16 de setembro de 2013

MAS, AFINAL, O QUE FOI O ‘MENSALÃO’ QUE ESTÁ SENDO JULGADO PELO STF?

1. O termo ‘mensalão’ foi criado há muitos anos em algumas assembleias legislativas e câmaras municipais de grandes cidades. Setores empresariais de interesse continuado, em nível local, enviavam mensalmente uma “ajuda de custo”  a parlamentares de forma a ter garantia que nenhum projeto de lei que ferisse seus interesses tramitasse. Isso nada tem a ver com o ‘mensalão’ que o STF está julgando.

2. A expressão ‘mensalão’ usada pelo deputado que denunciou o novo esquema em 2005 passou a caracterizar o uso de dinheiro para garantir o voto –ou o não voto de parlamentares. As novidades foram: a) a iniciativa ser do poder executivo; b) esse novo método ocorrer em nível federal; e c) ter um método circular, continuado e que criou a percepção de irrigação de recursos para parlamentares e partidos, como crime perfeito.

3. Passada a CPI dos Correios, políticos envolvidos foram ouvidos, sem gravação e com o compromisso de pelo menos dez anos de “carência” para se usar em livros que tratassem da questão. Esse novo método teve origem em Minas Gerais, por uma agência de propaganda que era contratada para eleições. Funcionou bem, aparentemente sem deixar marcas, o que entusiasmou um ex-deputado mineiro, da alta direção do PT, a levar o método para o PT nacional.

4. O que se julga agora e que se usa a expressão ‘mensalão’ é um método que empresas em vez de doarem diretamente por caixa 2 –e mesmo por dentro- às campanhas, partidos e políticos, “contratam serviços” de agência de publicidade. Essa entrega às empresas o material comprovante do “trabalho realizado” e recibos e fica com a comissão da agência, digamos 10%.

5. Os 90% restantes são entregues na boca do caixa de um banco, com identificação do beneficiado e recibo a partir de uma lista definida centralmente. A irrigação ia muito bem e, por isso, foi incrementada por necessidades de curto prazo através de empréstimos bancários ao partido, empréstimos que eram rolados e nunca pagos (no caso o pagamento dos empréstimos foi realizado no início de 2013, quase nove anos depois).

6. Tudo parecia ir muito bem quando o esquema foi denunciado por aquele ex-deputado. Nesse momento surgiram os vazamentos sobre a boca do caixa –que banco e como. Quem sacava recebia um comprovante do dia e valor que sacaria, em geral, na agência do banco em Brasília. As “ordens de pagamento” vinham de um escritório central, supostamente localizado no Palácio do Planalto, o que dava garantia –tríplice- de lealdade, de origem e de ocultamento.

7. O esquema furou por esquecerem o Método das Partidas Dobradas, ou Método Veneziano (“el modo de Vinegia”, descrito pela primeira vez por Luca Pacioli no livro “Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti” em 1494). Os recursos recebidos tinham origem ‘legal’ – agência de publicidade como intermediário. O político recebia na agência bancária e mostrava sua identidade, que coincidia com a lista que a gerência do banco recebia com os valores personalizados.

8. Porém, ingenuamente (ou por certeza de impunidade), não contabilizaram a despesa que fizeram com estes recursos. E o esquema furou. Ao se puxar o fio da meada de um crédito usado e não contabilizado, o esquema veio abaixo. Lembre-se que isso é diferente do caixa 2 –recursos não contabilizados- citados pelo tesoureiro do PT, que tentou trazer a questão para o tradicional caixa 2. Não dava mais. Havia provas do novo esquema.

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PESQUISA DATAFOLHA-SP REALIZADA DIA 11/09 SOBRE MANIFESTAÇÕES: 3 MESES DEPOIS!

(Folha de SP, 15) Aprova as manifestações: SIM 74%. NÃO 21%. / Comportamento dos manifestantes. Para 78%, os manifestantes estão sendo mais violentos do que deveriam, índice idêntico ao apurado numa pesquisa feita em 13 de junho. O que pode ter aumentado, na opinião dos entrevistados, foi a violência policial. 45% acham que os policiais são mais violentos do que deveriam. O uso de armas com balas de borracha pela polícia também é reprovado pelos paulistanos: 59% são contra, 38% são a favor.

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CABRAL: “DE HERÓI A VILÃO NO RIO”!

(The Economist, 14)  1. Os protestos de rua contra os serviços públicos ruins e corrupção que varreram o Brasil em junho feriram a reputação de todos os políticos do país. Cabral sofreu mais do que a maioria em parte porque os eleitores do Rio de Janeiro estão cada vez menos dispostos a deixarem escândalos passarem na busca por segurança. Cabral é próximo de Fernando Cavendish, um empresário cuja empresa de construção foi acusada de pagar propinas no ano passado. Em julho, foi revelado que Cabral usa um helicóptero estatal para comutar 10 quilômetros para o trabalho e aos fins de semana para sua casa de praia, custando aos contribuintes 3,8 milhões de reais por ano.

2. Mas a principal razão para redução da popularidade de Cabral é que a euforia que acompanhou a nova política de segurança está dando lugar a uma avaliação mais realista. Em junho, depois que um policial foi morto a tiros quando uma marcha de protesto deu lugar a saques, no tiroteio que se seguiu, nove pessoas foram mortas, pelo menos dois deles transeuntes. A polícia diz que a sua resposta foi proporcional; moradores, que foi vingança pela morte de um dos seus. O desaparecimento em julho de um trabalhador depois que ele foi levado para interrogatório à UPP da Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro, deu destaque para um aumento preocupante nos casos de pessoas desaparecidas nas áreas pacificadas.

3. Uma queixa muito ouvida é que UPPs beneficia mais áreas abastadas. Em 2016, quando o Rio recebe os Jogos Olímpicos, a sua cobertura ainda será restrita a favelas que cercam bairros litorâneos mais ricos e os espaços desportivos, ou margeiam estradas estratégicas. Bairros mais pobres do Rio de Janeiro estão começando a perceber que eles podem ter que esperar uma década ou mais antes de receberem uma UPP. Enquanto isso, eles temem um afluxo de criminosos debandados. A Baixada Fluminense, uma expansão de subúrbios pobres, onde a maior quadrilha do estado, o Comando Vermelho, é ativa, tem visto um aumento no número de assassinatos e roubos de carros.

4. Conheça a matéria completa.

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ROCK IN RIO: PLATEIA FAZ CORO CONTRA CABRAL!

1. O cantor Tico Santa Cruz criticou o voto secreto e os políticos. Disse ele: mascarado é quem vota secreto. A plateia reagiu fazendo um coro –forte- e coreografia de torcida de futebol contra o governador Cabral. Veja o vídeo de 1 minuto da noite de sábado (14).

2. E com Jota Quest o coro foi o mesmo. Veja o vídeo.

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CSU (CDU) VENCE ELEIÇÃONA BAVIERA!

Eleição na Baviera: CSU (CDU) 47,7%, SPD 20,6%, Verdes 8,6%, Liberais 3,3%, (fora do parlamento), Esquerda 2,1%%. Liberais não atingiram 5% (cláusula de barreira) e ficam fora do parlamento da Baviera. É isso o que preocupa Merkel na eleição nacional do dia 22.

Bild. Gráfico.

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ESCUTA: EUA COBRAM EXPLICAÇÕES À MERKEL!

(Sonia Racy – Estado de SP, 15) É oficial: Angela Merkel mandou helicóptero sobrevoar o consulado norte-americano em Frankfurt, mês passado. Atrás de antenas de escuta. Os EUA cobram explicações.