pé outra vez. Agora com facilidade. Os gestores de hoje não têm o talento do Cardeal Paes Leme, Francisco Campos, Alceu Amoroso Lima e Getulio Vargas…, e estes perderam. Agora estão implodindo, como uma martelada num biscoito de suspiro.

6. Da mesma forma a Saúde Pública, matriz dos mais importantes profissionais de medicina no Brasil, destaques em todo mundo. Três redes foram se agregando: a da Prefeitura, criada por Pedro Ernesto e coluna vertebral da atual, a do sistema previdenciário getuliano e a federal. O crescimento exponencial do setor privado e com ele um mercado de trabalho binário, o desenvolvimento de tecnologia e com este a socialização da informação, foram criando desafios e crises.

7. A Constituição de 1988 estabeleceu o SUS como cláusula pétrea, com isso, afirmando a centralidade da Saúde Pública, reforçada pelo perfil social de nosso Povo. A explicação desses problemas veio através do facilitário da incapacidade de gestão do setor público. Crises eventuais ajudaram. Mas a defesa da dimensão pública da saúde efetivamente pública, pelos profissionais concursados se fez presente. Não confundiram desafios e crises com o caminho esperto da privatização da saúde pública para o deleite dos fornecedores de medicamentos, serviços, equipamentos, materiais e…, finalmente pessoal.

8. Na prefeitura do Rio, a partir de 2009, começa a ruptura desse processo com a aprovação da lei das OSs, organizações privadas com nome de disfarce de OSCIP, da lavra funesta do ministro Bresser Pereira e de sua secretária executiva, atual secretária de educação da prefeitura do Rio.

9. Sem qualquer tradição e sem a necessidade de licitação, os serviços de saúde foram sendo assumidos por estas OSs, com pessoal próprio, materiais, medicamentos e serviços comprados diretamente, sem controle e sem licitação aberta. Entre 2010, quando se espalham, e o final de 2013 serão 3 bilhões de reais. Em 2013 seus custos equivalerão a toda receita do IPTU. Mas, não satisfeitos, resolveram dar caráter privado aos consagrados hospitais públicos do Rio, constituindo a Empresa de Saúde com regime celetista e contratações como empresa privada.

10. Essa dinâmica está às vésperas de implodir. Se já não ocorreu, se deve à distração que foi oferecida para desviar a discussão através do ‘Mais Médicos’, ou importação de médicos. Com isso, a mobilização se inibiu para não mesclar uma coisa com outra. Mas está viva nas redes sociais e, em breve, assim como com os professores, explodirá nas ruas, num processo análogo de luta contra a privatização da saúde pública. Na Espanha já está nas ruas.

11. As intervenções urbanas, estuprando a história e a cultura urbanas, e a privatização dos serviços públicos essenciais na prefeitura, se encontraram no Centro do Rio como uma pororoca, esmagando, nesse encontro, tal dinâmica de governar fora da história e da cultura das organizações públicas. O excluído agora é o servidor concursado, coluna vertebral dos serviços públicos essenciais. E é ele que resiste e atrai a solidariedade dos cariocas, nas redes e nas ruas.

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O LEGADO SOCIAL DA COPA-2014!

(Letícia Sander – Folha de SP, 16) 1. A perplexidade diante dos estádios milionários e o clamor pela extensão do “padrão Fifa” a áreas historicamente negligenciadas levaram milhares às ruas em junho, tumultuando o entorno dos estádios durante a Copa das Confederações. À época, a cúpula da Fifa se disse surpresa. Mal-estar que só aumentou com as declarações do prefeito do Rio.

2. Às vésperas da final do torneio, no Maracanã, ele reconheceu que os governos erraram e não souberam tirar um legado da Copa do Mundo que está por vir, levando ao desabafo Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade. “Se até agora ele não entendeu o legado da Copa, não sei mais o que dizer”, afirmou o francês. Perdoe-me, Jérôme Valcke, mas, se já estava difícil entender o legado da Copa, o que dizer depois das últimas novas?

