17 de janeiro de 2014

MULTAS DE TRÂNSITO: COMPARAÇÃO DAS CIDADES DO RIO E DE S. PAULO: VERDADEIROS CAÇA-NÍQUEIS!

1. Rio. (Globo, 13/01/2013) 1.1. A arrecadação da prefeitura do Rio com multas de trânsito bateu recorde em 2012: os motoristas deixaram R$ 174,4 milhões nos cofres públicos — valor nunca antes registrado. Os números mostram ainda que, de 2009 a 2012, o volume de recursos arrecadados, já corrigidos pela inflação acumulada, seria suficiente para construir uma nova Cidade das Artes (ex-Cidade da Música): R$ 567,4 milhões.

1.2. Em 2012, foram aplicadas 2.409.430 multas — ou 4,5 por minuto. Desse total, cerca de 1,6 milhão (66%) foram registradas por equipamentos eletrônicos, como pardais e lombadas, que flagram excesso de velocidade, avanço de sinais, fechamento de cruzamentos e invasão de faixas exclusivas de BRT e BRS.

2. S. Paulo. (Folha de SP, 15) 2.1. A cidade de São Paulo ultrapassou no ano passado a marca de dez milhões de multas de trânsito. Foram anotadas 10.153.567 autuações, média de mais de mil por hora. O balanço representa aumento de 2% em relação ao ano anterior e o dobro do registrado cinco anos antes.  O motivo dessa explosão foi o aumento da quantidade de faixas exclusivas. No ano passado, foram implantados 291 km de faixas à direita, ante 105 km existentes.

2.2. Neste ano, a tendência é de que as multas continuem crescendo com a instalação de 240 novos radares para as faixas de ônibus e a ampliação do rodízio de veículos, prevista para abril.

2.3.  Em 2013, até novembro, foram arrecadados R$ 766 milhões com multas de trânsito, aumento de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Orçamento de 2014 prevê arrecadação de até R$ 1,1 bilhão.

3. (Ex-Blog) S. Paulo aplica 4,21 vezes mais multas que o Rio e arrecada algo como 4 vezes a mais. A população da cidade de SP é 1,8 vezes maior que a da cidade do Rio. O fato da curva de multas nas duas cidades ser crescente, ano a ano, mostra que as multas, da forma que são aplicadas, não corrigem nem disciplinam, mas arrecadam. E tem este objetivo, através dos truques eletrônicos.

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DILMA E A TAXA DE JUROS NO BRASIL!

(Eliane Catanhede – Folha de SP, 17) Da presidente Dilma, em pronunciamento na TV para o Primeiro de Maio de 2012: “A economia brasileira só será plenamente competitiva quando nossas taxas de juros (…) se igualarem às taxas praticadas no mercado internacional.” “Vem daí o esforço que o governo faz para equilibrar a economia, o que tem permitido a queda contínua da taxa básica de juros. Vem daí a posição firme do governo para que bancos e financeiras diminuam as taxas de juros cobradas aos clientes.” “É inadmissível que o Brasil (…) continue com um dos juros mais altos do mundo. O Brasil de hoje não justifica isso.”

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BRASIL E MÉXICO!

(Delfim Neto – Folha de SP, 15) Se tomarmos o septênio 2007-13, em que se iniciou a grande recessão mundial, as performances das economias brasileira e mexicana diferem, mas não se pode afirmar qual é a melhor: 1) crescimento anual do PIB: Brasil 3,5% e México 2,0%; 2) inflação anual: Brasil 5,3% e México 4,3% e 3) déficit em conta-corrente: Brasil 2% e México 1%. A situação é mais perturbadora quando olhamos as “expectativas” dos agentes econômicos no curto prazo (2014-15). Esperam um aumento médio do PIB no Brasil de 2% ao ano (estável) e de 3,6% no México (crescendo) e uma taxa de inflação média no Brasil de 5,5% e de pouco mais de 3,5% no México. Mais do que isso: a agência de rating Standard & Poor’s promoveu o México em dezembro e agora sugere que poderá rebaixar o Brasil. De onde vem tanta incerteza e pessimismo? Talvez do lado político.

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OITO NOVOS PRESIDENTES NA AMÉRICA LATINA EM 2014!

(El País, 15) 1. Oito presidentes latino-americanos vão iniciar o mandato em 2014. Sete eleitos durante o ano: El Salvador e Costa Rica, em fevereiro; Panamá e Colômbia, em maio; Bolívia, Brasil e Uruguai, em outubro. A oitava presidência será ocupada por Michelle Bachelet, no Chile, prestes a tomar posse; e podemos até mesmo incluir Enrique Peña, do México, que assumiu o cargo em 1º de dezembro e deve transformar em realidade o seu grande plano de reforma durante o ano. Melhor que falar de esquerda e direita é oportuno fazer uma separação por natureza, de acordo com o seguinte padrão: continuidade com ou sem renovação, inovação e revolução.

2. No que diz respeito à continuidade, está a Colômbia, caso Juan Manuel Santos, de centro-direita, seja reeleito contra o candidato de Uribe, mas com a transcendental renovação de que irá assinar a paz com as Farc. A Costa Rica, onde mesmo com o crescimento de um candidato da esquerda, há vantagem para Johnny Araya, que não se envergonha em dizer que representa “os mesmos de sempre”, o partido de Oscar Arias. E o Panamá, onde José Domingo Arias, sucessor do presidente Ricardo Martinelli, enfrenta as forças de esquerda, essas aparentemente sem grandes chances.

3. Em El Salvador, Sanchez Ceren, do antigo movimento guerrilheiro FMLN, se vencer seria a continuidade da esquerda, atualmente moderada que representa o presidente em exercício, Mauricio Funes. O Uruguai, em que a Frente Ampla do presidente José Mujica, esquerda monástica, deve repetir com Tabaré Vazquez, esquerda cautelosa inimiga de excentricidades. Peña Nieto no México, que quer inventar um país competitivo e desenvolvido com um carrossel de reformas inovadoras.

4. O cômputo global aponta para uma estagnação da Revolução Bolivariana (Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua) que ainda mantém presidências, se enfraquece pelo caos econômico de seu grande tesoureiro, Caracas, enquanto a Aliança do Pacífico (México, Peru, Chile e Colômbia) ganha terreno da ALBA, organização fundada por Chávez e com seus fundos exauridos. E assim, a inovação (Chile, Brasil, El Salvador e México) e a tentativa de renovação de Bogotá, navega atualmente de vento em popa.