3. A divulgação, na Folha, de que o preço da passagem aérea no trecho Rio-São Paulo no período do torneio chegou a ficar quase tão caro quanto ir do Brasil para Nova York causou indignação. A reação das companhias, que há tempos testam a paciência dos brasileiros, provou o abuso.  Pegas “no flagra”, se apressaram a reduzir o valor da ponte aérea para o período, jogando às cucuias a lógica da lei da oferta e da demanda a que inicialmente se apegaram para justificar a explosão nos preços. A hotelaria nacional não fica atrás. Reajustes de tarifas para 2014 já estão sendo discutidos e é certo que a estadia em cidades como Rio e São Paulo durante os jogos irá custar os olhos da cara.

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MACONHA PREJUDICA OS ESTUDOS DOS JOVENS!

(Jairo Bouer – Psiquiatra – Estado de SP, 13) 1. Uma nova pesquisa sobre comportamento jovem, divulgada no final de setembro, sugere uma relação entre consumo de maconha e um pior desempenho dos alunos na escola. O projeto Este Jovem Brasileiro, realizado desde 2006 pelo Portal Educacional, do Grupo Positivo, em escolas particulares, tem metodologia simples. Cada aluno responde a uma pesquisa online, no laboratório de informática, em condição de anonimato. Em 2013, as perguntas abordaram sexualidade, drogas, violência, emoções e uso de internet. Foram entrevistados 5.675 estudantes, do 8.º ano do fundamental até o 3.º ano do ensino médio de 67 escolas, em 16 Estados do Brasil.

2. A maconha já havia sido experimentada por quase 10%. O uso aumenta com a idade. Aos 13,  4% já tinham tido experiência com a droga e aos 17,  16%. Quase a metade dos que experimentaram teve o primeiro contato entre 14 e 15 anos, o que mostra a importância de discutir esse tema na escola ainda no ensino fundamental. Entre os que já tinham consumido maconha, 18% usaram todos os dias ou quase todos os dias no mês anterior à pesquisa. Outro estudo recente sobre o tema, o 2.º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, da Unifesp, feito em 149 municípios brasileiros em 2012, revelou que 4% dos jovens a partir dos 14 anos já tinham experimentado maconha.

3. Mas os números mais surpreendentes da pesquisa atual são os obtidos quando se cruzam os dados sobre emoções e rendimento na escola com os de uso de maconha. No total, 13% dos alunos entrevistados já haviam sido reprovados na escola. Entre os que já haviam experimentado maconha, esse número chega a 31%, ou seja, quase um em cada três. Outro dado chama a atenção: 48% dos alunos dizem ter dificuldade em manter concentração em sala de aula (talvez mais um reflexo da geração internet, que consegue executar tarefas distintas ao mesmo tempo, mas tem uma tremenda dificuldade em focar em um só estímulo). Entre os que já usaram maconha, essa dificuldade de concentração parece ser ainda maior: 63%. Já 35% dos alunos referem dificuldade para entender as aulas. Entre os que já usaram maconha, 51%.

4. Quando analisamos algumas emoções, os dados também chamam atenção. No total, 29% dizem se sentir tristes ou desanimados com frequência. Entre os que usaram maconha, o número sobe para 39%. Já 47% disseram se sentir ansiosos sem motivo aparente. No grupo com experiência com maconha, esse índice chega a 54%.

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BOLÍVIA ACUMULA 50% DO PIB DE RESERVAS EM DIVISAS!

(La Razón, 15) As Reservas Internacionais da Bolívia equivalem a 51% do PIB, avaliado em US$ 28,7 bilhões. Com esta informação se confirma que as reservas do país, comparativamente ao tamanho se sua economia são uma das mais altas do mundo, superando proporcionalmente a China, Japão, Brasil, México e Argentina.